Eles por ela e ela por gatos escrita por Airi


Capítulo 10
A rosa esquecida


Notas iniciais do capítulo

Ahá! Aqui estamos ao ultimo capitulo da primeira parte da historia. Digamos que o inicio dela, a fase dessa aventura estranha na terra se foi, agora é... lê ai e me diz o que acha, por favor, hahahaha.
Boa leitura!



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 Aproximei-me de Vinicius e sentei a seu lado na cama, respirando fundo, esperando enquanto ele se virava para mim, me encarando um pouco serio, mas abrindo um lindo e tímido sorriso.

- Fico feliz que tenha aceitado assim tão fácil falar comigo – ele começou.

- E porque não aceitaria Vini, você é meu amigo – comentei baixo.

- Amigo...

- É, não é? – perguntei confusa.

 Vinicius ficou quieto por um tempo, me analisando e logo depois riu. Parecia que ele havia entendido o erro de comunicação que eu não tinha o mínimo de conhecimento.

- Ah, já entendi o que aconteceu.

- Ótimo! Então você me fala porque estou completamente perdida – falei com um leve sorriso.

- As meninas – ele começou – Pedi para elas me ajudarem, mas acho que isso foi perda de tempo não é mesmo?

- Na verdade não, elas só deixam o trabalho pela metade ou então não combinam quando vão fazer ou falar as coisas e saem atropelando tudo. Para você ter uma ideia, não entendi nada desde que cheguei aqui.

- Amélia, a verdade é que estamos preocupados com você.

- Em que sentido?

- Não te reconhecemos mais, parece que você vive num mundo diferente do nosso, paralelo, sei lá, sumiu nas férias e isso pelo que eu sei você não costuma fazer.

O tom preocupado na voz de Vinicius me fez pensar, pela primeira vez em semanas, em contar tudo, todos os problemas em que eu tinha me metido e o porque deu estar tão estranha, mas a confirmação que veio depois disso me fez esquecer de todo o resto, até de quem eu era.

- Me preocupo com a menina que gosto. – ele disse tímido.

 Fiquei parada, olhando para a parede descascada do quarto de Amanda, sentindo a mão de Vinicius sorrateiramente se aproximar da minha e depois parando em minha perna, sobre minha mão e a apertou com um pouco de força, como se chamasse minha atenção.

 O que ele estava querendo dizer com isso? Mas é claro que eu sabia o que ele queria dizer, Amélia sua burra, aquilo com que você sonhou há meses está acontecendo e o que você fará? Meu coração não parece o mesmo, isso aqui parece tão errado e cheio de falsas esperanças, mal sei o que acontecerá comigo quando aquela rosa abrir totalmente e nem sei se ficarei viva para contar a historia. Estão cobrando tanto de mim e ainda vem isso?

 Virei o rosto calmamente, não encarando meu ex melhor amigo, mas Vinicius não facilitou as coisas para mim, puxou meu rosto para cima, para que pudesse encara-lo, com aquele sorriso feliz e animado de quem finalmente corresponde um coração machucado e rejeitado.

- Não entendeu o que eu disse? – perguntou novamente para mim.

 Balancei a cabeça negativamente. Sabia que meus olhos estavam enormes, minhas mãos suavam, minha respiração estava descompassada e meu coração a mil e além disso aquele sentimento de que aquilo estava errado ainda se mantinha em meu peito e minha mente.

- Eu te amo.

 Ele disse por fim, se aproximando de mim e colocando sua mão delicadamente em minha bochecha, puxando meu rosto um pouco para frente para encontrar os lábios dele, mas minha reação repentina fora jogar o corpo para trás, para me afastar dele. O que o surpreendeu muito.

- Amélia não entendo – ele disse chateado, se afastando – Não era isso o que você queria também?

- Vinicius, sabe a quanto tempo me declarei para você e você supostamente me rejeitou? – falei um pouco irritada.

- Há alguns meses, acho. – ele comentou incerto.

- Viu? Você nem se lembra quando eu falei! Sabe o quanto sofri por ter sido rejeitada pelo meu melhor amigo? O quanto tive que chorar para passar um pouco da magoa que eu estava sentindo? E agora vem você falando “eu te amo” assim, como se fosse muito fácil para mim receber seus sentimentos.

 Estava completamente aborrecida e vi que era isso que estava me dando à sensação de algo errado, Vinicius aparecer como se fosse um príncipe encantado que resolveu que me amaria do dia pra noite. Depois de tudo o que sofri e ouvi de minhas amigas ele queria simplesmente apagar a conversa que tivemos a exatos 3 meses atrás e recomeçar, como se eu não tivesse passado por nada? Serafim era pelo menos sincero quando dizia aquelas verdades absurdas para mim.

- Desculpa, eu não tinha pensado por este lado Amélia – Vinicius falou baixo.

- Ai que tá o problema, ninguém pensa no que o outro sentiu ou vai sentir, que coisa mais egoísta, e é isso o que mais me irrita! Saco!

- Não precisa ficar tão nervosa Amélia.

 Ele se aproximou novamente, me abraçando apertado. Senti uma calmaria tomar conta de mim na mesma hora e repousei minha cabeça em seu ombro, fechando os olhos, continuando a conversa.

- Tudo bem, desculpa a tom. – disse mais calma.

- Eu sei – ele riu – são poucas as coisas que te incomodam e eu, de certa forma, feri seus sentimentos, é normal estar chateada comigo.

- Por isso fugi, eu queria fugir de todos vocês o mais rápido possível para pensar, é sufocante ver todas aquelas pessoas olhando para você com ares de coitadinha. Queria paz.

- E não te demos isso não é?

- Preciso mesmo responder?

 O silencio voltou a reinar e eu não sei os pensamentos de Vinicius onde estavam, mas os meus estavam em minha avó, a onde havia deixado aquele bando de gato e um em especifico no qual não me saia da cabeça desde ontem. Mesmo depois do incidente não podia deixar de agradece-lo, Serafim tinha me dado forças para continuar com aquela loucura de ajudar dimensões e tudo mais.

- Vinicius entenda – disse calma, me afastando dele – Preciso de um tempo.

- Eu entendo.

 Pude ver aquela expressão de tristeza nos olhos do meu amigo, e ao contrario dele, me senti mal por estar pedido esse tempo, mas não dava para começar romances no meio de confusões, não para mim.

- Vou ficar na minha avó por um tempo, até tudo se acalmar e ai conversamos, está bem? – sugeri.

 Ele sorriu e assentiu com a cabeça. O que me aliviou muito.

 Demos as mãos e descemos as escadas conversando, parecia até um sonho estar com ele e com minhas amigas assim, naquela paz divertida. Vendo Thais pular e berrar lá embaixo de felicidade, o sorriso despreocupado de Amanda sentada no sofá com seu livro em mãos, Angelina e Fernanda sentadas no chão me olhando com sorrisos vitoriosos e encorajantes. Como sentia falta disso, dessa família que tínhamos criado em tão pouco tempo e tinha se tornado tão sólida.

 Eu sinto falta de paz, e o mais engraçado é que a calmaria sempre me irritou e agora era do que eu mais sentia falta. Às vezes o que desejamos nem sempre é a melhor coisa para nós e só agora sei do que minha mãe me dizia.

 Suspirei.

- Não parece animada – Thais comentou irritada, cruzando os braços.

- Mas ela está – Amanda comentou por cima – só está envergonhada, não é mesmo?

- Para com isso – Fernanda disse em seu típico tom convencido – Estou vendo que temos um casal infeliz aqui.

- Será que dá pra perceber que eles não são um casal? – Angelina falou como se fosse obvio.

- NÃO?!

 As três falaram ao mesmo tempo, olhando para Angelina e depois para nós.

- Não – respondi por fim – gente, ainda somos amigos.

- Isso mesmo – Vinicius complementou – resolvemos ir com calma, né, Amélia?

 Olhei para ele um pouco surpresa e Vinicius apertou minha mão, provavelmente estava dizendo aquilo para ninguém encher o saco, mas estava na cara que ele iria se aproveitar daquela situação. Homens, no fundo, todos iguais não? Não importa se são meio gatos, meio cachorros, meio o que for!

- Não disse? – Angelina tornou a dizer – Sou uma gênia!   

- Tudo bem, mas pode voltar a prestar atenção em mim? –Fernanda disse meio triste.

- Tá, volte a falar sobre o senhor gato do ponto de ônibus – Angelina disse sem muito interesse.

 Prestei um pouco de atenção na conversa e tirei minha mão das mãos de Vinicius, indo até Amanda e me sentando ao lado dela, que começou a falar comigo sem tirar os olhos do livro.

- Porque resolveu pensar? – disse seria.

- Ah Amanda, depois de tudo o que sofri não vou ficar assim sabe, agindo como se nada tivesse acontecido – comentei normalmente.

- Mas você sempre agiu assim Amélia – Amanda agora fechará o livro, mas ainda não olhava para mim – O que tem por detrás dessa sua rejeição?

- Não é rejeição – me defendi – só quero um tempo para pensar.

- Amélia, estou lendo um livro muito interessante – disse ela, virando o livro e analisando a parte detrás – Onde os protagonistas se odeiam.

 Divertido, muito divertido.

- E... ?

- Nesse livro dizem que amor e ódio caminham juntos, você acha isso possível?

 Agora Amanda estava olhando para mim, ansiosa por uma boa resposta. Me encolhi no sofá enquanto respondia, tentando fugir do assunto.

- Besteira. Eu gostei do Vinicius, por exemplo, e ele era meu melhor amigo. Essas coisas variam de pessoa para pessoa, acho.

- Porque está usando tudo no passado?

 Congelei.

- Está fugindo porque não gosta mais dele Amélia. Estou certa?

- Claro que não! – me alterei um pouco – Esta maluca Amanda? Não gostar dele seria impossível.

- Então porque não agiu como sempre age hoje? Você teria aquele que ama junto de você, estaria namorando com alguém que mesmo que tenha te feito sofrer viu seu valor. Você considerou isso?

 Amanda estava seria e falando baixo para que ninguém mais ouvisse. Só ela parecia saber que eu escondia algo de fato, mas o que ela está tentando insinuar era que eu gostava de Serafim e isso era ridículo, n-não era?

- Não sei. Talvez seja porque não quero sofrer, as pessoas aprendem com as lições amorosas. – insisti.

- Está fugindo e ai tem coisa. – Amanda comentou com um leve sorriso – Quando vai me contar hein?

 Fiquei quieta novamente, admitindo minha culpa e virei o rosto, olhando Angelina e Fernanda que conversavam animadas com Thais e Vinicius. Quando olhei para Amanda ela apenas sorriu de forma amigável e me deu alguns tapinhas nas costas, deixando seu livro de lado e se juntando ao resto do pessoal. Não demorou muito para que eu fizesse a mesma coisa, precisava aproveitar já que o dia estava acabando para mim, logo teria que voltar para a casa da minha avó.

- Mas então – Thais disse em tom animado – quando vamos naquele parque de diversões legal?

- Que parque?  - perguntei interessada.

- Um do outro lado da cidade – Angelina comentou animada – Estamos pensando em ir lá. Você vai não é?

- Se me convidarem...

 Fernanda tacou a almofada em mim e disse, rindo.

 - Idiota, mas é claro que vamos!

- Não, estamos combinando na sua frente, mas não vamos te chamar!

 Ri com o comentário e voltamos ao assunto anterior, o do parque. O tempo todo me manti conectada a conversa, mas com os pensamentos em outro lugar e em outras pessoas, alias, gatos. Com esse pepino para resolver eu podia até agir como uma menina normal, mas sabia que não estava com problemas normais nas mãos e precisava voltar logo, sentia-me bem mais calma quando estava lá, isso é verdade, era como se o controle da situação estivesse em minhas mãos, em termos, mas estivesse.

 A hora de ir tinha chegado e não demorou muito da casa de Amanda até a casa de minha avó, também, eu poderia ter sido atropelada varias vezes já que não estava com a cabeça no caminho. Imprudente? Talvez, mas isso faz parte de mim, não tem jeito.

 Voltei pontualmente, mas minha avó já estava no portão, me esperando.

 - Amelinha! Você voltou bem em tempo!

  De fazer algum favor para a senhora né.

- Vamos comigo na padaria? – ela sugeriu.

- C-claro.

 Será que é tão difícil assim ir para seu quarto quando quer? Quando não quero parece que todo mundo some e eu morro de tédio, mas quando eu quero eu posso fazer tudo menos ir para meu quarto. Na padaria minha avó sentou-se numa mesa comigo, próxima a enorme janela e ficamos olhando a casa de lá, já que a padaria ficava do outro lado da rua.

 - Então... – ela começou - ...vai querer o que?

- Eu? – perguntei distraída – Um...ah... suco de laranja está bom.

- E para comer?

- Nada. Estou sem fome, obrigada vovó.

 Minha educação chamou a atenção das outras pessoas em volta, normal, hoje em dia os adolescentes vivem xingando seus avós ou nem se importando muito se eles estão vivos. Para mim, mesmo que às vezes eles fiquem no meu pé, me irritando um pouco, avós e pessoas mais velhas da família são como relíquias a serem cuidadas da melhor forma possível, com todos os mimos. Quando o garçom se afastou, começamos a conversar.

- Como estão os amigos? – ela perguntou docemente.

- Bem vovó – respondi – Vi todos lá na casa da Amanda.

 E me esqueci de pegar roupas extras. Droga.

- Estava com saudades deles não é?

- Sempre sinto, são meus amigos a um bom tempo. – respondi com certa nostalgia.

- Na sua idade eu também sentia bastante falta dos meus amigos nas férias, mas não era comum na minha época sair assim, sempre que podíamos.

- Era bem mais rigoroso, né?

- Muito mais Amelinha, você não sabe o quanto.

 A conversa girou em torno do quanto os adolescentes de hoje são assim, desprevenidos, porém livres. De uma forma geral tudo ocorreu bem, a não ser pela reclamação dela sobre o suco ter sido feito com laranjas passadas. Sempre algo a reclamar, mas isso já virou motivo de piada para quem passa por perto e vê minha avó se descabelando e eu ao lado, com um sorriso amoroso, tentando não rir e falando “claro, você tem toda a razão”.

 Incentivo sempre fora meu forte, não posso negar.

 Finalmente estávamos de volta a casa. Afastamos o portão velho para entrar e a cada passo sentia meu coração pular. Nunca estive tão feliz de estar de volta e sentir aquele cheiro de mofo do corredor de entrada. Tudo estava tão vivo para mim, talvez ter visto meus amigos não tivesse sido uma má ideia.

- Amelinha, meu bem – minha tia veio vagarosamente – Como está? Se divertiu?

- Bastante tia, mas confesso que estou cansada.

- Va se deitar um pouco então, hoje resolvemos jantar em casa.

- Você resolveu – minha avó advertiu nervosa – Podíamos muito bem leva-la para comer em qualquer lugar.

- Não, não tem problema, eu gosto de comer aqui.

 E era verdade, a comida da minha avó sempre me agradou, desde pequena enchia o saco dos meus pais para ir lá só para provar daqueles pedacinhos do céu, como meu irmão costumava chamar.

- Estou indo para o meu quarto então. Licença.

 Disse por fim, subindo as escadas e abrindo a porta do primeiro quarto logo após o ultimo degrau. O meu quarto.

 Acendi as luzes e levei um susto quando vi um gato preto deitado, rolando sobre a roupa de cama amassada.

- Espirro! – berrei – Me deu um susto.

 O gato parou na mesma hora, levantando-se e arregalando os olhos. Ri rapidamente e me virei para fechar a porta e quando me virei de novo ele já havia se transformado em humano, com aquela cabeleira pontuda, parecendo um menino de 13 anos.

- Desculpa se te assustei Senhorita Amélia – ele disse rápido.

- Tudo bem – dei de ombros – Mas me responde uma coisa, porque você está aqui hoje?

- Porque eu pedi para ele tomar conta de você.

 A voz de Serafim veio de perto e virei o rosto novamente, encarando aquele gato delinquente sentado em minha janela, se achando o galã, sorrindo de forma convencida.

- A onde foi? – perguntei curiosa.

- Como você não me deu seu sangue noite passada tive que ir atrás de alguém que me desse né.

 O tom convencido me irritou.

- Sabe muito bem o porque não te dei meu sangue.

- Bom, não vamos discutir isso novamente né Amelinha? – disse ele, irônico.

- Cala a boca seu imbecil – rosnei.

- Não briguem – Espirro disse medroso – Por favor.

- Não estamos brigando – comentei rapidamente – apenas discutindo.

- Ela que gosta de brigar comigo – Serafim disse calmo, pulando da janela e a fechando – Vai chover hoje e trovejar muito.

- E... ?

 Ele sabe que é meu ponto fraco, infeliz. Não obtive resposta, ele sorriu de forma sedutora e colocou em minha frente a rosa que eu havia me esquecido completamente depois de coloca-la ali no dia em que a recebi.

- O que tem ela? – perguntei.

- Olha Amélia, ela já está quase aberta.

 Olhei para a rosa e era verdade. Suas pétalas estavam bem viva, naquele vermelho sangue que me arrepiava, e quase aberta.

- Está chegando a hora.

 Os olhos de Serafim brilharam ao ouvir minha confirmação, olhei para trás, vendo que Espirro estava tão animado quanto ele, só que do modo torto dele, claro. Senti o peso da responsabilidade remoer meu peito e empurrei a mão de Serafim, me virando para o lado.

- O que foi? – ele perguntou preocupado – Vai me dizer que ainda está confusa?

- Não, só não quero olhar para isso ai e ficar nervosa tá? – comentei irritada.

- Ela só quer se sentir calma Mestre, não se irrite – Espirro tentou acalma-lo.

- Que seja – ele deu de ombros – Vai tomar um banho, você está com o cheiro de muito gente, me deixa confuso. – naquele momento ele parou e se aproximou de mim, cheirando o ar a minha volta – Foi ver seus amigos?

- Fui. – respondi seca – E dai?

- Aquele menino estava lá? – perguntou nervoso.

- É meu amigo, o que você tem a ver com isso?

- Desde ontem que você quase desistiu por causa desse palhaço.

 Serafim saiu e logo em seguida Espirro também, não antes de virarem gatos, é claro.

- Você vai tomar o sangue de alguma vagabunda e eu não posso ver meus amigos? Ah, essa é boa.

 Falei sozinha, mas em alto e bom som, indo para o banheiro. No caminho encontrei minha antiga companheira, Missy, que andava sumida, e a peguei no colo, levando para o banheiro comigo. Missy parecia feliz em me ver e ficou sentada na muretinha de pedra ao lado da banheira durante meu banho. Certifiquei-me de me esfregar bem para tirar qualquer cheiro que denunciasse meu dia a ele, credo, dava para saber com quem eu tinha andado e onde tinha ido, isso era horrível.

 Terminando o banho coloquei meu pijama e abri a porta, vendo Missy correr do banheiro com o pelo todo eriçado. Estranho. Poucas coisas irritam Missy a esse ponto. Sai pelo corredor, vendo um monte de gato parado na porta do meu quarto, miando. Aquilo chamaria a atenção de minha avó e minha tia que não sei porque raios ainda não estavam lá. Ah, deveria ser a T.V muito alta ou algo do tipo.

 Abri a porta e entrei rapidamente para que nenhum gato entrasse junto e tudo parecia normal ali, a não ser pela rosa que estava jogada no chão.

- Serafim, nem pra colocar no lugar poxa. – comentei distraída, me abaixando para pegar.

 Quando levantei levei um susto com um raio que caiu logo ali ao lado, fazendo um estrondo e acabei apertando a rosa involuntariamente, sentindo os espinhos rasgarem a pele fina e delicada da minha mão, vendo o sangue escorrer pelo meu braço. As pétalas da rosa começaram a se mexer e ela parecia mais aberta. Arregalei os olhos, nervosa.

 Um brilho fraco começou a contornar a rosa e ia crescendo aos poucos, tornando-se um brilho intenso que começou a me cegar, então a joguei no chão, protegendo meus olhos. Consegui sentir o calor forte daquela luz branca e então tudo ficou escuro.

 Senti uma tremenda dor de cabeça quando recobrei a consciência e abri os olhos, encarando uma luz bem forte, que vinha do teto. Sentei e coloquei a mão no rosto, coçando os olhos para me acostumar melhor com a iluminação. Quando finalmente consegui me acostumar, pisquei algumas vezes e olhei em volta.

 Primeiro para o chão, duro, de mármore escuro. Passei a mão no chão frio que estava em volta de mim e me ajoelhei olhando para frente, vendo as paredes brancas com aqueles detalhes da antiga Grécia misturado com uma arquitetura gótica, virei minha cabeça para cima, vendo que estava debaixo de um lustre dourado e gigante que iluminava o salão todo, que parecia uma recepção de um palácio, o teto era redondo e com algumas pinturas que não reparei muito de inicio.

 Olhei em volta, mas estava sozinha.

 - A onde raios eu estou?

 Minha voz ecoou pelo salão e naturalmente não obtive resposta.


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