Outra Dimensão escrita por ACLFerreira


Capítulo 77
Uma semana de folga


Notas iniciais do capítulo

Desculpe o atraso, companheiros! Meu computador deu pau, mas agora parece que vai!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/732391/chapter/77

Passou-se um bom tempo antes que Sarada pudesse voltar a cumprir missões. Naruto compreendia até bem demais a necessidade da menina ser bem treinada antes de se envolver em alguma batalha, então designou um membro substituto para sua equipe temporariamente para que eles não ficassem desfalcados.

O que não agradou nenhum dos membros restantes da equipe, mas souberam ser educados e o novo companheiro não se sentiu deslocado.

Ao menos não completamente...

E assim foram se passando as semanas, lentas e entediantes para a jovem Uchiha. Se não fossem pelos exaustivos treinamentos, todos os dias desde do nascer do sol até o horário do almoço e novamente até o pôr do sol, estaria absolutamente sem ter o que fazer. Não que reclamasse, adorava treinar, mas aqueles velhotes, como dizia a sua mãe, já estavam a irritando porque pareciam não acreditar em seu rápido desenvolvimento. Parecia que tinha de novo sete anos de idade e precisava provar o Chefe do Clã que já conseguia controlar jutsus de fogo.

Pelo menos seu tio não fora tão carrasco assim na ocasião...

Claro que jamais diria a eles que devia isso aos treinamentos noturnos com Ariel, então basicamente mal tinha tempo para si mesma. O que por si a estava deixando mais estressada do que nunca. O cansaço físico e mental já era visível em seu semblante e nas sombras escuras sobre seus olhos.

Certamente, era coisa demais para uma menina que ainda não tinha quinze anos.

Ela aguentou por duas semanas o árduo treinamento, sem comer nem dormir direito, até desmaiar de pura exaustão ao final de mais um dia. Na verdade, ela estava em estado quase zumbi pelas últimas duas horas, mas Daisuke só conseguiu encerrar o treinamento quando ela desabou que nem uma pedra.

Os Anciões somente fizeram um som contrariado e já começaram a fazer comentários nem um pouco lisonjeiros. O garoto fez o que pode para não lhes dar atenção, concentrado demais em examinar a irmã, e percebeu que ela estava anêmica. Normalmente, não era algo com o qual se preocupar, mas, dada a extrema pressão que estava sendo submetida nas últimas semanas, devia informar imediatamente a médica.

Ele a colocou em suas costas, mas um dos Anciões interveio.

— O treinamento ainda não acabou, rapaz!

Daisuke olhou para ele com os olhos estreitados, por segundos parecendo tanto seu pai e tio que fez o Ancião suar frio.

— Por hoje acabou...

Ele sumiu do Campo de Treinamento como um raio sem permitir mais contestações.

Quando ele chegou ao hospital, foi diretamente para uma das salas de emergência e preparou o tratamento. Já tinha feito os primeiros atendimentos quando a mãe entrou como um furacão olhando para os filhos como uma interrogação na testa.

— Ela está com um nível perigosamente baixo de ferro e açúcar. Acho que treinar tanto sem um dia de descanso está exigindo demais de seu corpo - comentou o rapaz, ajustando o soro.

— Pouca alimentação e muito esforço físico - concordou a mãe, massageando as têmporas. Será que a história estava fadada a se repetir? - Acho que vamos ter outra conversinha com aqueles velhotes insanos...

O rapaz deu uma risadinha ainda de costas para a mãe. Nada era pior do que sua mãe furiosa e parecia que os Anciões ainda não haviam entendido isso.

Mas tudo o que a furiosa mãe conseguiu foi uma semana de sossego para a filha enquanto ela se recuperava da exaustão física. A mãe ainda lhe passou uma rigorosa dieta e passou a vigiar de perto sua alimentação. Afinal, apesar de tudo o que eram capazes de fazer, ainda eram humanos e possuíam fraquezas como tal.

Não que a garota não tivesse apreciado a pequena folga, mas também sabia que cada minuto era precioso e não via a hora de voltar a fazer missões com a sua equipe. Quase não se viam mais ocupados com suas obrigações. A bem da verdade quase não saía mais do Distrito e isso por si só já a irritava por causa dos olhares especulativos dos outros membros do Clã.

Só conseguia pensar que não era possível que ainda fossem tão infantis. A inveja podia ser um combustível poderoso e também bem perigoso principalmente em pessoas governadas pelas emoções como era seu Clã.

Por séculos, eles quiseram se convencer e os outros de que não possuíam emoções, que eram frios, sanguinários e desumanos, mas era em momentos como aquele que dava para colocar em cheque essa máxima. Os jovens que no passado haviam feito pouco dela agora deixavam claro que não tinham mais pretensão de esconder sua aversão com relação a ela.

No último dia de sua folga, ela foi ao mercado a pedido de sua mãe para comprar alguns itens para o jantar. Sua mãe a proibiu terminantemente de usar as pílulas de comida durante os longos treinamentos, ela dizia que aquilo só era adequado durante missões quando não podiam parar para se alimentar, então decidiram que ela se utilizaria de bantôs e ai de quem a criticasse. Pelo menos, daria tempo para ela respirar.

Ela deixou o Distrito andando calmamente pelo pequeno bosque que separava a área do restante da Aldeia, agradecendo mentalmente pela oportunidade de respirar ar puro, mas sua tranquilidade durou apenas por uns poucos momentos. Um ruído a fez erguer o olhar, mas foi rápida para se esquivar.

— Parece que a “sangue ruim” está sozinha enfim - disse uma voz irônica, protegida pela escuridão. Sarada manteve as mãos ao lado do corpo, sem movimentos bruscos, deixando claro que não estava ali para uma briga.

— Achei que tinha amadurecido nos últimos anos - devolveu a ironia, mas recebeu como resposta apenas o silêncio. - Ainda usa esses insultos idiotas? Parece que ainda tem seis anos...

Ela fez menção de seguir seu caminho, mas um jutsu surgiu na escuridão forçando-a a sair de sua posição e colocar-se em posição de ataque, anulando o ataque recebido.

— Vejo que enfim conseguiu controlar a “Bola de Fogo” - voltou a ironizar, ouvindo um rosnado furioso audível o suficiente para ela enfim descobrir de onde vinha. Então ela lançou várias esferas de fogo, forçando a oponente a sair de seu esconderijo e se revelar.

— Quer uma disputa “mano a mano” aqui? - questionou Sarada, englobando ao redor, mas sabendo que nem pensar conseguiria convencer sua companheira que aquilo somente traria problemas para ambas.

— Está com medinho? Não sei como uma covarde como você pode convencer os Anciões que era boa o suficiente...

A outra simplesmente balançou a cabeça. Naomi não era alguém sensato, longe disso, passara a infância infernizando sua vida, seguindo o exemplo do irmão mais velho que a cada oportunidade deixava seu primo em maus lençóis. Duas pessoas de linhagens respeitáveis, mas de habilidades questionáveis que viviam para infernizar quem julgavam inferiores. Dois babacas em sua opinião sincera.

— Naomi, não acha que já passou da idade de se divertir humilhando os outros? Devia estar mais concentrada em encontrar uma carreira porque ninja... só se for um bem medíocre.

A garota ficou ainda mais furiosa, acionando sem querer seu sharingan, mas alguém com nível tão baixo de chakra isso podia ser perigoso. Sem pensar, Sarada acionou o seu, derrubando a oponente que desativou seu doujutsu, cerrando os punhos com o ódio aquecendo suas entranhas.

— Minha tia diz que passava pela mesma situação quando despertou o sharingan, pois ela era tão jovem que não possuía chakra o suficiente para controlá-lo. Ela ainda não tem para ser tão boa quanto muitos membros de nosso Clã... devia falar com ela sobre isso.

Sarada lhe deu as costas, mas Naomi se levantou com dificuldade.

— Isso ainda não acabou.

— Acabou muito antes de ter começado - disse, mas de repente já não estava mais lá e só então Naomi percebeu que estava em um genjutsu e sua rival já ia longe.

Ela gritou de raiva diante da humilhação, socando o chão.

 

Sarada foi e voltou rapidamente, mas, ao chegar em casa, pediu a mãe para poder dar uma volta. Queria aproveitar o último dia de liberdade antes de voltar para a sessão de treinamento árduo. Como odiava aquilo, mas ninguém entenderia, somente a sua mãe, e por isso Sakura concordou sem hesitar.

Ela vagou pela Aldeia a tarde inteira, mas não estava a fim de interagir. Por isso, se manteve incógnita observando os companheiros treinarem. Ela era uma profissional na arte da espionagem, mas não fazia aquilo para se mostrar ou para aperfeiçoar suas habilidades.

Foi somente quando a equipe dispersou que ela seguiu para a casa, mas alguém lançou uma adaga em sua direção, fazendo-a desviar. Quando aterrissou, sentiu uma adaga imediatamente encostar em sua garganta.

— Tente de novo - a voz irônica a fez revirar os olhos e dar uma cotovelada no garoto, fazendo-o recuar massageando a área atingida.

— Essa doeu! Qual é, Sarada, só foi uma piada.

A menina bateu uma mão na outra espanando o pó de suas luvas.

— Estou cheia de ser pega de surpresa hoje. Foi mal!

Boruto passou a mão entre os olhos e somente foi quando Sarada reparou na bandagem que recobria seu olho esquerdo.

— O que foi que aconteceu?

O menino suspirou.

— Só uma missão excepcionalmente difícil...

Sarada tocou a bandagem sobre seus olhos, entristecida. As rodas do destino continuavam girando em seu ritmo enquanto ainda pensavam sobre o que fariam de seu futuro.

Mas será mesmo que eles ainda podiam escolher o melhor caminho ou já era tarde demais para escolher outra vertente?

— E por que veio treinar com um olho apenas?

Boruto esfregou a nuca.

— Já estava entediado preso em casa.

Ela deu um tapa na sua nuca, balançando a cabeça.

— O que tem na cabeça? Lombriga?

Ele riu, levantando-se.

— Calma, estressadinha! Konahamaru-sensei não me deixou nem dar dois passos para dentro do campo. Disse que arrancaria meu outro olho sem piedade.

Sarada riu, continuando a andar em direção a sua casa. Logo Boruto se juntava a ela, os dois conversando sobre os últimos acontecimentos. Como ela já previra, o garoto não desistira de descobrir quem seria seu futuro cunhado, mas, sem nenhuma pista, ficava complicado.

E não adiantava dizer a ele para não perder tempo com isso.

Antes que se desse conta, os dois já estavam no arco de entrada do Distrito Uchiha e ela se deteve.

— Bem, foi uma ótima tarde, mas meus pais estão me esperando para o jantar e amanhã recomeça minha tortura...

— Daisuke me contou que aqueles velhotes não estão te dando sossego. Já foi até parar no hospital por causa disso.

— Eles se preocupam demais! - disse, despedindo-se, mas ainda pode ouvir o amigo:

— Espero que sim! Não quero ficar viúvo antes do casamento.

Ela lançou a adaga em sua direção, mas Boruto já tinha partido. Ela foi embora com um sorriso nos lábios.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Outra Dimensão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.