Here Isnt Alice escrita por Airi


Capítulo 13
You can't hide


Notas iniciais do capítulo

Demorou milhares de bons anos, hahah, tá, meses, porém está ai pessoar! UAHSUASHAUSHAUSH, espero que gostem *-*!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/73243/chapter/13

- Então, não vai me dizer como conseguiu chegar até aqui? – Annie perguntou calma, passando o algodão no braço ferido do Chapeleiro

- Já disse Annie, não sei ao certo como consegui, escapei por pouco e como estava morrendo de dor não vi o caminho, vim seguindo e... – ele fez uma pausa, olhando para o teto - ...vim parar aqui...

- Não me parece muito contente no momento... – ela comentou baixo, preocupada - ...aconteceu alguma coisa antes de sair de lá? Por acaso Reira...

- Não... – ele a cortou rapidamente, rindo, colocando as duas mãos na boca de Annie - ...não me arrependo de ter deixado aquela desnaturada para trás, jamais!

  Irritada, Annie tirou as mãos do Chapeleiro de sua boca e forçou o algodão em seu braço, o fazendo gritar de dor e se mover para o outro lado da cama, com a mão no corte, choramingando.

- Era só ter falado! Não precisava ter feito isso! – Ela berrou, o puxando de volta e falando com mais calma – Ela não era confiável, não é mesmo?

 O Chapeleiro ficou um pouco surpreso com o comentário da garota e ficou quieto. Seu passado era o que ele menos queria revirar naquele momento, uma lembrança tão dolorosa e cheia de rancor. Vendo que o assunto deveria terminar ali, Annie continuou quieta, engolindo sua curiosidade e terminando de limpar o enorme corte que ele havia feito, logo depois enfaixando o local e dando dois tapinhas de leve, com um leve sorriso nos lábios.

 - Está pronto! – ela disse satisfeita – Agora descanse está bem?

 Respirou fundo, passando a mão sobre a testa dele, deixando escorregar até o chapéu, onde o tirou e colocou na cabeceira, ao lado, vendo os cabelos desarrumados do Chapeleiro, passando a mão de leve, o olhando com certa nostalgia, se lembrando de tudo o que haviam passando até o momento. As discussões, irritações, risadas, momentos difíceis...tudo se passava pela cabeça da menina, nos mínimos detalhes, não deixando escapar nada.

 O Chapeleiro por sua vez, não entendia nada do que a pequena fazia, seu gesto estava mais para uma despedida, ele sentia algo estranho, como se ela estivesse pronta para ir e nunca mais voltar. Eles jamais tinham pensado nisso, um sem o outro. E quando tudo aquilo terminasse? Ela possivelmente voltaria para sua casa e ele ficaria lá, ou será que ela morreria para salvar a todos?

 A separação era inevitável e dolorida. Uma hora ela teria que acontecer e era por isso que eles jamais deveriam ter se apaixonado, mesmo que apenas eles soubessem da existência deste amor, desconhecendo o sentimento do outro, era difícil.

- Eu vou descansar, mas você vai continuar aqui, não vai? – ele perguntou baixo, segurando a mão dela, a olhando com certa ternura nos olhos castanhos

- Estarei aqui quando acordar meu querido companheiro, pode dormir...

 Os modos de Annie estavam cada vez mais suspeitos para o Chapeleiro, tão doce, amável...parecia tão madura naquele momento. Talvez porque reconhecera seus sentimentos, seu atual estado e sabia que tinha que lutar, mesmo que lhe custasse a vida. Os olhos tristes da menina não o alegravam, mas não tinha a coragem suficiente para lhe perguntar o que lhe afligia. Assim, ele fechou seus olhos, percebendo o quanto estava cansado, dormindo rapidamente.

 Alguns toques na porta acordaram Annie de seus pensamentos e antes mesmo que ela pudesse responder as batidas, a porta se abriu, dando passagem a John que a chamou baixinho para fora. Mesmo não querendo levantar a menina foi, deixando o Chapeleiro dormindo, sozinho no quarto.

 Assim que fechou a porta, John puxou Annie pelo corredor, andando um pouco apressado até longe do quarto e somente quando estava a uma boa distancia começou a falar, enquanto diminuía os passos.

- Ele melhorou?

- Parece que sim... – respondeu meio incerta - ...onde estava este tempo todo?

- Andando por ai, apreciando a vista – ele comentou um pouco distante – Creio que sabe sobre a minha antipatia com...

- O Chapeleiro...sei John – Annie disse rindo – Só não sei porque né? Vocês se dariam bem, seriam ótimos amigos

- Não posso ser amigo de um rival Annie

A menina parou de andar, olhando fixamente para o chão, segurando seu vestido o puxando de um lado, depois do outro. Curioso, John ficou olhando para os gestos curiosos que ela fazia. Não demorou muito para a pequena levantar a cabeça, deixando seus olhos curiosos tomarem conta dos dele, pendendo a cabeça para o lado, parecendo um pouco confusa.

- Rival? Como assim John?

 Annie não entendia, não ligava as coisas que estavam acontecendo ao seu redor e por mais que isso deixasse John atordoado de raiva, ele não conseguira segurar o riso, já que a expressão de Annie tinha sido tão sincera e angelical. O riso do outro a assustou e a tirou de seus pensamentos, onde vasculhava vestígios que a pudessem ajudar a desvendar o que seu amigo acabara de falar.

- Isso é algo que ainda vai descobrir sozinha

 John deu de ombros e voltou a andar, com Annie o seguindo, ainda bem curiosa.

 No corredor a menina deu de cara com a Rainha Branca, que achou intrigante a cena que via. Annie e John de mãos dadas em um momento tão critico na vida do Chapeleiro? Mas Chess não tinha dito que ela o amava?

- Minha querida... – ela começou incerta - ...poderia me explicar o que seria...

 Porém, ela foi interrompida pelo Gato, que apareceu próximo a seu ombro, falando baixo.

- Ela está descobrindo majestade, não lhe servira de nada perguntar agora, apenas a deixara mais confusa

 Ponderando um pouco a situação a Rainha concluiu que seria mesmo melhor ficar com a boca fechada por algum momento, então, balançou a cabeça negativamente, tirando a mão de Annie da mão do jovem, e a puxando para um rápido abraço.

- Não é nada minha querida, depois lhe pergunto, sim? – dizia em tom amoroso – Quem sabe uma hora não tomamos um chá?

 A mudança brusca de assunto não fez Annie esquecer sua curiosidade para com os acontecimentos suspeitos desde que o Chapeleiro chegara, porém, não se atreveria a voltar nele, assim como todos os outros em todos os momentos em que mudavam de assunto. Assim, sendo convidada pela Rainha para o chá, Annie, educadamente aceitou o pedido informal, a seguindo.

 John iria seguir, mas o Gato se aproximou, flutuando para a frente do jovem, com ares suspeitos.

- A onde pensa que vai meu querido impostor? – ele disse com um largo sorriso

- Não se cansa de sorrir? – John perguntou irritado, se afastando

 Mas o Gato não queria mesmo dar trégua ao rapaz, voltou a entrar em sua frente, balançando seu rabo nervosamente.

 - E quando vai parar de mentir? – ele prolongou a ultima palavras, ainda sorrindo

 - Não estou mentindo...

 - Tudo bem então... omitindo, está melhor assim?

 - Chess... Annie não precisa saber disso agora. Eu sei que fui o culpado por traze-la aqui, sei que fui conivente com minha mãe, sei de todas as atrocidades que participei por ela, só não contava com me apaixonar por essa...pessoa angelical que Annie é... ela é maravilhosa, conseguiu me mudar em tão pouco tempo, quando percebi já não estava mais fingindo e sim a amando verdadeiramente. Porque ninguém é capaz de acreditar no meu amor? Ele é puro!

 John se exaltou e quando percebeu já estava falando sozinho. O Gato o deixara cuspindo palavras a toa. “Otimo”, assim ele pensava. Ninguém se importava com o sentimento do filho da Rainha Vermelha simplesmente por ser o filho de tal monstro. O jovem sabia que teria que provar ser fiel com seus atos, palavras não bastavam e mesmo sabendo que estava atrapalhando totalmente o destino de sua amiga e amada Annie, ele não podia deixar de acompanhar cada minucioso passo da mesma. Era difícil para ele deixar esse amor falar mais baixo e pensar em um bem maior, seu egoísmo era maior do que os sentimentos coletivos, isso estava no sangue e ele não podia negar.

 Na sala de chás, a Rainha Branca ensinava a pequenina sobre os vários tipos e estilos de chá que existiam em Underland. Era difícil distrair Annie que sempre queria tratar de suas curiosidades, mas quando se conseguia a atenção dela era impossível ela se dispersar.

- Se mistura um pouco da verdura azul com a petúnia e pronto! Está um famoso chá “cabeça quente” feito! – a Rainha disse toda animada – Não é gracioso?

- É sim Majest--... é... é sim... – ela dizia sem jeito, olhando para o chá com pouco animo

- Vejo que está aflita minha pequena borboleta, tentei chamar sua atenção de varias formas possíveis hoje, mas creio eu que sua aflição seja maior do que o esperado – ela disse preocupada

- Não entendo porque todos escondem de mim alguns fatos – Annie começou, olhando as flores do canteiro da janela – Eu não sou burra, percebo as coisas a minha volta, mas não entendo... John... porque ele não pode ser amigo do Chapeleiro? Uma pessoa que me ajudou tanto, um amigo tão precioso pra mim. Além disso, sinto que não só ele, como vocês escondem de mim muitas coisas ainda, como se estivessem me privando de algum sofrimento... Majestade, com todo o respeito – ela continuava aflita, se aproximando da janela – Não sei muitas coisas, sou apenas uma menina de 16 anos, de um mundo, uma era, completamente diferente do seu. Meu modo de ver o mundo é completamente diferente deste, a pureza que percebo é tão grande que chega a me tocar...então...porque simplesmente os seres de Underland não se juntam para que tudo dê certo? É fácil, com muito apoio e determinação vocês tirarem aquela tirana do poder...

Ao terminar, Annie estava debruçada na janela, respirando fundo, tentando conter as lagrimas angustiantes que lhe teimavam rolar pela face pálida. Sentia-se fraca novamente, a tristeza e as duvidas vinham como se fossem rapidamente atingida por um flecha, fazendo a dor aumentar ainda mais. Ofegante, a menina fechou seus olhos dando um ultimo suspiro antes de desmaiar nos braços da Rainha Branca, que estava abismada com o podre do estado psicológico de Annie.

 Sentou-se no chão, deixando o corpo cansado da menina repousar sobre si, enquanto lhe acariciava a cabeça, de forma jeitosa, a olhando com tanta ternura, como se fosse a própria mãe de Annie. Respirou fundo, sorrindo levemente, enquanto Chess aparecia sobre a cena, um pouco preocupado, porém não demonstrando.

 - Quer que eu o chame? – Disse com certo desgosto por pensar em John

- Não... – comentou calma - ...tenho o remédio para Annie, porém, me assusta saber que sua aflição é tão grande, que voltou a afetar o que restou de bom aqui...

  A Rainha se referia ao canteiro de flores, antes vivo e cheio de cores, agora morto, quase em pedaços, caindo sobre o gramado verde lá fora. Sim, a Rainha havia pensado certo, Annie podia controlar a parte antiga de Underland apenas com suas emoções, mas isso acontecia apenas quando as emoções eram tão fortes a ponto de sair de seu ser.

------------------------------------------------------“----------------------------------------------------

Do outro lado de Underland, de onde o Chapeleiro havia saído, a Rainha tirana estava freneticamente procurando uma forme de ultrapassar a barreira. Sabia a localização, o problema, era passar por tal barreira.

- É mais fácil tira-la de lá Majestade, já lhe disse – Reira comentou calma

- EU QUERO ENTRAR LÁ!  - A Rainha berrou, irritada

- Confie em mim majestade, já sabemos a localização a três dias e ainda não agimos, como pode isso? Está deixando que ela se fortaleça! E assim jamais terá o que quer, Majestade pense comigo!

 Após uma longa pausa da Rainha, ela sorriu maliciosamente, olhando para a porta e falando algumas palavras como se tivesse tido uma brilhante ideia.

- Faremos uma visitinha a minha querida... hm... Titia...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Here Isnt Alice" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.