Como Nascem os Anjos escrita por aishaandris
Notas iniciais do capítulo
Hello, pessoinhas amadas do kokoro ♥♥♥
Aqui estou com a historinha prometida. Quem acompanha "Deu a Louca no Santuba" sabe quem é a coisinha fofa que será mostrada neste capítulo, mas a fic pode ser lida sozinha e fará sentido da mesma forma.
Desde já peço desculpas por não ser como vocês estão esperando. Boa leitura!
Afrodite caminhava displicentemente pelas escuras ruas de Atenas. Voltava de mais uma noitada ao lado dos melhores amigos e também cavaleiros de ouro, Máscara da Morte e Shura. Mais algumas horas vazias, onde havia bebido, dançado e ido para a cama com alguém de quem já não se recordava sequer do rosto.
Fazia exatos dois anos desde que havia voltado à vida. E ainda se perguntava por que Atena havia intercedido por ele, alguém com um passado tão sangrento e uma alma tão podre. O sacrifício no Muro das Lamentações estava longe de ser um motivo bom o bastante para merecer tamanho favorecimento. Aquilo simplesmente não fazia sentido. A única explicação plausível era a de que os deuses haviam se enganado.
Apesar de tudo, estava agradecido por ter a chance de conhecer as irmãs mais novas. Celeste e Lara eram mulheres belas e especiais, além de amazonas incríveis, que o enchiam de alegria e de orgulho. Todavia, a convivência com elas não era suficiente para preencher o vazio do seu coração. Desejava ardentemente encontrar um propósito para sua nova existência, já que graças à trégua estabelecida entre os deuses, era desnecessário até como cavaleiro.
Ainda perdido em pensamentos, ergueu o pulso para olhar a hora no caro e exclusivo relógio Patek Philipe. Suspirou desanimado. Já passava das três e meia da manhã, e teria treino logo cedo. Começou a cortar caminho entre os becos estreitos para chegar mais rápido à estradinha que o levaria à Rodório e, por conseguinte, ao santuário. Foi quando ouviu o que pensou serem gemidos de dor, ainda que abafados de alguma forma.
Normalmente ignoraria aquele som, mas algo o moveu a procurar pela origem dele. Entrou por entre as ruelas, guiado pelo ouvido apurado, e chegou a um local sem qualquer iluminação, um túnel que parecia estar abandonado desde a época em que Shion e Dohko eram verdadeiramente jovens. Acendeu o cosmo para servir como fonte de luz e viu alguém encolhido num canto.
— Ei, você... Está tudo bem? – perguntou, aproximando-se da pessoa sentada ali.
— Fique longe... Por favor! – a voz fraca indicava ser uma mulher, que começou a se arrastar debilmente para trás até ficar encurralada entre o pisciano e a parede.
— Não precisa fugir, eu não vou te machucar! – Afrodite falou com um tom anormalmente suave – O que aconteceu? Por que está sozinha num lugar como esse? – agachou-se à frente da jovem e levou a mão ao capuz que cobria o rosto dela, abaixando-o.
Era a mulher mais linda que já havia visto na vida. Pele branca, bochechas salientes e rosadas, olhos de um belo e cristalino tom de azul, lábios bem desenhados e longos cabelos dourados. A expressão dela, porém, mostrava que padecia de uma agonia sem limites.
— Ajude-me... Não deixe ela morrer! – a jovem falou com um fio de voz, finalmente acreditando nas boas intenções do pisciano. Os olhos dele mostravam uma preocupação que não poderia ser fingida.
— O que eu posso fazer? Diga-me! – a mulher não disse nada, em vez disso abriu a longa capa que usava. Afrodite arregalou os orbes de surpresa diante do que viu.
Ela estava grávida. E pelo estado encharcado das roupas, a bolsa já havia estourado. Por que estava sozinha ali, naquele estado? Não tinha tempo para pensar a respeito, precisava fazer alguma coisa para ajudá-la.
— Fique calma, eu vou chamar um médico...
— Não! – foi interrompido por um grito agoniado. De repente, o rosto dela se converteu numa expressão de pavor – Por favor... Ele vai nos matar!
— Quem? – Afrodite perguntou com curiosidade, mas pensou melhor e viu que não importava naquele momento – Não se preocupe, eu vou te proteger. Ninguém conseguirá te fazer mal comigo ao seu lado, mas precisa ir para um hospital.
— N-não dá tempo... Minha filhinha está nascendo! – a jovem parecia estar sentindo uma dor cada vez maior. O pisciano a olhou sem saber o que fazer. E, pela primeira vez, descobriu o que era se sentir impotente e com medo. Era um homem treinado para matar, não para salvar vidas – AHHHHHH... Por favor!
O grito o tirou do torpor. Com medo ou não, precisaria fazer aquilo. Não se perdoaria caso deixasse a mulher e a criança morrerem por causa da sua inércia.
— Fique calma... Eu vou te ajudar! – precisou respirar fundo para acalmar seu coração inquieto e se recordar do que sabia sobre partos. Lembrava-se de ter ouvido alguma coisa sobre panos limpos e água quente, mas infelizmente não dispunha de nada daquilo. Precisaria improvisar.
Aproveitou que a jovem já estava sentada no que considerava uma boa posição, e a ajudou a tirar os sapatos e a calcinha. Fez com que ela mantivesse as pernas bem abertas e tirou a própria camisa para enrolar a pequenina, quando saísse.
— C-como é o seu nome? – o pisciano não esperava ouvir uma pergunta em meio à tensão do momento, mas se esforçou para abrir um sorriso antes de respondê-la.
— Eu me chamo Afrodite...
— A-Afrodite... Por favor... Não deixe ninguém machucar minha filha... Minha Alana! – as palavras saíam espaçadas, entre arfares e gemidos de dor.
— Não se preocupe!
— Prometa-me... Jure pelo que há de mais sagrado! – a única coisa mais visível do que o sofrimento, era o medo estampado no rosto da mulher.
— Eu juro! Mas fique calma, o mais importante agora é trazer a pequena Alana ao mundo.
A jovem pareceu aliviada após ouvir o juramento do pisciano, mas logo voltou a gemer de dor.
— Ela está saindo... Eu posso sentir!
Afrodite já tinha ouvido falar que os partos podiam levar horas até a mulher dilatar completamente, por isso tomou um susto quando viu o que parecia ser a cabeça do bebê aparecendo. As coisas estavam mais adiantadas do que esperava, então precisou respirar fundo novamente e mandar o nervosismo para longe.
— Seja forte, sua filha já está aparecendo! – o pisciano falou com um tom brando e envolveu a jovem com seu quente e cálido cosmo, fazendo o possível para acalmá-la – Agora respire fundo e empurre, vai dar tudo certo!
Os minutos seguintes foram os mais longos da vida de Afrodite. Precisou manter a tranquilidade enquanto a mulher gritava de dor e fazia força para trazer a filha ao mundo, e se manteve firme até a pequena garotinha finalmente sair por inteiro. Ouvir o choro da bebê trouxe uma enorme sensação de alívio ao pisciano e fez a mãe suspirar aliviada.
— Cadê minha princesinha? Coloque ela em meus braços, por favor! – a voz da mulher estava fraca, mas era visível a alegria que sentia. Afrodite atendeu prontamente ao pedido dela, tomando apenas o cuidado de embalar a criança na camisa antes de entregá-la.
— Aqui. É a menininha mais linda do mundo! – o sueco tentou conter a emoção, mas foi impossível ao olhar a pequena e frágil criaturinha que havia ajudado a nascer. E pela primeira vez em anos, seu rosto foi banhado por lágrimas. Ver mãe e filha juntas foi uma cena tocante demais para que conseguisse se segurar.
— O-obrigada... A-Afrodite... N-não sei o que teria feito sem você... N-não se esqueça do seu juramento!
— Não me esquecerei! – o pisciano se sentia plenamente feliz e realizado pelo que havia acabado de fazer, e sua satisfação foi ainda maior ao ver a bela mulher abrir um sorriso de gratidão. Levou a mão direita à dela e apertou levemente.
— O-obrigada! – Afrodite viu os lindos olhos azuis se fecharem e sorriu, sem se preocupar. Ela precisava mesmo descansar, com certeza estava esgotada após o exaustivo esforço para trazer a filha ao mundo.
Pegou o celular e ligou para o Hospital Graad, que por coincidência era o mais próximo daquele lugar. Garantiram que chegariam em menos de quinze minutos para levar a mulher e o bebê. Ele elevou o cosmo para manter as duas quentes e protegidas até lá, e decidiu que já era hora de cortar o cordão umbilical. Fez isso num movimento rápido e preciso, tão ou mais eficiente do que o método tradicional com uma tesoura.
Sentou-se no chão e ficou olhando a mulher adormecida com a criança nos braços, tomando coragem para levar a mão ao rosto angelical. Foi quando percebeu que ela não mais respirava. E sentiu seu coração se partir em mil pedaços ao constatar que a jovem já havia partido, ainda que o mesmo sorriso continuasse a emoldurar a face dela.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
E então, o que acharam? Espero que tenham gostado, mesmo não sendo tão fofinha como eu tinha prometido.
Eu tinha falado que ia ser uma one-shot, mas acabei não conseguindo colocar tudo num capítulo só, então resolvi dividir. Acredito que ficará melhor assim...
Bom, era isso por hoje. Não deixem de me dar a opinião de vocês nos comentários.
Beijinhos e até o próximo capítulo! :************