Outra Dimensão escrita por ACLFerreira
Notas iniciais do capítulo
Agora saímos dos eventos do Clássico e entramos na Era Shippuden. O que será que estará esperando pelos nossos heróis?
Itachi espiava, protegido pela escuridão da noite, a casa.
Já fazia quase seis meses desde que seu irmão partira para a Aldeia do Som para o treinamento com Orochimaru e ainda não conseguira compreender o que exatamente o que seu pai pretendia com tudo o que sabia sobre o futuro. Por mais que desejasse acreditar que o líder quisesse o melhor para o caçula, seus instintos lhe diziam que as coisas não eram tão simples assim.
Um som seco o alertou de que não estava mais sozinho, mas nem se preocupou em se voltar nem mesmo quando o seu companheiro parou ao seu lado.
— Virou pedófilo agora, é?
O homem preferiu nem responder, virando-se para ir embora.
— Não fique aborrecido! – resmungou Shisui, acompanhando-o com o olhar. – Só não entendo o porquê de tanto interesse nessa jovem.
— Não, não tem! – concordou Itachi, detendo-se. – Eu só estou tentando entender algumas coisas… ao mesmo tempo em que tento impedir que meu pai faça algo que poderá se arrepender amargamente.
— Você acha que seu pai tem interesse em tirar essa menina do jogo?
— Bem que eu gostaria que as coisas fossem tão simples assim…
De repente, um outro chakra se juntou a eles, fazendo os dois se voltarem assustados. A jovem que até segundos antes dormia pacificamente em seu quarto agora estava ao lado deles. Automaticamente, eles se voltaram para a janela, mas a cama agora se encontrava vazia.
— Devo dizer que bem merece a fama que tem, Itachi Uchiha – resmungou a jovem, a voz infinitamente muito diferente.
- Quem é você?
Ela voltou os olhos prateados para os dois homens.
— Chamo-me Lilith e sou uma Guardiã. A jovem que vocês conhecem como Sakura é minha ligação com esse plano de existência.
— Uma Guardiã? – questionou Shisui, espantando e desconfiado. – Achei que fossem apenas lendas.
— Nem todas as Lendas são historias para assustar criancinhas – ironizou, fazendo-o corar profundamente. – Como uma Guardiã, tenho uma noção diversa sobre a realidade e não sou afetada por distorções temporais.
— Então você sabe o que aconteceu antes da visita do “viajante”? – perguntou Itachi, recebendo um olhar ressentido e sombrio da mulher.
— Sim e por saber sei que, se tivesse escolha, certamente preferiria que Sakura nunca se envolvesse com sua família. Tivemos experiências bem ruins, mas cada um tem sua cruz.
— O que pode nos dizer?
A jovem ergueu uma sobrancelha, inclinando a cabeça, como que decidindo se podia confiar nele ou não.
— Não sei se posso confiar em você, Uchiha, mas sei que posso confiar no seu irmão. Ele já demonstrou ser digno de confiança, mas você…
— O que quer dizer?
— Aceite as escolhas de seu irmão, jovem! Faça isso e eu acreditarei que posso confiar em você.
Ele estreitou os olhos, agastado.
— E como eu posso ter certeza que posso confiar em você?
Ela queimou apenas uma fração de seu chakra, fazendo os dois jovens pularem para trás em posição de ataque.
— Não me ofenda, Itachi Uchiha! Devo alertá-lo de que uma das pessoas mais próximas a mim é ligado ao seu irmão e tudo o que sei e presencio ele imediatamente sabe. Com tudo o que passamos e sabemos, deve ter muito cuidado.
— Está me ameaçando?
— Não, só estou avisando! A você e ao seu pai… Mas não se engane. Sem Sakura e seus companheiros, o futuro que os espera é muito sombrio e sem esperança para qualquer um de nós.
Ela lhes deu as costas e voltou para sua casa, deixando os dois pensativos.
Dois anos depois
O grupo pulava entre as árvores, ansiosos para chegar em casa. Não diziam nem uma palavra, o silêncio imperava diante do fim da viagem.
As últimas semanas haviam sido estranhamente silenciosas. Depois do ataque a Reunião dos Kages, haviam reportado alguns incidentes isolados e a tentativa de sequestro dos sete jinchuurikis ainda livres. Nessa situação, afirmando não ter como protege-la, a Vila da Cachoeira basicamente expulsara seu jinchuuriki. O líder da Vila, incapaz de ir contra a ordem do Conselho, pedira a Tsunade que recebesse a jovem e desde então ela vivia sobre os cuidados da Aldeia da Folha.
Ela rapidamente conquistara a confiança dos jovens com sua alegria inabalável enquanto treinava com Jiraya na tentativa de controlar a besta que tinha sido selada dentro dela.
Ao ver os portões da Aldeia, um dos jovens apertou o pingente pendurado em seu pescoço em um ato inconsciente. Nunca se separara dele desde daquele dia, três anos atrás, esperando pelo retorno de seu companheiro.
Alguns minutos depois, o grupo se separava, cada um seguindo um caminho, conversando animadamente. As missões simples, sem incidentes, acabavam causando isso.
Sakura caminhava lentamente em direção a sua casa, esperando por algumas horas de descanso antes de retomar o trabalho no hospital no dia seguinte, quando de repente sentiu que alguém a observava. Fingiu não perceber e seguiu seu caminho.
Não era novidade que alguém a tivesse seguindo. Nos últimos anos, isso se tornara comum, muito embora o perseguidor parecesse achar que era invisível. No entanto, sabia que, dessa vez, não era a mesma pessoa.
Ela desviou de seu caminho, indo em direção a um dos campos de treinamento que no momento estava vazio e ficou esperando que seu companheiro fizesse o primeiro movimento.
— É insensato atrair o inimigo para um lugar vazio – disse uma voz rouca que a fez se voltar em choque.
Ele havia crescido muito, então ela precisou quase inclinar a cabeça para fixar nos adorados olhos negros e sérios. Sem poder se conter, ela sorriu.
— Seria uma ótima oportunidade para treinar, não acha?
Ele sorriu de lado.
— Talvez uma outra hora.
Sakura se jogou nos braços dele, aspirando seu cheiro que quase levou lágrimas de pura felicidade aos seus olhos.
Sasuke a envolveu em seus braços, sorrindo abertamente. Estou em casa!
Sem que percebessem, uma figura mascarada os observava. Os três estavam reunidos novamente e tinha de reportar imediatamente ao seu Mestre a urgência em colocar os planos em andamento.
Ele saiu de seu esconderijo, concentrado em ocultar seu chakra, mas foi interceptado por um grupo de Anbus.
— Um membro da Ne – resmungou um dos outros, reconhecendo imediatamente a máscara. – Sabe que são considerados Renegados, não sabe?
O homem apertou ainda mais sua adaga, calculando suas possibilidades. Não tinha chance de sair dali vivo, então passou para o Plano B. Fez um único selo e, segundos depois, cortou a garganta com a adaga que ainda empunhava.
Os outros ninjas Anbus nem tiveram tempo de piscar.
— Desgraçado! – disse o líder do Esquadrão, arrancando a máscara, mas não reconheceu o jovem.
O grupamento médico veio recolher o corpo para ser levado para a necropsia enquanto os ninjas foram importar a Hokage sobre o incidente.
Tsunade sabia que cedo ou tarde ouviriam noticias de Shimura, mas esperava que a cobra peçonhenta tivesse encontrado alguém mais ardiloso e estivesse apodrecendo em alguma vala nos confins do mundo.
— Identificamos o ninja… pelo menos sua linhagem – resmungou um dos médicos responsáveis pelas necropsias. – Parece que é um Renegado de segunda geração.
— Segunda geração? – questionou um dos Jounins, duvidoso que tivesse ouvido direito.
— São filhos de Renegados, geralmente concebidos após a deserção de seus pais, e que não conheceram outra vida – esclareceu Kakashi, de braços cruzados. – Por serem filhos de “ninjas patifes”, mesmo se tivessem nascido em alguma Aldeia, geralmente são vistos com desconfiança e desdém e acabam enveredando pelo mesmo caminho dos pais.
— Orochimaru passou anos recolhendo essas crianças, oferecendo-lhes uma oportunidade de ser alguém – disse Tsunade, balançando a cabeça. – Parece que Shimura decidiu também lançar mão dessas crianças agora que foi expulso de Konoha.
A Hokage suspirou.
— De que Clã ele era? Conseguiu identificar?
— Yamanaka – disse, surpreendendo os demais, inclusive Inoichi, o atual líder do Clã. – Parece que era filho de um dos membros da antiga Ne e que provavelmente conseguiu fugir junto com Shimura.
— Achei que eles não se preocupavam em criar laços a ponto de formar família.
— Com o fluxo de recrutas interrompido, eles não tinham muita escolha para manter o grupo ativo – disse Hiruzen, suspirando. – Se ele era mesmo um Yamanaka, devemos supor que ele conseguiu passar suas informações antes de se matar.
— Vou informar os demais Kages. Devemos começar a nos preparar porque logo eles vão se mover.
Todos assentiram enquanto Inoichi olhava a foto com ar pesaroso. Agora olhando percebeu alguma semelhança nos traços e uma lembrança distante o tomou.
— Era apenas um menino – lamentou, suspirando.
— Shimura nunca se preocupou no quão jovem eram seus recrutas, Inoichi – disse a Hokage sorrindo em simpatia. – Sabe que ele não tinha salvação, não é?
— Mas isso não torna sua morte menos lamentável – suspirou, colocando a foto sobre a mesa e saindo em silêncio.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Acharam que eu tinha me esquecido de Lilith e seus companheiros?
Sasuke está de volta, mas não terá tempo de descansar ou tentar se entender com seu pai. Enquanto Itachi ainda tenta compreender o motivo de tanta desconfiança, os peões se movimentam preparando o terreno para os eventos da próxima guerra.