O amor existe escrita por Amy


Capítulo 1
De trás pra frente


Notas iniciais do capítulo

Sobre Jace: falarei dele mais adiante. Boa leitura



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Quarta de madrugada. Meu quarto. Celular tocando em cima do outro travesseiro. Resmungo me perguntando quem ousa me ligar às 03:00 da manhã. Abro os olhos vagamente e esboço um sorriso ao ler o nome na tela.

— Oi amor - digo feliz ao ouvir a respiração do outro lado

— Oi - ouço-o dizer com a voz seca - Precisamos conversar

Sentei-me rapidamente na cama, senti que não vinha nada de bom naquela ligação repentina.

— Me fala, o que houve?

— Eu não sei por onde começar, já tivemos tantas brigas, muito ciúmes e desconfianças. Não consigo achar algum motivo para continuarmos juntos

Senti minha voz falhar e em poucos segundos as lágrimas desciam por vontade própria pelo meu rosto, meu coração apertava dentro do peito, sentia como se algo estivesse arrancando-o de mim. Tentei dizer algo, mas não saia som algum da minha boca, ouvia apenas ele chamando meu nome ao telefone juntamente com o barulho da respiração.

— Addison, entenda, por favor, não temos como continuar dessa maneira. Adeus

Antes que eu pudesse tentar dizer pra ele ficar, que pudesse me ouvir e tentar continuar nosso relacionamento, ouvi apenas o som de desligação encerrada.

Mais e mais lágrimas desciam pela minha face, agarrei o travesseiro pra tentar abafar o som. Abri a caixa do whatsapp com nossas conversas, as juras de amor eterna, os nomes dos nossos futuros filhos e não conseguia aceitar que aquilo tudo tinha acabado. Não poderia acabar assim. Jace não poderia simplesmente desistir de nós. Não poderia simplesmente fazer de conta que eu nunca existi na vida dele.

Fitei o teto escuro do quarto, tentando fazer a ficha cair que não existia mais nós, somente eu e ele. Meu coração já nem parecia estar mais dentro do peito, sentia apenas um vazio por dentro. Um vazio que ia me consumindo por inteira, como se eu estivesse indo parar dentro de um buraco negro sem fim ou, tão pouco, com algo para voltar a superfície. Fechei os olhos e tentei pegar no sono novamente.

 Senti o sol entrando pela fresta da janela do quarto. Levantei e fui até a janela à minha frente, abri-a e deixei o sol me aquecer. Senti, ao mesmo tempo, uma leve brisa gelada bater em meu rosto trazendo consigo o cheiro de grama molhada. Olhei meu celular que acusava 09:00 da manhã, me assustei quando vi a data. Como isso poderia ser possível? Esfreguei meus olhos, peguei meu óculos com o intuito de achar que estava vendo errado, mas não estava.

Caminhei em direção ao banheiro tentando entender o que havia acontecido, como eu poderia acordar no passado. Isso só poderia ser um sonho. Então me olho no espelho vejo minha cara com espinhas, os cabelos castanhos cacheados na altura do busto e os olhos castanhos puxados. É exatamente a aparência que tinha aos meus 14 anos.

Falei para mim mesma que isso tudo era apenas um sonho idiota que minha mente criou pra tentar aceitar o fato de que Jace havia terminado comigo. Não teria como voltar no tempo, isso era coisa de filme. Mas, infelizmente ou felizmente, não era nenhum drama que passa nas telonas do cinema.

Ouvi vozes vindo da cozinha, caminhei até lá e encontrei minha família à minha espera com o café sobre a mesa. Não conseguia entender o que falavam, mas se calaram no momento em que entrei no cômodo.

— Bom dia - disseram em coro

— Bom dia - dou um leve sorriso enquanto ouço minha mãe falar algo enquanto ainda me encontro em pensamentos

— Tá me ouvindo Addison?

— Tô - assenti sem nem saber sobre o que falavam - Mãe, que dia é hoje?

— Dia 15 de setembro de 2006

— Isso é uma brincadeira não é? - falei debochadamente

— Por que seria? De certo você veio do futuro menina? - falou ela enquanto ria

Apenas esbocei um sorriso, comi algo e voltei ao meu quarto. Me joguei na minha cama, fechei os olhos e disse baixinho: "Acorda, acorda desse sonho. Isso não é real". Ouvi leves batidas na porta, abri os olhos e lá estava meu pai parado me encarando.

— Está tudo bem filha? - perguntou preocupado

Meu pai tinha os olhos grandes que traziam calmaria e bondade. Era mais alto do que eu, já estava com os cabelos brancos graças aos seus 50 anos. Dei um mero sorriso para ele e disse que estava sim, mas que não iria na aula. Como poderia se eu não conseguia entender o que estava acontecendo comigo mesma? Não havia como.

— Tudo bem, vou te deixar a sós, qualquer coisa dê um grito - ouviu-o dizer enquanto caminhava em direção à algum outro cômodo da casa

— Pai - gritei pra chama-lhe a atenção - Você acredita que existe alguma possibilidade de voltar no tempo ou prever o futuro?

— De onde você tirou essa ideia filha? De algum de seus livros sobre Harry Potter?

Pensei por um instante, ele não entenderia. Eu mesmo ainda não entendia. Assenti que sim, já que não havia alguma explicação óbvia ou que não parecesse uma ficção literária que minha própria mente criou.

— Filha, isso não existe na vida real. Não há possibilidades de alguma máquina que você possa mudar e pular pra anos antes ou depois. Deixe isso apenas pro mundo fictício dos seus livros - falou-me com um olhar meio preocupado e acolhedor - Agora me deixe ir trabalhar

Senti-o beijando minha testa e dei um sorriso de canto enquanto o via sair do quarto. Fixei o olhar no teto, tentando colocar todos os meus pensamentos em ordem, vez ou outra fechava os olhos por inúmeros segundos pra ver se acordava do sonho que eu julgava estar presa. Desisti depois de algum tempo.

Bem, já que voltei no tempo, de alguma maneira, e não sei por qual motivo ou explicação, deixem-me contar-lhes a história da minha vida tragicamente amorosa. Você vai rir, vai odiar alguns caras e vai chorar. Mas espero que o fim dessa vez seja de alegria e não mais de tristeza.


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Notas finais do capítulo

Espero que você tenham gostado. Não sejam fantasmas, deixem suas opniões



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