Uma Chance para Duas escrita por Ana


Capítulo 26
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Vocês acharam mesmo que a Marcela estava só blefando?
Vamos a mais um capítulo.
Perdoem os erros que as vezes passam despercebidos.
No vemos nas notas finais.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/732323/chapter/26

Regina

Sem mais explicações da parte dela, peguei a pasta e fui voando para a sua casa. Tentei raciocinar, pensar em algo que fizesse sentido, mas eu só conseguia pensar em como o um maior temor estava acontecendo.

Assim que Emma abriu a porta e me viu, se jogou em meus braços me abraçando fortemente, ela estava vermelha, fungava e tremia.

 —Pegaram ele... Pegaram o Henry, Regina!

—Como isso aconteceu Emma? Eu não entendo.

—Ele estava com a Grace, a babá. —Ela disse enquanto passava a mão no rosto. —Eles estavam no parque, ela falou que estava brincando com ele e que se virou por um minuto para comprar pipoca e quando se virou novamente ele não estava mais lá.

—Cadê essa garota? —Perguntei já alterada            .

—Mandei ela ir para casa e liguei imediatamente para você, ela estava muito nervosa.

 —Ela pode ter visto algo, pode saber de mais coisas, Emma!

—Não, não sabe! Ela me contou tudo, e foi exatamente isso que eu te falei.

—Ela pode ter ajudado a Marcela, a Marcela pode ter subornado ela.

—Não! Ela é só uma garota, uma adolescente. Ela estava assustada, estava desesperada, tanto quanto eu estou. — Falou escondendo o rosto nas mãos.

—Isso é minha culpa, tudo é culpa minha. Ela devia ter alguém de olho no Henry para quando nós voltássemos a nos aproximar ela executar o seu plano, e eu deveria ter imaginado isso.

—Como que ela descobriu, Regina? Tomamos cuidado, você me encheu de restrições!

—Eu não sei Emma, eu estou cega no meio disso tudo!  Ela nem sequer está na cidade, quer dizer... Eu não sei.

 —Como assim ela não está na cidade?

—Eu fui à empresa para procurar os contratos como nós tínhamos combinado.

—Eu ainda não estou entendendo, mas você encontrou algo?

 —Encontrei. — Falei tirando a pasta da bolsa. —Esse é um contrato com a prefeitura da cidade.

—Isso é só a obra de uma praça e esse valor extrapola qualquer orçamento.

—Sim, também percebi isso, mas como eu estava dizendo, eu fui à empresa, fingi que eu estava começando a ficar de acordo com toda a essa situação e a compreender o motivo de ela ter feito tudo isso. Ela estava analisando um projeto de um prédio em Cambridge MA, e nessa tarde ela viajou para lá, para conversar com o cliente e só iria voltar amanhã.

 —E como que você conseguiu pegar essa pasta?

—Ela saiu da sala para fazer uma ligação, então eu peguei a pasta que estava em uma gaveta.

 —Tem certeza que ela não sentiu a falta dessa pasta?

 —Como ela iria sentir? Naquele momento ela estava trabalhando em outro projeto, não tinha porque ir atrás daquela pasta, desse projeto em especial.

—Então ela não viajou!

—Não, se é ela que está por trás desse sumiço do Henry, como eu tenho certeza que é, ela está aqui por perto para acompanhar o plano se desenvolver.

—Você acha que ela vai... O que é que você acha que ela vai fazer com o meu filho?

—Eu não sei, Emma. Talvez ela não cumpra com o que me falou antes, talvez ela esteja só querendo nos assustar.

—Então vai ser assim, toda vez que tentarmos algo ela vai raptar o meu filho?

 —Não, porque se isso for ela tentando nos assustar, eu não vou arriscar de novo Emma, vou seguir à risca o que ela mandar e garantir a segurança de vocês dois.

—Vai ceder de novo a ela? Novamente não vai acreditar em nós?

 —Emma...

—Nós temos esse contrato, esse valor descabido... Isso tem cheiro de fraude, de sujeira política.

 —Emma, o Heny está sumido, então o que eu...

 De repente o celular dela começou a tocar, era mensagem, e um silencio tenso se abateu sobre nós.

 —Você falou para mais alguém? Ligou para os seus pais?

—Não, já disse que liguei diretamente para vo... —Mas ela parou de falar enquanto lia a mensagem.

—O que tem escrito? —Mas ela não me respondeu. —Emma? Emma!

—A mensagem é dela.

—Me dá isso. —Falei pegando o celular.

Sei que você está com ela, então a mensagem é para as duas. Se você quer o seu filhinho, me encontrem aqui.

Junto a mensagem tinha um endereço anexado.

—Você sabe onde é isso? —Emma perguntou.

—Esse é o endereço de um galpão antigo da empresa dela, era usado para guardar as máquinas pesadas e os materiais usados nas obras, mas agora é só um galpão abandonado com máquinas quebradas.

—Eu vou lá, vou agora!

—E eu vou junto.

—Não, eu não gosto nem de pensar em você perto dela. Você devia ficar aqui, e talvez ligar para a polícia, eu não sei.

—A mensagem foi para nós duas, ela também me quer lá.

—É isso que me assusta, é estarmos fazendo exatamente o que ela quer, sem ter escolha própria.

—Ela vai ter você e o Henry no mesmo lugar, pessoas pelas quais eu faria qualquer coisa, eu é que não gosto dessa ideia, então eu peço que entenda que eu vou fazer novamente o que for necessário.

Então fomos, eu e Emma no meu carro, mesmo o galpão ficando afastado, não era um trajeto longo, mas pareceu distante diante do peso da situação. Emma tinha os dedos enlaçados e postos por sobre a boca, e quando ela os tirava, eu podia perceber que os seus lábios tremiam e ela tentava os controlar mordendo-os.

—É aqui? — Ela perguntou quando nos aproximamos do galpão.

—É, tem uma entrada um pouco mais à frente. — Quando nos aproximamos pudemos ver a o carro da Marcela parado mais à frente.

Quando saímos do carro ela logo se postou ao meu lado e segurou a minha mão. Eu não sabia o que esperar quando eu entrasse no galpão e temia imensamente por a sua segurança, mas seu eu a tinha ao meu lado, de alguma forma eu me sentia mais segura.

—Regina? —Ela falou baixo antes de entramos no galpão.

—Hum?

—Eu não posso viver sem um de vocês dois.

As luzes do galpão estavam acesas, toda as paredes do galpão estavam apinhadas com tratores, britadeiras, andaimes e máquinas compactadoras, porém o centro estava livre e nele estava a Marcela com Henry nos braços.

Henry que parecia chorar baixinho, aumentou a intensidade do choro assim que os seus olhinhos recaíram sobre a sua mãe. Ele se debruçava, esperneava, gritava e empurrava a Marcela, na vã tentativa de se livrar dela.

—Solta o meu filho! — Emma disse. Estávamos paradas a uns cinco metros à frente da Marcela.

—Ai, ai. Para quem queria protege-los, você não seguiu com o acordo, Regina.

—Como você descobriu? —Perguntei.

—Eu sempre descubro, você já deveria saber. Mas existe uma coisinha chamada câmeras de segurança, e a minha empresa é repleta delas, principalmente na minha sala, e a vigilância delas é feita por um pessoal da minha confiança, pessoas que viram você mexendo nas minhas coisas e roubando uma pasta, eu  realmente estava indo viajar, mas até que eles me ligaram. Confesso que precisei pensar um pouco para poder entender o possível motivo de você ter pegado aquela pasta, então eu lembrei que também deixo uma via dos contratos nas pastas. Posso apostar que isso foi ideia da advogadazinha.

—Está na cara que você está mancomunada com as instâncias públicas e superfaturando as obras. Toda via, isso é roubo de dinheiro público. —Emma vociferou.

—E quem liga? — A Marcela falou em um tom de deboche.

—Me dá o meu filho agora. —Emma falou avançando para cima dela.

—Opa, você não vai querer que algum acidente aconteça, não é mesmo? —Ela falou puxando uma pistola da parte de trás do cós da calça e fazendo a Emma parar bruscamente

—Não! — Gritei. —Emma, volta! —E então ela voltou a passos lentos.

—As estatísticas dizem que acontecem muitos acidentes com armas de fogo aqui na cidade, não vamos deixar que esse vire mais um caso.

—Marcela, solta essa arma. — Pedi.

—Regina, você que sempre escolheu o lado certo, acabou fazendo a escolha errada dessa vez.

—Não se precipite, não faça nada com que você vá se arrepender depois. —Falei.

—Me arrepender? Acho que a única pessoa que pode se arrepender aqui é você. Todo aquele seu teatrinho mais cedo... Eu realmente queria que fosse real, que você tivesse finalmente voltado a ser a minha Regina, mas talvez você precise se um estímulo maior. —Falou mirando a arma para Emma.

—Para com isso e devolve a criança, olha o estado dela, você não está vendo que ela está assustada? — O Henry continuava chorando e tínhamos que falar alto para podermos nos escutar. —Por favor, devolve o Henry para a Emma, eu vou com você, faço o que você quiser, me torno novamente a sua Regina, mas devolve ele.

—O que você viu nela, Regina? — E enquanto perguntava, a mão na qual estava a arma tremia.

—Isso não importa, nós podemos recomeçar.

—Não Regina, isso não é vida! —Emma falou se agarrando ao meu braço.

—Solta ela. — A Marcela gritou assustando o Henry, que passou a chorar ainda mais alto.

—Marcela, me ouve. —Falei me desvencilhando da Emma que balançava a cabeça em negativo. —Não importa mais o que eu vi nela, o que importa é que nós duas, eu e você, estamos destinadas a ficar juntas, e eu já aceitei isso.

—Se você estiver mentindo de novo... —Qualquer um poderia notar a falta de controle da Marcela, ela tinha os olhos vermelhos e a mão que tinha a arma imposta, tremia.

—Eu não estou, mas o Henry está assustado, olha para ele, é ele só uma criança no meio disso tudo, na verdade os dois, ele e a Emma, só estão aqui porque eu os envolvi, essa é uma questão só nossa.

—Você me ama? —Ela perguntou, mas eu não respondi. — Você me ama? — Ela gritou e mais uma vez assustou o garoto.

—Marcela, você quer a mim, e eu sou sua, então devolve o garoto a mãe dele. Pensa no nosso menino, no nosso Henry, pensa em como ele estaria assustado nessa situação.

—Você gosta desse menino.

—Eu penso no nosso filho, penso em como a nossa vida poderia ter sido.

—Mas nós podemos ter outro, você sabe.

—Sim, podemos, e vamos ter, mas para isso essa situação precisa se resolver, precisamos acabar com isso. Você tem que devolver a criança.

Ela baixou a arma e a passos lentos eu comecei a me aproximar. Eu não sabia qual olhar pesava mais sobre mim, se era o da Emma ou da Marcela. De tudo que eu falei, eu não era mais capaz de distinguir se eu estava jogando ou se tudo aquilo era verdade, e que eu faria para mantê-los a salvos. Quando o Henry percebeu que eu estava indo em sua direção passou a se debruçar com mais vigor e a erguer os bracinhos para mim. Quando cheguei perto o suficiente para pegá-lo, pude sentir o olhar da Marcela me queimar a pele.

—Vem cá, Henry. — O garoto se agarrou a mim como que se mais nada no mundo pudesse soltá-lo, a pele antes alva, estava vermelha de tanto chorar e gritar, abraçado a mim, eu podia sentir todo o seu corpinho tremer. Eu queria fazer a Marcela pagar, pagar muito caro por aquilo, mas eu precisava leva-lo de volta para a Emma, tirá-los dali em segurança.

Quando me virei para ir com o Henry até a Emma, ela pegou em meu braço.

—Vou apenas levar ele para a mãe dele, tá bom. —Falei para ela.

Quando o levei de volta a Emma, ela logo o tomou em seus braços. Eu me sentia aliviada por eles estarem juntos novamente, mas nem tudo estava resolvido ainda.

—Regina! —A Marcela me chamou. —Vem meu amor.

—Não vai Regina, por favor. —Emma pediu.

Eu não queria ir, queria ficar com ela e com o Henry, queria ficar com quem eu amava, queria o meu final feliz.

—Sabe de uma coisa, você não respondeu se me amava. — A Marcela falou com a pistola novamente empunhada.

—Isso não importa, é com você que eu tenho que ficar de toda forma.

—Mas eu quero que você me ame novamente. — Ela gritou.

—Dessa vez você não terá as suas vontades cumpridas, isso não será possível. Eu não posso voltar a amar você como eu amei um dia, porque eu nunca te amei.

—Você está mentido. — Ela continuou gritando.

—Ninguém é capaz de amar um monstro como você, muito menos sob pressão. — Emma falou.

—Isso é tudo sua culpa. — Marcela falou apontando a pistola para Emma.

—Abaixe essa arma e deixe ela sair daqui com o menino, eu já disse que vou com você.

—Mas eu acabei de pensar em uma coisa. —Ela falou mudando perigosamente o tom de voz. —Acredito que enquanto houver Emma Swan, você nunca será minha de verdade. —Disse dando dois passos na direção de Emma com a arma mirada em sua cabeça.

—Não! Se você machuca-la não haverá mais motivo algum que me prenda a você, e assim você me perde. Se você me quer ao seu lado, deixará que ela saia daqui.

—Mas nós nunca teremos paz, você sempre estará pensando nela.

—Sim, vou estar, mantê-la em segurança é a única coisa que me motiva a permanecer do seu lado.

—Você ainda não entendeu Regina? Se você não for minha, não será de mais ninguém.

—Eu aprendi o que é o amor, e isso está longe de ser.

—Aprendeu com quem? Com ela? Eu aceito você mão me amar, mas amar a ela? Um João Ninguém?

—Amor não se trata do que a pessoa tem, e nem dos recursos que ela pode te oferecer, mas você não entenderia isso, porque você não ama ninguém, aliás ama, ama o poder e a si mesma, e acha que isso é o suficiente para uma vida, mas não é. —E então ela apontou a arma para mim, mas eu não recuei, na verdade dei um passo me aproximando. —Você não sabe o que é amar de verdade, e nem o que é ser amada, Marcela.

—Isso não precisava acabar assim, mas você não cumpriu com a sua parte no trato.

Eu estava cansada de estar lidando com uma louca, tudo que os meus olhos conseguiam ver era na boca da pistola que estava apontada para mim, estavam focados o suficiente para perceber à tempo quando a Marcela mirou para Emma e tudo aconteceu muito rápido.

Meus pés se moveram sem que eu me desse conta, minhas mãos voaram na mão da Marcela a empurrando para baixo e o meu corpo se precipitou por cima do dela fazendo com que tombássemos, depois um estouro ecoou pelos meus ouvidos e finalmente alcançamos o chão, primeiro a Marcela se chocou contra o piso e logo o meu corpo se chocou contra o dela, ouvi um grito e depois silêncio.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não me matem por terminar assim.
Bjus e até o próximo.