Festas, Drogas & Problemas escrita por Julya Com Z


Capítulo 12
Onze - Vômito no sertanejo




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— Mas você é burra demais hein, minha filha!

Leonardo andava de um lado para outro com meu celular na mão, relendo aquele maldito e-mail o tempo todo. Olivia estava ao meu lado na minha cama, com a cara enfiada no meu travesseiro e gritando palavrões contra mim.

— O que eu faço, gente?! Quem é essa desgraça?!

— Só pode ser alguém da escola, Naty. - Leo pegou um pedaço de papel e uma caneta na minha mesa - Quais são as opções?

— Bom, temos a Malu, mas as chances não são muitas. Com certeza ela levaria a diretora até a sala e faria o maior escândalo.

— Quem mais? - Leo escreveu no papel o nome da Malu e cutucou a nuca da Olivia com a caneta para ela nos ajudar.

— Gente, foi a Mariana! Só pode ter sido!

— Mas eu não fiz nada contra ela esse ano, Olivia!

— Disse certo. Esse ano. A história de vocês vem de longe.

— Gente... - Leo chamou, balançando a caneta entre os dedos. - Eu não quero levantar essa suspeita, mas... e se for o Pedro?

— Você ficou maluco, Leonardo?! - eu gritei, levantando da cama e arrancando a caneta da mão dele, batendo com ela em sua testa. - Que motivos o Pedro teria para fazer isso?! Eu só dei um fora nele; por que ele seria tão escroto assim? E outra; no e-mail estava escrito que eu tenho um tempo para "me redimir dos meus pecados". Que pecados eu cometi que ele conhece?

Leo levantou os ombros, sem ter o que responder. Olivia voltou a enfiar a cara no travesseiro, dessa vez para gritar que estava com fome.

— Talvez tenha sido o próprio Gustavo.

— Leo, mais uma suposição imbecil dessas e eu vou mandar você embora!

— Credo, tá bom, eu só estou tentando ajudar! Você até agora só refutou minhas teorias e não pensou em nada! Precisamos de agilidade aqui, minha filha!

Nós tínhamos os suspeitos. Faltava apenas o culpado. Você já tem um palpite, não tem? Pois é, eu também tinha. Era o mais provável de todos, mesmo que fosse muito ridículo. A Maria Lúcia tinha muitas coisas contra mim, afinal de contas. Mas eu ainda tinha a sensação de que estava deixando algo passar.

— Se vocês disserem que sim, eu vou "falar" com a Malu amanhã.

— SIM! - Leonardo e Olivia gritaram em uníssono. Eles adoravam ver o circo pegar fogo.

Na manhã seguinte, fiz questão de chegar um pouco mais cedo no colégio e encontrei a Malu sozinha na sala dos professores. Ela estava lendo um livro e tomando café. Parei na entrada da sala e bati três vezes.

— O que você quer?

— Respostas. - Ela fechou o livro e levantou o rosto para me olhar direito. - Eu quero ouvir da sua boca que foi você quem me enviou aquele e-mail.

— Do que você está falando, garota? - Ela franziu o cenho. Atua bem a vagabunda. - Eu não te enviei e-mail nenhum!

— Claro que enviou, Maria Lúcia! Você acha que eu sou tão idiota a ponto de acreditar que não tem dedo seu nisso? Eu quero que você apague aquelas fotos agora! Anda, eu quero ver!

Ela levantou e deu alguns passos em minha direção. Sua expressão alternava entre confusão e maldade, o que me causou um arrepio gelado nas costas. Ah, mas eu vou bater nessa mulher.

— O que você andou aprontando, hein?

— Você sabe muito bem, sua vaca.

— Eu não sei de nada! - ela gritou, levantando o dedo na minha direção - Você está me acusando de um crime que eu nem qual é! Pesquise melhor antes de...

Ela foi interrompida. Pela minha mão acertando sua cara. Sim, eu acertei um soco bem no olho daquela desgraçada! Você também queria isso, não queria? Admita, você não via a hora de testemunhar o momento em que eu meteria a mão na cara dela!

Ela tentou revidar, mas eu fui mais rápida e desferi outro soco, desta vez na barriga. Ela gritou de dor e se afastou, tentando fugir. Eu corri atrás dela para terminar de lhe quebrar a cara, mas alguém me segurou por trás, me puxando para longe daquela professora maldita. Pela força, era um cara que estava me arrastando para fora da sala enquanto eu me debatia para me livrar. Fui levada até a recepção do colégio, onde estavam várias coordenadoras e inspetoras.

— Que merda você fez?!

Adivinha quem era? Isso mesmo, o super Vingador do Cocô ao resgate!

— Por que você me tirou de lá, seu idiota?! Eu ia acabar com aquela vagabunda!

— Você ainda pergunta? Naty, qual é o seu problema; pelo amor de Deus? Você bateu em uma professora!

— Eu bati em uma vagabunda!

— Você bateu em quem?

Claro que quem fez essa pergunta foi ninguém menos que a diretora do colégio. E é mais claro ainda que a Maria Lúcia fez o favor de aparecer com o nariz sangrando bem nessa hora. Como você leu o título deste capítulo e quer saber o que foi que aconteceu, eu vou resumir essa parte da história. Eu faço vários resumos, não é? Você achou que eu faria um diário, te contando cada um dos detalhes da minha vidinha maravilhosa? Claro que não, eu quero te contar os momentos em que o circo pega fogo; se fosse para falar sobre a minha alimentação e higiene, eu escreveria matéria em revista de saúde.

Você já deve imaginar que eu fui suspensa, então só vou confirmar isso a você. Mais tarde eu descobri que não foi a Malu quem me mandou aquele e-mail; foi alguém que você nem deve se lembrar de eu ter citado por aqui. Acredite, eu também não esperava que fosse aquela criatura. Mas a parte importante da história agora é outra; aguenta mais um pouco sua curiosidade.

— Péssimo dia para matar aula; eu cheguei cedo do trabalho.

Minha mãe estava na sala, sentada no sofá com as pernas esticadas e os pés pousados sobre a mesa de centro, trabalhando no seu laptop e nem se deu o trabalho de desviar os olhos da tela para me olhar.

— Péssimo dia para chegar cedo do trabalho; eu fui suspensa.

Ela fechou o computador com raiva, direcionando a mim um olhar repleto de decepção.

— O que foi que você fez desta vez?

— Soquei a Maria Lúcia.

— Posso saber o motivo?

— Você acha que precisa de motivo para socar a cara daquela mulher?

Ela suspirou, fechando os olhos para manter a calma. Estendeu a mão para mim, pedindo o papel com a minha suspensão e o assinou. Eu peguei suspensão de três dias, começando a contar pela próxima segunda-feira, pois já era quinta-feira e no dia seguinte seria feriado em São Paulo. Ou seja, eu só voltaria ao colégio na quarta-feira.

— Eu não quero ouvir sua voz até o fim deste dia, entendeu?

Minha mãe estava furiosa por eu ter sido suspensa, mas eu sabia que ela não se importava por eu ter batido naquela professora imbecil. Eu fiz o que ela me pediu; passei o dia trancada no quarto, dormindo e mexendo no celular. Max estava procurando emprego; então não poderia me ver aquele dia. Olivia começou a me encher de mensagens de repente, me deixando um "pouco" estressada.

Demônio (14:29)

VOCÊ PODE FAZER A GENTILEZA DE ME RESPONDER????????

Natalie (14:29)

O que você quer, caralho? Eu estou tentando dormir aqui, desgraçada!

Demônio (14:30)

Vamos em uma festa amanhã para você esquecer dessa semana. Open bar.

Natalie (14:31)

Que horas?

Demônio (14:33)

Às oito. Vai ser no centro. O promoter arranjou três ingressos para mim e eu vou dar uns beijinhos no guitarrista da banda.

Natalie (14:33)

Que banda?

Demônio (14:33)

Vai ter show de sertanejo. É um cara iniciante, Thiago Oliveira. Você vai gostar das músicas, se chegar viva até a hora do show.

Natalie (14:34)

Por que eu não chegaria viva?

Demônio (14:34)

Vai ter tequila.

Natalie (14:34)

Talvez eu não sobreviva.

— Olivia, anda logo, pelo amor de Deus! A gente só pode entrar até oito e meia!

Leo e eu estávamos na casa da Olivia nos arrumando para a festa. Minha mãe deixou eu ir? Não. Mas eu fui mesmo assim? Claro!

Como estávamos com os ingressos, não precisamos pegar a fila, que estava abarrotada de pessoas. Eu nunca ouvi falar naquele tal de Thiago Oliveira na minha vida, mas ele tinha até fã-clube, então talvez ele realmente existisse. Eu só acreditaria a hora que visse ele no palco.

— Oi! - Olivia disse ao segurança na porta. - Eles estão comigo; somos amigos do Carlos.

— Nomes? - O segurança tinha uma cara de mal encarado que chegou a me assustar. Quando Olivia disse os nossos nomes, ele procurou na lista, pediu nossos documentos para se certificar de que ninguém era menor de idade e nos liberou para entrar.

— Vocês me desculpem, mas eu estou indo para o bar.

E lá fui eu. Pedi logo duas doses de tequila e virei sem dó e nem piedade. Eu tomava tanta tequila que precisava de pelo menos oito doses para começar a ficar alterada. Tocava um remix de várias músicas muito boas e todas as pessoas estavam dançando feito retardadas na pista, enquanto o pessoal da produção preparava o palco para o sertanejo poder cantar. O show dele estava previsto para começar às dez da noite, então eu tinha pouco mais de uma hora para ficar o mais bêbada que eu pudesse. Peguei mais duas doses de tequila e bebi antes de me juntar à Leo e Olivia no meio da pista de dança. Dançamos feito os retardados ao nosso redor, até que Olivia saiu sem que eu percebesse.

— Naty! - minha amiga me cutucou e estendeu uma dose. Leo estava segurando uma, então brindamos e viramos.

— Para tudo! Aquele cara não é idêntico ao Siva, do The Wanted? - Leo sacudia o braço, apontando para o "Siva".

— A banda The Wanted? Onde?!

O cara em questão estava apoiado no balcão do bar, observando as pessoas dançarem à sua volta. Ele parecia estar esperando alguém.

— Vamos.

Leo me puxou pelo braço como se fosse a Regina George guiando seu grupinho e tudo o que eu e Olivia fizemos foi segui-lo. Ele pediu que ficássemos por perto e foi até o bar, parando ao lado do cara, que sequer olhou para meu amigo. Pediu duas doses e estendeu uma ao garoto, que parecia ser mais velho até que Max. O cara aceitou as dose e sorriu para Leo, agradecendo. Os dois brindaram e viraram suas doses.

— Você é idêntico ao Siva!

É claro que Olivia e eu nos aproximamos para ouvir a conversa. O cara olhou para baixo e soltou uma risada, que me deu vontade de ir até ele é abraçá-lo. Que cara lindo da porra!

— Eu não conheço... Ele é bonito?

— Amor, considerando que ele é igualzinho a você, ele é maravilhoso!

Ele soltou uma gargalhada alta, pegando uma lata de cerveja no balcão.

— Meu nome é Henrique.

Ele estendeu a mão ao Leo, que a apertou e fez um plié em sinal de reverência.

— Leonardo. Muito prazer.

— O prazer é todo meu.

— Opa, não vai nos apresentar? - Olivia se enfiou na frente do Leo, levando o rosto em direção ao Henrique para beijar-lhe a bochecha. - Eu sou a Olivia e essa é a Natalie.

— Oi.

Ele beijou minha bochecha e voltou a se posicionar com o braço apoiado no bar. Leo estava fazendo o possível para manter o assunto, então Olivia me puxou para longe e os dois nem perceberam que ficaram sozinhos.

— Vou pegar outra coisa para beber, você quer? - Olivia perguntou ao passarmos perto do bar.

— Hoje é dia de tequila!

— Você quer mais tequila, então?

Ao invés de responder, puxei-a pela mão e a guiei até o balcão, pedi três doses ao barman e virei uma seguida da outra.

Começou a tocar uma música do Skrillex e eu, como já estava completamente afetada, me soltei na pista com toda a vontade do mundo. Eu sentia a adrenalina percorrendo pelas minhas veias com a força de uma corrente elétrica, como se dançar até meu limite fosse crucial para a minha sobrevivência naquele momento. Talvez fosse. Meus membros pareciam ter ganhado vida própria, como se soubessem exatamente que movimentos fazer. Eu apenas deixei a música tomar conta de mim. E a tequila, claro.

Eu não tinha coragem de parar de balançar o corpo. Minha mente conseguiu excluir todas as pessoas à minha volta e eu me vi sozinha naquele lugar. Apenas eu e a música. Não havia preocupações, nem fotos íntimas enviadas por e-mail, nada. Apenas a música e meu corpo livre de sentimentos balançando sem se importar com nada.

As doses de tequila apareciam entre meus dedos como mágica. Eu apenas entornava a dose e o copinho aparecia cheio na minha mão e eu entornava de novo e o ciclo se repetia. De repente, todas as sensações que fizeram o favor de sair do meu corpo começaram a voltar com toda a força.

Primeiro, a sensação de estar caindo em um poço fundo e escuro, que gritava em meus ouvidos cada vez mais forte que eu era órfã. Órfã.

Órfã.

Órfã.

Órfã.

Seu pai te abandonou. Abandonou sua mãe por sua causa.

E então as imagens que recebi por e-mail começaram a aparecer na minha frente. Malu gritando comigo na oitava série. Minha professora de artes dizendo que eu deveria me libertar dos sentimentos negativos de uma forma criativa. Minha mãe chorando em seu quarto após uma de nossas brigas. Minha avó sendo levada aos gritos por três homens de branco para dentro de uma ambulância para o hospital psiquiátrico. Caio dizendo que eu era louca por achar que ele estava me traindo. De fato, ele estava. Olivia sendo chamada de gorda e chorando no banheiro da escola. Eu socando minha própria imagem no espelho, por odiar ver as marcas das minhas costelas e clavículas toda vez que via meu reflexo.

Te falta um pai. Te falta vitamina. Te falta saúde. Te falta felicidade. Te falta amor.

Minha cabeça começou a doer. A parte de trás dos meus olhos arderam como se estivessem em chamas. Minhas orelhas queimaram. Levei as mãos à cabeça, escondendo-a entre meus braços. A música estava me perturbando, a sensação era de que algo em mim estava morrendo.

Foi quando eu percebi que quem estava morrendo era eu mesma.

— Naty - senti o toque de Olivia no meu braço e notei que ela não percebido que eu estava mal. - Eu vou até os bastidores falar com o guitarrista, quer vir comigo?

Fiz que sim com a cabeça e a segui por entre as pessoas, apertando sua mão com muita força. Eu queria chorar, queria jogar meu corpo no chão e esperar até que alguém me salvasse.

Olivia me levou até a parte de trás do palco, que ficava escondida por uma enorme cortina preta.

— Cadê o Marquinhos? - Entramos em uma sala onde estava a banda e Olivia foi direto falar com o guitarrista.

De um segundo a outro, senti a minha cabeça ser esmagada pela dor, então todas aquelas coisas ruins que estava sentindo foram embora. Eu as joguei no vaso de planta ao lado da porta. Vomitando.

E a planta era um cacto. Você entendeu? Eu vomitei em um vaso de cacto e arranhei a minha testa naquele monte de espinhos!

— Naty, você está bem?

— Não. Eu vou ao banheiro.

Eu estava sentindo que ainda havia muito o que colocar para fora, então corri até o banheiro e escolhi vomitar na pia, pois ajoelhar naquele chão podre estava fora de cogitação.

Tentei prender o cabelo, mas não deu muito certo. Enfiei a cara na pia e senti o gosto amargo voltar à minha garganta, fazendo-a queimar e meus olhos lacrimejarem. Eu estava chorando e vomitando ao mesmo tempo, que coisa mais maravilhosa, não?

Quando não havia mais o que vomitar, joguei um monte de água no rosto e lavei a boca com um pouco do sabonete líquido. Acredite, qualquer coisa que tirasse aquele gosto de vômito da minha língua seria de grande ajuda.

— Ei fofa, você está bem, amor? Precisa de ajuda?

Levantei a cabeça e vi pelo espelho uma mulher me encarando. Ela estava atrás de mim, com um ar tão preocupado que fez lembrar minha mãe quando eu tinha febre no meio da noite.

— Eu só... Exagerei na tequila.

Ela estava me encarando de uma forma estranha, como se me analisasse. Ser analisada era a última coisa que eu queria no momento, então puxei o cabelo para a frente, numa tentativa sem sucesso de desviar o foco da atenção dela; pois ela veio até mim e colocou meu cabelo para trás, segurando meu rosto com certa ternura.

— Não acho que é  tequila.

Ok, que se foda. Você não tem ninguém para desabar além de uma estranha no banheiro da balada, Natalie. Desabafa logo.

— Eu tive uma espécie de surto na pista de dança. Achei que ia morrer e ninguém perceberia.

— Você está sozinha?

— Praticamente. Meu melhor amigo está dando em cima do clone de um cantor famoso e minha melhor amiga está pegando o guitarrista da banda lá dentro.

Antes que pudesse responder, saiu uma mulher de uma das cabines. Ela estava lá o tempo todo em que eu estive vomitando, como foi que eu não percebi?

Seu ego te torna cega, idiota. Poderia entrar a rainha da Inglaterra e você não perceberia.

A mulher encarava a que a falava comigo como se a estivesse repreendendo. Eu não estava entendendo nada; queria apenas sair logo dali.

— Que merda você está fazendo, Regina?

— Calma, Cris. - Regina voltou a olhar para mim e, apontando a amiga, perguntou: - Você quer vir com a gente? Eu não acho que vamos sair por aí pegando cantores ou guitarristas...

Aceitei a proposta da garota e, antes de sairmos, lavei as mãos, o rosto e a boca mais uma vez, enquanto a Cris lavava suas mãos. Ela tirou uma bala de hortelã de dentro da bolsa e entregou para mim.

— Você deve estar precisando mais do que eu.

Agradeci e então voltamos para perto do bar. Àquela altura, imaginei que Leo e Henrique já estariam bem longe de lá, perdidos em algum banco de trás de carro ou cabine de banheiro. Mas eles estavam no mesmo lugar, conversando e bebendo.

— Onde é que você estava, ô garota?! Achei que tinha me largado aqui!

Regina e Cris olharam para Leo com estranheza. Então elas olharam para mim e eu estava fazendo uma careta para o meu melhor amigo.

— Esse é o meu melhor amigo que estava dando em cima do clone do cantor que eu mencionei no banheiro - Eu disse à Regina, apontando Henrique, para indicar que ele era o tal clone.

— Ele é nosso amigo! - Regina respondeu e começou a rir alto, explicando para Cris e Henrique o que estava acontecendo. Leo, ao ser "exposto" daquela forma na frente do cara que estava se esforçando tanto para arrancar um beijinho, ficou tão envergonhado que resolveu sair para pegar mais bebidas. Eu achei que seria melhor parar por aquele dia, ainda estava muito bêbada, mesmo que não estivesse mais sentindo aquelas coisas horríveis.

O show do Thiago Oliveira começou pouco tempo depois que eu saí do banheiro, mas eu realmente não estava interessada nas músicas dele. Sertanejo não era o meu estilo preferido, então eu conhecia poucas músicas e o cara não era famoso, então eu conhecia ainda menos músicas.

Sentei em uma das banquetas da frente do bar e fiquei ao lado de Regina e sua namorada Cris o tempo todo. Cris cantava várias músicas, que não eram de autoria do cantor; eu já tinha escutado algumas antes, mas não sabia cantar nenhuma.

Então, meus caros, eu fiz a mesma coisa que fiz no ônibus voltando do acampamento: dormi. Dessa vez, no ombro de uma completa desconhecida e fiz isso mesmo que você está pensando: babei.

Eu babei no ombro de duas pessoas diferentes em locais públicos em menos de um mês. Que porra tem de errado comigo? Pelo amor de Deus!

— A MENINA TÁ BABANDO EM MIM, REGINA!

Cris sacudia os ombros, tentando me afastar dela. Eu apaguei com tanta força que nem percebi que estava com a boca arreganhada no ombro da coitada.

Henrique e Leo gargalharam alto, me fazendo lembrar daquele maldito dia em que babei no ombro do Pedro.

— Gente, ela já fez isso antes! Ela babou no ombro de um cara no ônibus!

— Leo!

— Que foi? Eles forem virar nossos amigos, eventualmente descobrirão sobre a babada que você deu no ombro do Pedro.

— Pedro? - Cris perguntou, com um tom estranho na voz. Ela olhava fixamente para algum lugar atrás de mim, em direção à ponta oposta do bar em que estávamos. - Gente, aquele ali é o Pedro?

— Onde, criatura? - Regina perguntou e olhou para a direção que Cris apontou, seguida de Henrique.

— Ali, ó!

— Fodeu, é ele mesmo! - Henrique exclamou, levantando-se rapidamente.

— Socorro, vamos vazar! - Regina gritou e eles mal se despediram de mim e do Leo, saíram correndo em direção à saída, como se o tal Pedro fosse uma aberração.

— Aquele é o Pedro Xavier? O sertanejo que está em turnê aqui?

— Quem?

— Menina, eu sou fã dele! Vamos tirar uma foto com ele, Naty, por favorzinho! - Leo estava com as mãos juntas, como se implorasse.

— Ok, vamos lá.

Eu segui Leo até o cara, que não parecia estar lá muito sóbrio.

— Pedro! Tira uma foto comigo? Eu adoro suas músicas!

— Claro.

Ele não pareceu nem um pouco animado em tirar a foto com um fã. Leo insistiu para eu aparecer na foto com eles pois, segundo meu melhor amigo, "era uma oportunidade única na vida". Tirar foto com um famoso que eu mal conhecia. Grande oportunidade.

Leonardo abordou uma garota que passava e pediu que ela tirasse uma foto, entregando-lhe seu celular.

Essa é a parte que eu explico o título deste capítulo. Vamos lá: no momento exato em que a garota tirou a foto, meu estômago resolveu lembrar que eu ainda estava passando mal e eu... Ah, eu não queria mesmo te contar isso, mas eu meio que enchi o sertanejo famoso ao meu lado de vômito.

Eu sou ou não uma pessoa maravilhosa?


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