O Verdadeiro Amor escrita por Mizuki Shimizu


Capítulo 1
Capítulo 1 - O Primeiro Passo




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Era um dia de fevereiro. Se alguém perguntasse, nenhum dos dois conseguiria responder qual era. Mas o vento frio vindo da janela aberta naquela sala isolada do bloco D era mais que informação suficiente. Não que precisasse ter notícia sobre o amor, como ele dá as caras, o porquê de ele ocorrer. Não, não era necessário. Porém, eles também não conseguiriam esquecer.

O corredor que levava até a sala, onde eles se viram pela primeira vez, era gélido. Não poderia ser típico de um colégio de ensino fundamental. Todavia, ele estava lá, existindo, dando passagem para diversas classes, e uma, em especial, chamou a atenção do garoto moreno aquele dia de fevereiro, onde a primavera o saudava ainda que o clima estivesse um pouco frio.

Kim Jongdae andava a passos lentos, sem muito espaço. Sua professora havia sido clara ao pedir para que ele levasse alguns materiais para uma sala em específico no último corredor do bloco D. Era seu suposto castigo por ficar cantarolando em voz alta, bem quando ela estava explicando um pouco de coreano aos alunos. Ele estava agradecido por ter sido punido, podia passar um tempo passeando pelo colégio, e, o melhor de tudo, não precisava de mais uma explicação inútil na sua vida.

Quem precisaria saber mais sobre a própria língua que falava? Por que eles não aprendiam muitas outras ao invés dessas? Era tão difícil assim raciocinar e chegar a uma conclusão lógica de que eles já sabiam coreano, então deveriam avançar em outro idioma? Jongdae não levava suas reflexões muito a sério, afinal, quão a sério um garoto de oito anos poderia levar uma discussão?

Ele cantarolava enquanto passava em frente às portas daquele corredor vazio, praticamente. Cantar o acalmava bastante, no entanto, ali estava fazendo-o por diversão. Ainda que não achasse sua voz perfeita, gostava de como ela soava e ecoava um pouco por lá. Talvez devesse se tornar um cantor? Jongdae riu, apertando os materiais contra o peito pequeno, não, aquilo era ridículo.

Chegou na última sala e encostou o ouvido na porta. Não ouviu nada. Não tinha necessidade de bater na porta, Jongdae sorriu feliz. Ele não conseguiria fazer isso enquanto tivesse de carregar aquela pequena pilha com seus bracinhos. Empurrou a porta com a ajuda do pé e entrou, logo avistando uma cadeira à esquerda e depositou nela todos os materiais. Bateu uma mão na outra, olhou para os objetos e suspirou, satisfeito. Andaria lentamente para voltar à sala e tudo estaria bem.

Ele levantou os olhos e o viu, pela primeira vez. O garoto que parecia ser muito novo. Bem mais novo que ele. Jongdae sentiu vontade de cuidar do menino de bochechas fartas e olhar surpreso. Contudo, aquela era a natureza de Kim, um protetor por completo. Sua família se orgulhava disso.

Reparou um pouco mais no outro menino. Era como uma criancinha indefesa e, no mesmo instante, Jongdae se perguntou como alguém poderia deixar uma criança tão pequena perder-se naquele colégio. O vento frio entrava pela janela e as cortinas faziam um movimento ondular atrás do garotinho, o sol o banhava de luz e dava uma aparência angelical a ele. Por um instante, parecia ter saído de um dos manhwas que Dae lia quando sentia vontade. Não parecia daquele mundo.

O garoto continuou recuado. A sala não era tão grande, as paredes eram azuis celeste. Havia um quadro verde de tamanho razoável no fundo. Muitas cadeiras de diversos modelos estavam jogadas lá, empurradas formando um pequeno círculo no lugar, um espaço vazio onde o loirinho se encontrava.

— Oi! — cumprimentou Jongdae, preocupado com o loiro, perguntando-se qual decisão tomar: procurar sua professora para ajudar a criança ou simplesmente fazer um novo amigo. Kim optou pelo último. — Você está bem?

Imediatamente o garotinho mudou a postura. Seus olhos de gato, antes ferozes, suavizaram, exibindo o castanho doce deles. Seu peito não mais subia e descia velozmente. Ele sorriu, e Jongdae ficou admirado com o quanto aquela criancinha era fofa. Suas bochechas davam vontade de mordê-las.

O pequeno assentiu. Jongdae continuou parado próximo a porta quando o pequenino começou a fazer gestos com as mãos, as expressões faciais mudando conforme ele avançava naquela performance inovadora do garoto. Demorou um tempo para notar que aquilo era mímica, e uma mímica muito boa para quem aparentava ter uns seis, sete anos.

O loiro era ágil, movia-se rapidamente pelo círculo aberto, enquanto mexia os bracinhos e fazia sinais com as mãos. Jongdae ria, divertindo-se. O moreno bateu palmas várias vezes, e o outro sorria, feliz pelo público exclusivo.

Ele parou no centro do círculo, se curvou e sorriu, enquanto Jongdae batia palmas bem altas. Era como um filme que ele havia assistido certa vez. O loiro seria... como era mesmo o nome? Dae estalou os dedos. Pierrot!

— Isso foi incrível! — Jongdae não conseguia conter a empolgação. Queria assistir muito mais do que havia presenciado, um bis ou qualquer coisa do tipo.

O loiro sorriu e escondeu o rosto atrás das pequenas mãos. Era realmente uma criatura fofa.

O sinal tocou antes que Jongdae pudesse fazer algumas perguntas ao garoto. Ele mordeu os lábios, apreensivo, e abriu a porta.

— Eu preciso voltar, senão a minha professora vai ligar para os meus pais. — Jongdae reclamou. O loiro olhou para o chão, triste. — Mas não fique assim. Eu volto no final da aula. Espere aí, tudo bem?

Jongdae esperou que o outro assentisse, então saiu correndo de volta para a sua sala.

A bronca não foi a tortura. O pior foi ter de esperar mais algumas horas até poder sair e ir encontrá-lo, aquele garotinho loiro talentoso. O último sinal custou a tocar, e Jongdae saiu em disparada da sala. Ele voltou até o corredor gélido, abrindo a porta onde o encontrara e...

E o loiro havia sumido, como se nunca houvesse existido, como se fosse parte da imaginação fértil de um garoto de oito anos.


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Notas finais do capítulo

Estou ansiosa. Eu amo muito Xiuchen, é o meu otp supremo entre todos os grupos de Kpop que eu gosto. É simplesmente tão real e fofo para mim, que eu fico até emocionada.
Algumas notas: Eu peguei essa ideia de Pierrot do mini-drama que o Xiumin fez, onde ele interpretava um rapaz que se vestia de palhaço, fazia mímicas e truques, e queria ser um Pierrot. Ele continuará com esse sonho? Só o segundo capítulo nos dirá. Outra nota: Originalmente, Pierrot era um personagem da "Commedia dell'Arte". Geralmente é representado por um palhaço triste.
Ah, e o nome do mini-drama é "Se apaixonando por desafios". Recomendo, é bem leve e curto.
Estou sempre aberta a críticas, sugestões e tudo o mais.
Espero que tenham gostado e por favor, continuem acompanhando a trajetória de Xiumin e Chen!
Até semana que vem o/



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