Quase Sem Querer escrita por Chiisana Hana


Capítulo 5
Merecemos Mais




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Capítulo V – Merecemos Mais

— Que dia louco foi esse? – perguntou Yoshino, recostando-se na poltrona do trem.

— Nem me fale... – suspirou Hyoga, aliviado porque, apesar de tudo, as coisas tinham terminado bem.

Era para Shiryu levar Yoshino e Natássia à cidade de Nikko, onde se encontrariam com Shura, a fim de que o curandeiro do Santuário examinasse a pequena. Depois, poderiam fazer um passeio pela cidade e voltar para casa tranquilamente. Mas com os cavaleiros não funcionava assim, ainda mais nos últimos tempos, e um simples passeio virou uma batalha duríssima para Shiryu. Não terminou em tragédia porque Seiya apareceu para ajudá-lo.

O próprio Hyoga acabou indo a Nikko às pressas quando sentiu Natássia em perigo. Um Sem Rosto atacou a menina, mas Máscara da Morte a defendeu, lá do jeito dele, ofendendo-a, chamando-a de pirralha estúpida. Hyoga quis matá-lo por isso, porém, xingando ou não, ele protegeu Natássia e ele teve de engolir isso.

Agora todos estavam voltando para Tóquio no trem-bala, com Máscara da Morte sentado no fundo do vagão, tentando ficar afastado do grupo. Estava jovem como Shura e foi inevitável Hyoga se perguntar se Camus voltaria também. Gostaria de revê-lo, de ter mais tempo com ele, de conversar calmamente enquanto tomavam uma bebida no bar, de apresentá-lo a sua pequena e doce Natássia, de falar sobre Shun… O que ele pensaria do relacionamento? Ele iria apoiar? E estariam do mesmo lado, lutando pela mesma deusa ou em lados opostos?

Na poltrona ao lado dele, Shiryu começou a tossir de um jeito que o assustou, interrompendo seus pensamentos. Desde que entrou no trem, o companheiro de Libra estava quieto, de olhos fechados e com a respiração cada vez mais pesada, difícil e ruidosa. E agora essa tosse...

— Foi estranho, papai… – Natássia comentou.

— O que foi estranho, filha? – Hyoga perguntou, desviando a atenção do amigo para a filha.

— Aquele bicho feio que atacou Natássia. Mas aí o seu Máscara defendeu.

— Sim, muito estranho – ele disse, e pensou que antes ela era um daqueles “bichos feios”. Foi atacada porque eles consideraram-na uma traidora. De repente, lembrou o propósito da viagem a Nikko e voltou-se para Yoshino. – O que o médico disse sobre Natássia? – perguntou.

— Ah, sim! – ela respondeu. – Ele falou coisas sobre como o corpo e a alma dela estão incrivelmente conectados por algo. Eu não entendi muito bem, acho que ele quis dizer que ela está viva, bem vivinha, o que me parece bem óbvio.

— Entendi – disse Hyoga.

“Ela está bem”, pensou o pai zeloso. “A alma bem conectada ao corpo, um cosmo forte, bem fundido à consciência e à existência. Não está prestes a desvanecer...”

— Estou preocupado com Shiryu – Shura disse a ele. Estava sentado no banco de trás. – A luta dele foi muito dura. Se Seiya não tivesse aparecido…

— Esse aí não morre fácil! – Máscara da Morte gritou lá do fundo do vagão. – Digo por experiência própria.

Hyoga pensou que, apesar do jeito rude de falar, ele tinha razão. Mesmo assim também estava preocupado com Shiryu e com Seiya. Por ora, ia cuidar só do que estava a seu alcance. Pegou o celular no bolso e digitou uma mensagem para Shun:

“Estamos voltando de Nikko. Natássia está bem, mas Shiryu está muito ferido. Vou levá-lo para o melhor médico da cidade examiná-lo. Chegaremos em meia hora. Te amo.”

Hyoga enviou a mensagem  e recebeu a resposta quase imediatamente:

“Estarei esperando.Também te amo.”

— Quando chegarmos – ele disse a Shura –, vamos levá-lo ao hospital para Shun dar uma olhada nele. Pelo menos passar algum remédio para dor… Sei lá... Ele vai saber o que fazer...

— Sim, devemos fazer isso – concordou Shura.

— Papai, posso ir falar com o seu Máscara? – Natássia perguntou.

Hyoga permitiu, então ela pulou do colo dele e foi correndo para o fundo do vagão segurando uma sacolinha de doces.

— Seu Máscara! Seu Máscara! – Natássia gritou.

— Não vem, não, pirralha! – ele gritou de volta, cruzando os braços e rolando os olhos.

Ela não se intimidou.

— Seu Máscara! É um nome engraçado! Obrigada de novo por me salvar, seu Máscara!!

— Tá, tá… Agora sai daqui.

— Olha o que eu comprei com o dinheiro que papai me deu! – ela disse, mostrando a ele a sacolinha. – Você quer um, seu Máscara?

— Não. Sai daqui.

— Pega um, seu Máscara!

— Já disse que não, pirralha!

— Mas Natássia quer te dar um! Papai disse que não é educado recusar presente. Só se for de estranho, de estranho tem que recusar, mas eu não sou estranha!

— E eu não sou eu educado! Cai fora!

— Natássia vai escolher um pra você!

Máscara da Morte revirou os olhos novamente e murmurou:

— Pirralha chata do cacete… Me dá logo esse negócio e vai lá encher o saco do seu pai!

Ele meteu a mão na sacolinha, pegou um doce qualquer e enfiou na boca.

— Como se diz? – ela perguntou, parada, olhando fixamente para ele, a cabeça meio inclinada para um lado.

— É o quê?

— Tem que dizer obrigado! Papai me ensinou.

— Vem, Natássia – Hyoga chamou, antes que Máscara perdesse o resto de paciência que tinha e explodisse o vagão.

— Papai, ele não disse obrigado!

— É que o pai do seu Máscara não ensinou isso a ele… – Hyoga justificou rindo, e foi tirar a menina de perto do cavaleiro antes que ele explodisse o vagão.

Quando chegaram a Tóquio, Máscara da Morte foi levar Yoshino em casa, enquanto Hyoga, Natássia e Shura seguiram para o hospital levando Shiryu. Shun já estava esperando por eles. Cumprimentou Hyoga com um abraço discreto e pegou Natássia no colo.

— Oi, minha lindinha – ele cumprimentou. – Quero saber tudo do passeio, mas só depois, certo? Agora eu tenho que cuidar do dodói do tio Shiryu.

— Tá bom, tio – ela respondeu. Depois tirou um punhado de doces da sacolinha e deu a ele. – Pra lanchar mais tarde.

— Certo, meu amor. Obrigado.

— O seu Máscara não disse obrigado porque o pai dele não ensinou.

— Quê? – indagou Shun, sem entender.

— Depois te explico – Hyoga disse e pegou a filha para que Shun cuidasse de Shiryu.

Shun sorriu e colocou Shiryu em uma cadeira de rodas, a qual empurrou até a sala de exames. Hyoga, Natássia e Shura seguiram-no até a porta, mas não entraram. Alguns minutos depois, saíram da sala e um enfermeiro levou Shiryu.

— Quero umas radiografias – Shun disse a Hyoga. Depois acrescentou: – Será que você pode vir aqui na sala um momento?

— Claro – respondeu o russo. – Shura, você pode olhar a Natássia um pouquinho?

O espanhol assentiu e os dois cavaleiros entraram na sala. Assim que fecharam a porta, trocaram um beijo ansioso e apaixonado.

— Fiquei morrendo de preocupação quando você partiu às pressas para Nikko – Shun disse, ainda abraçado ao namorado e procurando recuperar o fôlego.

— Está tudo bem, amor… Quando cheguei, tudo já tinha se resolvido.

— O que foi que houve afinal? Shiryu está péssimo. Está cego de novo, como sempre acontece quando queima muito o cosmo. A dor para respirar acredito que seja de ordem muscular, mas quero umas radiografias pra descartar alguma fratura nas costelas.

— Pois é, a luta dele foi dura... Era para ser só um passeio com as meninas, mas acabou nisso...

— E o Seiya?

— Eu não o vi. Quando cheguei, já tinha sumido de novo. Mas aparentemente ficou bem depois de receber o mesmo golpe que deu no Shiryu na Guerra Galáctica.

— Parece que isso foi em outra vida… – Shun disse, pensativo.

— Vai ver que foi – riu Hyoga.

— Você era tão arrogante naquela época, lembra?

— É, eu lembro – admitiu Hyoga. – Eu achava que era o melhor de todos... O mais bonito com certeza ainda sou.

— Você é – concordou Shun, com um sorriso que era ao mesmo tempo doce e sexy. – Eu ainda não te amava naquela época... Aconteceu um pouco depois… No Santuário, quando eu salvei você na casa de Libra. Naquele momento, com você quase morto em meus braços, eu percebi que te amava tanto que faria qualquer coisa para que você vivesse.

— Eu sinto isso agora – Hyoga disse, pensando que não sabia exatamente quando começou, só que em algum momento percebeu que o que sente por Shun é maior e diferente do que o que sente pelos outros. – Faria qualquer coisa por você e pela Nat...

— Eu também. Aliás, o que houve com ela? Você saiu louco daqui porque sentiu que ela estava em perigo.

— Um Sem Rosto a atacou… – explicou Hyoga. – E Máscara da Morte a protegeu.

— Aquele Máscara da Morte? – surpreendeu-se Shun. – Era dele que a Nat estava falando?

— Sim, dele mesmo. Também está de volta para proteger Yoshino e acabou protegendo a Nat lá em Nikko. No final das contas, ficou tudo bem. Você está de plantão a noite toda?

— Sim… Só saio amanhã, ao meio-dia. Queria que eu ficasse com a Nat hoje?

— Não. Hoje eu não vou para o bar. Não depois desse dia louco e estranho. Vou ficar em casa com ela, fazer um jantar gostoso. – Ele segurou a mão de Shun. – Queria que você fosse lá pra casa ficar com a gente, namorar um pouco... Fico com saudade... Com a correria da vida, não nos vemos tanto quanto gostaríamos.

— Eu adoraria – Shun sussurrou ao ouvido dele. – De verdade. Pena que não posso, mas quando sair do plantão, prometo ir direto para a sua casa.

De repente, Hyoga percebeu que os dois mereciam mais que isso. Depois de tanto tempo reprimindo o amor que sentiam, eles mereciam mais que uns beijos na sala de atendimento, mais do que se encontrarem de vez em quando. Ele queria ter um abraço amoroso de Shun quando saísse para o bar. Queria dar um beijo nele e desejar um bom plantão quando ele saísse para trabalhar. Queria que ele pudesse conviver com Natássia todos os dias, ajudando a educá-la.

— Eu acho que a gente devia morar mais perto um do outro – declarou o loiro. – Poderíamos nos ver mais facilmente. Talvez em um bairro perto da casa de Shiryu, porque eu não perderia tanto tempo no trânsito para deixar a Nat lá. Tudo seria bem mais fácil…

Shun sorriu ao imaginar como seria morar perto do seu amor, acompanhar melhor o crescimento de Natássia, dividir mais momentos com eles, conversar sobre o dia, fazer mais refeições juntos, tudo isso sem precisar atravessar a cidade.

— Bom, sabe aquele prédio novo na rua da casa do Shiryu? – ele disse. – Tem vários apartamentos vagos... A gente podia dar uma olhada neles quando eu estiver de folga.

— Vamos, sim – concordou Hyoga, e deu mais um beijo em Shun antes de abrir a porta da sala, feliz e cheio de planos para o futuro.

Continua...

 


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Notas finais do capítulo

 

Oi!

Eu adoro os capítulos do EPGA sobre esse passeio a Nikko, então aproveitei para usá-los como o momento da decisão de Shun e Hyoga morarem mais perto um do outro. :3 No próximo cap eles já estarão de casa nova!

A cena de Shiryu não está aí por acaso… Servirá como começo para a fic dele no universo do EPGA, que já está com o primeiro cap quase pronto e mais algumas partes aleatórias escritas. Tô pensando se começo a postar ou espero ter mais caps...

Obrigada a todos que estão acompanhando e comentando!! :3

Beijoooos

Chii



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