Quase Sem Querer escrita por Chiisana Hana


Capítulo 6
Mamãe




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Capítulo VI – Mamãe

Algumas semanas depois de decidirem morar mais perto, Hyoga estava se mudando com a filha para um apartamento no segundo andar de um prédio próximo à casa de Shiryu. Dias antes, Shun tinha se mudado para o apartamento vizinho.

— Pronto. Última caixa. – suspirou o russo ao colocar no chão a caixa onde estava escrito “brinquedos da Nat”.

— Achei que nunca íamos terminar – disse Shun. – A minha mudança foi bem mais rápida.

— Pois é. Onde você arrumou tanta coisa? – perguntou Shiryu, que tinha uma caminhonete e ajudava os dois na mudança. Já estava quase totalmente recuperado dos ferimentos sofridos em Nikko, mas ainda precisava de um cajado para ajudá-lo a andar.

— Nem eu sabia que tinha tudo isso – suspirou Hyoga. – E com a chegada da Nat as coisas triplicaram.

— Sei, a culpa é dela, né? – riu Shun. – Tinha umas quatro caixas de tranqueiras suas.

— Depois conversamos... Obrigada mais uma vez por ter vindo ajudar, Shiryu.

— Só dirigi a caminhonete e carreguei as caixas leves – Shiryu respondeu e foi para a varanda. – Dá para ver minha casa lá no fim da rua.

Shun também foi à varanda. A casa de esquina se destacava das outras pelas árvores do jardim.

— A cerejeira está linda – disse o médico.

— Não é? – Shiryu sorriu orgulhoso. – Logo começará a florir. Shunrei está ansiosa por isso. Shoryu virá e ela está bem empolgada para fazer uma festa no jardim. Aliás, acho que está na hora de pegar ela e Natássia no supermercado para irmos almoçar todos juntos. Vou lá em casa deixar a caminhonete e pegar o outro carro, aí volto com as duas.

Os dois assentiram e assim que Shiryu saiu, Hyoga aproximou-se de Shun e o abraçou.

— Agora somos vizinhos, meu amor – disse o russo, tocando o rosto de Shun.

— Sim! Vou ver você e a Nat todos os dias! Quase não acredito! Estou tão feliz!

— Também estou muito feliz. Eu te amo tanto. Amo a nossa família.

— Eu também te amo, Oga.

Hyoga puxou-o um pouco para dentro, para onde não seriam vistos por quem passasse na rua, e o beijou.

— Será que o Shiryu vai demorar? – perguntou, conduzindo Shun até o sofá.

— Quê? Você já quer?

— Eu te quero o tempo todo...

— Parece um adolescente com os hormônios em fúria – Shun riu, mas a declaração o tinha deixado excitado. Sentia o mesmo por ele, embora fosse um pouco mais comedido ao expressar.

— Temos anos de atraso...

— É, acho que Shiryu vai demorar um pouquinho... – Shun disse, recostando-se no sofá e puxando o namorado para mais um beijo.

Os dois ficaram tão envolvidos no momento que não viram nem ouviram quando a porta se abriu.

— Desculpem, eu não… – disse Shiryu. – Não quis atrapalhar… esqueci minha chave...

— Shiryu… nós… – Hyoga começou, tão vermelho de vergonha quanto os outros dois, mas não soube como continuar, então limitou-se a ficar de cabeça baixa

Shun também estava envergonhado mas não arrependido. Shiryu tinha visto o que não era pra ver, mas talvez fosse até melhor assim. Ele ia acabar sabendo de qualquer jeito, então que fosse logo.

Embora também estivesse constrangido, foi Shiryu quem quebrou o gelo:

— Não precisam explicar nada, ok? Esteve sempre tão na cara!

 – Esteve? – surpreendeu-se Shun, encarando Shiryu. Hyoga também dirigiu ao amigo um olhar de choque.

— Até um cegueta como eu já tinha percebido! – Shiryu prosseguiu. – Bom, na verdade, a Shunrei viu primeiro. Ela sempre achou que tinha alguma coisa rolando entre vocês dois. Quando ela me falou, comecei a prestar atenção e ficou bem óbvio... Mas vocês nunca falaram nada, eu também não perguntei, porque não é da minha conta. Então vocês resolveram vir morar aqui e eu não entendi por que em apartamentos vizinhos ao invés de morarem juntos, mas, de novo, não é da minha conta.

— Faz pouco tempo que nós… começamos… – disse Shun.

— Foi só depois que a Natássia chegou – completou Hyoga.

— Então vocês são bem mais tontos do que eu pensava!

— É que é difícil… – disse Hyoga. – Vai ser difícil. É um tabu muito grande. Somos dois homens...

— Tabu? Isso é tão relativo. Antigamente seria um tabu um japonês como eu ser casado com uma chinesa como a Shunrei. Até hoje tem gente que pode “não ver com bons olhos”. Mas eles não pagam nossas contas, então eu não tô nem aí. Não vivam pautados na opinião dos outros.

— Ainda tem o problema de sermos… irmãos – acrescentou Shun.

— Para efeitos legais, não somos irmãos – lembrou Shiryu. – Nunca fomos registrados como filhos do Kido. Então, se vocês não se importam, não devia ser um problema.

Shun e Hyoga entreolharam-se e sorriram. Depois envolveram Shiryu em um abraço caloroso.

— É por isso que você é o mais sábio – Shun disse.

— Eu sei que sou – Shiryu respondeu e pegou a chave que estava sobre a mesa de centro. – Vou lá buscar Shunrei e Natássia... E acho que vou levá-las para almoçar sem vocês. Vamos demorar. Continuem aí o que estavam fazendo...

— Ele quis mesmo dizer isso que eu entendi? – Shun perguntou a Hyoga depois que Shiryu saiu.

— É, ele quis – Hyoga assentiu, tocando a face de Shun e começando a beijá-lo novamente.

—---S2----

No supermercado, Shiryu cumprimentou Shunrei com um beijo na boca. Não costumavam fazer isso em público, mas ela gostou.

— Cadê o papai? – Natássia perguntou. – E o tio Shun?

— Eles ficaram arrumando umas coisas lá no apartamento – Shiryu respondeu. – Vamos almoçar só nós três.

Shunrei estranhou, já que o combinado era que eles viessem também, mas o olhar de Shiryu dizia que depois explicava. Seguiram para um pequeno restaurante, diferente daquele que costumavam frequentar e longe demais do mercado onde estavam. Almoçaram, passearam um pouco por um parque próximo e só no fim da tarde voltaram ao apartamento, levando duas marmitas para o casal.

— Tiooo! Tem almoço pra você e pro papai!! – Natássia anunciou alegremente e correu para abraçar Shun.

— Ah, meu amor, minha princesa! Eu estava mesmo morrendo de fome.

— Cadê o papai?

— Está tomando banho...

— Você também tava! Tá com o cabelo molhado!

— É, eu estava – respondeu Shun.  

— Bom, ela está entregue – disse Shiryu, rindo. – Vamos, Shunrei?

— Vamos – ela respondeu e também sorriu. Agora entendia o comportamento do marido, a escolha de um restaurante muito longe, a demora no parque...

— Obrigado por tudo – Shun disse. – De verdade.

Shiryu sorriu e abraçou a esposa.

— De nada. Qualquer coisa, estamos bem ali no fim da rua.

—---S2----

Alguns dias depois,

— Oi, meu docinho! – Shun disse para Natássia ao chegar de vinte e quatro horas de plantão.

Sempre que chegava ia direto para o apartamento de Hyoga. Era maravilhoso chegar de um dia difícil e ter um abraço da filha, um beijo do homem que amava, fazer uma refeição com eles. Mesmo quando estava cansado, sentia-se revigorado ao receber o amor deles. Estava adorando essa nova vida e, apesar das perturbações no mundo dos cavaleiros, nunca tinha sido tão feliz.

— Oi, mãe! – ela gritou, empolgada, correndo para abraçá-lo.

— Mãe? – surpreendeu-se o médico. – Por que me chamou de mãe, querida?

— É que eu vi você e o papai beijando... e eu já vi o tio Shiryu beijando a tia Shunrei e ela é mãe do Shoryu. Eu vi foto dele, ela me mostrou. Então se meu pai é meu pai e você beija meu pai, você é minha mãe.

Shun riu da lógica dela. Ele e Hyoga vinham conversando como iam explicar para ela sobre o tipo de relação que tinham, mas Natássia descobriu por si mesma e ele decidiu não complicar as coisas.

— Você está certa, eu e ele temos o mesmo tipo de relação que o tio Shiryu e a tia Shunrei, apesar de nós sermos dois rapazes.  

— Natássia é muito inteligente!

— É, sim. Você pode me chamar do que quiser. Mamãe, papai, titio... o que quiser. O importante é que amo você, amo seu pai e estarei sempre com vocês.

— Eu também te amo, mamãe Shun! Mas agora eu quero almoçar!

— Tá, vou fazer um almocinho bem gostoso!

— Vou acordar o papai!

— Não, Nat. Espera o almoço ficar pronto! – ele pediu, mas ela já tinha saído correndo em direção ao quarto.

Continua...

 


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Notas finais do capítulo

Oie!

Voltamos!

Então Shiryu já sabia... Parece que o ceguinho não é tão cego... Tudo bem que teve uma ajudinha da Shu...

A Nat chamou o Shun de “mamãe” num capítulo especial do mangá e eu queria muito uma cena explicando como ela chegou a essa conclusão, então fiz. Gosto da ideia de ela associar com a tia Shunrei!

É isso!

Até o próximo!



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