Sakura deu um sorriso quase imperceptível antes de erguer um gigantesco domo que absorveu boa parte do jutsu enquanto que um “buraco de minhoca” se abria para transportar o restante da energia que explodiu a distância.

O grupo se reagrupou enquanto vários clones se materializavam diante do grupo que se esforçava para se manter de pé. O time 7 se juntou quase ao mesmo tempo em que Obito literalmente se materializava diante do grupo.

— Parece que a coisa complicou – comentou, vendo os clones de Madara Uchiha bem a sua frente.

— Nada com que não possamos lidar – ironizou Naruto, mas seus companheiros não pareciam tão confiantes.

Obito suspirou enquanto balançava a cabeça.

— Você me lembra muito a sua mãe, garoto! Sempre uma eterna otimista, mas isso nunca é o suficiente – disse, segurando o braço que formigava. Kakashi o encarou, preocupado. – Gostaria muito de ter feito outras escolhas, quando ainda era tempo, e talvez eles ainda estivessem aqui.

Ele retirou sua mascara mostrando o rosto marcado pelo que pareciam queimaduras e deixou-a cair fazendo com que uma nuvem de poeira se ergue-se em meio a um baque surdo. Em um movimento rápido, arrancou seu único olho antes que qualquer um deles pudesse prever o que pretendia e o estendeu a Kakashi.

— Vai precisar disso, velho amigo! – disse, antes de fazer uma série de selos e se lançar ao ataque: – Katon: Vendaval Dançante…

— O que ele está pretendendo?

— É um ataque suicida – disse Kakashi, voltando-se para os três alunos. – Vocês, vão ajuda-lo; Sakura, preciso disso ativo o mais cedo possível.

Os jovens assentiram e, quase imediatamente, Sasuke assumiu o Modo Susano’o e protegeu Obito que manifestou surpresa ao vê-los. Naruto surgiu logo ao lado do companheiro revestido com o manto preto e dourado da Kyuubi.

— Achei que não viveria para ver isso de novo – sussurrou Obito, seu rosto sujo de sangue e os dois olhos fechados voltado em direção a Naruto. Somente Sasuke pareceu ouvir e o olhou com estranheza do alto do humanoide. – Não se esforce por mim, garoto! Vou morrer em breve de qualquer forma.

— Você é um de nós agora – disse Naruto, concentrando chakra em suas mãos formando uma enorme esfera negra. – E protegemos os nossos amigos.

O Uzumaki lançou a esfera acertando e desintegrando vários clones que se reuniam, surpreendendo os ninjas que se reuniam ao seu redor. Sakura e Kakashi logo se reuniram aos companheiros, mas logo perceberam que ainda havia muitos clones para serem derrotados e vários companheiros feridos.

Sasuke desfez seu Susano’o e os três companheiros se entreolharam, mas não eram necessárias palavras. Em movimentos simultâneos, os três amigos novamente surpreenderam a plateia que assistia a tudo o que acontecia. Quando a fumaça se dissipou, pareceu que tinham voltado trinta anos no tempo. Três gigantescas criaturas surgiram no campo de batalha criando a impressão do passado com os lendários guerreiros.

Kakashi armou uma gigantesca armadura humanoide protegendo a ele e Obito.

— O que está fazendo?

— Eu te deixei para trás uma vez e nunca me perdoei por isso. Não vou cometer o mesmo erro uma segunda vez.

— Achava que eu estava morto, nunca o culpei por isso. Estávamos cercados por inimigos e eu era um peso morto.

— Se eu tivesse ido com você e não tentasse impedi-lo…

— É esse o seu problema, você sempre se cobrou demais. Kakashi, você tinha treze anos, era sua primeira missão como líder de equipe, ninguém esperava que fosse bem-sucedido. Por isso, Minato-sensei tentou minizar os riscos nos mandando em uma missão tecnicamente mais simples.

— E eu acabei estragando tudo…

Obito deu um peteleco na cabeça dele fazendo-o ir ao chão. Um segundo depois, ele se levantou esfregando a cabeça.

— Por que fez isso?

Seu companheiro abriu seu sorriso tão característico.

— O que eu disse sobre cobrança? Ainda não é sua hora, idiota, tem muita coisa a fazer aqui ainda.

— O que quer dizer com isso?

— O sucessor de Minato-sensei, no sonho dele de tornar esse mundo um lugar melhor para se viver, onde nenhuma criança mais tivesse de crescer sozinha porque a guerra levou seus pais cedo demais… Lembra que ele nos dizia isso?

Hatake baixou o olhar. Por isso, nunca quisera casar e ter filhos, como alguém que se vira órfão com seis anos de idade por causa dos efeitos colaterais advindos da guerra sabia o quanto era duro voltar para casa e não ter ninguém a sua espera. Pelo menos fora assim até conhecer Hanare.

— O sucessor dele…

— É você – revelou Obito, fazendo-o erguer a cabeça surpreendido. – Então, se mantenha vivo… por eles.

Kakashi voltou-se para os jovens que lutavam ao redor de si e por segundos parecendo ver a si mesmo e seus companheiros em um passado não muito distante. Quantas vezes mais aquela cena seria recorrente? Quantos pais enterrariam seus filhos ou filhos chorariam a ausência de seus pais?

— Vamos, amigo! Temos alguns clones para afugentar.

Lentamente, os jovens conseguiram avançar para então encontrarem os verdadeiros guerreiros. Todos nukenins de alto hank, mas sua visão causou certo conforto aos ninjas cansados. Finalmente, estavam chegando ao fim de sua jornada, mesmo com algumas baixas.

Quando enfim os Kages surgiram em meio a nuvem de poeira, logo foram atingidos pelo cheiro inconfundível de sangue e os corpos espalhados pelo campo. Todos com bandanas da Aliança e isso os atingiu fortemente e o grupo foi se encontrar com os seus companheiros.

A batalha já se encontrava extremamente acirrada quando conseguiram alcançar o local e, sem perda de tempo, tomaram a frente de seus respectivos contingentes.

— Parece que se ajeitaram bem as coisas sem a gente – comentou Tsunade, percebendo que Sakura pousara ao seu lado, seus olhos chapeados parecendo brilhar de animação e expectativa.

— Fomos recepcionados por vários clones lá atrás, mas conseguimos lidar com a situação de forma mais ou menos satisfatória – disse a jovem, enxugando o suor na testa com as costas da mão. Foi somente então que a Hokage reparou nas marcas em seus braços e no pequeno rubi avermelhado em sua testa.

Um sorriso orgulhoso curvou-lhe os lábios por segundos. Sua menina estava crescendo rápido!

— Acho que preciso alertá-la de que precisa maneirar com essa coisa aí – disse, apontando para as marcas em seus braços. – Nunca se deve usar os seis por muito tempo.

— Obrigado pelo aviso – disse, sorrindo, mas logo as duas tiveram de interromper a conversa.

Os grupos rapidamente conseguiram dominar os atacantes e logo não havia ninguém. Só então se reagruparam e foram remover os feridos e selar devidamente os corpos dos mortos.

Sakura ainda respirava com dificuldade, recostada a uma rocha. Devia ter ouvido os avisos de que devia dosar, mas agora não era hora de lamentar. A batalha ainda não havia terminado.

A um canto, Kakashi estava com ambos os olhos fechados agachado ao lado de Obito. O Renegado Uchiha, embora não parecesse ferido, não parecia estar bem. Seu chakra estava terrivelmente baixo muito embora não tenha batalhado excessivamente.

— Ele se alimenta de mim – revelou, muito baixo. – Madara…

— Eu já ouvi sobre isso – disse Tsunade, parada em pé ao lado dos dois. – É uma espécie de Selo que transfere chakra de um usuário ao outro.

— Era para ser uma via de mão-dupla, mas ele nunca me explicou como funciona realmente.

— E você não sabe como desativá-lo ou suga-lo? – questionou o Hatake, recebendo apenas um aceno de cabeça como resposta.

— Só há um jeito de cortar a conexão…

Kakashi balançou a cabeça freneticamente em negativa.

— Não…

— Eu estou morrendo de qualquer forma. As células que Madara injetou em mim para me regenerar depois daquela missão estão reagindo as minhas e estamos perdendo a batalha. Com alguma sorte, tenho apenas mais algumas semanas de vida – revelou, deixando o amigo ainda mais chocado. De repente, bateu nas mãos de Hatake, sorrindo largamente. – Hei, não vai chorar. Espero que esteja muito velho e enrugado quando for se juntar a nós.

Sakura se ajoelhou ao lado do Uchiha examinando-o e descobrindo que ele não estava exagerando quando dissera que estava com os dias contados. Era tarde demais para ele, era a triste verdade, e não havia nada a ser feito.

Ela pousou a mão sobre o peito dele, apenas uma descarga era o suficiente para fazer o coração parar de vez, mas Kakashi a impediu:

— Eu faço isso! Mande lembranças a Rin e ao Minato-sensei por mim.

— Só uma coisa! Pode me colocar ao lado da Rin na Aldeia?

— Pode deixar!

Ele pousou a mão sobre o peito do amigo, as lágrimas rolando pelo seu rosto, e o corpo deu apenas um solavanco antes de se deter sobre a terra. Os companheiros ao redor apenas observaram em silencio, solidários ao sofrimento do companheiro.