Magnólia, minha cidade do interior escrita por Khatleen Zampieri


Capítulo 14
Pensamentos são uma merda, não pense!




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Parte de mim queria ir até Natsu e beijá-lo, parte de mim queria fugir dali o mais rápido possível para não acontecer nada de errado, pois bem, não fiz nenhuma das opções, fiquei parada que nem um poste sem lâmpada e sem fio, inútil, no meio da sala, onde Mira e Erza pulavam se esbarrando em mim e tudo o que eu conseguia fazer era tentar entender a situação.
—Hei, o que houve? – Erza me despertou.
—Ah... nada, eu só... – tentei explicar, mas nem isso eu conseguia, mas que diabos. Teria que inventar alguma coisa que tirasse o foco da ruiva de mim, se ela percebesse, iria aprontar. – Eu estava imaginando você e o Jellal ali.
—Ah, que ousadia Lucy... – Erza ficou vermelha como o cabelo e como eu imaginei sua atenção seguiu para o rapaz que se encontrava próximo ao Natsu. Os dois e Elfman comentavam sobre o casal que se beijava loucamente no centro da sala, seria a hora perfeita para Erza ir conversar com ele.
—Por que não vai até ele? – perguntei indicando o rapaz.
—Ah, ele está conversando. – Erza disse se esquivando assim como eu do assunto que deixava ela nervosa.
Então fui até os rapazes.
—Com licença Elfman, acho que você deveria ir conversar com Evergreen sobre a resposta dela aquela hora não acha? – Falei pro homem e ele reparou que Eve assim como Mira a chamava, estava sozinha num canto observando o novo casal que conversava agora no centro da sala, sim eles finalmente sentiram a falta de ar.
Elfman adotou um ar mais másculo e afirmou com a cabeça, então foi até a moça e sentou ao lado dela, os dois puseram-se a conversar, aí seria minha deixa.
—Jellal amigo, por que não chama Erza pra conversar? – perguntei olhando seriamente pra ele.
—Eu não sei se é a hora certa... – ele disse olhando discretamente para a ruiva.
—Hey, eu não estou dizendo pra você e ir lá e pedi-la em casamente ok? Estou te aconselhando a aproveitar essa oportunidade de esclarecer tudo o que houve entre vocês... vai lá, conversar apenas... – ergui a sobrancelha para ele esperando pela sua resposta.
—Ok, obrigada Lucy. – ele sorriu um pouco envergonhado, mas tomou coragem e foi até ela, quando ela percebeu que fui cumplice, ela mirou um olhar assassino sobre mim, apenas mostrei a língua pra ela.
Observei a disposição do pessoal, Cana e Laxus conversavam abraçados, Eve e Elfman estavam no outro lado conversando também, Mira por mais tímida que fosse estava aos papos com Freed, que estava sem jeito, Erza e Jellal conversavam e parecia sério, pois a menina não sorria, apenas parecia dizer o que sentia, Lisanna por mais chata que fosse estava conversando com Hibiki, e do nada começaram a se beijar, eu tenho que admitir, sorri ao ver isso, pois assim ela não perturbaria o Natsu por essa noite pelo menos, não sei por que pensei nisso, mas tentei afastar esse tipo de pensamento de minha cabeça, então sorri para o ambiente vendo que estava tudo em ordem, exceto...
—Por que esta me evitando? – Natsu disse ao chegar do meu lado.
—Por que acha isso? – que pergunta idiota Lucy, qualquer um perceberia isso.
—Sei lá, talvez por que você esteja... – Natsu respondeu olhando seriamente para mim. – Olha, se está com medo que eu vá te agarrar... não se preocupe...
—Por que eu acharia isso? – perguntei olhando desconfiada pra ele.
—Por que todos estão com seus futuros pares e sabe... – ele apontou para os casais, bem era verdade, por mais que eles estivessem apenas conversando, é assim que se começa uma boa relação.
—Parece que deu certo nosso plano. – falei em voz alta.
—Pois é, acabaram juntando mais casais do que o combinado não é? – Natsu riu olhando pra todos.
—Está se sentindo mal por Lisanna? – perguntei com a garganta seca.
—Não.. por incrível que pareça, acabei esquecendo ela, completamente... – ele disse sorrindo.
—Fico feliz... – sorri pra ele, mas essa fala pareceu ter duplo sentido. – ah quer dizer, que você não esteja mais sofrendo...
—Bem, é o que acontece quando achamos alguém melhor... – ele sorriu olhando pra mim.
Como efeito imediato de um soco, senti minha barriga bagunçar tudo ali em baixo, minhas pernas amolecerem e minhas bochechas corarem.
—Você fica tão fofa quando está com vergonha. – Natsu se aproximou mais um pouco, mas ao invés de me tocar ou tentar algo, ele passou por mim e se sentou no sofá, no canto da sala. – Não pensei que seria possível alguém como você toda durona e conselheira ficar assim.
Fui até ele um pouco sem jeito, pois acabei de imaginar ele tentando me beijar, por que esses tipos de pensamento me vêm à mente dessa forma?
—Entendo por que está se sentindo assim. – Natsu disse indo pra frente com o corpo e apoiando os cotovelos nas coxas.
—Assim? – perguntei.
—Com medo. – ele respondeu sem me olhar. – Eu já fui em festas assim, não muitas, mas foi numa dessas que fiquei com a Lisanna.
De novo ele falando nela, por que? Será que mesmo não admitindo ele ainda tinha sentimentos por ela? Pare Lucy, pra que se sentir assim, é lógico que ele só vai falar como acha que ela é, e por que se importa se ele gosta dela ou não?
—Estavam todos em pares assim... e Lisanna estava lá sozinha, resolvi ir puxar assunto... – ele continuou, então olhou pra baixo. – E acabamos ficando, eu queria, mas sei lá, na hora pareceu tão errado, foi bom, mas era por que eu estava me enganando.
Viu Lucy, não precisava se preocupar, ele só está admitindo que foi um erro.
—Quando a gente ama alguém mesmo, tudo muda não é? – ele olhou pra mim e sorriu. – É tão diferente, eu fico nervoso, tipo não sei o que falar, é mais bonito sentir amor quando você sabe que é verdadeiro.
Como ele sabe sobre isso? Ele sente isso? Está sentindo isso agora? Por quem? Será por mim?
—Você está bem? – ele perguntou, e colocou sua mão em minha testa, é claro, eu estava tão vermelha quanto os cabelos de Erza.
O toque de Natsu causou-me arrepios, e ele reparou nisso, o que fez com que corasse também, mas não parou por aí, ele desceu sua mão para minha bochecha e dali foi para meu pescoço, isso tudo estava ativando meus hormônios, meu corpo estava adorando as carícias, tanto que minha mão foi ao encontro de seu peito, onde eu mais queria encostar desde que o vi pela primeira vez seminu.
Ele respirou fundo e nossos olhares se conectaram, como imãs, seus olhos verdes acompanhavam cada piscar meu, em sua pupila pude ver meu reflexo, sua atenção estava unicamente em mim, sua pele estava levemente rosada, e sua boca entreaberta, pude ver sua língua e era ali que eu queria me perder.
Senti meu coração bater mais forte, ele queria isso, e pelo jeito Natsu também, pois ele usou de sua mão que estava em minha nuca para me puxar para mais perto dele, seus olhos assim como os meus estavam se fechando e eu ansiava pelo toque labial.
Comecei a sentir aos poucos o calor do hálito de Natsu, e a respiração ofegante em que se encontrava, eu não estava diferente, o coração quase pulando pela boca me denunciava, então finalmente senti seus lábios nos meus e a ponta de sua língua...
—Natsu? – Lisanna chamou por ele nos separando imediatamente. – Como pode fazer isso comigo? Eu amava você!
—O que? – Natsu se levantou pra ficar de frente pra ela, parecia indignado.
—Eu sempre amei você, e agora está me trocando... como pode magoar assim uma garota? Me trocar por essa recém chegada, ela nem gosta de você... ela é acanhada, só está com você pra fazer eu me sentir só... – Lisanna estava aos prantos dizendo coisas que acho nem ela acreditava.
—Eu não preciso fazer você se sentir só... – eu levantei para me defender. – Você faz isso com você mesma, e você não pode cobrar lealdade de Natsu, vocês não tem mais nada, você não tem direito nenhum de cobrar isso, pois há poucos instantes você estava nos braços de outro, não percebe o quão ridículo é você implorar por atenção? Cresça Lisanna!
—Sua... – então a albina veio pra cima de mim, pronta pra me atacar, eu já estava preparada, mas conforme a moça veio, voltou para trás do mesmo jeito, Erza pegou a menina pelos cabelos e a jogou contra as almofadas no chão. – Ai...
—Por favor, não machuque ela... – Mira foi na frente de Erza. Olhei em volta procurando por Hibiki, o par da albina caçula, mas o mesmo havia desaparecido, porém pude reparar em todos os convidados da festa de Cana olhando para a cena.
—Como pode defendê-la? Ouviu tudo o que ela disse sobre nossa amiga? – a ruiva estava puta.
—Eu ouvi... e me desculpe Lucy, me desculpe mesmo pela Lisanna... – Mira estava quase aos prantos como a irmã. – Mas, por favor, Lisanna é carente, não precisa machuca-la...
—Sei que minha irmã é desonrada com suas palavras, perdoem-na. – Elfman levantou e tentou amenizar a situação da melhor forma possível.
Erza franziu o cenho e deu as costas aos Straus, os outros apenas olhavam sem nada a dizer.
—A festa foi pro brejo. – Cana comentou. – Não era esse tipo de treta que eu mencionei antes.
—Desculpe... – Mira foi até Lisanna e a levantou do chão. – Vamos embora.
—O que? – exclamei. – Não pode.
Mas Mira apenas olhou sorrindo pra mim e voltou seu olhar triste para Cana.
—Desculpe por tudo, estava muito divertido...
—Espere! – Natsu pede olhando para a irmã caçula de Mira. – Preciso falar com a Lisanna antes.
Olhei surpresa pra ele, mas Natsu me ignorou, então foi até a albina mais nova e olhou para ela atentamente, pela sua expressão ele sentia pena e raiva ao mesmo tempo, esta pequena atitude de Natsu nos deixou em completo silêncio.
Eu não pude acreditar naquilo, o que ele estava fazendo? Será que? Não, Natsu não faria isso, não depois de quase me beijar, ou faria? O quão você o conhece Lucy?
Meu coração começou a disparar novamente e tudo o que pude fazer era observar os dois e esperar pelas próximas ações de Natsu.
E por mais tosca que Lisanna fosse, ela também estranhava a atitude do colega.
—Lucy tem razão... – Natsu finalmente falou, mas eu não esperava que a primeira frase tivesse meu nome, e a albina também não contava com isso, pois ela tentou falar algo, mas Natsu prosseguiu. – Quero que fique claro uma coisa Lisanna, eu não preciso e nem devo satisfação a você, mas só pra ficar claro, eu nunca fiquei com a Lucy, não por que ela não seja mais bonita, mais inteligente, mas divertida e muito mais decente que você, não, isso qualquer um consegue ser, mas é por que eu a respeito muito, por que ela me vê apenas como amigo e por mais que moramos na mesma casa em nenhum momento ela se vestiu inapropriadamente, mesmo sendo a casa dela, não, ela se veste bem, é simpática, conversa sobre assuntos coerentes, ela é inteligente e por Deus, é a melhor pessoa que já conheci depois do pai dela, então Lisanna, quero que compreenda uma coisa...
—Eu não quero mais ouvir essas bobagens... – a albina estava com o cenho franzido e tentou sair, mas Natsu a segurou pela mão, não pra machucar, apenas para que a mesma ouvisse até o final.
—Eu sei que não quer escutar nada, você só sabe falar, só sabe mostrar o corpo, não sabe dialogar, nem sorrir verdadeiramente, você só sabe chamar a atenção do jeito mais fútil que existe, por isso eu não gosto mais de você... – Natsu sorriu para suas palavras.- Por que descobri que existem pessoas melhores pra se ter como amiga.
Lisanna o olhava com tristeza e decepção, logo seus olhos começaram a lacrimejar, então se soltou dos braços de Natsu e sem dizer uma palavra sequer ela saiu porta fora deixando todos em silêncio olhando para o rapaz de cabelos rosas que se encontrava pensativo no centro da sala.
—Eh, desculpe Cana por tudo isso, mas precisamos ir agora, espero que entenda... – Mira quebrou o silêncio e logo a anfitriã fez um pequeno gesto afirmativo com a cabeça.
—Tchau então. – Elfman cumprimentou com a mão seus amigos inclusive Natsu, acho que ele e a irmã Mira não estavam com ressentimento, pois afinal Natsu não fez mal algum à irmã deles, ele apenas disse a verdade e o que sentia.
Logo os três foram embora na carrocinha que vieram e o pessoal ficou em um silêncio incomodo.
—Alguém está com fome? – Cana perguntou para quebrar o clima ruim, indicou a comida que estava na cozinha sobre a mesa. Todos se dirigiram ao recinto ainda calados. – Fiquem a vontade.
—Éh Cana, eu acho que vou embora também... – Freed mencionou. – Eu vim por que Mira estaria aqui, mas agora eu tenho coisas a fazer, sinto muito.
—Eu também vou se não se importar. – Eve falou.
—Tudo bem, eu entendo. – Cana disse os levando até a saída.
Jellal e Erza se olharam como se entrassem um acordo.
—Nós vamos ficar. – Erza sorriu pra Cana e depois olhou pra mim e reparou que eu estava estranha. – Será que você pode vir aqui na sala comigo um instante Lucy, pra me ajudar a arrumar as almofadas?
—Eu também vou com vocês. – Cana apareceu me empurrando já na direção certa, deixando os rapazes na cozinha.
—E então o que houve que a louca surtou do nada? – a ruiva me perguntou ao chegarmos na sala e tendo certeza que eles não estavam escutando nada.
—Eu não sei do que vocês estão falando. – respondi olhando para o outro lado da sala.
—A qual é Lucy, conte-nos, vocês estavam conversando ou o que? – Cana me pressionou.
—Ah, por favor não me forcem a falar nada, eu nem sei direito o que aconteceu tudo bem? – falei ficando um pouco corada, era verdade, quer dizer, eu tenho consciência que quase beijei Natsu, mas também não sei o que diabos me levou a quase fazer isso.
—Espera, não me diga que vocês estavam juntos? Tipo... – Erza começou.
—Se beijaram? – Cana completou arregalando os olhos.
—Não, bem, quer dizer... – Aquilo dava pra considerar um beijo?
—Então nossa amiguinha finalmente admitiu que gosta do rapaz hein? – Erza cutucou Cana rindo.
—Eu... eu não disse isso! – coloquei as mãos na cintura.
—Hhahahaha, ok, então toda aquela encenação de cinema foi pra nada? – Cana tentava imitar nosso quase beijo.
—Aquilo foi só o momento. – expliquei, mas nem eu mesma acreditava nisso.
—Ah ta bom... – Erza riu. – Aquilo foi amor linda.
—E você? – tentei tirar o assunto de mim e bingo, Cana me ajudou.
—Ah sim, tirando o romance da loira qui que está em processo, quero saber como você e o rapaz dos cabelos azuis estão.– Cana pediu.
—Bem... ele me explicou o por que tinha mentido quando éramos menores... e ele pediu se eu ainda sentia isso por ele, então expliquei que nunca deixei de sentir, que o que eu mais queria era voltar a ser como antes... aí ele disse o melhor... – Erza ficou vermelha enquanto contava. – Ele disse que podia fazer ficar melhor do que era...
—Ownnn... – Cana e eu nos pronunciamos juntas.
—Mas nada de beijo? – Cana perguntou ansiosa.
—Não, eu não sou tão rápida quanto você ou a Lucy. – Erza disse toda tímida. – Queremos que as coisas se desenvolvam devagar.
—Ridiculo. – Cana revirou os olhos.
—Eu não beijei o Natsu pra você dizer eu sou rápida.. – franzi o cenho para a ruiva.
—Relaxa, eu sei, estou brincando. – Erza piscou pra mim. - E você Cana?
—Ah, vocês viram quando ele me beijou no jogo né, depois eu só fui conversar com ele e ele me atacou de novo hahahahahahha, só isso... nem conversamos hehe. – Cana coçava a nuca envergonhada. – É mais físico sabe?
Eu e Erza nos olhamos e erguemos o ombro, como se disséssemos, vamos ver no que vai dar.
Eu estava muito feliz por elas, parece que embora alguns desastres aconteceram, os planos deram certos, juntar Erza e Jellal e Cana e Laxus, eles estavam feliz, radiantes com o novo amor, embora o tão esperado Jerza ainda não estavam oficialmente juntos, mas estavam no processo. E eu, ainda encucada com o que houve.
Será que eu gostava de Natsu? Mas como isso foi acontecer? Eu era perdidamente apaixonada por Gray até poucos dias, como em apenas um mês eu desenvolvi uma paixão tão excitante por alguém que mal conheço? Eu não sabia onde essa história iria dar, mas eu estava com medo de me machucar, mesmo com Cana prevendo um grande amor pra mim, mesmo Natsu dizendo aquelas coisas sobre amor verdadeiro, será que ele e eu sabemos o que é isso? Meu Deus, o que eu estou pensando?


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