Embriagues escrita por LucianaQuero
De manhã, levantei-me primeiro e tomei um banho. Toda a arrumação do meu cabelo havia se desfeito, minhas madeixas imploravam por um trato. Nas pontas dos pés, fui até minha bolsa, me arrumei um pouco e vesti um roupão.
Meu estômago roncava e se contorcia por dentro. Não aguentei. Desfrutei pela primeira vez de um serviço de quarto.
Ao telefone, enquanto escolhia o que pedir para o café da manhã percebi que Michael levantara. De rosto lavado, vestia apenas a calça da noite anterior.
— Ei, Cinderella. — abraçou-me por trás e me comprimentou com um beijo no rosto.
— Estou morrendo de fome... Tomei a liberdade de pedir o nosso café da manhã. — disse colocando o telefone no gancho.
— Hmmm... — me puxou pelo braço, virando-me de frente para ele — Tudo bem... Ótimo. Obrigado, amor.
— Por nada. — respondi em seguida beijando-o.
— Nossa!
— Que?
— Até agora não pude deslumbrar a vista dessa cobertura! Dizem que é linda!
Michael me puxou pela mão e corremos para fora. Era realmente linda a vista, podia ver toda a cidade. Olhei para baixo, as pessoas pareciam pequenos pontos deslizando no nada.
— Eerr... — comecei a me sentir zonza — Isso é... muito... alto.
— De novo, Sue? — me abraçou — Estou aqui, vou sempre estar aqui.
Estar entre os braços de Michael me fez sentir segura, me confortou. Retribui abraçando-o forte. Respirei fundo. Olhei para longe. E assim ficamos, quietos, apenas sentido a brisa no rosto, a pele na pele...
Michael me beijou intensamente, envolvendo suas mãos em minha cintura, enquanto eu deslizava minhas mãos por seus braços até chegar a sua nuca. De repente parou o beijo.
— O café!
— Que?
Ele saiu correndo e eu fui atrás em seguida. Apressado, Michael vestiu um roupão do hotel e abriu a porta. Espiou de dentro do quarto e viu um funcionário do hotel de costas, com o nosso café da manhã.
— Hey! Por favor... O rapaz franzino deu meia volta e retornou a nossa porta. — Perdão senhor. — ele disse.
— A gente não escutou, estávamos lá fora. Desculpe o transtorno.
— Não, imagine senhor.— O rapaz colocava a mesa notavelmente animado por encontrar Michael Jackson em seu trabalho, que era certamente tedioso. — É o meu dever!
— Olha, toma. — Michael estendeu uma nota de cem dólares.
Eu assistia a cena de lado, e vi os olhos do rapaz se arregalarem. E admito, minha reação não foi muito diferente.
— Oh! É sério? Não, não obrigado, não posso aceitar.
— Que isso! Estou dando, pegue.
— Eu aceito um autógrafo.
— Hm, ok. Você tem uma caneta?
— Sim, sim. — Pegou uma do bolso mais do que de depressa. Michael pegou um guardanapo e começou a escrever nele.
— Qual o seu nome?
— Adam.
— Certo, Adam.
— Colocou a nota de cem reais no meio do guardanapo sem que ele percebesse e o guardou no bolso da blusa de Adam.
— Muito obrigado mesmo! — Sorria freneticamente.
— Por nada.
Adam sorriu para Michael e depois para mim, em seguida saiu pela porta.
— Hm, vamos ver o que tem aqui! — Disse Michael esfregando as mãos, olhando para a mesa atraente.
— Ah, Michael. A cada minuto minuto que passo com você mais eu me apaixono. — Suspirei.
— Ah, não... — Sorriu um pouco tímido — Esses caras trabalham dia e noite, se desgastam, e só recebem palavras ásperas, reclamações. Não custa nada a mim fazer isso...
Observei-o abobada.
— Não me olha assim! — Deu risada.
— Ok, vou tentar. Mas sei que é impossível.
Nos sentamos à mesa. Ele aproximou sua cadeira da minha e me beijou de leve na testa.
O café da manhã foi longo. Cheio de risadas, afagos. Conversas que variavam de cinema a política. Um amor.
Minha vida havia sido inteiramente calculada milimetricamente. O que eu iria estudar, no que trabalhar, com quem me relacionar... De repente, decidi me jogar de braços e peito abertos para o que me parecia ser a única chance de amar e ser amada.
Não era loucura nenhuma. Tudo fazia sentido.
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