Lily Evans estava cansada de James Potter. Ele já a estava irritando fazia tempos. Ele já tinha flertado com ela no meio das aulas, já tinha feito com que Sirius lesse um poema que James tinha escrito para ela no meio do Salão Comunal da Grifinória, entre várias outras coisas.

Naquele dia, James tinha mandado um elfo doméstico entregar a ela balões em formato de corações escrito "Eu te amo, Lírio", "James Potter ama Lily Evans", "JP + LE", e coisas assim, além de uma carta. Isso tudo o meio do Salão Principal!

As bochechas de Lily imediatamente ficaram tão vermelhas quanto seu cabelo. Ela queria matar James, por tê-la feito passar vergonha não só na frente dos alunos, mas dos professores também. Mas o que Lily não contou para ninguém era que, apesar da vergonha e da raiva, ela guardou os balões e a carta. A carta sem ler, é claro. Tudo isso guardado em uma gaveta trancada.

•••

Mesmo depois daquilo, Lily não aceitou os pedidos de James para que ela saísse com ele.

Até que ele parou. James Potter parou de importuná-la. No início, Lily ficou feliz. Ela poderia fazer se dever de casa em paz, sem se James pudesse atrapalhá-la, ou fazê-la ser expulsa da biblioteca.

Mas depois... Bem, depois disso, Lily sentiu falta. Ela olhava para James do outro lado da mesa da Grifinória, mas agora ele não dava mais piscadelas para ela, ou se insinuava, ele apenas observava. Lily tinha passado a se acostumar a esperar pelos flertes de James, ou as inúmeras formas dele convidá-la para ir a Hogsmeade com ele, cada uma mais criativa que a outra, de um jeito que só ele conseguia.

Lily estava pensando nisso quando uma voz conhecida despertou-a de seu transe. Amos Diggory.

— Lily? - ele chama.

— Er... Oi? - ela responde, antes de perceber que aquilo não era exatamente uma resposta.

— Hum... Lily, você quer, sei lá, ir a Hogsmeade comigo um dia desses?

Quando um sorriso bobo estava prestes a se formar no rosto de Lily, ela percebe um par de olhos verdes observando-a do outro lado do corredor, e isso faz Lily lembrar que Amos era lindo, inteligente, tinha todas as qualidades que ela desejaria em alguém, mas... Ele não tinha a convidado com o jeito de uma certa pessoa. Ele não tinha feito algo criativo, como balões, poemas ou elfos domésticos. Ele simplesmente não era o dono daqueles olhos verdes que a observavam do outro lado do corredor.

— Amos, eu... Me desculpe, eu não posso.

Antes de virar de costas e sair, Lily consegue ver Amos dar de ombros. Mesmo sem querer, a mente dela a lembra de que James teria corrido atrás dela para tentar mais uma vez.

•••

Lily vai correndo até o dormitório feminino da Grifinória, e já vai tirando a chave de seu bolso. Já com a chave na mão, Lily para em frente à sua gaveta e a abre. A ruiva segura a carta de James, hesitante.

Ela fecha a gaveta e a tranca, com os dedos já com a carta entre eles. Lily corre em direção à Sala Precisa e entra lá, segurando a carta. Lily abre o envelope, deparando-se com a caligrafia desleixada de James.

Querida Lily,

Eu continuaria a convidá-la para sair comigo pelo resto da eternidade se, no final, soubesse que receberia um "sim" como resposta. Eu nunca pararia de tentar de soubesse que você seria minha no final.

Mas eu não sei. Então, se você continuar em silêncio, se você continuar negando... Eu vou parar. Vou parar de flertar com você, de tentar fazer com que você olhe para mim do mesmo jeito que você olha para o Diggory.

Eu amo você, Lírio. Por Merlin, eu nem achei que fosse possível amar alguém tanto quanto eu amo você.

Espero que você veja isso. E também espero que você saiba que parte meu coração parar de tentar. Mas amo você o suficiente para fazê-lo. Se você quiser.

Para sempre seu,

James Potter.

Lágrimas caíram dos olhos de Lily.

— Eu te amo, James Potter.

Ela já sabia o que tinha que fazer.

•••

Lily saiu correndo da Sala Precisa.

A carta de James estava no bolso da capa, provavelmente toda amassada, mas Lily não se importava.

Bufando, Lily gagueja a senha para entrar no Salão Comunal. Provavelmente percebendo seu cansaço, a Mulher Gorda não faz nenhum comentário.

Lily se depara com o Salão Comunal vazio, e vê um cartaz pendurado na parede. Jogo de Quadribol às 16h. Lily revira os olhos ao ver que o relógio marcava 16h20. A ruiva respira fundo e começa a correr novamente.

•••

Lily chega às arquibancadas em volta do campo de quadribol. O rosto dela estava vermelho e cheio de gotícula de suor. Ela sai empurrando as pessoas para chegar até a primeira fileira. Os olhos rápidos de Lily analisam o campo. Até que ela vê.

O pomo de ouro ali, na sua frente, quase ao alcance de sua mão.

— James! - ela grita, mas o garoto não a ouve, com o barulho dos torcedores. Lily revira os olhos antes de pegar a varinha e fazer um feitiço para que sua voz ficasse mais potente. - James! Aqui! - ela grita novamente, e dessa vez, ele escuta. James olha na direção dela e demora pouco menos de um segundo para perceber do que ela estava falando. Agora o pomo estava mais perto dela. Lily poderia simplesmente pegá-lo, se quisesse. Ela via James acelerar em cima de sua vassoura, com a mão já aberta para agarrar o pomo. E quando a ponta dos dedos de James tocam o pomo... Lily puxa a capa dele e os lábios de ambos se chocam. James fica surpreso, mas depois seus lábios se entreabrem, dando passagem para os de Lily. Todos os alunos e professores encaram os dois boquiabertos. Bem, exceto Remus e Dorcas, pois, além de verem seus melhores amigos finalmente se acertarem, ainda haviam ganhado uma aposta de Sirius e Marlene de que James ficaria com Lily até o final do ano.

Quando, depois de alguns minutos de beijo, James e Lily se desgrudaram, eles sorriram um para o outro, enquanto quase todo mundo da torcida pulava e batia palmas para o casal que todo mundo torcia por.

— Eu te amo, Lírio... - diz James, sem fôlego por causa do beijo. Lily sorri.

— Eu também, James. - o garoto arregala os olhos, surpreso. - Eu sempre amei, na verdade. Só que eu era tola demais para perceber isso. No fundo, eu sempre soube o que você significa para mim, mas eu teimava em fechar meus olhos.

James continuava encarando Lily, com uma expressão de assombro e regozijo ao mesmo tempo.

Lily Evans, seu Lírio, o amava, afinal.

— Não espere que eu aja como um cavalheiro depois de você me dizer algo assim.

Depois de dizer isso, James segura a cintura de Lily e a puxa para cima da Nimbus 77 dele.

Depois disso, eles ficam sobrevoando Hogwarts por horas, recuperando aqueles anos que perderam.