Piratas do Caribe - O Retorno para o Mar escrita por Capitã Nana


Capítulo 13
Memórias


Notas iniciais do capítulo

Olá

Tem alguém ai?
Para refrescar a memória de vocês, a promessa que Moira fez ainda lá no Coração de Nirina, foi que jamais deixaria ser tocada novamente por um pirata ;)

Por enquanto é isso.

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/732631/chapter/13

 

Após um suspiro de falso cansaço Jack Rackham cedeu ao pedido de Brodbeck, causando o espanto em Anne e a raiva de seus subordinados, principalmente o marujo que foi rendido pela garota após insulta-la em Tortuga.

— Capitão não deixe que essa mulher o engane. — Expressou o pirata.

 — Acho que ficar cara a cara com a morte em Tortuga não foi o suficiente para o pobre diabo — Gibbs deixou escapar, lembrando em seguida que Moira não sabia que fora espionada.

  Logo a semideusa mirou o capitão de dreads, que deu um sorriso amarelo e acenou para ela. A vontade naquele momento era pegar sua pistola e atirar em Jack para acabar de uma vez por todas com aquele maldito jogo de segredos que o outro tanto parecia apreciar.

  — Saiam — Calico ordenou a sua tripulação. E mesmo contrariados acataram a ordem, excerto Bonny que ainda pretendia aniquilar todos ali presentes se necessário. — Se o assunto que a trouxe aqui é o Úrsula devo dizer que… — Ela o interrompeu.

   — Estou satisfeita com a minha compra, mesmo tendo perdido toda a tripulação por conta do nosso velho amigo incomum.

  — Ainda está em posse do Úrsula? O trouxe para cá? — A ruiva perguntou um tanto assustada.

 — Sim o Úrsula está em Nassau.

  — Maldita — A ruiva repentinamente atacou Brodbeck, mas ela desviou por muito pouco do golpe de espada — Hook virá atrás do navio! — Quando tentou atacar novamente Rackham saltou a mesa que os separavam e impediu a companheira de investir.

 — Anne fique calma, pelo menos por enquanto — Após alguns instantes fitando o capitão, Bonny desistiu do duelo. Calico voltou sua atenção para a moça — Se não está aqui para brigar está para negociar, correto?

  — Não. Nossa estadia aqui será breve, apenas o tempo que o senhor levará para responder a minha pergunta — Moira replicou. Seu semblante estava sério assim como seu olhar intimidador.

   — Que seria?... — Calico sentou-se onde estava anteriormente sendo observado por Bonny.

   — Qual era o propósito de Gancho antes da busca pelo Úrsula? O senhor como capitão deve saber das ambições de seus homens.

  — A senhorita deve conhecê-lo melhor do que eu — O pirata sorriu de canto. Estava nervoso com tudo que estava acontecendo, mas procurava uma maneira de não transparecer.

   — Não me provoque Rackham ou posso esquecer do que me diferencia de James Hook.

    — Vingança — Anne respondeu a outra assim que viu um brilho diferente nos olhos de Brodbeck, o mesmo mostrado por Gancho no passado. — James tinha como maior objetivo vingar-se da criatura que destruiu sua mão esquerda.

   Sparrow que estava entretido com a visão privilegiada do salão onde poderia apreciar os decotes das meretrizes, rapidamente atentou-se a conversa.

   — Criatura? — Manifestou o capitão do Pérola.

   — Mais  precisamente um demônio do mar — Calico prosseguiu — Segundo ele, esse ser é tão mortal quanto uma sereia, tão cruel como o Kraken e traiçoeira como um crocodilo. Depois que tomou o meu navio aquele cão do inferno até colocou na proa uma escultura que deduzimos ser a imagem da tal criatura.

   Moira engoliu em seco tudo que ouvia como se tal ódio jamais pudesse partir do ex amigo.

   — Nunca vimos nada parecido, nem se quer acreditamos fielmente em suas palavras, mas uma coisa é certa, ele não vai desistir mesmo que custe a própria vida. — Anne finalizou  já notando os olhos azuis da outra marejados.

   Um breve silêncio se instalou entre os piratas presentes. Jack Rackham, Anne Bonny, Augustus e Graham tentavam entender qual seria a razão da moça em procurar tal resposta. Enquanto Gibbs e Jack fitaram Moira, pois conheciam muito bem a  história.

  Ela não foi capaz de proferir mais nenhuma palavra, apenas se retirou  em passos largos deixando todos atônitos.

 — Bem, creio que com isso chegamos ao fim dessa reunião — Disse Jack com um sorriso — Obrigado pela ajuda ou seja lá o que isso tenha sido. — Ele fez uma breve reverência com a mão e seguiu para as escadas com Gibbs e Graham — Há propósito, Augustus ainda está em tempo de reconsiderar e se unir a nossa tripulação.

  Rackham revirou os olhos e Anne bufou inacreditáveis. Mas assim como Henderson, eles não puderam replicar pois Jack e seus subordinados já não estavam presentes.

   — Não gosto da presença deles aqui — Comentou a ruiva.

   — Escreva o que digo Anne, tudo que estamos enfrentando com a marinha e Nassau é só o começo. Jack e a garota nos trarão mais problemas.
 

 — — —

  Em meio as ruas agitadas Moira caminhava em passos largos, com lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Daniel, o rapaz que um dia lhe jurou amor agora tinha sede de vingança e ela tão  pouco podia culpá-lo, já que  considerava-se a maior responsável por todas as desventuras que ocorreram na vida do pirata. Quanto mais descobria sobre ele, mais repudiava a si mesma.

     Caminhava tão concentrada em sua angustia que pouco se importava com os galanteios de baixo calão que recebia dos piratas da cidade. Até que a voz de um deles a fez despertar.

 — Oe! Moira! — Gritou Jack, correndo desajeitado até ficar próximo a ela.

 — O que quer Sparrow? Tripudiar da minha infelicidade? — Respondeu ainda caminhando.

 — Daqui há alguns anos talvez, quando perceber o seu erro. Poderíamos beber um bom vinho do porto em San Martín enquanto massageia meus pés e diz o quão arrependida está de vir a essa maldita cidade atrás de algo que você acredita ser culpada  cujo a verdade é inegavelmente outra.

   A jovem semideusa revirou os olhos. Em outro momento até poderia rir do devaneio de Jack, mas naquele momento só queria manter distância mesmo que parecesse impossível.

  — Não há outra verdade capitão, no fim eu sempre destruo tudo que toco, e sempre magoou pessoas inocentes…

  — Deveras, pessoas inocentes. Daniel não é inocente apenas  não havia encontrado ainda motivos suficientes para revelar quem realmente é, savvy?— Retrucou o pirata.

     Ela virou-se para ele pois queria ver em seus olhos a verdade.

 — Agora o senhor quer falar de revelações? Excelente, poderia começar  dizendo o que realmente quer de mim. Estava me vigiando em Tortuga, continua a navegar comigo mesmo sabendo que não tenho nada a oferecer a sua maldita ganância e agora está me seguindo por que?!

   Jack notou os olhos que tanto admirava cheios de lágrimas e vermelhos, então se lembrou que mesmo sendo filha de quem era e tendo um imenso poder, Moira ainda era uma garota frágil e confusa quando se tratava de decepções.

  — Tempo e maré amor. — Respondeu com seu sorriso cínico de sempre.

   Brodbeck respirou em falso cansaço e abrindo mão daquele diálogo. Continuou a caminhar.

    — Para onde está indo?!

  — Para qualquer lugar onde não existam piratas! — Exclamou irritada, mas sem olhar para trás.

  — Para o mar? O berço dos piratas? Onde tudo começou e onde tudo irá terminar? — O capitão retrucou em ironia, pois notou que era esse o caminho que a jovem seguia.

  De maneira repentina os passos de Moira cessaram. Jack tinha razão, o mar era o berço dos piratas e também o seu, não importava onde fosse, o destino sempre lhe cobraria um retorno. Ela novamente virou-se para o homem em silêncio, estava derrotada, o brilho que sempre esteve em seus olhos desaparecera, deixando apenas um rosto marcado em seu fardo.

  — O que farei Jack? — Perguntou com voz embargada.

  —  Seja quem nasceu para ser, haja por egoísmo, seja livre. O resultado será bem mais gratificante do que passar a vida se culpando por não fazer a felicidade de todos.

    Poucas vezes era possível ver o capitão do pérola negra sério, a semideusa nem ao menos se lembrava de tal momento. Havia verdade em suas palavras e ela não sabia, mas uma ponta se rancor aumentava em Jack a respeito de James Hook.

   Caminhou até a garota ficando a sua frente, talvez pudesse se arrepender do que faria a seguir, mas seu interior não lhe dizia outra coisa que não fosse abraçá-la. Moira correspondeu e em seus braços desabou em lágrimas. Naquele momento Sparrow lembrou-se de quando a encontrou no mar e tudo que passaram até aquele instante, cada sorriso, medo, determinação e então o beijo...

    Não havia lugar no mundo em que a jovem se sentisse mais protegida de seus medos do que exatamente ali. Era  inexplicável para ela porque justamente Jack a fazia se sentir assim, estava ciente de sua ligação com o pirata, mas era muito mais do que o seu lado Deusa almejava. Parou de chorar e o fitou.

    Ele passou a mão no rosto da garota para secar suas lágrimas, não podia ver o quão rubro a pele marcada pelo sol estava, mas Moira sentia cada pelo de seu corpo se arrepiar ao toque do capitão.

  — Você tem razão…

  —  Nunca me canso de ouvir isso — Ele sorriu e foi retribuído pelo mesmo gesto.

  — Mas não deveria ficar assim tão perto Sparrow…

   — Então afaste-se ou siga o caminho que sua bússola interior te indicar — O tom cheio de charme na voz de Jack era tão suave e atraente.

  O hálito quente próximo a seus lábios rosados sedento pelo encontro que estava por vir, os olhares fixos um no outro dizia tudo que as palavras não souberam ou quiseram expressar. No entanto Moira resistiu e se afastou.

  — H-Há dois anos venho cumprindo a minha promessa, não irei desfazê-la agora…

 — Ah, sobre essa sua promessa querida acho que-

  — Boa noite capitão — Brodbeck o interrompeu. E assim seguiu para o centro da Nassau onde encontraria um lugar para passar a noite.

    Jack a observava partir e um sorriso nostálgico se formou em seus lábios.

   “Bússola interior… onde será que já ouvi isso?” Pensava a jovem em seu caminho.

— — —

                                                                                Dias atrás em Tortuga

 Pouco importava as horas para aqueles que eram livres de qualquer obrigação que não fosse ser feliz, mesmo que fosse algo momentâneo. Gargalhadas e linguajar único era um ponto forte naquela ilha, acompanhados de muitas cantorias, danças,prazeres, brigas, vinho, cerveja e rum.

  O brisa leve indicava  que logo um novo dia iria se iniciar, e caminhado pelo porto estavam Jack e Moira sorridentes e cantantes com garrafas de rum e vinho em suas mãos. Eles estavam em uma ponte de acesso ao mar, usada para pesca, embarque e desembarque de navios. Com a quantidade de bebidas que ingeriram noite a dentro, talvez nem se dessem conta de onde estavam.

 — Quinze homens mortos sobre um caixão. Yo ho, ho ho E uma garrafa de rum! — Jack ergueu sua bebida.

   — A bebida e o Diabo se encarregará dos outros. Yo ho, ho ho E uma garrafa de rum! —  Moira girou alegre e  perdeu o equilíbrio  caindo no mar.

   O capitão já estava há alguns passos de distância fazendo reverências aos ventos pois no caminho onde estavam nem ao menos uma alma daqueles que já se foram vagava por ali aquelas horas.

 — Jack! — Exclamou a jovem ao não conseguir nadar  — Jack!

   — Está ouvindo isso? —  Sparrow olhou para os lados e só então notou a ausência da moça, percebendo que era ela quem o chamava — Oh!

 Cambaleando ele retornou até onde ela estava. Fez uma expressão confusa ao vê-la batendo os braços com intensidade na água.

 — Como foi parar aí?!

 — N-não importa, ajude-me! — Sua voz estava embargada pois era difícil respirar com toda aquela água lhe cobrindo.

  Jack deixou seu rum de lado e se abaixou, estendendo a mão para que Moira pudesse segurar. Com um pouco de dificuldade ela conseguiu, e ele a puxou para cima. A garota se apoiou no pirata que mal sustentava seu próprio peso, e então ambos caíram, ela rolou para o lado e os dois ficaram deitados no chão de madeira enquanto descansavam.

     — Você está bem? — Sparrow perguntou olhando para o lado que ela se encontrava.

    — Vou sobreviver — Ela retirava os cabelos molhados em seu rosto — Estar molhada em plena madrugada não estava em meus planos. — Fitou o céu com poucas nuvens e repleto de estrelas — Obrigada, você me salvou…

     — Ora Mô, você é filha do mar que mal poderia acontecer a senhorita? — O mais velho também fitava o céu.

   — A filha da Deusa do mar não sabe nadar, quanta ironia — A jovem começou a rir, um riso tão espontâneo e inocente que contagiou o capitão.

 —  Deveria repetir mais vezes.

— O que? Sair por aí caindo de tão ébria? — Ela continuava a rir.

 — Sorrir — Expôs. No momento em que Jack lhe disse, Moira trocou o riso por um mais tímido. Seus olhos se encontraram aos dele, e um pequeno calor surgiu em suas bochechas.

 — Capitão, creio que o senhor não está em condições suficiente para avaliar-me — Brodbeck se sentou, retirando o excesso de água dos cabelos, a capanga que trazia consigo o Pérola Negra, e seu sobretudo.

— Ótima observação amor. — Sorriu, mas não seguiu os passos da garota, permaneceu deitado. — No entanto, não haveria julgamento apropriado para um homem bêbado pelo seu crime de não notar tal maravilha.

— Belas palavras “amor”, conquistaria qualquer donzela com elas. — A garrafa de rum de Jack logo ganhou outros lábios para toca-la. A bebida estava mais amarga que de costume pois Moira ainda tinha o gosto adocicado do vinho em sua boca.

— Menos uma — A resposta de Jack a deixou curiosa, então resolveu se aprofundar no assunto

 — E por que? — A moça mantinha sua atenção nos cabelos, os torcendo para secar com facilidade.

 — Bem, ela viveu cercada de mimos, cobiça, grandes  cortejos, e agora está novamente no último lugar  onde palavras bonitas não são conhecidas e no entanto, não me parece nem um pouco insatisfeita.

   Enquanto conversavam, de maneira furtiva Jack trocava os navios engarrafados, finalmente tendo posse do seu querido Pérola Negra, e devolvendo a bolsa o Carmen De La Rosa.

  Ela arregalou os olhos ao finalmente notar de quem se tratava, sorriu mordendo o canto do lábio, estava se divertindo e não havia nada que sua consciência pudesse dizer que mudaria aquele momento.

  — Então se não são  palavras, o que falta para conquistá-la?

  Nesse instante Jack se sentou e ela voltou sua atenção ao mais velho e assim dando a ele a oportunidade de apreciar as belas orbes azuis.

 —  Ainda é um mistério para mim, mas acredite Jones, ainda irei desvendar. — Um sorriso charmoso desenhou os lábios do homem.

  — Sabe capitão, eu tenho uma bússola e é ela que me diz para onde conduzir a minha vida, cada decisão. Minha bússola interior…

— E o que a sua bússola interior lhe diz neste momento?

Tenho a flecha do cupido, a riqueza é ilusão. E só pode consolar-me, meu marujo alegre e bom… — Ela cantou suavemente até encontrar seus lábios aos do capitão.

 O beijo tão esperado ganhava intensidade a medida que ambos se entregavam ao desejo. Jack sentia a energia transmitida para ele, a mesma energia feroz, intensa, inebriante que somente a verdadeira identidade da garota poderia esbanjar; Nirina. As mãos do pirata tocaram o rosto molhado dela assim como a dela estava pousada no peito semi amostra do mesmo.

 Partiram o beijo para tomarem fôlego, mas não o contato, então novamente seus lábios se uniram para mais um beijo cheio de desejo, porém pouco durou pois o som de garrafas se quebrando os tiraram do transe.

  — Piratas — Sparrow replicou insatisfeito com a interrupção.

   Moira desfez a aproximação e suspirou profundamente como se tivesse recobrado a consciência e assim notado o quão inapropriado havia sido aquele diálogo seguido de beijos.

 — Estou com frio e preciso dormir, quero estar bem quando partirmos ao nascer do sol —  Pegou seus pertences e se levantou, erguendo a mão para ajudá-lo a fazer o mesmo.

 — Como quiser senhorita, conheço um lugar que poderá descansar sem precisar ficar de espada e botas — Sparrow deu passagem a jovem com um sorriso vitorioso.

  Assim foram até uma pensão intitulada Lar da Sereia, onde Moira pode passar o restante da madrugada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bye Bye

Bjkas!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Piratas do Caribe - O Retorno para o Mar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.