Uma Chance para Duas escrita por Ana


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Tenham uma boa leitura e perdoem os erros que passam despercebidos.



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Emma

Guiei Regina até o meu carro que estava estacionado ali perto, abri a porta do carona e ela entrou, deia a volta e entrei do outro lado.

— Para onde você quer que eu te leve? — Perguntei esperando para dar partida no carro.

— Eu não sei. Qualquer lugar. — Falou fitando as próprias mão que estavam sobre o seu colo.

Dei partida no carro. Em momento algum ela quis saber onde eu estava a levando.

De instante em instante eu a olhava pelo retrovisor interno. Seus lábios antes rubros hoje estavam sem cor, ela estava pálida, parecia cansada, na verdade esgotada era a palavra que melhor parecia defini-la naquele momento.

O trajeto foi feito todo em silêncio. Ela parecia tão imersa em si mesma que eu não quis incomodá-la, mas afinal, o que é que eu poderia dizer? Como advogada eu sempre soube o que dizer aos meus clientes, mas em situações como essas eu não poderia me sentir mais inútil.

Sempre ouvi dizer que as pessoas precisam apenas de alguém para ouvi-las, de que alguém que as escutasse, e se fosse de alguém assim que Regina precisasse, eu estaria aqui, estaria até para mais se fosse necessário.

Quando chegamos eu parei o carro e olhei para ela. Ela olhava pela janela para algo que parecia estar além do que eu podia enxergar, estava tão absorta que nem percebeu quando parei o carro. A chamei.

— Regina?

— Sim? — Falou virando rapidamente o rosto para mim. Acho que a assustei.

— Chegamos. — Ela não esperou que eu abrisse a porta do seu lado, abriu-a antes mesmo que eu pudesse dar a volta no carro.

— Prudential Tower? — Ela perguntou percebendo onde estávamos.

— Aham. — Respondei tomando a dianteira para entrar no edifício.

Comprei os nossos ingressos para observatório enquanto Regina reclamava baixo por eu estar pagando o dela também. Ela tinha saído do bar sem bolsa, logo Regina só tinha saído com a roupa do corpo, mas eu achei melhor não falar nada e só ouvi-la resmungar.

O observatório ficava no último andar do prédio, o mesmo tinha 52 andares com 229 metros de altura. O local contava apenas com um segurança, o observatório estava vazio, talvez por ainda ser cedo da noite, afinal basicamente tinha acabado de anoitecer, ou por ser dia da semana. Além do segurança, só tínhamos eu e Regina lá.

O observatório era uma ampla sala quadrada com extensas janelas abertas em todas as paredes. Nele não havia luzes acesas para não ofuscar a bela vista que se tinha da cidade. Toda luz que entrava era por vias naturais, fosse por o sol ou por a lua. À noite, tudo que se podia ver eram apenas silhuetas.

Ao nos aproximarmos da janela perguntei se Regina já tinha estado ali.

— Há muito tempo. — Respondeu respirando fundo e fitando a iluminada Boston lá em baixo, para em seguida o silêncio se abater sobre nós.

— Eu costumava vir aqui muitas vezes, assim que me mudei para Boston. — Falei também olhando para cidade. — Na verdade eu só deixei de vir com frequência depois que o Henry nasceu e eu voltei a trabalhar.

— Você deve gostar daqui. — Falou erguendo o olhar para o céu.

— Gosto, gosto mesmo. Mas no início eu só vinha porque me sentia sozinha, sabe? Sentia saudade de casa.

— Aqui fazia você se sentir melhor? — Ela perguntou se virando para mim.

Balancei a cabeça em afirmativo e também me virei para olha-la. Acho que esse era o motivo de tê-la levado ali.

— Eu gosto de olhar a cidade, as luzes e as pessoas lá embaixo. Daqui de cima todo mundo é igual, todo mundo é pequeno, talvez até insignificante, mas quando eu tô lá embaixo tudo que vejo são brigas de egos.

— Já eu prefiro olhar para o céu. — Falou se virando de volta para janela. — Lá tudo age de acordo com o natural, com o celestial. Gosto de pensar que sou composta por o mesmo material que compõe as estrelas.

— E isso é verdade? Isso do material?

— Muito possivelmente.

— Você já percebeu que quase sempre há uma estrela, mas próxima à lua, e as vezes até duas. — Também olhei para o céu.

— Costumam ser Júpiter e Vênus. Há muitas histórias mitológicas sobres elas.

— Me conta uma. — Pedi.

— Júpiter o senhor dos céus, ou Zeus para os gregos, ele era casado com Hera, que por conhecer bem o seu esposo era possessiva e vingativa. Vênus a deusa do amor ou Afrodite na mitologia grega, ela não era muito diferente de Zeus, ela era casada com Hefestos, o deus da metalurgia. Ambos foram conhecidos por relacionamentos extras conjugais, mas sempre que algo entre eles parecia que ia acontecer, Hera ou Hefestos os impediam. Para os jovens gregos apaixonados, a aproximação dos planetas era como se fosse a concretização do momento que os dois amantes tanto ansiavam.

— Então você entende de astronomia e de mitologia?

— Um pouco.

— Você parece saber um pouco de tudo.

— Um pouco de tudo ainda é pouco, Emma. — Regina não falava com arrogância como já tinha falado comigo outras vezes, muito pelo contrário, havia uma simplicidade sem igual sem seu tom de voz.

Ficamos m silêncio contemplando o céu quando a ouvi respirar fundo e soltar o ar pela boca.

— Eu sei que você já deve ter ouvido isso hoje de muita gente, mas eu sinto muito, Regina.

— Não mais que eu, Emma. — Me virei de lado na tentativa de fitar seu rosto, mas ela continuou olhando para o céu, acho que entendendo a minha falta de entendimento ela completou.

— É tudo minha culpa.

— É claro que não. — Respondi prontamente.

— Mas é isso que eu sinto.

— Ei — Falei pegando em seu queixo e virando seu rosto, fazendo com que ela me olhasse. Um filete húmido fora traçado em seu rosto indicando que uma lágrima tinha passado por ali. —Você não deve se culpar. — E com a mesma mão que antes segurava seu queixo, enxuguei mais uma lágrima que fazia o mesmo trajeto. Respirando fundo, ela fechou os olhos sob o meu toque.

— Você não estava lá. Você não ouviu o que ela disse. — Ela ainda falava com os olhos fechados.

Eu não sabia quem era “ela” de quem Regina falava, mas eu poderia apostar com qualquer um que essa pessoa estava completamente enganada.

Me aproximei um pouco mais dela e afaguei seu rosto. Seus olhos brilharam quando Regina os abriu, talvez por as lágrimas que a pouco estavam ali, ou pela luz da lua cheia que estava tão baixa que parecia sensível ao toque.

A luz que vinha de fora do observatório iluminava metade do rosto de Regina, deixando a outra metade na penumbra, tenho certeza que aquela imagem entraria no ranque das coisas mais lindas que eu já teria visto em toda a minha vida.

Fui tirada dos meus devaneios quando ela tirou a minha mão de seu rosto e a segurou entre suas próprias mãos. Uma corrente elétrica percorreu todo o meu corpo.

— Desculpa, Emma. — Juntei as sobrancelhas sem entender bem o motivo do pedido de desculpas. — Desculpa por não me mostrar grata o suficiente a você como deveria. Você só tem me ajudado, o dia no Granny’s, a tempestade...— E respirando fundo ela completou — O divórcio. Desde que nós nos conhecemos você tem sempre estado... Estado presente. Eu sei que eu não tenho sido fácil com você, mas obrigado, obrigado por hoje, obrigado por tudo.

Os advogados são conhecidos por serem possuidores do dom da retórica, do poder da fala, da argumentação e da persuasão, mas naquele momento Regina tinha me deixado sem palavras. Não espera ouvir algo assim dela.

Antes que eu pudesse formular qualquer frase coesa, meu corpo agiu primeiro fazendo com que eu eliminasse qualquer distancia existente entre nós duas e me aproximasse ainda mais dela. Ela não recuou, o que me causou um alivio imensurável. Seus olhos iam de encontro aos meus e depois desciam para algo que eu podia apostar ser a minha boca. Segurei seu rosto em minhas mãos e ela por sua vez apoiou as suas em meu peito. Meu coração batia tão acelerado que o meu pulso poderia ser sentido em qualquer parte do meu corpo, e por estar com as mãos onde estava, eu sabia que ela podia senti-lo também.

Eu queria dizer que era por ela que ele estava assim, mas não tive coragem.

Regina mordeu de leve o seu lábio inferior fazendo com que qualquer controle viesse a terra.

Selei nossos lábios em um selinho para só então pedir passagem com a minha língua, e ela prontamente permitiu. Dessa vez pude explorar cada parte daquela boca, nossas línguas travavam uma briga gostosa que só fazia com que eu tivesse mais vontade de permanecer naquele beijo. Separamos nossas bocas quando o ar se fez necessário, mas não nos afastamos. Fiz um carinho na sua bochecha e ela inclinou a cabeça para o lado assim como um gatinho faz quando recebe um carinho. Sorri por vê-la desse jeito.

— Regina... — Comecei a dizer, mas ela me silenciou pondo os seus dedos sobre os meus lábios.

Meus lábios não eram nem de longe tão atraentes quando os dela, eram finos e tão sem cor quanto eu mesma, mas ela pareceu ver algo interessante ali. Ela os contornava como se ela mesma tivesse os desenhando, seguindo o mais perfeito dos traços. Por onde seus dedos passavam deixam um misto de sensações que me inebriava. Regina ligou algo em mim que só a própria tinha chave.

Quase reclamei quando ela parou de tocar os meus lábios, até perceber que ela me encarava. Seus olhos que esquadrinhavam todo meu rosto estavam tão escuros que pareciam mais duas onixes.

Senti novamente o calor dos seus lábios quando ela me beijou, seus beijos eram mais invasivos, mas eu me rendia completamente a eles.  Afundei a minha mão em seus cabelos e ela me abraçou pela cintura, fazendo com que as suas mãos subissem de descessem por as minhas costas. A essa altura eu não sabia mais onde eu estava, só queria fundi-la a mim, mas “felizmente” eu pude contar com a ajuda do segurança para me lembrar de onde eu estava. O pigarrear do segurança ecoou por toda a sala. Separamos o nosso beijo, ela ainda abraçava a minha cintura, Regina ria de cabeça baixa, não me contive e também sorri.

Temendo que ela se afastasse, desci minhas mãos que estavam em seus cabelos e as enlacei em seu pescoço. Ficamos mais uma vez em silêncio nos olhando, mas não era um silêncio incomodo, para mim ele estava cheio de palavras, cheio de significados, esperava muito que fosse o mesmo para ela.

Regina se aproximou mais e depositou a sua cabeça na curva do meu pescoço de modo com que pudesse olhar pela janela. E então ficamos as duas ali abraçadas, observando uma Boston cada vez mais luminosa.

Só nos desvencilhamos quando o meu celular que estava no bolso detrás da calça tocou.

— Oi Gracy.

— Eu só queria saber se tá tudo bem, é que já passou um pouco do seu horário de chegar. — Um pouco era bondade da garota. Eu costumava sempre chegar o mesmo horário para ela não precisar ir muito tarde para casa.

— Só percebi isso agora, mas eu já estou indo. O Henry já dormiu?

— Dormiu quase agora na verdade.

— Não demoro.

— Até daqui a pouco.

— Até.

— Ta tudo bem com o Henry? — Ela perguntou assim que encerrei a ligação.

— Tá sim, a babá dele queria saber se estava tudo bem por causa da minha demora. — Ela assentiu com a cabeça.

— Então acho melhor irmos.

Perguntei se deveria leva-la de volta para o bar e ela disse que sim, afinal nem as chaves de casa estavam com ela. Fizemos todos o trajeto de volta em silêncio, mas nada que me incomodasse.

Quando parei o carro ficamos sem jeito para nos despedir, cada uma virava para um lado sem saber bem o que fazer e no final Regina acabou me beijando, eu só posso dizer que gostei.

— Obrigado de novo, Emma.

Regina

No bar haviam ficados só os mais íntimos, e assim que eu entrei todos os olhares se voltaram para mim. Eles tinham juntado umas mesas e todos jantavam.

— Onde você estava? Eu fiquei preocupada. —Zelena falou se levantando e vindo ao meu encontro.

—Eu só fui tomar um ar. — Ela me olhou com aquela cara de “esse assunto não acabou aqui”.

— Vem cá filha, jante conosco. — Agradeci mentalmente por Fergus me chamar. Durante os dias que sucederam a morte do meu pai tudo que eu menos sentia era fome além da necessidade biológica, é claro, mas dessa vez eu decidi aceitar de bom grado.

Na mesa estavam Fergus, sua esposa, sua filha Merida, Zelena, Hades e Cora, e essa por sua vez não me dirigiu nem um olhar. Para o meu alivio, além de Zelena, ninguém mais teve a coragem de perguntar onde eu estava. Sentei-me entre Zelena e Merida.

Merida era alguns anos mais nova que eu, e tinha se tornado a versão feminina do pai, para conseguir o que queria ela era capaz de dar nó em pingo d’água. Dona de uma juba ruiva, ela sempre foi muito curiosa, vivia me enchendo de perguntas sobre o que eu fazia no laboratório, coisa que deixava a Marcela endiabrada de ciúmes.

Mordi meu lábio inferior me repreendendo por me permitir pensar nela.

O jantar transcorreu bem a medida do possível, e assim que Zelena percebeu que eu tinha terminado de comer me puxou para um canto do bar.

— Para onde você foi? Você demorou, achei que você não nem fosse mais voltar para cá.

— Meu carro tá parado aqui na frete, minhas chaves, meu celular, minha carteira, minha bolsa... Tá tudo aqui, eu não tinha outra opção se não fosse voltar. — Ela em olhou com aquela cara de “Você não respondeu a minha pergunta”. — Eu só fui tomar um ar, já disse.

— Com a Emma? — Ela insinuou sugerindo segundas e terceiras intensões.

— Sim Zelena, com a Emma. Ela só me fez companhia, ok? Ela é a minha advogada e está tratando do meu processo de divórcio.

— Se você diz, eu finjo acreditar. Mas você não me escapa. — Eu não ia falar nada para ela, pelo menos não agora, e nem ali.

— Mas me diz uma coisa Zelena, a Marcela... Ela foi embora quando eu saí?

— Não, ela ainda ficou conversando conosco, conversou com a nossa mãe e com mais alguns amigos em comuns. Você ainda se importa com ela? — Que raios de perguntar era essa?

— Eu só perguntei por curiosidade, se é isso que você quer saber.

— Calma Regina, é só que... Vocês foram casadas, será que não há mais nada? — Essa mesma pergunta que ela estava me fazendo eu mesma já tinha me feito inúmeras vezes antes de dormir.

— Daqui a pouco você também vai estar falando igual a ela. — Falei fazendo referência a Cora. — Vai depor contra mim também?

— Claro que não. — Ela falou visivelmente ofendida. — Eu perguntei porque enquanto ela conversava comigo, ela disse que tem certeza que esse divórcio não vai para frente. Disse que isso tudo não passa de você tentando dar uma lição de moral nela, e eu devo dizer que se você mesma não tivesse me dito que isso é sério, eu iria pensar a mesma coisa, porque venhamos e convenhamos, eu sei que você seria capaz de fazer isso.

Bufei de raiva.

— Eu garanto para você que eu não estaria passando por isso tudo só para dar uma lição nela, porque isso eu faria de outro jeito. Se eu quisesse Zelena, eu poderia fazer a Marcela ir no inferno e voltar, mas eu não quero fazer isso, e além do mais, quem está no inferno sou eu, diga-se de passagem.

— Eu sei que você poderia, e eu queria saber o que é que te impede.

— Acontece que eu não quero mais ser assim, eu não quero precisar ser assim. Eu não quero mais precisar assustar os meus orientandos para fazer com que eles me entreguem as coisas a tempo, ou ameaçar algum funcionário do laboratório porque errou a concentração de uma solução. Eu não quero mais ser parecida com a Marcela, nem que por mais longe que seja. Ela se tornou o que eu mais tenho aversão nesse mundo. Então antes de você me perguntar se há a possibilidade de uma volta, pense nisso que eu acabei de te dizer.

Depois do momento no observatório tudo que eu menos queria era me estressar, mas esse assunto me faz perder totalmente o controle.

— Ok, não tá mais aqui quem falou. — Zelena falou levantando as mãos em rendição. — Eu não sei como ou porque você mudou de concepção assim, mas eu queria dizer que bom, que bom que você mudou. Será que esse santo que obrou esse milagre atende outras causas também?

Enfim em casa, foi tudo que pensei ao tirar os meus sapatos enquanto subia as escadas.

Não demorei muito no banho, ansiava pela minha cama, vesti uma camisola confortável e me deitei, finalmente me permitindo pensar no que tinha acontecido no Prudential Tower.

Na verdade, o que realmente tinha acontecido? Nós nos beijamos e ...No meio do meu pensamento sorri por lembrar do cheiro do perfume dela, Emma tem cheiro de banho. Acho que primeiro de tudo eu me senti confortável na presença dela, e a prova foi quando eu a abracei assim que a vi no bar, achei que ela fosse estranhar devido ao que eu tinha dito na sala de espera do tribunal, mas aí ela me abraçou, abraçou tão forte quanto eu necessitava.

Passei horas tentando entender o que tinha acontecido e porque tinha acontecido, eu não queria supor o mais óbvio e acabar me precipitando, e eu também não queria envolve-la na bagunça que eu sou. Uma mulher como ela merece alguém bem resolvido e livre para viver, e eu definitivamente não sei se entro nessa categoria, principalmente por ter uma ex-esposa que não aceita ser ex-esposa. Pensar nisso me fez lembrar a conversa que tive com Zelena, o que eu disse para ela era algo que eu ainda não tinha nem parado para realmente pensar, já estava tão cansada daquele assunto que tudo simplesmente veio, e eu sabia que tinha de pensar sobre isso mais tarde, mas agora tudo em que eu queria pensar era na textura dos lábios de Emma.

A última coisa que lembro de pensar antes de dormir era em como o meu corpo se encaixava perfeitamente em seu abraço.


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Notas finais do capítulo

Bjus e até a próxima.



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