Haviam se passado uma semana e eu me comunicava com Michael por telefone. Finalmente ele poderia vir me ver em Atlanta e eu estava muito ansiosa.

Talvez mais ansiosa que eu, estivesse Rachel, que acompanhava tudo prometendo segredo. Meu pai já estava desconfiado. Sabia que eu estava conversando horas ao telefone com algum rapaz, mas se quer imaginava quem fosse ele.

Corey às vezes me ligava pedindo perdão e suplicando para que reatássemos o namoro. Na última ligação, de boca cheia, mandei-o que fosse aonde a boa mãe dele o parira.

Enfim, eu e Rachel estávamos interessadas em nos mudar para NY para estudar e conseguir um emprego em um laboratório de lá. Seria ótimo, não apenas profissionalmente, mas mais ainda para minha vida pessoal. Por mais que amasse meu pai, não aguentaria viver embaixo do mesmo teto que o dele por muito mais tempo.

Da última vez que morei em outro lugar ele fizera chantagem emocional e eu acabei voltando para casa na outra semana. Mas algo que todo pai deve entender é que cedo ou tarde os filhos um dia se tornam independentes e saem de casa. É natural.

— Ué, cadê o papis?

— Hoje o papis saiu com a namorada. Ufa!

— Ah, coitado do tio Mark.

Fiz pose em frente ao espelho.

— Nem digo nada... Mas o que você acha? Gostou? Como estou?

— Adorei! Duvido que ele não goste!

Vestia um vestido preto justo, tomara que caia com uma fita rosa enlaçada na cintura. Sexy, porém não vulgar. Deixe os cabelos soltos e com bastante volume. Uma presilha do lado esquerdo prendia uma mecha.

A maquiagem bem leve, porém com destaque para os olhos, com uma sombra escura e delineador alongando-os. Batom tipo “nude” e nada de blush.

— Mas e o sapato?

— Eu tenho esse rosa — peguei-o com a mão direita — e essa sandalha preta — peguei-a com a mão esquerda.

— Sapato.

— Ótima escolha.

— É, eu tenho bom gosto.

— Bolsa cinza ou roxa?

— Roxa.

— Hmmmm. Ok.

— Se hoje não rolar, ele é gay.

— Rach, Rach!

— É verdade, ué. Porque se ele te chama pra ir ao maior hotel de Atlanta... Ah, bem, a não ser que você não queira, o que eu acho pouco provável. Né?

— É, é. — me irritei — Entendi... Agora você, minha amada e velha amiga... Me leve até lá no seu lindo carro.

— Claro, e eu vou ganhar o meu autógrafo, certo?

— Aham, vaaaaai... — vai nada.