Embriagues escrita por LucianaQuero


Capítulo 15
De braços e coração abertos




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De manhã, levantei-me primeiro e tomei um banho. Toda a arrumação do meu cabelo havia se desfeito, minhas madeixas imploravam por um trato. Nas pontas dos pés, fui até minha bolsa, me arrumei um pouco e vesti um roupão.

Meu estômago roncava e se contorcia por dentro. Não aguentei. Desfrutei pela primeira vez de um serviço de quarto.

Ao telefone, enquanto escolhia o que pedir para o café da manhã percebi que Michael levantara. De rosto lavado, vestia apenas a calça da noite anterior.

— Ei, Cinderella. — abraçou-me por trás e me comprimentou com um beijo no rosto.

— Estou morrendo de fome... Tomei a liberdade de pedir o nosso café da manhã. — disse colocando o telefone no gancho.

— Hmmm... — me puxou pelo braço, virando-me de frente para ele — Tudo bem... Ótimo. Obrigado, amor.

— Por nada. — respondi em seguida beijando-o.

— Nossa!

— Que?

— Até agora não pude deslumbrar a vista dessa cobertura! Dizem que é linda!

Michael me puxou pela mão e corremos para fora. Era realmente linda a vista, podia ver toda a cidade. Olhei para baixo, as pessoas pareciam pequenos pontos deslizando no nada.

— Eerr... — comecei a me sentir zonza — Isso é... muito... alto.

— De novo, Sue? — me abraçou — Estou aqui, vou sempre estar aqui.

Estar entre os braços de Michael me fez sentir segura, me confortou. Retribui abraçando-o forte. Respirei fundo. Olhei para longe. E assim ficamos, quietos, apenas sentido a brisa no rosto, a pele na pele...

Michael me beijou intensamente, envolvendo suas mãos em minha cintura, enquanto eu deslizava minhas mãos por seus braços até chegar a sua nuca. De repente parou o beijo.

— O café!

— Que?

Ele saiu correndo e eu fui atrás em seguida. Apressado, Michael vestiu um roupão do hotel e abriu a porta. Espiou de dentro do quarto e viu um funcionário do hotel de costas, com o nosso café da manhã.

— Hey! Por favor... O rapaz franzino deu meia volta e retornou a nossa porta. — Perdão senhor. — ele disse.

— A gente não escutou, estávamos lá fora. Desculpe o transtorno.

— Não, imagine senhor.— O rapaz colocava a mesa notavelmente animado por encontrar Michael Jackson em seu trabalho, que era certamente tedioso. — É o meu dever!

— Olha, toma. — Michael estendeu uma nota de cem dólares.

Eu assistia a cena de lado, e vi os olhos do rapaz se arregalarem. E admito, minha reação não foi muito diferente.

— Oh! É sério? Não, não obrigado, não posso aceitar.

— Que isso! Estou dando, pegue.

— Eu aceito um autógrafo.

— Hm, ok. Você tem uma caneta?

— Sim, sim. — Pegou uma do bolso mais do que de depressa. Michael pegou um guardanapo e começou a escrever nele.

— Qual o seu nome?

— Adam.

— Certo, Adam.

— Colocou a nota de cem reais no meio do guardanapo sem que ele percebesse e o guardou no bolso da blusa de Adam.

— Muito obrigado mesmo! — Sorria freneticamente.

— Por nada.

Adam sorriu para Michael e depois para mim, em seguida saiu pela porta.

— Hm, vamos ver o que tem aqui! — Disse Michael esfregando as mãos, olhando para a mesa atraente.

— Ah, Michael. A cada minuto minuto que passo com você mais eu me apaixono. — Suspirei.

— Ah, não... — Sorriu um pouco tímido — Esses caras trabalham dia e noite, se desgastam, e só recebem palavras ásperas, reclamações. Não custa nada a mim fazer isso...

Observei-o abobada.

— Não me olha assim! — Deu risada.

— Ok, vou tentar. Mas sei que é impossível.

Nos sentamos à mesa. Ele aproximou sua cadeira da minha e me beijou de leve na testa.

O café da manhã foi longo. Cheio de risadas, afagos. Conversas que variavam de cinema a política. Um amor.

 

Minha vida havia sido inteiramente calculada milimetricamente. O que eu iria estudar, no que trabalhar, com quem me relacionar... De repente, decidi me jogar de braços e peito abertos para o que me parecia ser a única chance de amar e ser amada.

 

Não era loucura nenhuma. Tudo fazia sentido.

 


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