Memórias de Kar escrita por O Marido
Sorveteria? Hm... Vindo de você, aposto que optou por escolher este lugar por achar que nele, dentre as opções que tem, há menos chances de coisas ruins lhe acontecerem, certo? Talvez, só talvez, tenha se enganado... e feio!
Uma de suas mãos – as quais você também não tem o controle – eleva-se até a maçaneta da porta escolhida e a abre. Com um curto e irritante gemido a porta faz seu caminho até o canto da parede, cedendo passagem para seus pés – que voltam a se mover sozinhos - e adentram no local.
Seu corpo segue até próximo ao balcão de atendimento em passos calmos, enquanto isso sua cabeça olha ao redor, observando a situação do local. Constata: não há quaisquer clientes além de si ali, assim como nenhum funcionário se encontra presente. Barulhos são audíveis, mas poucos: o som de um bambo ventilador ao teto – que parece, apesar de estar a girar incessantemente, não jogar vento nenhum, a lugar nenhum - e as gotas que caem da pia do outro lado do balcão, onde possivelmente os empregados da sorveteria buscam se higienizar, e atingem o pequeno lago que se formou no tanque entupido abaixo delas.
“Back”. O estrondo causado pelo brusco fechamento da porta pela qual passou há pouco lhe faz inspecionar sua retaguarda, curioso. Exceto pela porta, agora fechada, nada mudou. Você apenas descobre o congelador onde ficam os sorvetes, picolés e derivados no canto esquerdo, perante a porta, e as mesas voltadas aos clientes nas laterais de ambas as paredes – coisas que antes passaram despercebidas por você -, todavia, ainda está sozinho e sem ideia do que foi fazer ali.
Quando se volta novamente para o balcão, finalmente descobre – por relance – a pequena porta particionada na quina da mesa que separava funcionários de clientes, e que se encontra aberta. Antes ela não estava aberta, você pensa. Antes parecia nem sequer existir aquela porta.
Outra vez, seus pés passam a agir sozinhos e direcionam passos através da nova abertura, guiando-o para o outro lado do balcão. Lá, cessam-se por um curto instante para que sua cabeça espie o arredor na busca de nada, entretanto, só capta a porta decorada com a placa de “banheiro”, a pia que já tivera conhecimento e a parte de trás do balcão, onde a gaveta do caixa do estabelecimento repousa.
Novamente sente aquele estranho calafrio. É hora da escolha!
Para onde deve rumar a seguir?
Banheiro
Pia
Caixa
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