Magnólia, minha cidade do interior escrita por Khatleen Zampieri


Capítulo 20
Uma carta, uma foto e um presente




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Quando tocou o sinal alertando o término do horário letivo, eu já tinha juntado minhas coisas e saí em disparada da sala de aula e não dei tchau para ninguém, bem outra hora eu explicava e eu sei que minhas amigas vão entender.
Então segui correndo pelo corredor, eu sei que Natsu estava vindo atrás afinal íamos juntos para casa, mas eu queria manter distância, eu não posso falar com ele agora, meu coração está palpitando a mil e ele vai querer falar sobre nós de novo.
Consegui sair da construção e fui até meu cavalo, graças ao próprio Natsu agora eu sabia me virar e não precisava esperar por ele, então montei no animal e sai em disparada, quando estava em velocidade, ouvi ao longe ele me chamando, mas ignorei, pois eu queria ir direto, sem conversar, quando eu me acalmasse e soubesse como respondê-lo eu falaria com ele sobre isso.
—LUUUUUUUUUUCYYYYYYYYY.... POR FAVOR ESPERE... – Natsu gritava, mas eu apenas ignorei e segui em frente, porém, não sei como o cavalo dele foi mais veloz e ele me alcançou e cortou minha frente obrigando a égua na qual eu estava montada a parar, e antes que eu pudesse tentar sair dessa enrascada, ele segurou meu braço. – O que houve? Por que saiu correndo dessa maneira?
—Eu não quero falar com você agora... não posso... – eu respondi fechando os olhos e baixando a cabeça.
—Eu sei disso, eu respeito o seu tempo e sempre respeitei, mas não tinha necessidade de sair dessa maneira, você precisa ter mais prática em cavalgar pra fazer isso, poderia ter se arrebentado.... me prometa que não vai mais fazer isso.. – Natsu olhava firmemente para mim enquanto controlava ambos os quadrupedes.
—Me desculpe... – eu pedi, eu entendia a preocupação dele, fui completamente imprudente. – Eu prometo.
Quando abri meus olhos vi seus ombros relaxando e ele suspirou aliviado.
—Muito bem, eu vou indo na frente e você vem logo atrás, esta bem? – ele perguntou se virando, evitando me encarar para que eu me sentisse melhor.
—Tudo bem... – eu olhei para suas costas e vi que ele ordenou ao seu cavalo que andasse um pouco mais depressa, mas não tão rápido quanto estávamos, então eu apenas acompanhei sua velocidade um pouco afastada para trás.
O caminho seguiu silencioso, como Natsu mesmo disse, ele respeitava meu tempo, em alguns momentos ele olhava por cima do olho para ver se eu o estava acompanhando e então voltava a olhar para frente e me deixava quieta.
Chegamos à fazenda e meu pai estava descarregando algumas coisas de outra carroça, parecia que ele tinha acabado de chegar, rapidamente Natsu desceu de seu cavalo e foi até Jude ajudar a carregar as coisas para dentro da casa. Eu sempre fico admirada com as atitudes de Natsu, por mais que já tenha visto muitas e muitas vezes, ele sempre me surpreende e arranca um sorriso de satisfação de mim.
—Oh, como foi à aula? – ele perguntou a Natsu e neste momento meu corpo ficou tenso, será que ele iria contar? Não era louco.
—Tudo normal. – Natsu respondeu pegando um saco de açúcar e levando para dentro.
—Tem algo que eu possa levar para ajudar? – Perguntei chegando perto da carroça onde papai estava.
—Ah não querida, vou pedir apenas que você entre e termine o almoço que eu deixei pronto, mas precisa ser esquentado. – ele sorriu e voltou a pegar um saco.
Então eu segui meu caminho para dentro de casa, atravessei as portas e fui pelo corredor até meu quarto, lá descarreguei minha mochila e fui até o banheiro lavar a mão e então segui para a cozinha terminar o almoço.
Logo Natsu e meu pai trouxeram todas as caixas e sacos para dentro, fecharam a porta, foram para o banheiro e lavaram suas mãos, enquanto eu esquentei a sopa e coloquei sobre a mesa, do mesmo modo que distribui os pratos e talheres.
Quando todos estavam sentados, começamos a comer e imediatamente elogiei a sopa de Jude.
—Nossa, será que eu descobri de quem vem meus dons culinários? – falei sorrindo para meu pai e ele ficou até corado, o que eu achei fofo.
—Obrigada querida, sua mãe também gostava dessa sopa. – ele falou e voltou a comer, mamãe às vezes era mencionada por ambos, mas não ficávamos mais tristes, nós aceitamos e decidíamos seguir em frente, era o jeito, era a vida.
Natsu logo terminou de comer e foi até a pia lavar a louça, enquanto eu secava e guardava, meu pai deve ter estranhado o silêncio entre nós, pois olhava para ambos com o cenho franzido.
—Está tudo bem entre vocês? – e finalmente veio à bomba. – Não conversaram uma palavra desde que chegaram em casa e as vezes tenho que mandar você ficarem quietos para ter a oportunidade de falar aqui.
—Está tudo bem senhor. – Natsu respondeu sem desviar o olhar do prato que lavava.
—Lucy? – papai pareceu não aceitar a resposta de Natsu e decidiu recorrer a mim, eu não queria mentir, mas precisava falar alguma coisa que ele aceitasse e não fosse cabuloso.
—Nós discutimos por causa de um trabalho da escola... apenas isso... logo ficaremos bem... é só o Natsu fazer a parte dele.. – sorri entre dentes para o papai que levantou uma sobrancelha.
—Eu estou fazendo a minha parte.. – Natsu falou um pouco nervoso. – Você que não está fazendo a sua...
—O que? – perguntei, eu tinha a impressão que ele estava aproveitando da situação para falar sobre o ocorrido. – Do que está falando? Eu estou mantendo a parte do acordo.
—Não está não. – Dessa vez ele parou de lavar a louça e olhava para mim. – Você disse para eu esperar até que sua parte estivesse pronta e hoje pareceu estar, mas então você volta à estaca zero, sabe como é doloroso pensar que está na hora?
Olhei atentamente em seus olhos dos quais não conseguia desviar e vi que ele estava triste comigo, sabe aquele momento que você percebe que fez burrada, que você foi uma criança egoísta e mimada, que acha que só você está sofrendo? Pois é, eu estava me sentindo a pior pessoa do mundo, fiquei tão preocupada em entender os meus sentimentos que esqueci dos de Natsu. Hoje, quando quase nos beijamos de novo, eu dei a entender que estava tudo certo, e parecia estar, então por que eu fugi dele no final da aula? Eu podia ter esperado, mas meus nervos não permitiram, eles queriam que eu fugisse.
—Me desculpe... – eu pedi baixando o olhar.
—Eu... preciso de um tempo agora Lucy, pode deixar que eu termino a louça. – Natsu não olhou em meus olhos e voltou sua atenção para a pia, eu senti uma pontada no peito, mas eu precisava respeitar a vontade dele, assim larguei a toalha e me virei, quando deparei com o olhar interessado de meu pai, agora lembrei que ele ouvira tudo.
—Como vocês levam esses trabalhos de escola a sério... – ele comentou e então sorriu. – Você que se entendam, bem Lucy, antes que vá para seu quarto, tenho algo para você.
Então ele puxou do bolso de seu casaco um envelope.
—Hoje o mensageiro da estação trouxe até a cidade e me entregou. – Jude sorriu ao perceber minha emoção quando li os nomes dos remetentes: Levy, Gageel, Gray e Juvia. – Ah e antes que eu esqueça, esse pacote estava junto.
Ele entregou-me um pacote embrulhado com papel marrom e era deles também, era um pacote pequeno e leve, fiquei curiosa, mas não tanto quanto saber das novidades. Então fui indo para o quarto, mas dei meia volta e abracei meu pai.
—Obrigada. – então segui para o meu quarto e fechei a porta para me sentir mais a vontade. Sentei na cama e abri o envelope, continha uma carta com a letra de Levy, empolgada a tirei e comecei a ler:
Querida Lucy,
Que saudade, não há um dia que você não faça falta em nossas vidas, seus amigos não são os mesmos sem você, você parecia à fogueira que mantinha a todos aquecidos numa noite de acampamento, onde você está? Quero te ver e te abraçar, por favor, volte logo, senão eu mando o exército de resgatar.
Eu não pude aguentar, meus olhos lacrimejaram e eu soltei as lágrimas que estavam presas ali fazia um tempo, por mais que eu estivesse bem aqui, ao ler o quanto eles sentem minha falta, eu queria só por um instante poder abraçá-los e trazê-los para perto de mim. Quando me acalmei, voltei a ler no seguinte paragrafo.
Como você está? Comendo direito? Dormindo direito? Fez novos amigos? Como é seu pai? Ele a trata bem? Estou numa preocupação extrema desde que você foi embora, por favor me tranquilize, se bem que eu sei que a carta que você enviar vai chegar daqui seis meses apenas, maldita Magnólia e maldito trem que não passa mais direto.
Levy tinha razão, eu os deixei em completo mistério, pois contei o que achava que meu pai era e que Magnólia era uma cidade isolada e sem vida. O que agora eu sei que meu pai era o melhor possível, que eu tinha feito ótimos amigos e que só a primeira parte sobre Magnólia era verdade, mas isso não me afetava como o esperado.
Bem, se é assim que tem que ser quero lhe contar as novidades, pra você se sentir no mundo mesmo estando afastada dele, sua série favorita de zumbis, O fim, lançou a última temporada e eu, Gageel, Gray e Juvia gravamos ela num dvd e te enviamos num pacote separado como presente de aniversário que eu sei que é daqui uns meses, então Feliz Aniversário adiantado.
Sorri e peguei o pacote, abrindo ele, realmente dentro tinha um cd, que Levy mencionou estar gravada a última temporada da série que eu acompanhava, era um dos melhores presentes que eu poderia ganhar. Obrigada amigos.
Voltando as novidades, eu e Gageel estamos bem, Juvia parece ter melhorado depois da conversa que vocês tiveram, e Gray ficou depressivo depois que você partiu, mas todos nós começamos a conversar com ele e nos tornamos amigos. Bem quanto a isso, Juvia queria que eu não te contasse, pois ela esta se sentindo culpada, ela e Gray se aproximaram demais e ambos se apaixonaram e estão namorando.
Embora fosse uma notícia que eu não esperava, tudo o que eu pude fazer foi sorrir, pois conforme eu suspeitava, acho que nunca gostei de Gray de verdade, e se gostei, já esqueci, pois encontrei uma pessoa que me fez acreditar no amor de uma forma diferente e muito mais intensa. Enfim, fiquei feliz com a notícia, pena que a culpa de Juvia iria permanecer por mais seis meses que era o prazo para que a carta retornasse.
Enfim, eu conheço você e sei que não vai ficar com raiva, por que no fundo eu e você sabíamos que você e o Gray não fechavam, e como sou sua melhor amiga, assim ainda espero, não manteria isso escondido de você, jamais. Olha não tenho muito mais o que falar, se eu pudesse eu iria até você, mas minha vó iria me matar se eu fugisse de casa, mas sei que nos veremos em breve, e de alguma forma sei que está bem e sei que está feliz, rogo por isso todos os dias, afinal você era tão alegre e espontânea, nunca perca isso, sempre foi o seu encantar. Bem, sem mais delongas, eu amo você Lucy, amo muito e sinto tanta saudade quanto é possível sentir, se cuide, qualquer coisa volte a pé pra casa ou mande sinal de fumaça que iremos te buscar e eu enfrento o que vier para que você fique a salvo. Até Lucy, até nosso próximo encontro. Beijos. De sua amiga antes, agora e sempre ♥
Mesmo a esta distância ela sabia o que eu precisava e como eu estava me sentindo, Levy, obrigada por lembrar-se de mim e me mandar todas essas maravilhosas novidades, fico tranquila em saber que estão todos bem e que Gray e Juvia estão felizes juntos, torço para que continue assim.
Quando fui pegar o envelope, percebi que havia mais um papel dentro, tirei e vi o rosto dos quatro sorrindo pra mim, Levy com o braço esticado pois provavelmente estava tirando a selfie, Gageel se esforçando para mostrar os dentes, e Juvia e Gray de mãos dadas e sorrindo, eu apertei aquela foto contra meu peito e deixei as lágrimas saírem novamente, mesmo feliz e bem aconchegada aqui em Magnólia, três coisas fizeram meu dia e minha vida ficar muito mais feliz e tranquila do que nunca, uma carta, uma foto e um presente.


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