The White Rose escrita por Senhora Darcy


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!
Mil desculpas pela demora, a vida acontece e eu me atrapalho toda kkkkk



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/732733/chapter/11

Sem nada mais a vestir, coloquei meu vestido de baile, que apesar de ter uma mancha amarelada na saia, estava relativamente limpo. Não sei ao certo o porque, mas me vesti corretamente, como uma princesa. Coloquei espartilho, corpete, o vestido, minhas sandálias, brincos e um pequeno arranjo de flores que eu mesma tinha feito. Demorei para sair do quarto, sem coragem para encarar Gregory e o efeito que ele tinha em mim. Quando já tinha até passado perfume e escovado os cabelos, saí dali.

Por sorte não tinha ninguém no corredor, então fui calmamente até o refeitório. Os piratas estavam terminando de comer, porque toda a comida já acabava. Quando entrei, Rupert veio perguntar sobre a sobremesa e nós logos servimos os doces e o bolo de aniversário. Todos gritamos salvas e vivas para Betrus, ao som de palmas e assovios. Provavelmente era o álcool fazendo seu papel.

Durante toda a breve euforia, senti os olhos de Gregory cravados em mim, o que me causava frio na barriga. Respirei fundo e devolvi os olhares. Aquilo tornou-se quase uma competição. Talvez para ver quem provocava mais. Eu não sabia qual era o prêmio, ou o motivo de fazermos aquilo. Simplesmente não conseguia parar. Admito que em alguns momentos, passava as mãos pelos cabelos e piscava algumas vezes a mais. Conversava animadamente com um grupo de homens, ouvindo suas piadas e rindo amavelmente. Lançando breves e significante olhares ao homem que me encarava. Quando Gregory estava na mesma roda de conversas que eu, ficávamos lado a lado, ombro a ombro, a milímetros de distância. Eu arrumava desculpas para encostar nele, como quando fui arrumar a alça do vestido, ou quando fui mudar de posição. Ele parecia fazer o mesmo, porque também colocava as mãos em minhas costas, ou cintura, e eventualmente esbarrava em mim.

Finalmente, Rupert e Marreta apareceram com o banjo e outro instrumento estranho. Um outro homem se juntou a eles para cantar, e eles deram início a uma música animada e cuja letra eu mal conseguia entender. Algo sobre celebrar, beber e cantar até o dia nascer. Os homens a minha volta enlouqueceram, dançando passos malucos e desordenados. Com o tempo percebi que na verdade, estavam sincronizados – tanto quanto podiam estar – e que na verdade, os passos faziam parte de um estilo de dança. Betrus veio me chamar para dançar.

— Não faço ideia de como se dança isso. – Eu expliquei.

— Eu também não! É só seguir a música! – Ele disse e me puxou para o meio da muvuca.

Pulei um pouco e segui alguns movimentos que eu via. Antes mesmo de perceber, já havia trocado de parceiro duas vezes e agora dançava com Pinsley em uma coreografia totalmente diferente.

Depois de duas músicas, me afastei para pegar ar, rindo do que eu via. Alguns instantes mais tarde, começaram a tocar as músicas mais tradicionais que eu conhecia. Eram as quadrilhas mais animadas que tinham até mesmo em festas menos requintadas do palácio. Ainda pulando, procurei Gregory no salão. Ele estava num canto, observando tudo com um sorriso escondido no rosto. Fui dançando até ele e o chamei para dançar. No começo ele apenas riu, mas então eu o puxei pelas mãos e ele acabou cedendo. Percebi vários olhares confusos em nossa direção.

— Você não costuma dançar muito, costuma? – perguntei.

— E você é mais perceptiva do que o necessário. – Ele respondeu ao que eu ri.

— Vamos, me mostre que você sabe fazer outras coisas além de ficar com essa cara de mau.

Gregory acabou rindo e entrou comigo na dança. No início ele estava meio duro, mas logo a bebida subiu e a euforia também, e nós dois já dançávamos como o resto dos piratas: loucos e bagunçados, rindo de tudo. Todos girávamos e cantarolávamos a melodia, numa mistura sincronizada e animada. Eu estava vermelha, afobada e ofegante, mas nunca tinha me divertido tanto dançando. Era tão diferente das danças do palácio, que parecia que eu estava em outro mundo.

Quando eu não aguentava mais, pedi a Gregory uma pausa. Fui até a cozinha beber algo. No caminho, ouvi uma gritaria vinda do gabinete, mas achei melhor nem investigar. Porém, alguns minutos depois, ouvi um barulho de corpo batendo no chão, e de uma porta fechando-se bruscamente. Alguns grunhidos e choramingos se seguiram também. Fui até a fonte do barulho e congelei com a cena que vi. Senti meu estômago se embrulhar, minhas pernas fraquejarem e meus olhos encherem-se de lágrimas. Uma moça, a mesma que eu vira com Gregory mais cedo, estava jogada no chão do corredor, seminua. Tinha marcas vermelhas por todo o corpo, o cabelo escuro estava desgrenhado e uma mancha de sangue se espalhava pelo chão. Corri até ela, sem saber ao certo o que fazer.

— Céus, o que aconteceu? Olhe para mim, isso...respire, respire...por favor, preciso que me diga o que aconteceu... – Eu pedia a ela enquanto colocava pressão no enorme corte em sua barriga.

Ela não conseguia responder, apenas gemia e chorava baixinho. Gritei por ajuda, mas ninguém me ouviria. Com muito custo, passei meus braços por baixo de seus ombros e ajudei-a a levantar. Ela gritou de dor, mas não podia fazer nada ali sozinha, precisava de ajuda. Levei-a para o primeiro quarto que encontrei , deitando-a na cama. Corri para fora para pedir ajuda. Não precisei ir longe. Marreta, Rupert e Aldo estavam no refeitório terminando de comer alguma coisa.

— Por favor, venham rápido...uma das moças do capitão... Venham! Aldo, traga toalhas limpas, por favor.

Corri com eles até o quarto, que descobri ser de Pinsley. A moça ainda estava se contorcendo e gemendo na cama, sem querer contar o que aconteceu. Eu tinha minhas suspeitas, já que ela saíra do gabinete naquele estado, mas não podia provar nada. Aldo chegou com as toalhas. Eu rasguei o restante das roupas da garota para ver melhor o ferimento. Tudo bem que ela trabalhava com aquilo, mas achei que seria indecente ela ali com o bando de homens, então deleguei tarefas.

— Rupert, preciso que traga água quente, tesouras, agulha e linha, e álcool, aguardente de preferência. Marreta, traga qualquer droga que faça ela dormir. Esse corte está feio e ela está em muita dor, se precisar faça um chá de ópio. Aldo, chame o capitão aqui agora. E alguém ache um médico! – Eu soei mais autoritária do que pretendia.

Quando os homens saíram, eu fechei a porta, as janelas e respirei fundo. Ela estava bem machucada. O corte era irregular e pela quantidade de sangue, parecia bem profundo. Sendo honesta, as chances de ela se recuperar eram poucas. Tirei as roupas dela e coloquei um lençol sobre seus seios e pernas, esperando lhe dar mais privacidade. Ela suava e chorava. Dei-lhe um pouco de água que havia ali em cima e tentei acalmá-la.

— Pode me dizer seu nome?

— M-ma....Mari....

— Marianne? – Ela concordou com a cabeça.

— Muito bem, Marianne, vou cuidar de você. Mas preciso que você me ajude, tudo bem? Preciso que me conte o que aconteceu. E preciso que confie em mim.

— E-eu caí. Eu caí.

— Caiu? Caiu aonde? – Ela apontou para frente. – Caiu em cima de alguma coisa? De uma mesa? – Ela assentiu. – Certo, tudo bem. Mas como você se cortou assim? Tem que ter batido com muita força ou então.... – Um pensamento sombrio cruzou minha mente. – Ou então alguém te jogou. Foi o capitão. Ele te empurrou. Não foi?

Marianne não me olhou nos olhos, apenas os fechou e deixou cair uma lágrima.

— Tudo bem, não vamos falar disso agora. Só quero entender, como você se cortou caindo em cima de uma mesa. – olhei em volta, buscando alguma luz.

Examinei o corte mais uma vez, o que fez a moça gritar de dor. Dessa vez, vi alguma coisa cintilar em meio ao mar escarlate. Um pequeno pedaço de...

— Vidro. – Concluí com um frio na espinha – Você caiu em cima de um vaso de vidro. Céus.

Um desespero me atingiu. Poderia haver centenas de pedaços de vidro dentro dela. E eu teria de extraí-los um a um. Toquei a pele em volta do corte, e Marianne urrou de dor.

— Desculpe, desculpe. Mas preciso fazer isso...

— KATHERINE! – A porta se abriu com um estrondo e Gregory entrou vermelho e ofegante.

Pareceu se tranquilizar ao me ver, mas ficou branco com a visão de Marianne.

— Céus! O que aconteceu? Marianne... você....

Puxei-o de canto para não assustá-la.

— Ela caiu sobre um objeto de vidro, Gregory. Há centenas de cacos de vidro por toda a sua barriga. Vou precisar abri-la bem mais do que isso. E ela não pode estar acordada. Mas estamos correndo contra o tempo, a cada minuto que passa ela piora. Eu... não sei o que fazer, não sei como começar...

Nessa hora, Rupert, Marreta e Aldo voltaram carregados com as coisas que eu pedi. Fiquei um pouco mais aliviada.

— Certo, preciso que saiam agora. Aldo, onde está o capitão?

— Ele não pôde vir, princesa. E o médico da vila não está em lugar algum! Não o encontramos. – uma raiva descomunal subiu em mim, e eu tive vontade de ir lá empurrá-lo sobre algum vaso.

— Que seja. Preciso de espaço. E de água. Gregory, vou precisar de você aqui. – Apontei para Marianne. Rupert, se você puder ficar também...

Todos se mobilizaram. Gregory subiu na cama para tranquilizar Marianne. Rupert cortava tiras de tecido e esterilizava a agulha.

— Mary, desculpe, mas isso ira arder bastante. Mas logo vai melhorar, eu espero. Tome, mastigue isso. – dei um pedaço minúsculo de ópio. O único que encontraram. – Muito bem, vamos lá.

Marianne fechou os olhos, Gregory segurou sua mão e eu despejei uma garrafinha de aguardente no ferimento, para limpar. Não demorou muito, Marianne já havia desmaiado de dor, depois de gastar toda a sua voz gritando. Respirei fundo e comecei a trabalhar. Coloquei toalhas em volta de tudo e pedi a Rupert para colocar pressão, enquanto, com uma pinça improvisada com um grampo de cabelo, eu retirava os pedaços de vidro. Tirei os maiores e comecei a penar para achar os caquinhos menores. Não podia ir muito fundo, porém. Ou ela iria perder muito sangue. Era um processo lento de procurar, retirar, limpar, pressionar; interrompido vez ou outra pelo despertar de Marianne, que logo desmaiava outra vez. Durou o que pareciam horas, até que eu não achei mais nenhum caco de vidro. Era hora de limpar e fechar. Com a agulha, costurei o corte da melhor forma que pude, dando dez pontos no total. Estava tudo ensopado de sangue. Marianne parecia pálida e mórbida, suando um pouco. A cama, o chão, minhas mãos e meu vestido estavam completamente escarlate. E eu não conseguia pensar em mais nada enquanto gastava a última garrafinha de aguardente e secava tudo com panos limpos. Enfaixei toda a cintura de Marianne e coloquei nela a o meu manto azul, por ser mais fácil de abrir, caso tivéssemos alguma emergência. Eu estava sozinha no quarto agora. Colocando todos os tecidos sujos num baú. Passei um pano molhado pelo rosto de Marianne, afim de evitar a febre. Fiquei fazendo isso por não sei quanto tempo. Quando dei por mim, já havia adormecido na cadeira da escrivaninha.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The White Rose" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.