Os Sete Heróicos escrita por Fernando Weimer


Capítulo 2
Capítulo 2 - Uma Pausa para Meditar Chamas


Notas iniciais do capítulo

Obrigado aos que leram o 1º capítulo Espero que gostem.



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A noite chegou. No refeitório, algumas conversas eram ouvidas, porém, grande parte dos campistas estavam calados. Estavam em pleno jantar, alimentando-se. Eu não estava entre eles; estava distante, perto da floresta.
    Fitava o nada, com olhar desfocado. Não percebia, mas estava estalando os dedos, fazendo surgir uma chama. A seguir, estalava os dedos novamente, polegar contra indicador, apagando a chama, e depois, reacendendo-a com um estalo. Um círculo de luz surgia ao meu redor, iluminando o breu da floresta, quando de repente, por entre as árvores, surgia Alice. Ela estava vestida com uma camiseta verde de seda e uma calça jeans. Seu cabelo castanho-escuro estava solto, e ela parecia a flor mais bela do mundo, a erva mais fina, o fruto mais saboroso.
    - Oi. - disse ela, sentando-se ao meu lado, quase colada ao meu corpo. Fiquei meio corado e sem jeito, mas apaguei a chama bem na hora, para que ela não visse meu rubor e minha expressão atônita. - Por que você não quer que eu vá na missão?
    - Q-quem te disse i-isso? - indaguei, gaguejando. Será que eu havia transparecido meus pensamentos através de minha expressão facial? Era provável, infelizmente.
    - Oras, faça-me o favor! A sua cara na hora disse tudo! Por que não quer que eu vá?!
    - Eu... eu...
    - Sim?
    - Eu não quero arriscar você numa missão que pode não ter volta.
     Por um momento, ela não disse nada. Ficou muda, me deixando nervoso. Tentei olhar para ela, mas não conseguia, pois tinha medo de me deparar com uma expressão de raiva ou de tristeza. Por fim, ela voltou a falar.
     - Por que se preocupa tanto comigo e não com os outros?
     - Eu me preocupo sim, mas...
     - Mas você acha que eu sou muito fraca para uma missão tão arriscada... - disse ela, me interrompendo, de uma forma amarga e nostálgica, um tanto triste.
     - Eu não disse isso.
     - Mas pensou! Ninguém nunca acha que uma filha de Deméter seja poderosa!
     - Se eu não achasse os filhos de Deméter poderosos, não teria recrutado um deles para a missão! - exclamei, me levantando abruptamente, irritado, já tendo apagado a chama em minhas mãos. - Eu só não queria que fosse você para a missão!
     - Claro, afinal, eu sou a ovelha negra da família, a única que não é forte o bastante! - e, dito isso, ela se levantou. Logo depois, ela se afastou, . Mas não se afastou suavemente, ou com raiva. Ela se afastou rápido, como se tivesse levado um susto, com medo. - Você... você ousaria fazer isso comigo?!
     Eu não estava entendendo. Eu não fizera nada contra ela, e de repente, ela saía correndo, aos soluços. Parecia até que eu a tinha ameaçado, ou até mesmo a agredido, coisa que não fiz. Tarde demais, eu reparei: ao redor de meus pés, um círculo de fogo, que se erguia até a altura de meus joelhos, surgira, queimando a grama, o que, para uma filha de Deméter, devia ser como esfaquear a sua carne.
     Como era possível eu ter liberado um poder como aquele somente por eu estar irritado? Nunca me acontecera aquilo, e eu não poderia deixar ocorrer novamente, já que, num momento de fúria, eu poderia ferir quem estivesse ao meu redor: aliados, amigos ou inocentes. Acredito que demoraria até Alice falar comigo de novo, e isso era ruim, afinal de contas, em uma semana seríamos companheiros de equipe, equipe esta que poderia não voltar completa. Que tipo de líder seria eu, se nem ao menos sabia controlar meus poderes?
      Das sombras, um vulto surgia. Era a filha de Hades, Clara. Normalmente, eu teria gritado com ela, por ela estar bisbilhotando, todavia, me sentia fraco e triste demais para me zangar. Eu estava triste por Alice não me entender, e também por eu não entender o motivo para estar tão irritado, o que me deixava ainda mais irritado. Quase feri Alice, e ela não compreendia meus motivos por não querer ela na missão; eram motivos para me irritar, mas não tão relevantes a ponto de me fazer conjurar fogo sem eu notar. E ela talvez nunca mais falsse comigo, e por alguma razão, isso me deixava ainda mais triste.
    - Quanto foi que você ouviu? - perguntei a Clara.
    - O suficiente para te achar um babaca ainda maior. - disse ela, em seu tom agressivo e esnobe. Porém, ela parecia meio compadecida, e eu não sabia exatamente o porque. - Acho que você deveria deixá-la ir. Pense... o que aconteceria se ela não fosse?
    - Ela iria ficar segura no Acampamento.
    - Tem certeza? Não acha que ela iria em alguma missão qualquer enquanto você seguia os passos da Profecia, apenas para bancar a rebelde, ignorando os riscos, tentando se mostrar capaz, se arriscando, sem se preocupar com sua vida?
    Pensei um pouco. Alice iria bancar a rebelde, como Clara dissera, precipitando-se e não analisando os riscos... e isso poderia custar sua vida.
    - Você está certa, detesto adimitir. Se ela for comigo nessa missão, eu poderei protegê-la, coisa queeu não poderia fazer caso ela estivesse longe de mim...
    - Exato. Demorou para perceber, hein?
    - Hum... obrigado, Clara. Te devo uma.
    Logo, ela não estava mais ali. A escuridão parecia tê-la engolido e a mandado para outro lugar.


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Notas finais do capítulo

Não gostei tanto desse 2º Capítulo XD os próximos serão melhores!