Lucille - A Pedra Nihil escrita por Karolamd


Capítulo 16
A Estufa


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :D



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Lucille se sentou em um dos bancos de madeira que ficavam dispostos na frente do casarão. Não fazia meia hora que saíra da reunião com Odete. O céu na dimensão estava limpo e era possível ver uma lua brilhante iluminando os arredores. A bruxa abraçou os próprios joelhos, trazendo-os perto o suficiente para descansar sua cabeça sobre eles. Estava cabisbaixa e pensativa, olhando o horizonte com desinteresse. Ela não podia sair, e isso, para alguém que não há muito tempo, poderia ir e vir para qualquer lugar que aprouvesse, era algo desanimador. Ela queria ajudar, tomar a frente na batalha, mas ainda sim, entendia os motivos de Odete. Se por algum azar Lucille fosse capturada, coisas horríveis aconteceriam, e se o preço para que isso não acontecesse, fosse ficar limitada aos arredores do casarão, então ela aceitaria, mesmo que descontente.

— Tudo bem ai? - Ela ouviu, era Vitor. Lucille apenas deu de ombros, e o rapaz se sentou ao lado dela - Nós vamos conseguir os livros de volta. - Disse com uma certeza mais otimista do que real.

Houve um momento de silêncio entre eles, antes que Lucille começasse:

— Ultimamente eu tenho desejado algo que nunca tinha antes. - A bruxa confessou, era uma coisa que vinha pesando em seus pensamentos.

— E o que seria. - Vitor perguntou, olhando de forma preocupada para a amiga.

— Ser uma humana normal. - Falou, levantando seus olhos para encontrar os de Vitor, havia um brilho choroso neles que não verteu em lágrimas, mas transformou as feições de Lucille em algo muito menos ameaçador, apesar da maquiagem que ainda existia ali.

Vitor nada disse, apenas estendeu seu braço e envolveu Lucille, tentando reconfortá-la. Não demorou para que Daiana também aparecesse, não estava tão radiante quanto de costume, ainda sentia o peso da conversa que tiveram na saleta atrás do auditório. - O que foi que aconteceu? - Perguntou assim que viu os dois amigos. - Você está bem Lucille? - A bruxa acenou que sim.

— Eu tive uma ideia. - Daiana disse, dando um leve sorriso - Que tal eu te mostrar minha estufa agora? - Perguntou com renovada animação - Ela fica muito mais bonita a luz do luar, e - E nesse momento ela estendeu a mão em direção a Lucille - Eu tenho certeza que vai fazer muito bem ao seu ânimo. - A bruxa deu um meio sorriso, e pegou a mão que lhe era oferecida, sendo puxada para fora do banco. Ela quase se esquecera de como era bom ter amigos. 

O caminho para a estufa passava pelo galpão de treinamento, ficava além dele, em direção aos muros que cercavam a propriedade e delimitavam a dimensão. Lucille caminhou de mãos dadas com Daiana, Vitor vindo logo atrás. Passaram pelas janelas de quartos, onde as luzes acesas delineavam a silhueta dos demais integrantes da ODM. Tão logo eles passaram pelo galpão de treinamento, Lucille pode ver a estufa. Uma bela construção no formato clássico de uma casa, só que feita inteiramente por placas de vidro.

Dentro do lugar a bruxa pode ver o verde intenso misturado com um caleidoscópio de cores. Delfínios de um azul intenso quase saíam pelas janelas, Ásters lilases e rosas se misturavam ao amarelo das Calêndulas. Haviam dálias junto de flores de mel, e Lucille pensou que jamais vira nada tão bonito quanto a estufa de Daiana.

— É magnífico. - A bruxa disse, tocando levemente nas pétalas de uma ipoméia roxa. Daiana parecia prestes a explodir em animação e orgulho.

— Eu cuido delas todos os dias, antes de vocês acordarem. - Falou - Algumas dessas plantas jamais cresceriam em um ambiente como esse, se não fossem meus poderes. - Explicou, trazendo um vaso, onde uma flor azul pendia em seus galhos finos - Essa é uma orquídea azul, elas são muito raras, mas eu consegui fazer com que uma crescesse aqui. - Disse, sorrindo.

— As flores são lindas. - Disse Lucille, honestamente fascinada com o trabalho de Daiana - Você tinha razão, isso foi ótimo para o meu ânimo, obrigada por me trazer aqui. - Seus olhos ainda brilhavam de lágrimas, mas dessa vez eram lágrimas de alegria, de um sentimento de conforto que a lembrou muito da época em que Adelaide ainda era viva, e as duas passavam as tardes lendo ou assistindo filmes antigos.

Daiana se aproximou e abraçou Lucille, a apertando até que a bruxa começou a sentir seus ossos estalarem. - Está tudo bem aqui? - Eles ouviram o sotaque inconfundível de Andrew - Vi vocês passando pela janela. - Explicou.

— Tudo ótimo. - Lucille sorriu, o rapaz parecia prestes a ir dormir, com roupas folgadas e o cabelo amassado. Andrew se juntou a eles no interior da estufa, ele já estivera ali tantas vezes, mas as flores sempre o impressionavam.

No resto da noite, e pela madrugada a dentro, o quarteto ficou conversando em meio as flores. Lucille, inconscientemente, se aproximara de Andrew no decorrer das horas, e quando o cansaço começou tomar conta de sua mente, que até aquele momento estivera atormentada demais para pensar em dormir, ela se recostou sobre o rapaz, fechando os olhos. Ela pode ouvir algo como um suspiro, e o que pareceu muito com um "own", vindo de Daiana, antes que seus olhos ficassem ainda mais pesados do que já estavam, e sua mente cedesse ao sono.

...

— Senhor! - Começaram as irmãs em uníssono, tinham um dos livros amaldiçoados em mãos, e expressões que variavam entre a aflição e contentamento - Achamos algo que vai lhe agradar muito. - Nikolaus fez um sinal para que elas continuassem Elas passaram o livro para Kreisel, aliviadas de poderem se livrar daquele objeto.

Nikolaus leu com atenção a nota que vinha junto do feitiço. Era perfeito, exatamente do que eles precisavam. Sorrindo de forma predatória, ela devolveu o livro para as irmãs - É perfeito. - Disse apenas, sentindo uma forma distorcida de felicidade.

— Encontramos apenas um problema senhor. - Uma das irmãs começou.

— Um dos ingredientes é particularmente difícil de se encontrar. - A outra continuou.

— Precisamos do sangue de um imortal descendente do primeiro amaldiçoado. - Disseram juntas - Como sacrifício.

Nikolaus voltou a sorrir, seus olhos com um brilho ainda mais maníaco do que de costume - Isso não vai ser um problema. - Disse apenas, de maneira enigmática, e então fez sinal para que elas fossem embora - Perfeito. - Ele murmurou, se recostando em sua cadeira.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ♥



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