Outra Dimensão escrita por ACLFerreira


Capítulo 71
Família


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, amigos!!!



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Boruto ouvia sons muito distantes, mas não conseguia entender o que diziam. Tudo era confuso e sua cabeça doía horrores. Ele se sentou repentinamente, segurando a cabeça.

— Parece que finalmente acordou...

Ele afastou a mão sobre os olhos e olhou para a pessoa que falava, mas ficou imediatamente em choque. Uma mulher que seguramente estava com uns quarenta anos de idade o fitava, mas ela parecia-lhe estranhamente familiar.

— Não me reconhece, irmãozão? - disse, erguendo a sobrancelha, fazendo-o arregalar os olhos. Finalmente ele sabe a quem ela lhe lembrava, afinal ela realmente era a própria imagem da mãe de ambos.

— Himawari?

A mulher abriu um sorriso zombeteiro.

— Parece que é tão lento quanto me lembrava - comentou, fazendo-o corar profundamente. - Tia Sakura está vindo aí para te dar alta...

— Onde nós estamos? - perguntou Sarada, surgindo ao seu lado, fazendo-o pular de susto.

— A pergunta mais correta é quando... - disse a Uzumaki, cruzando os braços. - Parece que vocês sem querer encontraram o pergaminho de tempo-espaço e acabaram há quase quarenta anos adiante.

— Mais ou menos - soou uma voz, fazendo os dois jovens se voltarem para a porta do quarto. Uma mulher com cabelos rosa pálido, provavelmente causado pela idade, entrou com um tablet nas mãos.

— Mamãe?

— Tia Sakura?

Sarada e Boruto exclamaram ao mesmo tempo, fazendo a mulher erguer os olhos verdes e coçar entre os olhos. Parecia que procurava paciência, o que nunca fora seu forte, mas também sabia que não era um bom momento para recriminações.

— Agora quero que me digam por que eu fui retirada da minha aposentadoria?

Os dois baixaram a cabeça, envergonhados.

— O Boruto queria algumas explicações e me arrastou...

— Sério? E você tem o quê? Cinco anos? - questionou a agora anciã Uchiha, fazendo a filha corar que nem um tomate. - Onde estão as crianças?

— Em missão fora da Aldeia - disse Himawari, cruzando os braços. - Ainda bem, Sayuri e Yuri fariam um escândalo.

— Sayuri e Yuri?

— Meus netos - disse Sakura, sorrindo com orgulho, fazendo Sarada ficar sem palavras.

— Pelo menos sabe que nome dar a eles - soltou Boruto, fazendo com que ela o socasse. Sakura balançou a cabeça, mas Himawari riu lembrando-se dos dois jovens, como se provocavam.

— Vocês tem sorte de nem Sasuke nem Naruto estão mais aqui - declarou Sakura, imediatamente se arrependendo quando viu uma sombra de tristeza tomar o rosto de sua filha. - A Hokage está nos esperando no prédio, vamos?

Os dois a seguiram para fora do hospital e, se não acreditavam ainda no que estavam dizendo, agora estava claro com a cidade diante de seus olhos.

A modernidade havia atingido níveis alarmantes. Os trens que já existiam em sua época agora estavam muito mais rápidos e as linhas se espalhavam como teias de aranha por toda a cidade. Os prédios tomavam todo o centro da Cidade, somando o clássico ao moderno, mas ao longe ainda se podia ver as casas antigas muito bem conservadas. O Distrito Uchiha, o Distrito Hyuuga, mas não havia mais as divisões antigas, os portais haviam sido removidos. Somente em suas memórias...

Quando enfim chegaram ao escritório do Hokage, Sakura bateu na porta e foi autorizada a entrar.

— Eles estão aqui - disse, arrastando os dois jovens para dentro.

Havia apenas duas pessoas dentro da sala que imediatamente voltaram-se para eles. Uma mulher estava sentada atrás da mesa com os cotovelos apoiados na mesa, as mãos cruzadas e o queixo apoiado neles. Ao vê-la, os dois ficaram em choque e a viram erguer uma sobrancelha negra e balançar a cabeça.

— Por que isso não me surpreende? Posso apostar que foi ideia sua, não é?

Mas ela não dizia a eles, foi para a segunda pessoa na habitação. O homem sorriu, coçando a nuca. Ele era muito alto, os cabelos loiros agora cortados curtos e um manto negro que já havia visto dias melhores sobre os ombros.

— Se eu bem me lembro, você também gostava de participar.

Ela balançou a cabeça, sorrindo. A juventude despreocupada deixava saudades, mas agora tinha responsabilidades para com toda uma Aldeia. Que já não era mais uma Aldeia, rivalizava com a própria capital do País do Fogo em tamanho.

— Vocês tem ideia dos problemas que vocês me arrumaram aparecendo aqui? Vocês já ouviram falar de algo chamado “paradoxo”?

— Você não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo? - disse Sarada, como sempre a mais inteligente.

— Temos tempo antes que isso se torne realmente um problema - disse o Boruto mais velho, surpreendentemente sério. Parecia que os anos haviam feito um belo trabalho em domar seu gênio difícil. - Não queremos algo como desaparecer e mudar a realidade em consequência.

A Hokage suspirou, levantando-se. Sentou-se na beirada da mesa cruzando os braços. Como queria que seu pai ou seu padrinho estivessem ali para ajudá-la e não queria ter que convocar o Conselho para resolver aquilo. A última coisa que queria era que aquilo se espalhasse e tomasse proporções maiores do que deveriam.

— Eu já enviei meus bibliotecários para encontrar o pergaminho, mas vai demorar um pouco. Pode levá-los até em casa para comer algo?

— Está bem, só espero que os meninos não estejam em casa.

O homem assentiu e se aproximou dos dois jovens, pousando as mãos sobre os ombros de cada um. Os dois pularam de susto, surpresos demais.

— Vamos lá, tem uma comida quentinha e uma cama confortável.

Eles saíram da sala deixando mãe e filha para trás.

 

Durante a pequena caminhada, os dois tiveram a oportunidade de examinar o homem mais velho e perceberem as muitas mudanças que os anos haviam feito.

A primeira diferença clara era a cicatriz sobre o olho direito, semelhante a de Kakashi Hatake, e o olho equivalente esbranquiçado como se ele fosse cego daquele olho. No entanto, Sarada sabia o suficiente sobre medicina para saber que isso somente seria possível se ele fosse cego de nascença, o que não era o caso, e mesmo assim sabia que ele poderia ter feito um transplante se tivesse perdido o olho em batalha. Então, ele não era cego de fato, seu olho provavelmente era igual aos dos Hyuuga.

— Boruto, o que aconteceu com seu olho?

— Só uma missão excepcionalmente difícil - disse o mais velho, tranquilamente, continuando seu caminho.

— E o que aconteceu com nosso pai?

O mais velho se deteve, seu rosto subitamente ficou entristecido. Ele olhou para sua versão mais jovem.

— Por causa da Kurama, ninguém percebeu nada até que fosse tarde demais. O coração de Naruto já havia sofrido vários danos, mas há um limite de cicatrização para o músculo cardíaco e a cada cicatriz ele tem menos capacidade de bater. Um dia, ele sofreu um ataque cardíaco e ficou claro que somente a energia da Besta era o que o mantinha vivo. Foi quando ele escolheu dois de seus netos como novos jinchuurikis e foi assim... - disse, triste, mas o mais jovem ficou verdadeiramente abalado. - Meu filho mais jovem e o filho mais velho da Himawari eram os que tinham o maior nível de chakra dentre nós, então eram os mais adequados.

Ele entrou na casa enorme e levou-os até a cozinha. Já estava no meio do caminho de uma refeição em meio a um silêncio pesado quando ouviu a porta da frente se abrir e passos se aproximarem de onde estavam.

Duas figuras surgiram no umbral da porta e fitaram os dois jovens com assombro.

— Oh, pai, o que é que está acontecendo? - disse a menina, uma figura bem semelhante a Himawari, com os mesmos cabelos negro-azulados e olhos azuis, mas suas feições eram diferentes.

— Como se já não estivesse bem claro, Aiko - disse a outra figura, saindo da escuridão, surpreendendo os mais jovens. - O que você aprontou dessa vez, pai?

Se já não tivessem associado as poucas informações que haviam escapado, agora ficou bem claro a realidade que se encontravam. Um olhou para o outro em choque, não podia ser real.

Boruto saiu da cozinha quase tropeçando nos próprios pés. Foi parar na sala onde havia fotos de família sobre um aparador. Pegou uma na qual havia a família inteira, ele, Sarada, os dois jovens que haviam entrado de repente e dois outros, um dos quais sua própria imagem e semelhança.

— Acho que não foi uma boa ideia vocês descobrirem - disse o Boruto mais velho, cruzando os braços.

— Eles iriam descobrir de qualquer jeito - disse o rapaz moreno, ao lado da versão mais jovem de sua mãe. - A propósito, meu nome é Raiden e o adoro. Por favor, não escolham outro.

Aiko bateu na própria testa, balançando a cabeça. Algumas vezes, seu irmão tinha mais semelhança com seu pai do que com sua mãe.

— Foi mal, sangue Uzumaki falando mais alto que o bom senso.

Sarada deu uma risadinha. Tinha a ligeira impressão de que o rapaz fosse comumente mais parecido com ela devido a sua postura, mas era bom saber que podia ter a animação e a alegria do pai quando queria.

— Como foi que isso aconteceu?

— Eu preciso explicar? Até parece que não tivemos educação sexual na escola - disse sua versão mais velha, recebendo como resposta um olhar fulminante da filha.

Aiko suspirou.

— Cada um de nós, recebeu geneticamente características dos quatro Clãs. Por isso, quando tivemos idade o suficiente, nossos avós passaram a nos treinar para que assumíssemos o lugar de Sasuke-sama na guarda dos portais... principalmente depois que nosso avô Naruto se foi. Sasuke Uchiha morreu de repente logo após ter terminado nosso treinamento. Disseram que foi derrame - disse Aiko, suspirando alto. Ela foi até o aparador e pegou uma foto de toda a família, os quatro avós, os pais e os netos. - Nossa avó Hinata morreu semanas depois do marido também de infarto, mas dizem que foi tristeza. Vovó Sakura é a única que resta, só não sabemos até quando.

Levou alguns segundos mais para o garoto se recuperar, mas ele surpreendeu todos ao perguntou:

— Com quem minha irmãzinha casou?

— Para quê? - perguntou Sarada, cruzando os braços.

— Para capar o desgraçado...

O Boruto mais velho riu.

— Eu também pensei o mesmo quando descobri, mas sabe como nossa irmã é assustadora quando quer e como nossos pais aceitaram... fazer o quê? Fui voto vencido apesar de imensamente contrariado.

Aiko novamente balançou a cabeça. Às vezes, tinha a impressão de ter sido trocada na maternidade.


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