A decisão de Sofia. escrita por calivillas


Capítulo 13
Tenha um pouco de coragem




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Após as festas de fim de ano, as aulas de madame Lalique recomeçaram, assim Jean e Sofia voltavam juntos de metrô para o apartamento dela. Para todos os outros alunos, Jean e Sofia continuavam a ser apenas bons amigos, apesar de algumas brincadeiras mais íntimas e carinhos furtivos. Mas, em uma dessas noites, quando retornavam para casa, andando pelas ruas vazias e calmas da cidade, ela criou coragem para perguntar subitamente:

— Jean, o que você acha dessa nossa relação? – Jean a encarou, ergueu as sobrancelhas em interrogação, esperando que Sofia continuasse a falar - Porque, às vezes, eu acho estamos nessa só para agradar a Lia.

— Você sabe como é Lia, ela é como o fogo, cheia de paixão, isso me atrai, mas eu me sinto atraído por você por ser diferente tanto de mim como dela, enigmática. Por que você questiona tanto, Sofia? – Jean indagou, tranquilo – Por que não vivemos só o momento? Você não está feliz desse jeito?

— Eu estou feliz, mas, no futuro, um de nós poderá sair ferido – Sofia ponderou, ela tinha medo de se magoar, ser posta de lado.

— Se você viver com medo do futuro, não conseguirá viver plenamente o presente – ele a abraçou, passando a mão suavemente pelo rosto dela – Tenha um pouco de coragem, não sofra por algo que você não sabe se acontecerá ou não.

— Mas, vocês dois são tão intensos, cheio de paixão e calor, como você mesmo disse, eu sou tão diferente – Sofia confessou.

— É por isso que amamos e precisamos de você, Sofia. Se somos fogo, você é a terra, que nos acalma e não deixa nos consumirmos até as cinzas. Você é que nos dá o equilíbrio, nos acalma – ele ponderou, colocando o braço em volta dela para continuarem andando.

Em outra noite, no final da aula, todos vestiam seus casacos na antessala, quando madame Lalique se aproximou de Jean.

— Monsieur Baptiste, posso falar com você um minuto? – E virando-se para Sofia, continuou – Mademoiselle MontReggio, não vamos demorar muito, você pode esperar pelo Monsieur Baptiste.

Sofia se sentou no banco da antessala e esperou, enquanto Jean foi para sala de Madame Lalique, demoraram algum tempo e depois Jean voltou com uma cara de felicidade

— O que foi? Algo sério? – Perguntou Sofia, curiosa.

— Acontece algo muito bom! Madame Lalique tem um amigo, dono de uma galeria importante, ele está planejando uma exposição com novos artistas. Ela me recomendou e ele quer ver meus trabalhos. – Disse, não contendo a alegria.

— Parabéns! Eu estou tão orgulhosa de você e também com uma pontinha de inveja, mas você merece. Seu trabalho é muito bom – ela o parabenizou com um abraço.

— Madame pediu para eu levar os meus trabalhos o mais rápido possível, pois ele pretende selecionar logo os artistas para a exposição, que deve ser na primavera, os convites e catálogos precisam ser impressos.

— Você sabe o que vai mostrar a ele? Você tem tantos desenhos bons.

— Já sei o que vou mostrar a ele. Vamos para casa para comemorarmos juntos – Jean disse, animado.

No sábado, Jean chegou exultante no apartamento.

— Fui escolhido! Irei expor minhas obras! Ele adorou os meus desenhos! – Exclamou, exultante.

— Parabéns! – Elas gritaram, o abraçando e beijando.

— Estou tão orgulhosa de você, Jean – Lia disse, comovida, olhando nos olhos dele, Jean retribuiu o olhar, Sofia percebeu, sentindo uma pontinha de ciúmes daquela cena.

— Temos que comemorar! Champanhe! – Sofia anunciou, querendo quebrar o clima entre eles, assim, pegou uma garrafa na geladeira e voltou – Já tinha deixado separado para comemorarmos o grande dia.

Ele abriu e serviu e brindaram, Jean as abraçou e beijou uma e depois a outra.

— Não podia ser mais perfeito. Hoje à noite, vamos sair para comemorarmos, podemos ir dançar.

Em público, na maioria do tempo, mantinham uma certa formalidade, sem intimidades explicitas ou beijos a luz do dia, agiam como amigos, mas algumas vezes, no meio da madrugada, na penumbra de certos lugares, embalados pelo som da música alta e sensualidades da dança, animados pelas bebidas, os três se soltavam trocavam beijos e algumas carícias mais impetuosas, que quase sempre, que passam despercebidos pelos frequentadores dos locais, se havia algum olhar chocado, eles não notavam.

O inverno terminou e com o começo da primavera, as pessoas iam mais para as ruas, depois de tanto tempo recolhidas dentro de casa. O clima estava mais quente, todo mundo corria para os jardins e parques para aproveitar o tímido sol, se aquecendo como lagartos, deitados na grama sobre cobertores, assim os três passavam as manhãs de domingo, as flores começavam a aparecer e em breve a cidade se encheria de turistas.

— Faltam poucos dias para a exposição – disse Jean com a mão apoiando a cabeça, deitado olhando o céu, com um talo de capim na boca – Estou ansioso. Haverá também outros artistas muito bons lá.

— Foi você que escolheu seus desenhos? – Lia quis saber, curiosa, deitada com a cabeça no colo de Sofia, passando a mão nos cabelos de Jean.

— Não, Monsieur Armand, o dono da galeria, foi quem escolheu. Eu queria, mas ele me disse para confiar nele, que saberia quais seriam os melhores.

— Ainda bem que dará para conciliar a data da exposição de Jean e o casamento do meu irmão, mas terei que viajar no dia seguinte e ainda preciso comprar um vestido para o casamento, já que serei madrinha, não sei escolher este tipo de roupa. Você me ajuda, Lia? – Sofia pediu

— Fazer compras? Claro, afinal estamos em Paris! – Lia exclamou, animada com a possibilidade.

— A primavera não é maravilhosa, dizem que é a estação do amor – Lia falou e virou para o lado dando um longo beijo em Jean, em seguida, se ergueu para dar um beijo semelhante em Sofia, que ficou perplexa com essa demonstração pública, quando abriu os olhos deparou com o olhar de reprovação de uma senhora idosa para eles.

— Por que você fez isso, Lia? – Sofia questionou, aborrecida.

— Isso o que? Beijar vocês? O que que tem? – Ela não entendia a irritação de Sofia – Nós fazemos isso o tempo todo.

— Mas não em público, no meio do parque, com todo mundo olhando.

— Por favor, Sofia, não se aborreça – Jean ponderou, passando a mão nos cabelos de Sofia – Só foi um beijo, todo mundo faz isso. Não deixe essas pessoas preconceituosas estragar nosso dia.


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