Piratas do Caribe - O Retorno para o Mar escrita por Capitã Nana


Capítulo 4
Adeus Port Royal


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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    Como planejado, Sparrow e Brodbeck não tiveram problemas para passarem despercebidos até a área externa da mansão. Correram entre as sombras pelo jardim, até avistarem uma carroça, se entreolharam e seguraram rumo ao transporte.

   — Senhorita — Sparrow estirou a mão para que Moira pudesse subir.

    — Obrigada sr. Sparrow — Ela sorriu, aceitando a ajuda. Abaixou-se  e logo se cobriu para não ser vista.

     Sem mais delongas, Jack tomou as rédeas em mãos e logo conduzia o cavalo o mais rápido possível. O som chamou a atenção dos guardas que faziam vigia frente aos portões de entrada, eles se posicionam frente a passagem para impedir a carroça de prosseguir, já que mesmo sob pouca luz, puderam perceber que havia algo errado acontecendo. Jack revirou os olhos incomodado com aquele contratempo, porém de maneira ágil pegou sua pistola e atirou nos guardas. Ele não os feriu mortalmente, apenas os impediu de evitarem a fuga.

       Após se afastarem da área de risco, ambos abandonaram o transporte e seguiram um caminho por pedras onde os levariam até a praia. Sparrow notava o quão a garota em sua frente parecia confiante e destemida, bem diferente de quando a encontrou em seu quarto pronta para o matrimônio, esse que o pirata ainda não conseguia compreender.

      — Senhorita Jones, eu não quero estragar o seu momento glorioso na pirataria, mas ouvir as ondas e sentir a brisa do mar me faz lembrar que ainda não temos um navio, algo indispensável para a nossa jornada — Jack seguia desajeitadamente os passos da mais nova.

     — Temos sim, aquele — Moira apontou para um navio há alguns metros de distância, porém era possível notar que a embarcação era inferior ao que o pirata tinha em mente.

      — Aquele? Quer procurar por Barbossa e possivelmente enfrentá-lo com aquilo? —  O pirata fez uma de suas inúmeras expressões estranhas.

     — Acha mesmo que sou tão simplória assim? — Ela colocou a mão no bolso esquerdo do seu sobretudo pegando um pequeno saco de pano e virou-se para ele — Creio que com isso conseguiremos um navio melhor — Ela abriu o saquinho mostrando alguns pesos em ouro.

    — Uma abordagem simples, rápida e direta...gostei — Jack sorriu e foi retribuído pelo mesmo gesto.

      A embarcação estava sendo vigiada por sete guardas bem posicionados a mando de Marshall. Brodbeck e Sparrow chegaram ao navio pelo mar, pois caso fossem pela praia seriam facilmente detectados.  A madeira do casco tinha várias pontas soltas, não algo que pudesse causar infiltração ou até mesmo o naufrágio do navio, mas o suficiente para que ambos escalassem sua lateral até a janela dos canhões, onde facilmente conseguiriam alcançar a amurada do convés.

     — Todo mundo calmo, estamos tomando o navio! — Disse Sparrow assim que adentrou na embarcação acompanhado de Moira. Naquele instante se recordou que anos atrás se encontrava na mesma situação, porém ao lado do jovem Turner.

   Os homens riram debochando do pirata e assim iniciaram o confronto. Brodbeck  manejava suas espadas sem esboçar um único som de voz, pois temia que descobrissem quem se escondia por detrás daquele lenço agora molhado. Um a um os oficiais eram rendidos e a hora de partir ficava mais próxima. O último guarda fugiu das investidas da garota é correu para proa, sendo seguido por ela.

    Travaram mais alguns minutos de batalha até que a lâmina afiada do oficial passasse de relance no rosto da jovem. Para sua surpresa, parte do seu lenço foi atingido revelando assim o rosto angelical.

     — S-senhorita Brodbeck?!...  — O homem estava de olhos arregalados, incrédulo do que via.

    — Escute… nós podemos resolver isso civilizadamente… — Moira assustada, caminhava lentamente para próximo ao oficial. Ele foi o único que a vira, e o único que poderia revelar seu segredo, então não restava outra opção a ela a não ser matá-lo. Isso a fazia tremer, o guarda estava ali apenas cumprindo seu dever, zelando pelo bem da cidade, era diferente de todos os outros homens em que tirou a vida durante a aventura passada.

    — Você… você é uma pirata!

    No instante em que ouviu tais palavras, a mais nova se preparou para atacá-lo, porém o homem foi esperto e rapidamente pulou no mar, garantindo sua sobrevivência. Ela desceu ao convés em passos largos até o capitão.

      — Precisamos partir agora… – Notou que Jack empurrava o último guarda a bordo para rolar pela prancha de embarque até se unir aos outros na praia já amarrados.

    — As suas ordens amor — Jack sorriu alegre — Levantar âncora, soltar a verga do mastro, impune a caravela, preparar para zarpa! — O pirata deu seu comando, mas logo recordou que os únicos tripulantes da nau era ele e a garota. Frustrado, fez uma de suas inúmeras expressões desgostosas  — Sinto falta do sr. Gibbs.

      — Não é hora para o seus delírios capitão, um homem escapou e não vai demorar para toda a marinha real de Port Royal estar aqui.

   A dupla preparou o navio e zarparam da cidade, aos poucos a embarcação se distanciava da costa. A garota sabia que sua partida poderia ser definitiva e que seu retorno à Port Royal a levaria a forca por aliar-se a pirataria, mas havia muito a se recuperar, e aquele era o momento.

      — Jack para onde vamos agora? — Ela fitou o pirata curiosa.

      — Onde mais podemos conseguir um bom navio, homens que não dão a mínima se vivem ou se morrem, rum e o mais importante, o paradeiro de Barbossa? — Sparrow sorriu vitorioso. Notando um certo receio no rosto da moça, afinal, não tinha boas lembranças da sua curta estadia naquele lugar.

  – – –

    Não sabiam se era sorte ou era apenas questão de tempo, mas Moira e Jack partiram de Port Royal sem qualquer intervenção da marinha, ainda podiam ver o monte de terra se distanciando no horizonte, enquanto o grandioso mar os abraçava em sua jornada.

    Moira terminou de enrolar a última corda no cabo de amura e então escorou seus braços na amurada e fitou Port Royal. Quando partiu a dois anos não imaginava o quão arriscado e surpreendente seria sua viagem em busca do melhor amigo, entretanto, em seu coração permanecia a certeza de que retornaria à cidade, para os braços de sua família. Já naquele instante em que as luzes estavam apenas em resquícios, seu peito apenas doía, enquanto seu coração dizia adeus. Não fazia ideia do que viria a seguir, mas seja lá o que fosse, ela não teria uma segunda chance. Não merecia.

      A frente do leme o capitão observava a moça, tinha algumas suposições a respeito daquele momento em que ela se encontrava, porém estava mais interessado em entender algumas coisas que ainda mantinham-se  no escuro. Pensou em chamar a atenção dela, mas logo notou que Moira descia para o convés e vinha em sua direção. Ela subia as escadas com um meio sorriso em seu rosto, não poderia ficar a pensar no que deixou para trás, pois isso a faria pular no mar e retornar, abrindo mão completamente dos seus erros do passado.

     — Por que o coração é mais importante? Afinal abriu mão de ser quem realmente é, para viver uma vida sem graça e totalmente entediante ao lado dos Brodbeck — O mais velho iniciou assim que ela colocou o pé no último degrau.

    —  Não sei se quero falar sobre isso… — A garota respondeu fria.

    — E sobre a maldição?

   — A que se refere ? — Ela o fitou curiosa.

   — Essa que impede qualquer comodoro de casar-se com as filhas dos governadores de Port Royal — Jack deu um leve sorriso, sendo retribuído pelo mesmo gesto.

  — Podemos chamá-la de furacão Jack Sparrow, afinal de contas de uma maneira ou de outra, você estar sempre envolvido nesses pequenos imprevistos — Moira brincou e Jack sorriu ainda mais. Mas ela novamente ignorou o olhar do pirata e virou-se para o convés, apoiando suas mãos na amurada frente ao leme —  Não era mais a mesma coisa Jack, voltar para casa não foi um refúgio, nem para mim tão pouco para ele…  Nossos sentimentos… os sentimentos dele por mim já não poderiam ser aceitos como a princípio, então Marshall me pareceu uma boa maneira de seguirmos em frente, mas isso apenas causou a partida definitiva de Daniel… — Moira respirou fundo tentando conter suas emoções para que nenhuma lágrima viesse a rolar em rosto.

      — O petulante rapaz foi embora e você não foi atrás dele? — Jack soou irônico em sua pergunta.

         — Danny não é mais um garoto confuso, o homem que partiu tinha certeza do que queria, não havia mais redenção...

      As palavras ouvidas pelo capitão  eram claras, mas não o suficiente para que as peças daquele quebra-cabeça fossem montadas. Jack sempre soube que entre Daniel e Moira havia um sentimento muito maior do que a moça insistia em dizer, por isso o fato de não saber o motivo dela o ter rejeitado só aguçava ainda mais sua curiosidade.

   — E o que mudou?

   — Para aquilo que mais se deseja, sempre há um preço a ser pago no final… — Ela o fitou— E quanto a você Sparrow? Conseguiu achar a tal fonte da juventude?

    — Sim, não posso dizer que bebi da fonte, pois situações fortuitas  me levaram a um pequeno ajuste de curso — Jack ficou pensativo.

    — Me parece que seus planos perfeitos já não tem a mesma exatidão de antes, não conseguiu a juventude, caiu na minha armadilha… — A mais nova sorriu de canto. Então o pirata a fitou em seguida.

     — Na verdade eu diria que fui bem sucedido, não na fonte talvez, mas vim a Port Royal com um único propósito, e olho para ele agora — Finalizou sorrindo. O olhar confuso da jovem o divertia.

   — Jack você não… — Moira revirou os olhos quando entendeu por fim.

   — Ora Mô,eu não permitiria que a maldita marinha me colocasse naquela cela pestilenta outra vez a menos que isso me remetesse a sua inebriante companhia futuramente.

     — E como descobriu?

    — Além do fato de esta infernalmente brava pelo roubo do seu colar? Seu plano foi um declínio imperdoável, sendo filha de Jones e Calipso eu esperava algo melhor — Jack expôs.

      —  Ora seu…

— — —

    Momentos antes em Port Royal, as coisas tornaram-se ainda mais confusas para uns, enquanto para outros era o fim de um enigma. Marshall havia sido avisado da fuga de Jack, então partiu junto a alguns oficiais para a residência dos Brodbeck pois segundo suas suspeitas, o pirata faria uma visita a família. Enquanto relatava o ocorrido ao governador, ouviram sons de tiros próximo a entrada, rapidamente foram averiguar e se depararam com os dois guardas feridos no chão.

    Os dois contaram que foram atacados por um pirata, Robert ficou preocupado e retornou para a casa a fim de averiguar se seus filhos estavam bem, foi aí que ele se deparou com o quarto de sua filha completamente desorganizado e sem qualquer sinal da moça. Katherine desmaiou ao saber do rapto de Moira, enquanto Alec fingia não saber dos planos de fuga da jovem.

    Não demorou até que a segurança da mansão fosse dobrada e Robert e Marshall fossem para o Forte, onde poderiam lidar melhor com o ocorrido. Brodbeck estava afoito, e perplexo com a audácia de Sparrow, acreditando que de alguma forma, o rapto da filha fora uma vingança pela apreensão do pirata.

    De repente um oficial entra às pressas no gabinete de Marshall.

     — Senhor! O navio em que Collins e os outros mantinham vigia foi roubado, Basher escapou do ataque e quer falar com os senhores.

     — Mande-o entrar agora! — Ordenou Robert.

      O homem ainda molhado e de voz ofegante adentrou a sala, Marshall colocou uma cadeira para ele se sentar.

    — Cômodo Marshall….g-governador Brodbeck… eu vi, eu vi — Ele tentava se recompor mas sem sucesso.

   — Diga homem, se sabe qualquer coisa sobre o prisioneiro fale agora! — William bravejou.

    — A  s-senhorita Brodbeck, ela… — Basher fitou o governador, estava incerto se dizer a verdade naquele momento iria contribuir em algo — Ela ajudou o prisioneiro a fugir.

    — O que?! Como se atreve?! Moira foi rápitada por aquele maldito pirata!  — Robert rumou na direção do guarda, mas foi contido pelo comodoro.

     — Senhor fique calmo, Não é o momento para perder a cabeça! — Assim que o governador cessou, Marshall fitou o oficial — É uma acusação muito grave, se estiver errado será condenado.

    — Se estiver?! Comodoro Mashall, está duvidando do caráter da minha filha?! — Robert articulava as mãos no ar.

   — De maneira alguma senhor, me perdoe, sei que Moira jamais faria algo assim. Este homem será interrogado e depois punido por suas atitudes imprudentes, eu mesmo me encarregarei disso — Ele puxou o homem pelo braço e o guiou para fora do gabinete junto a Joseph.

    — Senhor peço clemência, não estou mentindo, ela e Jack Sparrow tomaram o Titan e partiram, o senhor precisa acreditar em mim! — Basher estava desesperado, pois conhecia o frio superior. Se surpreendeu quando Marshall desviou o caminho que levava a prisão.

    — Tem certeza de tudo que está dizendo? — Perguntou baixo.

     — S-sim senhor, por Deus...

     William respirou fundo tentando conter seus sentimentos.

   —  Suma, não quero ver a sua cara nesta cidade nunca mais — O oficial deixou o homem ir. Passou as mãos sobre os cabelos enquanto comprimia o maxilar.

    — Marshall...— Joseph se aproximou do seu superior — Está tudo bem?

    — Eu estava certo, todos esses anos eu estava certo...

     — E o que pretende fazer a respeito?

      — — —

    O sol já se escondia em meio ao horizonte quando a âncora do Titan desceu ao mar, o porto estava repleto de navios, desde pequenos veleiros até galeões. A dupla desembarcou e começou a caminhar rumo a cidade proibida. As tabernas começavam a serem abertas, prontas para mais uma noite de grandes faturamentos, pois a maioria dos piratas gastavam toda suas partes nos saques com bebidas e mulheres em uma única noite. Tortuga não havia mudado nada nos últimos dois anos  segundo Moira, que caminhava apreensiva quando alguns homens mal encarados passavam a seu lado.

       — Esse lugar me traz péssimas recordações… — Comentou, ficando mais próxima do capitão.

       — Ora Mô, deixe o passado para trás, aproveite tudo que Tortuga tem a oferecer savyy?! — Jack tinha sua atenção presa a uma mulher com um vestido ousado e seios fartos, que passava sorrindo para ele.

      — E o que seria? Bebidas que inibem o caráter das pessoas, as transformando em completas desequilibradas ou os prazeres carnais mais pecaminosos existentes? — Ela revirou os olhos em desprezo só de imaginar tais coisas.

      — Eu me referia as oportunidades, mas tudo que disse também é válido — O pirata sorriu para a jovem. — Agora precisamos encontrar o Gibbs. — A expressão da moça ficou serena ao saber que o velho homem estava vivo.

     Jack e Moira então começaram sua busca pelo outro pirata, eles procuraram por tabernas, pensões, chiqueiros, estábulos, becos e vielas, mas nem sinal do outro. Quando ela já começava a temer o pior, a atenção de ambos foram tomadas por uma euforia seguida de barulhos de galinhas cacarejando assustadas. Olharam para trás e avistaram um homem ser enxotado de um bordel por uma mulher que Brodbeck presumia ser a Madame do local. Sparrow e ela se entreolharam e seguiram até o homem.

    — Gibbs seu javali de costeletas, criando desafetos com as moçoilas novamente — Jack sorria largo, esboçando seus dentes amarelados.

    — Jack! — Exclamou o imediato.

    — Senhor Gibbs! — Moira correu e abraçou o homem que prontamente a correspondeu.

     — Garota! — Joshamme fez um sinal para Jack como se perguntasse o que ela estava fazendo ali. O capitão por sua vez apenas fez outro sinal que ele entendeu imediatamente — Como é bom vê-la, está cada vez mais encantadora — Disse assim que o contato foi desfeito.

    — Obrigada.

    – Cumprimentos a parte, onde estão meus navios? — Jack iniciou.

      — Escondidos como combinamos.

       — Ótimo, agora só precisamos de um navio e tripulação, mestre Gibbs, contrate o máximo de homens bêbados que puder, senhorita barganhe um navio — Jack passou entre os companheiros como se tudo estivesse concluído — Nos encontraremos no Marinheiro Solitário.

        — Espere! Não pode me deixar sozinha aqui! — A mais nova exclamou incrédula, então notou ele retornar até ela.

       — Capitão — O pirata deu ênfase a sua posição com um sorriso — Lembre-se que quem causou tudo isso foi você.

      A garota ficou ainda mais irritada por Jack usar suas próprias palavras contra ela. Fitou Joshamme em seguida, na esperança de que o imediato pudesse ajudá-la.

      —  Bem, vejo vocês  no Marinheiro Solitário então — O subordinado de Jack saiu o mais rápido que podia, ignorando o possível pedido de ajuda.

     Moira deu as costas aos piratas e sob passos pesados seguiu para seu mais novo desafio.


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Notas finais do capítulo

Até+

bjkas!



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