A Garota Malfoy escrita por Paula Mello


Capítulo 1
O Beco Diagonal


Notas iniciais do capítulo

OLÁ PESSOAL, PEÇO PERDÃO PELOS ERROS DE DIGITAÇÃO, OS LIVROS ESTÃO SOB REVISÃO DE UMA PROFISSIONAL PARA QUE ELES SEJAM AJEITADOS, PEÇO QUE RELEVEM POR AGORA.
UM BEIJO,

PAULA VIEIRA DE MELLO



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Prólogo

Era uma tarde quente de julho. O sol estava forte do lado de fora, mas é claro, ela, deitada em seu quarto, não se importava muito com isso - não naquele dia, não enquanto ela estivesse naquela casa, aquela casa... Era engraçado como o lugar onde ela nasceu e cresceu nunca foi seu lar; sempre se sentia melhor em qualquer outro canto do mundo menos ali. Ela não tinha ideia do que se passava naquele lugar e nem queria, por isso que sempre que voltava de férias para casa, inventava viagens para fazer com seus amigos. Sua mãe não gostava, mas seu pai estava mais do que contente de não tê-la por perto, ao menos era como ela se sentia. A única parte triste era seu irmão: ela sempre o amara muito, mas ele não podia ser mais distinto dela em algumas atitudes - na verdade, pior do que isso, ele não podia ser mais parecido com o pai. Isso a incomodava profundamente, porém não diminuía seu desejo de estar perto dele e de ajudá-lo. Ele não tinha toda a culpa, claro que ele tinha algo muito também, ela pensava, mas a maior parte do que ele foi feito era culpa de seu pai que o fez desse jeito. Mas então, qual era o porquê dela ser tão diferente?

Capítulo 1

O BECO DIAGONAL

— Mestre Hydra, mestre Hydra, o mestre Lúcio mandou Dobby vir aqui lhe chamar.

Hydra abriu os olhos e viu o pequeno e malvestido elfo doméstico com quem sempre tivera uma grande relação de carinho, pena e culpa pelo jeito que sua família o tratava. Ele estava na porta de seu quarto com a mesma expressão de medo que sempre tinha.

— Tudo bem Dobby, muito obrigada, eu já irei. - Hydra viu que Dobby não se mexeu. - Pode ir Dobby, eu já vou...

— Mestre Hydra, Dobby não pode se mexer até que a mestre Hydra saia do quarto e siga com Dobby. Dobby não pode, não pode! - O elfo parecia estar com medo e desesperado falando em uma voz que demonstrava grande agonia.

— Não, Dobby, não tem problema. Veja, já estou levantando.

"Mais um truque do meu pai, ele sabe muito bem que eu não iria sem isso", pensou Hydra enquanto levantava da cama contrariada. Deu uma rápida olhada no espelho próximo a uma das portas laterais ao seu quarto. Estava com o rosto e roupas "amassados" de quem passara o dia inteiro na cama. Sua mãe provavelmente iria reclamar desse descuido, mas bem, ela não parecia se importar com isso quando deixou que seu pai a obrigasse a seguir com o elfo. Por fim, dando uma leve ajeitada nos cabelos, Hydra seguiu com Dobby pelo corredor escuro e longo e logo depois desceu a escada que levava até uma das salas de estar da família.

Lá, encontrou seu pai sentado em uma grande cadeira de veludo verde escuro, virada de costas para a porta onde ela se encontrava, sem sequer parecer notar a sua presença. De frente para ele, em outras duas cadeiras de veludo verde, estavam sua mãe e seu irmão, Draco, com uma quarta cadeira vazia entre os dois.

— Pode ir, elfo... – Disse ele sem nem olhar para o pobre Dobby, apenas acenando com a mão.

Dobby fez uma pequena reverência e saiu, sempre parecendo desesperado para se afastar da presença de seu mestre.

— Hydra, sente-se, preciso ter uma conversa com você. - Disse Lúcio, sem nem ao menos se virar para olhar a filha.

Hydra seguiu em direção à cadeira, estranhando as expressões sérias de sua mãe e irmão, mas também, quem poderia ficar feliz perto daquele homem? Não é que Hydra não amasse seu pai, ela amava - pelo menos sentia algo que achava que era amor - mas seu desgosto pelas atitudes do pai fazia com que esse amor se tornasse frio e distante, assim como seu pai o era.

— Bem, não precisava ter pedido para o pobre do Dobby ficar me esperando, eu já ia vir... – Disse ela em um tom educado enquanto se sentava.

— Não, você provavelmente não viria, você provavelmente seria a mesma insolente de sempre me fazendo esperar. - Lúcio interrompeu com uma voz séria, porém calma.

— O que você quer? - Perguntou Hydra, se tornando mais impaciente e desgostosa com a conversa a cada minuto.

— Olhe a maneira como fala, não está falando com um elfo doméstico. – Lúcio levantou os ombros e a olhou com quase tanto desprezo quanto olharia para Dobby.

— Não mesmo, com eles eu jamais precisaria falar desse jeito. – Narcisa arregalou os olhos. Hydra e Lúcio já estavam acostumados a brigar desse jeito, mas sua mãe parecia que nunca se acostumaria.

— Hydra, Lúcio, por favor! - Disse sua mãe depois de ver a expressão de raiva de Lúcio. Narcisa parecia nervosa e agitada, com as mãos apertadas.

— Perdão, mãe. - Disse Hydra com um falso (bem falso) sorriso no rosto – Pai...

Lúcio voltou a recostar-se na cadeira e a falar calmamente, enquanto mexia no copo que estava em sua mão.

— Alguns colegas conversaram comigo, me questionaram sobre o porquê de minha própria filha, a filha do conselheiro de Hogwarts, não estudar ali e sim em uma escola na França. - Continuou Lúcio com o mesmo tom sério e calmo de antes.

— E você disse a eles que é porque você prefere que ninguém saiba da minha existência? – Seu tom irônico trazia sempre o olhar de medo da mãe e do irmão de volta, o compasso acelerado do seu coração não obedecia a mesma regra da acidez e liberdade de sua língua. Tinha medo, mas jamais deixaria seu pai saber disso, é claro.

— Hydra, por favor filha, não fale esse tipo de coisa! - Narcisa, sua mãe, pedia com uma voz de choro que fez Hydra se arrepender do que disse. Ela sempre tinha essa fraqueza, não aguentava ver a mãe com medo ou triste com ela - na maioria das vezes, pelo menos.

— Perdão, não foi o que quis dizer. Quero dizer, o senhor disse que é porque eu pedi para estudar em uma escola de fora e conhecer novas culturas? – Agora Hydra falava com uma voz calma e educada para Lúcio.

— Sim, eu disse isso inúmeras vezes, mas eles insistem em dizer que isso fica mal para a imagem de Hogwarts, como se eu a achasse, de alguma forma, inferior a Beauxbatons. Disseram que isso estava repercutindo entre o ministério e que o próprio Cornélio não estaria gostando. – Lúcio parecia altamente irritado falando isso, como se pudesse ver as pessoas; seus olhos mostravam o desprezo que sentia por eles.

— Isso é ridículo, por que o ministro da magia iria se importar sobre onde eu estudo? Não faz o mínimo sentido!

— Você não entende como as coisas funcionam, Hydra. Se eu pudesse teria enviado você e seu irmão para Durmstrang, lá vocês teriam um ensino de acordo com o status de vocês. Mas você e sua mãe insistiram em fazer diferente. - Ele lançou um olhar para Narcisa – Contudo, agora isso mudou. Não posso mais tolerar esses rumores, eles estão prejudicando a minha imagem, a nossa imagem, e eu não posso e nem vou perder a minha posição em Hogwarts.

— O que isso quer dizer? - Hydra agora tinha uma expressão de pânico no rosto e na voz, não podia ser o que ela pensava que era...

— Que eu já conversei com a sua diretora e com Dumbledore, aquele velho incompetente pelo menos para isso não me irritou. E ele concordou em recebê-la em Hogwarts esse ano.

As últimas palavras eram como uma faca que machucava Hydra por dentro, aquilo não podia ser verdade. Ela não iria abandonar sua escola amada no seu quarto ano para se juntar ao seu irmão em Hogwarts, um lugar onde todos sabiam seu sobrenome e iriam sempre olhar para ela como uma pessoa que se acha superior pela sua família. Era a última coisa que ela queria, ser reconhecida como uma Malfoy, deixar seus amigos, aquilo não podia ser verdade...

— Não pai, por favor, não, eu não quero deixar a minha escola, por favor, eu não te dou trabalho lá pai, pensa bem, por favor, me deixa ficar na minha escola, eu não quero sair dali, por favor!

Hydra chorava descontroladamente e era consolada por sua mãe, que apareceu ao lado de sua cadeira a abraçando. Draco continuava imóvel, como se tivesse medo de falar alguma coisa.

— SILÊNCIO! Chega de choro, não adianta chorar! Não adianta, eu dou as ordens nessa casa e já está tudo feito, já está decidido. Sua antiga diretora e Dumbledore já estão avisados, sua ida para Hogwarts já está acertada, não tem volta! - Lúcio já estava extremamente irritado ao falar estas palavras e batia o punho no braço da poltrona.

— Filha, minha querida, mamãe estudou lá, é uma ótima escola apesar de tudo, acho que você pode gostar muito! - Narcisa falava com uma voz doce, mas ao mesmo tempo desesperada, Hydra sabia que sua mãe odiava a ver chorando. Ela acariciava seus longos cabelos loiros e segurava sua mão.

— Você deve gostar Hydra, existem alguns tipos lá que realmente me fazem querer sair dali, mas na Sonserina tem pessoas de qualidade, Hydra. Eu posso te apresentar a algumas pessoas, você vai gostar. - disse Draco, falando pela primeira vez desde que Hydra entrou na sala, em uma tentativa frustrada de consolar a irmã.

— Eu não quero ir para a Sonserina, eu não quero ir para Hogwarts, vocês não podem fazer isso comigo! - Berrou Hydra.

— Não só posso como já fiz. Eu sou seu pai, você é menor de idade e vai fazer o que eu mandar. Aqui, essa é a sua carta de aceitação. - Lúcio tinha a voz calma e um sorriso no rosto. Ele amava quando conseguia mandar em Hydra, quando ela não tinha outra opção a não ser obedecer a ele, era um grande prazer para si. Ele entregou nas mãos trêmulas da filha o envelope com selo vermelho e o brasão da escola Hogwarts.

— Isso é o que vamos ver! – Hydra saiu correndo em direção ao seu quarto, deixando a mãe e Draco chamando por ela. Passou voando pelo corredor sem se importar com nada e ninguém.

Chorou durante todo o resto do dia. Dobby foi levar um lanche para Hydra, mandado por Narcisa, mas ela recusou. Não sentia fome, não sentia nada, apenas tristeza: como ela iria deixar sua escola? Suas amigas? Sua casa? Seu time de quadribol? Ela era goleira, seu time tinha sido campeão no ano anterior, sua capitã contava com ela. Ela não podia decepcionar a todos.

A carta de Hogwarts estava aberta sobre a cama, assim como a primeira que recebeu com 11 anos e rejeitou pela Beauxbatona:

"Prezada Srta. Malfoy,

Temos o prazer de informar que V.Sa. Tem uma vaga de transferência autorizada na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Segue anexa uma lista dos livros e equipamentos necessários. O ano letivo começará no dia 1º de setembro.

Atenciosamente,

Minerva McGonagall. Vice-diretora."

O dia seguinte chegou sem que Hydra sentisse. Dormiu a noite inteira, tendo pesadelos. Em um deles, chegava a um castelo escuro e frio onde todos a olhavam e riam, falando que ela não era bem-vinda ali, que deveria ir embora.

— Chega, eu não vou mais deixar você ficar deitada nessa cama como se fosse o fim do mundo. Você consegue ser extremamente dramática quando quer.

Era a voz de Narcisa, irritada. Ela apontou sua varinha para a cama e tirou os lençóis de cima de Hydra, mas a garota não se moveu.

— Olha você, uma menina tão bonita, está cheia de olheiras, aposto! Levante agora, nós vamos ao beco diagonal.

— Eu não vou em lugar algum e você não pode me obrigar! – Hydra nem olhava para Narcisa; tinha a cabeça enfiada no travesseiro.

— Posso e vou! – Narcisa usou um feitiço com sua varinha que nem mesmo Hydra ouviu e a levantou da cama, fazendo-a flutuar no ar.

— Mãe, me tira daqui agora! - Hydra gritava, tentava procurar por sua varinha, mas esta estava na mesa, longe de seu alcance, e ainda que pudesse alcançá-la sabia que seria expulsa de Hogwarts ou de qualquer outro lugar se usasse magia fora da escola. Aí sim, teria que viver ali para sempre.

— Você quer que eu te force a se arrumar ou vai fazer isso sozinha? - Narcisa parecia extremamente satisfeita consigo mesma, como se fosse muito esperta por pensar naquilo a fim de obrigar a filha a ficar.

— Eu vou, ok?! Agora me desce daqui! – Hydra odiava admitir derrota, mas sabia que teria que se curvar à vontade da mãe naquele momento.

Narcisa desceu delicadamente Hydra e a colocou no chão.

— Você tem 40 minutos para estar muito bem arrumada na sala de jantar, não quero saber de relaxamento. Nós provavelmente vamos encontrar muitos conhecidos do seu pai e eu não quero que te vejam como uma menina relaxada. – O olhar petulante de Narcisa era uma característica marcante da mesma e ela o fazia muito bem naquele momento.

— Nossa, porque isso realmente seria o fim do mundo. – Disse Hydra de modo irônico enquanto ajeitava o pijama e os cabelos.

— AGORA HYDRA! – Mandou Narcisa.

Hydra sentia mais medo de quando sua mãe ficava irritada do que de seu pai. Lúcio ficava irritado com tanta frequência que ela já achava normal, mas sua mãe geralmente era muito calma e o seu tom de voz indicava que era melhor que Hydra fizesse o que ela mandava - e rápido.

— Já estou indo... – Disse ela correndo para o banheiro.

Narcisa se retirou do quarto e Hydra foi se arrumar.

Hydra herdou uma qualidade de sua mãe - ou seria um defeito? Não tinha certeza: era extremamente vaidosa. Não precisava Narcisa tê-la ameaçado, ela jamais sairia de casa sem estar menos do que impecável. Escolheu um robe de seda preto por fora e roxo por dentro, ajustado na cintura. Usou seu objeto mágico preferido, o espelho de maquiagem que a maquiava sozinha conforme ela desejava, prendeu seus cabelos (que de tão loiros eram quase brancos) em um coque baixo e colocou o chapéu que fazia conjunto com seu robe. Ao se olhar no espelho, estava extremamente satisfeita com o que via, até mesmo sorriu.

Hydra era uma menina bonita, muito bonita na verdade, talvez uma das mais bonitas em toda a sua escola. Ela herdara isso de sua mãe, apesar de achar que parecia ainda mais com seu pai e sabia que, apesar da expressão amarga que sempre trazia no rosto, era bela. Hydra tinha cabelos loiros e lisos que iam até à cintura e os olhos cinzas dos Malfoys, contudo era mais bonita que qualquer Malfoy que ela já tenha conhecido. Seu rosto era alongado e era uma menina alta para os seus 14 anos; sua pele era clara, rosada em algumas partes como as bochechas e macia. Isso muito contribuía para sua vaidade, não que ela se achasse melhor do que as outras pessoas por isso, como sua família o fazia por ter sangue-puro, puro. Hydra era uma menina boa, muito diferente de sua família.

— Mestre Hydra! Dobby veio buscar a mestre Hydra para a sala de jantar, o mestre disse para Dobby bater com a cabeça na parede até que a mestre Hydra venha com ele.

— NÃO, DOBBY! Eu estou indo com você, vamos. – Disse Hydra apressada.

Hydra pegou a varinha, colocou-a no bolso de seu robe mesmo sem poder usá-la e seguiu com o elfo doméstico. Hydra detestava quando seu pai usava o pobre Dobby para que a filha fizesse o que ele queria; o homem sabia da sua compaixão com o elfo e fazia questão de usar isso.

Ao chegar à grande sala de jantar, sua família já a aguardava arrumada, seu pai na ponta da mesa de frente para a porta, Narcisa à sua direita e Draco à sua esquerda.

— Bom dia Hydra, que bom que decidiu se juntar a nós. – Disse Lúcio com um sorriso mais falso do que o de Hydra no dia anterior e ela sabia muito bem quando seu pai estava sendo irônico.

— Sim, papai, você e mamãe fizeram um convite tão doce que não pude resistir. – Respondeu Hydra com igual ironia.

Hydra sentou em seu lugar ao lado da mãe e ao ver toda a comida e bebida que sobrevoava voava a mesa, lembrou de como estava com fome. Não comia desde a manhã anterior, então se serviu em silêncio. Com movimentos de varinha de sua mãe, a comida voava de um canto para o outro da mesa e era servida nos pratos.


Depois de acabado o desjejum, Lúcio anunciou que todos deveriam se preparar para sair, então toda a família foi até a sala de estar onde, na noite anterior, Hydra tivera a notícia mais triste de sua vida. Pararam em frente à lareira.

— Eu realmente odeio viajar por pó de flu. – Disse Narcisa revirando os olhos.

— Infelizmente eles ainda não podem aparatar, Narcisa. – Disse Lúcio em um tom levemente irônico.

— Eu sei, eu sei, mas também eu chego nos lugares sempre com um pouco de poeira, parecendo uma qualquer.

— Mãe, usa essa poção, ela vai impedir que qualquer tipo de pó ou sujeira grude em você. – Hydra disse, tirando uma pequena poção das vestes.

— De onde você tirou isso? - Perguntou Draco surpreso, com os olhos arregalados.

— Eu fiz. Na verdade, eu aperfeiçoei uma poção de limpeza. – Respondeu Hydra falando como se não tivesse absolutamente nada demais.

— Esse seu dom natural para poções, está vendo? Você dará uma ótima Sonserina. – Narcisa parecia muito orgulhosa enquanto falava isso.

— É, Sonserina... – Agora Hydra revirava os olhos.

A ideia de ir para a mesma casa que toda sua família arrepiava todo o corpo de Hydra. Ela nunca gostara do que ouvira falar da casa, apesar de saber que não é a casa que faz o bruxo e sim ele mesmo e que existiam boas pessoas da Sonserina. Infelizmente, até o momento, não tinha conhecido nenhuma; na verdade, na companhia de Lúcio e seus amigos, não tinha conhecido quase nenhuma pessoa boa, fora as da Beauxbatons.

— Vamos, Hydra, você primeiro. – Disse Lúcio com um tom autoritário.

— Use a poção, querida. – Lembrou Narcisa carinhosamente.

Hydra usou a poção, assim como todos da família e então se posicionou dentro da lareira da sala de estar. Pegando uma porção de pó de flu dentro do pote que sua mãe segurava, derramou o pó no chão da lareira, sendo envolta em uma espécie de chama verde. Pronunciou as palavras "beco diagonal" e, logo depois de sentir todo seu corpo e tudo ao seu redor girar por um tempo, se viu dentro da lareira de uma das lojas do beco diagonal. Saindo dali, esperou sua família chegar.

— Ah, a jovem senhorita Malfoy, na minha loja, quanta honra! – Dizia um bruxo com aparência um pouco assustadora, cabelos brancos e olhos esverdeados.

— Ah, sim, olá. Meus pais estão vindo logo depois de mim. – Anunciou Hydra. Aquele homem lhe dava arrepios.

— Sem problemas, senhorita Malfoy, fique totalmente à vontade. Olhe o que quiser na loja, estou à sua disposição. – Anunciou o bruxo.

Lúcio foi o primeiro a aparecer na lareira depois de Hydra.

— Ah, Alfredo. – Disse ele olhando como olhava para quase todos, especialmente os que estavam em alguma posição inferior à dele: com desprezo, como se estivessem ali apenas para lhe servir e nada mais.

— Senhor, Malfoy, quanto prazer, quanto prazer! – Falava o bruxo, fazendo uma leve reverência para Lúcio. – No que posso ajudar hoje?

— Se metendo em seus assuntos, apenas. – Respondeu Lúcio de modo afetado. Zangadamente.

O bruxo logo fez uma nova reverência e retrocedeu.

Narcisa veio logo depois de Draco e, juntos, os quatro deixaram a loja para o movimentado beco diagonal. Que visão bonita que era: estava cheia de alunos e seus pais subindo e descendo a rua, entrando e saindo das lojas, todos conversando animadamente e com muitas sacolas nas mãos. Depois de um tempo andando pelas ruas e vendo as lojas, Lúcio informou que deveriam se separar. Narcisa e Hydra foram até a loja Madame Malkin - Roupas Para Todas as Ocasiões onde Narcisa iria comprar um robe escolar para Hydra e Draco, enquanto Lúcio iria resolver alguns assuntos. Em seguida comprariam os livros que os dois iriam precisar neste ano.

— Madame Malfoy, que surpresa a senhora aqui hoje! – Uma bruxa ia alegremente em direção das duas; os outros clientes da loja olhavam para as duas com curiosidade.

— Madame Malkin, eu vim aqui hoje comprar vestes para minha filha, para ela poder ir para escola. – Disse Narcisa cumprimentando a bruxa.

— Sim, sua filha está cada vez mais linda!

— Muito obrigada, Madame Malkin, é um prazer revê-la. – Disse Hydra. Essa era a única loja que ela visitava regularmente, apesar de sempre ir direto até ela e não entrar nas outras lojas do Beco Diagonal já tinha muito tempo.

— E sempre tão educada! – Disse ela com alegria. - Mas, suas vestes não são sempre compradas na França? Achei que tinha uma especialista que fazia os uniformes da sua escola, Beauxbaton, não é?

— Beauxbatons. - Corrigiu Hydra com uma certa tristeza de não voltar para lá naquele ano.

— Não, Madame Malkin, esse ano Hydra vai para Hogwarts com o irmão, então precisamos de vestes novas. - Disse Narcisa com um tom levemente alto, fazendo questão de que todos na loja escutassem.

— Ah, mas é mesmo?! Que bom, Hogwarts é uma escola excelente! Nunca entendi porque a senhorita Malfoy ia para tão longe estudar.

— Adaptação e para conhecer novas cultuas, é claro. – Disse Narcisa interrompendo o pensamento de Madame Malkin.

Essa era a desculpa oficial: abrir horizontes, conhecer novas culturas. Mas Hydra sabia que seu pai tinha um motivo para deixar ela na Beauxbatons; ela, por sua vez, tinha outro: Lúcio pretendia deixar a filha longe, onde seu comportamento não pudesse envergonhá-lo (de onde seu comportamento poderia envergonhá-lo); já Hydra desejava ficar longe de onde seu sobrenome fosse um pré-julgamento, apesar de, mesmo na França, a fama dos Malfoys ser conhecido e por isso escolheu e pediu tanto para estudar no local.

— Venha, senhorita Malfoy, vamos tirar suas medidas. Você parece que cresceu bastante desde que fez sua última veste de festa.

— 2 Centímetros na verdade, estou com 1,73 agora. – Disse Hydra rapidamente.

— Se continuar desse jeito ficará tão grande quanto um gigante! – Madame Malkin disse rindo. Narcisa parecia não ter gostado muito do comentário, não gostava que sua filha fosse comparada com o que ela considerava “criaturas inferiores," contudo não comentou nada sobre isso, apenas acrescentou um pedido.

— Pensando bem, talvez devêssemos fazer novas vestes de festa para você também, afinal o seu aniversário está chegando e você tem que estar belíssima para a sua festa. - Narcisa sempre se animava para comprar roupas.

— Ah sim, tenho novos modelos que acho que ficarão lindos! Se bem que com uma modelo como essa qualquer veste fica maravilhosa. – Hydra nem se importava do elogio ser mais para que ela comprasse roupas do que espontâneo, ela gostava do mesmo jeito.

Esse tipo de comentário também deixava Narcisa feliz. A beleza de Hydra era seu orgulho, uma prova da superioridade de seu sangue Black com o sangue nobre dos Malfoys; uma prova indiscutível do que o sangue mágico puro pode fazer, ao menos era essa idiotice que ela falava para si mesma e para os outros, pensava Hydra.

Narcisa encomendou duas vestes de festa para Hydra e uma para ela, além de pegar as vestes de Hogwarts de Hydra.

— As vestes da Beauxbatons são muito mais bonitas. – Disse Hydra observando suas novas vestes escolares: vestes pretas simples, sem muitos detalhes e um chapéu, além de uma capa de inverno e luvas.

— É, quanto a isso você tem razão, mas não há nada que eu possa fazer, Hydra. – Disse Narcisa solidária.

— Mãe, talvez se você falasse com o papai...

— Não, Hydra, ele já está decidido e já está tudo acertado, agora chega desse assunto!

Narcisa estava ficando impaciente e Hydra sabia disso, decidindo então não falar mais sobre o assunto naquele momento. Pediu permissão à mãe para visitar algumas lojas enquanto ela comprava pergaminhos e penas novas para Hydra e Draco.

— Tudo bem, mas me encontre em 20 minutos na porta do Gringotes, preciso fazer uma retirada com seu pai. – Disse ela conferindo as sacolas e não dando muita atenção para Hydra.

— Ok, 20 minutos sem atraso! – Repetiu Hydra alegremente, sorrindo e saindo rapidamente antes que Narcisa mudasse de ideia.

Já tinha muito tempo que Hydra não explorava o beco diagonal. Todas as suas compras escolares eram feitas em um local muito similar na França; seus livros eram todos em francês e não eram fáceis de achar em Londres.

Ela decidiu ir até à sua loja favorita da infância, a sorveteria Florean Fortescue. Sua tutora costumava lhe levar ali para falar livremente sobre tudo que Hydra queria saber, coisas estas que em sua casa seriam consideradas proibidas como o mundo dos trouxas. Hydra sempre teve uma grande fascinação pelo mundo dos trouxas, principalmente a música, mas seus pais jamais poderiam saber disso. Portanto, ela aproveitava seu tempo com a tutora quando criança e depois as férias que passava na França, na casa de amigas mestiças, para saber mais sobre esse mundo encantador.

Sua tutora era a pessoa que ensinou a Hydra tudo sobre como ser boa e agir corretamente. Ela era muito grata à mulher e sempre a visitava na França, onde ela agora morava e de onde veio em primeiro lugar.

Depois de comer seu sorvete preferido, decidiu entrar na loja  Gambol & Japes – Jogos de Magia, enquanto observava as poções do amor e tentava lembrar mentalmente de todos os ingredientes usados nela. Notou que três meninos a olhavam e decidiu, disfarçadamente, observá-los, notando serem um par de gêmeos e mais um terceiro menino. Os gêmeos eram ruivos, com vestes desgastadas e o outro rapaz era negro, de cabelos igualmente negros. Viu que um dos gêmeos vinha em sua direção e disfarçou, olhando para a frente novamente.

— Gosta de poções do amor? – Perguntou o menino ruivo, gêmeo do outro rapaz que ficou para trás.

Hydra ficou vermelha na mesma hora.

— Eu... eu gosto, quer dizer, não de poções do amor, de poções no geral. – Respondeu ela.

— Eu não gosto, são chatas de fazer. – Respondeu o rapaz, mexendo no cabelo.

— Não são, você só tem que saber preparar com cuidado. – Disse Hydra sem olhar nos olhos do rapaz.

— Se você diz...

Hydra observou que estava na hora de encontrar Narcisa e sabia que não podia se atrasar.

— Eu tenho que ir... – Disse ela se retirando sem esperar a resposta, deixando o rapaz parado e assustado com a atitude dela enquanto os outros riam. Hydra estava se sentindo um pouco desapontada; queria conhecer um pouco mais dos que seriam seus prováveis colegas de escola, afinal, eles pareciam ter a mesma idade e provavelmente frequentavam Hogwarts, como quase todos os jovens bruxos da Inglaterra.

— Você está 5 minutos atrasada. – Disse Narcisa conferindo o relógio.

— Perdão, mãe, eu me distraí em algumas lojas. – Disse Hydra disfarçando o sorriso, ainda na euforia do que acabara de fazer.

— Vamos, preciso pegar ouro em nosso cofre.

Hydra e sua mãe entraram em Gringotes e foram prontamente levadas ao cofre da família Malfoy, que estava - como sempre - cheio de galeões, sicles e nuques. Sua mãe pegou o que precisava e então subiram. Hydra sempre achara a viagem até os cofres divertida, apesar dos duendes não serem nem um pouco.

Ao chegar à porta de Gringotes, Hydra e Narcisa soltaram um grito de exclamação, chocadas com o que vinha em sua direção: o pai, sujo, com um pouco de sangue na testa e cabelos despenteados ao lado de Draco.

— Pelas barbas de Merlin, o que houve com você Lúcio?! – Disse Narcisa, atonia, olhando chocada para o marido que vinha ajeitando as vestes.

— WEASLEY! Aquela vergonha para o sangue bruxo, aquele traidor do sangue maldito! – Lúcio parecia furioso.

— Papai e ele brigaram lá na Floreios e Borrões. – Disse Draco rapidamente, levando uma olhada feia de Lúcio.

— LÚCIO! Eu não acredito! E se algum de seus amigos tivesse visto? Já pensou no que falariam?! – Disse Narcisa em um tom completamente irritado.

— Eu não estou interessado em saber o que poderia ou não acontecer, Narcisa, já peguei todos os livros e já vi o suficiente. Vamos agora para casa. – Respondeu Lúcio tentando manter o controle em sua voz e não causar uma cena.

Hydra sabia melhor do que contrariar seu pai nesse momento, apesar de estar morrendo de vontade de rir e parabenizar o Sr. Weasley pelo feito. Ela já ouvira falar dele; seu pai o desprezava e à sua família ainda mais do que aos trouxas, o que os fazia extremamente interessantes aos olhos da menina.

"Quem sabe eu posso conhecer algum Weasley em Hogwarts" pensou Hydra enquanto caminhavam em direção à mesma loja por onde chegaram no beco diagonal. A viagem não fora tão ruim quanto ela imaginava, afinal.


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Notas finais do capítulo

Peço que continuem acompanhando a história, esse é o primeiro de seis livros, sendo que o sexto está para ser lançado no dia 19 de Maio de 2017, espero sinceramente que gostem e deixem seus comentários.

Um beijo,

Paula Vieira de Mello



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