Open wounds, closed heart escrita por Nekoclair


Capítulo 7
Dia 7




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17/06/2017

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Hoje, enquanto eu saía do carro, minha mãe sorriu para mim como não sorria há muito tempo. Ela parecia bem mais aliviada e certamente isso se devia ao fato de estar satisfeita por eu estar levando o GAPAD tão a sério. Eu não disse nada a ela, e ela tampouco, mas a troca de olhares que aconteceu entre nós foi suficiente. Era bom ver que a preocupação em seus olhos havia se dissipado pelo menos um pouco.

Dentro do salão, fui de encontro aos meus amigos, que acenaram em minha direção assim que me viram. Perguntei a Guang sobre sua mãe e ele disse que ela estava melhor, o que me deixou mais tranquilo. Leo então reclamou sobre eu não ter mandado nenhuma mensagem no grupo que ele havia criado para nós três, ao que respondi com um pedido de desculpas. Eu não sabia o que dizer para puxar conversa e ter o assunto morrer depois de um “Oi, tudo bem?” me parecia meio constrangedor. Antes que mais reclamações pudessem ser feitas, Minako surgiu do nada, pedindo para todos puxarem cadeiras e sentarem em um círculo.

A atividade de hoje foi “Two Lies and a Truth”, e acho que o nome é meio que auto-explicativo: você fala três coisas sobre você, sendo duas delas mentiras, e os demais tem que descobrir qual das informações é a verdadeira. Surpreendentemente, a maioria teve suas mentiras acertadas; mas eu pertencia ao outro grupo. Aparentemente, entre tantos gêneros, o que eles menos me imaginavam escrevendo era terror; isso realmente surpreendeu a todos. Outro que conseguiu enganar os demais foi Victor, que disse morar com alguém. Mas então perguntaram com quem ele morava e surgiu uma discussão sobre como “Não importa que Makkachin seja incrível e seja como um filho pra você, ele não conta. Ele é um cachorro.“. No fim, acho que a verdade dele não era realmente uma verdade, o que o excluiu do meu grupo.

Durante o intervalo, Victor veio rapidamente em nossa direção, o celular balançando em mãos. Ele insistiu em mostrar fotos novas que ele havia tirado do Makkachin durante a semana e, sinceramente, ou o cachorro dele era super fotogênico ou Victor era secretamente um fotógrafo. Ou um meio termo, mas meio termos são chatos. Enquanto mudava de fotos, uma extra apareceu no meio, que Victor se apressou em passar. Era um foto sua, num rinque do que imagino ser de patinação. Seus cabelos eram compridos e sua aparência alguns anos mais nova. Pensei em perguntar sobre a foto, mas as expressões que encontrei em seu rosto foram suficientes para me fazer mudar de ideia; seus olhos imploravam para que eu não o questionasse.

Durante a roda não consegui tirar Victor de minha mente, mesmo que meus olhos não mais o vissem; como sempre, ele sumira assim que teve a oportunidade. Teria ele medo de falar sobre o que sentia? Teria ele tanto medo assim de se abrir, de se expor? Bem, não é como se todos nós não nos sentíssemos assim. Era um sentimento comum e inevitável. Perdido em pensamentos, não consegui focar no que os demais falavam e, quando chegou a minha vez, fui pego de surpresa, pois estava distraído. Eu simplesmente disse que andava com muitas coisas na cabeça e que desejava poder entender pelo menos metade das coisas que me perturbavam, e assim a roda seguiu.

Na saída, Victor novamente surgiu, acenando o seu adeus aos demais participantes como se nada tivesse acontecido, como se ele próprio não tivesse desaparecido. Observei até que todos sumissem pelo portão, e então o sorriso nos lábios de Victor despencou e suas feições se tornaram mais sérias, mais cansadas. Ele se virou e se surpreendeu ao me encontrar parado junto ao salão, encarando-o. Ele tentou sorrir, mas não conseguiu. Andei em sua direção e despedi-me silenciosamente, apenas tocando em seu ombro e olhando em seus olhos antes de caminhar em direção ao carro de minha mãe.


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Notas finais do capítulo

Comentários são muito bem vindos. (sonho com eles toda noite)
Até semana que vem~



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