Day After Day escrita por nywphadora, ProngsJackson, nywphadora


Capítulo 3
Day 2


Notas iniciais do capítulo

Em meu nome (Clenery Aingremont) e do da ProngsJackson eu peço desculpas pela demora a atualizar. É realmente muito difícil marcar um dia e horário para que nós duas possamos escrever juntas, e eu não acho correto dividir a escrita do capítulo em duas partes.
Nós já temos pronto todo o roteiro da fanfic, terá no total mais 3 capítulos (2 capítulos + epílogo), então é só conseguirmos nos reunir para escrever. Portanto, peço para que não desistam da fanfic, pois nós não desistiremos =)
Esperamos que gostem do capítulo ♥



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James acordou mais cedo do que deveria. Concluiu isso sem nem precisar olhar para o horário do relógio, já que nem um mínimo fio de luz do sol entrava pela janela. Muito pelo contrário, tudo estava silencioso e escuro. Mesmo assim, permaneceu na cama até entediar-se o suficiente para decidir que tomar banho sem precisar apressar-se ou ser incomodado pelos amigos seria agradável. Um dia só, não precisava tornar-se uma rotina...

A água era mais gelada do que quando ele costumava acordar e arrumar-se, concluiu que não eram muitas as pessoas que resolviam usá-la de madrugada — isso se elas existissem. Quase desistiu e voltou para o quente das cobertas, mas permaneceu embaixo do chuveiro, resmungando, arrependido de sua decisão. Ele nunca gostaria daquela sensação, nem mesmo quando estivesse de ressaca.

Conforme a água fria descia por suas costas, ele começava a lembrar-se do dia anterior. E do anterior do anterior.

Era tão surreal que aquilo tinha mesmo acontecido consigo. Pensou no que tinha conversado com Hagrid e perguntou-se como começaria aquela mudança que ele tinha dito. Como era difícil mudar o seu jeito de agir e de pensar de um dia para o outro...

“Mas não precisa ser de um dia para o outro” pensou James.

Levou um sobressalto, ao escutar batidas na porta. Coçou os olhos, supondo que tinha dormido no banho.

— Anda, Prongs!

Desligou o registro, secando-se e vestindo-se com rapidez.

— Caiu da cama hoje, foi? — perguntou Sirius, assim que ele abriu a porta do banheiro.

— Também, né, dormiu cedo ontem — comentou Remus, olhando-o curioso.

— Estava cansado — disse James.

Sirius deu de ombros, entrando no banheiro antes que qualquer um deles pudesse dizer algo. James escutou Peter resmungar de sua cama, ainda parecendo adormecido, apesar da conversa e dos barulhos.

— Que prova temos hoje? — perguntou James, puxando seus sapatos de debaixo da cama.

— Acho que DCAT — respondeu Remus, procurando o seu livro.

— Embaixo do travesseiro.

Ele olhou desconfiado, antes de resolver procurar ali embaixo, encontrando o livro.

— Obrigado — murmurou, abrindo-o.

Mas o que tinha dado errado naquela situação?

Ele não tinha visto o vira tempo quebrar-se! Ele nem falou com Lily! Muito menos resolveu brincar com Snivellus junto de Sirius. Era esse o problema? Ele tinha deixado Sirius provocá-lo?

— Moony — James disse —, eu vi um filme que a Lily comentou durante as férias.

— Novidade — Remus riu — Se Lily diz que gosta de um cara com cheiro de lavanda, você vai lá e compra o perfume.

Abriu a boca para reclamar, mas resolveu concentrar-se no seu problema.

— Falava sobre loop temporal. Você acha que isso é possível de acontecer no mundo bruxo? — ele perguntou.

— Você deve estar com muito tempo livre para pensar nessas coisas — disse Remus.

— Viagens no tempo existem. Por que loops não?

Vendo que ele parecia estar realmente considerando essa possibilidade, Remus deixou seu livro de lado, ajeitando-se na cama.

— Prongs — ele disse — Caso você não lembre em História da Magia, os experimentos envolvendo viagens no tempo tiveram resultados catastróficos. Então eu não acho que loops temporais trariam um resultado diferente.

Que ótimo era escutar aquilo.

— Mas seriam capazes de acontecer? — insistiu.

— Eu não sei! — ele respondeu, exasperado — Nunca ouvi falar sobre isso. Não tenho a menor ideia de como poderia acontecer.

Tiveram a conversa interrompida pela cantoria desenfreada de Sirius. Remus resolveu ir bater na porta, pois quando ele começava a cantar assim era motivo para um banho bem mais demorado, e também uma tortura aos ouvintes.

Seria inútil perguntar a ele como sair daquela situação se nem acreditava que pudesse acontecer. Sentia-se completamente perdido, deveria procurar pelo professor Dumbledore? Não tinha muita intimidade pelo diretor, apesar de terem passado tardes tomando chá depois de ter aprontado alguma pelo colégio. Poderia inclusive pensar que ele estava brincando com ele.

Teria algum livro na biblioteca que falasse sobre isso? Se Sirius soubesse que ele planejava ir até a biblioteca, com certeza zombaria muito dele. O que o desespero não fazia com as pessoas. Não gostava de ter uma rotina, quem dirá repetir um dia inteiro mais de uma vez.

Já era a segunda vez que ele estava repetindo o dia! Talvez começasse a faltar às aulas, fugisse de Hogwarts, aprontasse para não sofrer as consequências no dia seguinte. Não, esse último não. Ele estava naquele problema justamente por ter aprontado. Ou era a explicação mais lógica que tinha encontrado.

Estava sendo dramático. Não precisava sair de Hogwarts.

— James? Você não vem?

Ele resmungou, levantando-se de sua cama, ao notar que todos os seus amigos já estavam arrumados.

— Claro, claro — respondeu.

— Deve estar pensando na ruiva — disse Sirius — Com essa cara de lesado, só pode.

Resolveu não dar atenção à provocação.

Acompanhou os seus amigos até o Salão Principal, sem sentir muita fome. Como nos dias anteriores, observou Lily passar junto de suas amigas, sem darem atenção a ele, apesar de terem passado por trás de sua cadeira.

— James?

Ele virou-se para Remus, que tinha chamado-o.

— Está bem distraído hoje — ele observou.

— Eu só não aguento mais essas provas — respondeu James, voltando a olhar para outro canto do Salão, procurando por algum detalhe que não tivesse notado antes.

— Concordo — disse Sirius.

— Mas nós começamos não faz muito tempo — Remus franziu o cenho.

— Mas não deixa de ser exaustivo — ele respondeu no lugar de James — Todos os dias, mais de uma prova por dia. Quase não temos tempo para estudar!

— Se dependesse de você, seria uma prova a cada mês.

— Se dependesse de mim, não haveriam provas!

James, finalmente, permitiu-se relaxar pela situação, rindo.

— Sirius Black para presidente — ele disse, brincalhão.

Remus levantou uma sobrancelha para ele, como que questionando-o pelo uso da palavra “presidente”, em vez de “Ministro da Magia” ou “diretor”. James deu de ombros, presidente soava melhor para ele.

E não tinha culpa se a maioria dos filmes eram americanos e falavam de presidentes, não de primeiros-ministros.

A sineta indicando a mudança de horário tocou e James resmungou, pegando uma última tortinha de abóbora, antes da comida desaparecer. Os alunos de outros anos foram rapidamente retirados do Salão Principal, assim como os próprios estudantes que prestariam os NOMs, para que permitissem aos professores retirar as mesas e transformá-las em carteiras únicas.

Não conseguia entender o porquê de necessitarem dos alunos longe para fazerem isso, não é como se fossem alunos do primeiro ano que pudessem perder o controle sobre um Wingardium Leviosa e esmagasse alguém sob o peso das mesas.

Mesmo assim, observou as portas duplas fechadas do Salão Principal, escutando Remus discursar tudo o que lembrava sobre a matéria para as pessoas próximas, que pareciam desesperadas para uma revisão de última hora. Sirius manteve-se ignorando-o até o último instante, ao contrário de Peter, que fingia não escutar sem muito sucesso.

Já tinha feito aquela prova duas vezes, mais um pouco e nunca mais esqueceria daqueles textos dos NOMs. Teria pesadelos com as perguntas e suas respostas. Provavelmente poderia copiar a prova inteira de cabeça.

Olhou rapidamente para Sirius, sentindo-se culpado por não passá-lo as respostas, mas então lembrou-se que não poderia explicar a Remus como sabia as perguntas exatas do exame. Nenhuma desculpa seria o suficiente para abafar aquela dúvida, então resolveu que não poderia fazer nada. Além do mais, Sirius não era estúpido. Fora Transfiguração, DCAT era a matéria em que se davam melhor, apesar da constante troca de professores na grade curricular.

Finalmente, as portas abriram-se, depois de uma demora desnecessária. James foi o último a levantar-se do chão, pensando se não poderia inventar uma desculpa qualquer para faltar naquele dia. Poderia até responder todas as perguntas errado, mas quem garantia que o loop temporal não se cancelaria justo quando ele resolvesse fazer tudo de errado só pra sacaneá-lo? Não poderia arriscar-se.

Como da última vez, a professora separou os alunos, mantendo Sirius, Remus e Peter bem longe dele, fazendo o mesmo com os outros. Para a infelicidade de James, Lily estava atrás dele, então não poderia passar todo o tempo entediante da prova observando as suas expressões e o movimento que o seu cabelo fazia, conforme se mexia.

Era estratégia para que ele não se distraísse? Mas ele queria se distrair!

Recebeu a prova e começou a escrever as respostas sem dissertar muito, sem paciência. Quando terminou, tinha tempo livre o suficiente para preencher todos os pergaminhos com pomos de ouro com as iniciais L.E.

Ergueu a mão, resolvendo correr o risco. Risco real era ele morrer de tédio.

— Sim, senhor Potter? — um dos instrutores aproximou-se dele — Algum problema com a prova?

— É que eu já acabei faz um tempo, então pensei se, talvez, eu pudesse sair... — ele disse, bagunçando seus cabelos.

— Acabaste? — repetiu o instrutor, parecendo pasmo, então pegou sua prova, revisando-a com os olhos, página por página.

Por fim, depois de algum tempo, ele assentiu.

— Muito bem, pode ir.

James quase ajoelhou-se e chorou, agradecendo. Não aguentava mais ficar sentado naquela cadeira sem ter o que fazer. Pegou suas coisas e saiu, sob os olhares incrédulos de Sirius e Remus.

— Olhem somente para a sua prova! — escutou a instrutora reclamar, provavelmente com eles.

Evitou olhá-los para que não pensassem que estava passando cola. Assim que as portas fecharam-se atrás de mim, ele suspirou, caminhando tranquilamente até os jardins. Era um lugar calmo para ocupar o seu tempo, principalmente quando estava vazio.

Sentou-se ao pé da árvore, deixando a mochila ao seu lado. Fechou os olhos, sendo capaz de sentir o vento passando, movendo os galhos da árvore, derrubando as folhas ainda verdes. Podia sentir o cheiro da grama molhada próxima do Lago Negro. Seria capaz de deitar-se e dormir até que a sineta tocasse mais uma vez. Talvez assim Lily não pusesse a culpa nele por presenciar Snape sendo humilhado.

Então talvez ele precisasse impedi-lo. Isso sim não seria tarefa fácil.

— Saiu cedo, Prongs — Sirius sentou-se ao seu lado mais cedo do que pôde notar.

— Estava entediante aquela prova — disse James, ainda de olhos fechados.

— Você está muito estranho — comentou Remus.

Se pudesse vê-lo, diria que estava olhando desconfiado para si. Ele não importava-se.

— Só um pouco cansado — mentiu — Acho que acordar cedo não me fez bem.

Eles resolveram deixar o assunto de lado, e então James permitiu-se abrir os olhos. Quase considerou ficar de olhos fechados, fingindo adormecer quando Sirius resolvesse provocar Snape. Talvez ele nem o provocasse, não tendo ele para ver — ou talvez ele ficasse tentando acordá-lo incansavelmente.

Peter parecia olhá-lo com expectativa, como se estivesse esperando para ele fazer algo. James então lembrou do pomo de ouro em seu bolso.

— Quer tentar pegá-lo, Peets? — ofereceu a ele.

— Você quer perder o pomo, só pode — comentou Sirius, cruzando os braços.

Peter olhou de cara feia para ele, antes de começar a tentar pegá-lo, causando cenas bem engraçadas. James não estava mesmo afim de brincar daquilo aquele dia.

E então Snape passou.

Ele queria que somente daquela vez Lily o tivesse parado no meio do caminho ou qualquer coisa do tipo. Como no dia anterior, ela estava no Lago com as amigas e só notaria o que estava acontecendo quando fosse tarde demais — ou, no caso, quando ele estivesse metido na confusão, pois parecia que ela só via as coisas acontecendo quando ele estava incluso nelas.

Isso vai te animar, Padfoot. Olha quem está aqui — disse Sirius em voz alta, justamente para ser escutado por Snape e por quaisquer outros.

— Sirius, por favor, não — pediu James.

Mas ele já tinha levantado-se e ido até ele.

— Tudo bem, Snivellus?

Novamente, antes que Snape pudesse atingi-lo, foi desarmado por Sirius.

Assim que ele caiu, James virou-se para Remus.

— Moony, faça alguma coisa! — pediu.

— Fazer alguma coisa? — ele repetiu — Quantas vezes já não tentei impedir a você e Sirius? E que eu saiba, só você pode convencê-lo a não fazer algo.

— Esfregaça!

James virou-se para Sirius, respirando fundo, sob o olhar estranho de Peter, antes de levantar-se.

— Pads, chega! Pare com isso! — ele tentou sussurrar.

— O quê? Agora que está começando a ficar bom? — reclamou Sirius, olhando para ele, mas a varinha ainda erguida.

— A tarde está tranquila, vamos deixar assim. Você já provocou-o, não é? — continuou James, vendo Lily levantar-se de seu lugar.

— O que há de errado com você hoje? Eu não sei o que houve, mas espero que você volte ao normal!

E ele esperava não voltar. Começava a ficar nervoso.

— Deixe de ser idiota, Padfoot! — ele disse.

Sirius olhou-o com raiva, antes de voltar-se para Snape outra vez.

— Sirius, deixe de ser teimoso! — Remus interviu também, vendo James parecer realmente tentar impedi-lo e não pregar uma peça nele — Volte para cá!

— Eu estou entediado e irei ocupar o meu tempo com coisas melhores — Sirius disse e então notou que ele aproximava-se de sua varinha — Levicorpus!

James notou tarde demais o que tinha acontecido e não queria usar a sua varinha contra a do amigo.

— Saia daqui, Prongs — disse, rancoroso, sem olhá-lo.

— Deixe-o em paz! — Lily gritou, puxando Sirius pelo braço — O que ele fez para vocês?

— Liberacorpus — James soltou Snape, que não perdeu tempo em recompor-se.

— Diffindo! — ele apontou a varinha.

James não pôde afastar-se a tempo, antes de receber um corte profundo no braço, fazendo-o quase derrubar a varinha.

— Chega! — Lily gritou, pondo-se entre os dois — Basta!

Ela dirigiu seus olhos raivosos para James e ele soube que não poderia argumentar.

Nem quando ele tentava anular os feitiços de Sirius ela via o que realmente tinha acontecido como devia!

— Será que nem agora vocês podem agir como adolescentes de 15 anos? Estamos fazendo exames que decidirão nossas carreiras! Daqui a dois anos, seremos maiores de idade! — Lily discursou.

James notou que quando ela falava “vocês”, não estava se referindo a Snape.

— Nem agora? Quando deveríamos agir como adolescentes de 15 anos? Aos 13? — perguntou Sirius, franzindo o cenho.

Algumas pessoas riram, fazendo a fúria de Lily aumentar.

James teve vontade de falar a Snape aquela frase, mas não queria que ela se magoasse como já tinha feito antes. No entanto, aquilo deveria acontecer? Era inevitável mudar os acontecimentos do tempo, afinal! Certo?

— Não sei, me diga você, que age como se tivesse parado aos 11, como é possível — disse Lily, friamente, fazendo algumas outras pessoas rirem novamente, então ela virou-se para Snape — Você está bem?

— Não preciso da ajuda de sangues ruins.

James paralisou.

O quê?

Mas nem ele nem Sirius tinham provocado-o!

Lily parou a sua movimentação, a mão ainda erguida na direção do ombro dele. Encarou-o como se não tivesse entendido o que ele tinha dito, antes de abaixar a mão.

— Oh! Não vou mais me incomodar no futuro, então — disse, sem emoção.

Peter estava tão distraído que o pomo ficou sobrevoando em sua frente para ter a sua atenção, sem sucesso. A sua boca estava tão aberta que era possível que acabasse engolindo a bola, pensando ser alguma comida ou apenas por instinto.

— E, se eu fosse você, lavaria essas cuecas, Snivellus — ela afastou-se.

Sirius sorria, como se quisesse dizer “É isso aí, Evans”, mas não se atrevesse por medo de apanhar — o que James considerava prudente. A primeira coisa prudente que ele fez o dia todo.

— Vamos ver se as cuecas dele são tão sujas quanto ela disse, senhoras e senhores — disse Sirius, a varinha erguida.

As pessoas pareciam ainda mais empolgadas pela discussão recente.

James voltou para perto da árvore, pegando a sua mochila.

— O que deu em você, Prongs? — perguntou Peter, os olhos arregalados.

— Me deixem em paz — ele resmungou, sabendo que Sirius o perturbaria mais tarde por isso.

Foi visitar Hagrid outra vez, mesmo sabendo que era bem capaz do diálogo do dia anterior se repetir.

— Eu tentei impedi-lo! Ele é tão teimoso — James bagunçou o cabelo nervoso, sentado à mesa de Hagrid, que servia chá e alguns biscoitos de difícil digestão.

— Olhe só quem fala — Hagrid não disse por mal, rindo divertido por seu estresse.

— Não sei mais o que fazer! Eu não podia levantar a varinha contra ele. Não queria brigar.

Hagrid parecia estranhar sua atitude, mas deve ter considerado apenas que ele estava exausto pelos exames, em vez de tomar aquilo como um “ele mudou do nada, que estranho”.

— Tenho certeza de que se resolverão — ele disse, sábio.

— O quê? Sirius? Ah! Isso sempre — James deu de ombros — O problema é Lily. E ela ainda foi ofendida daquele jeito! Completamente do nada!

— Quando sentimos raiva, falamos coisas que não devíamos.

— Mas não... Essa palavra.

Hagrid concordou, tomando seu chá.

— É, não essa palavra — murmurou, incomodado — Pobre Lily. Ela não merece isso. Quer saber? Aquele garoto não merece a amizade dela, nunca mereceu!

Aquilo não o confortou muito, mas suspirou, voltando a tomar o chá.

Que o chamassem de louco, ele gostava. E os biscoitos, quando ficavam um tempo no fogo da lareira, ficavam moles o suficientes para ficarem gostosos.

— Ei, garoto, vai ficar tudo bem — disse Hagrid, menos estressado ao ver seu estado.

James mordeu uma pontinha do biscoito e começou a mastigar para poupar-se de responder.

— Como eu chego e falo para Sirius que não quero mais fazer essas coisas? — ele perguntou, depois que terminou — Do jeito que é, não vai aceitar...

— Acho que ele só começou com isso por sua causa — disse Hagrid.

Sua? Seria mesmo verdade?

— Converse com jeitinho, explique, ele entenderá.

Não adiantaria nada. No dia seguinte, tudo se repetiria outra vez. Não conseguia ver como que aquilo poderia mudar algo.

E se ele ficasse no Salão? Se falasse com Lily? Se tentasse impedir a queda do vira tempo?

— Talvez eu devesse voltar — disse James, notando que o céu começasse a escurecer.

— Santo Merlin! É melhor mesmo! Imagine se os professores notam o seu desaparecimento — concordou Hagrid.

James indicou um biscoito enorme, antes de colocá-lo no bolso da capa.

— Pode levar — ele riu, abrindo a porta para que passasse.

— Nos vemos, Hagrid — disse James, sem poder responder quando.

Talvez no dia seguinte voltasse. Só esperava que fosse em outro dia, ou com notícias melhores que as que levou no dia anterior e naquele.

Por um momento, imaginou-se idoso e todos os seus amigos assustando-se com sua longa barba, sendo que lembravam-se dele com 15 anos no dia anterior. Sim, ele manteria uma barba tão grande e bem cuidada quanto a de Dumbledore.

Negou com a cabeça, rindo com seus próprios pensamentos.

Assim que pisou no castelo, escutou o miado de Madame Nor-r-ra e percebeu que talvez tivesse chegado bem mais tarde do que pensava. Não importou-se, foi direto para o Salão Comunal, escapando habilmente das vistas da gata e de seu odioso dono.

Chegou com o Salão ainda vazio e foi até a lareira, que estava apagada. Acendeu-a, pegando o seu biscoito e levitando-o para dar somente uma leve derretida antes de poder comer à vontade. Observou a massa de chocolate amolecendo, antes do retrato abrir-se, dando passagem a alguns alunos.

Depois de alguns minutos, convocou o biscoito para perto dele, começando a comê-lo. Pouco depois, quando os corredores deviam estar silenciosos, Lily Evans surgiu, parecendo cansada. Ele poderia apostar que ela tinha chorado. Foi até o sofá do Salão Comunal, enfim notando que ele estava lá.

— Ah! É você!

Estava tão mal que não parecia ter humor nem para ser desagradável.

— Quer? — ele estendeu o biscoito.

— É de Hagrid? Não, obrigada! — Lily finalmente deu uma risada, olhando estranho para ele.

Deu de ombros, todos o consideravam estranho quando percebiam que ele comia aqueles biscoitos. O que podia fazer? Cada um com seus gostos.

Por fim, ela sentou-se em uma das poltronas.

— Eu sinto muito por hoje — disse James.

— Não, você não sente.

Ele continuou comendo o biscoito, pensando que da próxima vez talvez poderia pegar um copo de leite nas cozinhas. Era uma tradição trouxa que tinha ouvido falar sobre, mas era uma tradição boa, que nem misturar sorvete com outros tipos de sobremesa, como tortas.

— Eu sinto mais por você. Tentou separar a situação toda e... — ele não soube completar.

— Levei um fora na frente de todos — Lily completou por ele — Deve estar satisfeito agora. Snape não é mais meu amigo. Conseguiu o que queria.

— Eu não pedi que as coisas acontecessem desse jeito.

— Mas aconteceu. E por culpa sua. Sempre é culpa sua.

Não sabia que Sirius era uma sósia tão semelhante que era confundido por ele.

“Paciência, ela está machucada” pensou James.

— Eu tentei parar Sirius — ele disse.

— Eu vi como tentou — ironizou Lily — Resolveu não sujar as mãos dessa vez? Preferiu sussurrar os feitiços a serem usados?

Era o que ela pensou que ele tinha feito?

— Olha, Potter, eu realmente estou péssima, caso não tenha notado, e não estou afim de discutir sobre o que aconteceu, muito menos com você — Lily levantou-se, olhando-o sem o mesmo brilho de raiva de sempre, mas ainda com sentimentos negativos evidentes.

— Boa noite — ele respondeu.

Olhando de soslaio, sem receber resposta, notou que ela parecia até mais furiosa do que nunca por sua tranquilidade. Parecia querer gritar aos quatro ventos para soltar aquela fúria dela.

Levantou-se, ao ver a centelha de brilho surgir de seu bolso, assim que alcançou o topo da escada e correu, jogando-se ao chão para tentar recuperá-lo. O tempo pareceu passar mais devagar e viu novamente o vira tempo estraçalhar-se, sem que nada pudesse fazer.

Fechou os olhos para que pudesse evitar a areia de entrar em seus olhos, além do vento que surgiu, como da primeira vez, forte o suficiente para levá-lo para longe — ou essa era a sensação que sentia.

Desmaiou.


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