Lucille - A Pedra Nihil escrita por Karolamd


Capítulo 10
Descobertas


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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— Assumam posições, nós vamos ter um pouco de ação. - Vitor disse, e logo ele desapareceu. Em seu lugar uma python albina de proporções assustadoras apareceu no meio da sala, e serpenteou até a entrada. Lucille ficou admirada, mas não pode manter seu fascínio por muito tempo. O grupo de encapuzados invadiu a casa, começando um embate com os quatro colegas.

Três deles avançaram contra seus amigos, e dois vieram em direção a ela. Antes que pudessem tocá-la, Lucille os repeliu com magia. Sob os capuzes a bruxa pode ver o que eram aquelas criaturas. Ghouls de aparência medonha e apodrecida, investiam com uma raiva sem limites, destinados a cumprir o objetivo que os trouxera ali. A bruxa reparou novamente nas algemas presas na mão de um deles, elas brilhavam em um tom envenenado de verde, e Lucille soube que estavam enfeitiçadas, uma armadilha para ela.

Ao seu redor a bruxa viu seus colegas em um embate furioso. Andrew havia desembainhado uma espada estilo florete, que ela mal notara que ele vinha carregando, e lutava com uma agilidade surpreendente contra as garras do ghoul. Vitor por sua vez já se enroscara por completo num deles, e o apertava em um abraço mortal. Daiana invocara as plantas lá fora a crescerem como tentáculos para dentro da casa, e se empenhava na tarefa de prender um deles. Ghouls não podiam ser mortos facilmente, mesmo que os partisse em dois, arrancassem suas cabeças, aquelas criaturas conseguiam se recompor. A única maneira de matá-los era arrancar sua fonte de energia, uma imitação de coração que ficava no centro do tórax de seus corpos pútridos.

Distraída em sua contemplação, Lucille mal percebeu a aproximação de um deles. Quando sentiu suas garras geladas em seu braço, e tentou se defender, já era tarde. Um dos lados da algema já se prendia em seu pulso, e foi como se alguém sugasse sua energia para dentro daquela peça de metal. A bruxa tentou alertar seus amigos do que estava acontecendo, mas notou que era incapaz de emitir sons. Com o resto da força que lhe sobrara, ela empurrou o ghoul que tentava passar a outra argola da algema em seu pulso livre. O monstro cambaleou para trás, e Lucille tratou de tentar se livrar das algemas. Mas foi ato em vão, logo o segundo Ghoul, que finalmente conseguira se levantar, avançou contra ela, passando e a prendendo por completo no objeto enfeitiçado.

O que Odete lhe dissera na primeira conversa que tiveram voltou a sua mente: “Magias feitas contra Plenus não duram”, pensou reconfortada, logo aquelas algemas não mais teriam poder contra ela, mas foi então que a garota viu. Pendendo das roupas do outro ghoul, haviam mais algemas, pelo menos cinco delas, emitindo o mesmo brilho esverdeado. Vieram preparados os bastardos, sabiam exatamente o que fazer.

Enquanto seus amigos ainda batalhavam contra os ghouls que se recusavam a desistir, os dois que a prenderam começaram a arrastar para uma outra porta, uma saída alternativa. Lucille tentou mais uma vez chamar a atenção de seus colegas, mas eles pareciam muito concentrados em suas próprias lutas. Foi só quando os pés da bruxa engancharam na mesa, derrubando um enfeite de porcelana, que Andrew teve seu foco desviado da espada para ela.

Os olhos do rapaz se abriram em choque, enquanto o ghoul que ele vinha combatendo ainda investia contra ele, sem qualquer trégua. Vitor ainda estava ocupado em esmagar seu monstro, e Daiana tinha suas plantas rasgadas a cada vez que prendia a criatura entre elas. Foi então que Lucille viu algo que jamais imaginou que veria. Em um movimento Andrew afastou o ghoul com sua espada, e algo nele começou a mudar.

Enquanto Lucille era arrastada para a saída ela viu surgir olhos vermelhos, injetados e de aparência infecciosa, presas longas e pontiagudas que saltavam para fora dos lábios, uma palidez mortal que deixava a mostra veias roxas e verdes, que percorriam a pele. Não restava nada do rosto sério, porém gentil, era só fúria desvairada de um predador prestes a destroçar sua presa. Andrew se transformara em uma fera. Lucille pensou, com sua mente nublada, que aquilo não poderia ser verdade, Andrew não poderia ser um vampiro.

Ele investiu contra o ghoul que o atrapalhava, enfiando sua mão de longas unhas no tórax da criatura. Uma enxurrada de um líquido roxo escuro veio escorrendo junta da mão de Andrew, que agora segurava uma esfera de energia que se desvanecia para a morte. O ghoul cambaleou e caiu. Os demais entraram em desespero, tentando fugir, mas era tarde. Com movimentos coléricos o vampiro foi em direção aos que prenderam Lucille, abrindo um deles no meio enquanto arrancava sua energia vital. Muito do líquido roxo caiu sobre a bruxa. Em outro movimento as algemas foram arrancadas dos pulsos dela em um puxão violento, que quase a jogou contra a parede. Agora livre da magia que a aprisionava, em um movimento fluído Lucille ergueu sua mão e a apertou, os ghouls restantes caíram de joelhos no chão, como que presos por uma pressão invisível, e então desmaiaram.

A bruxa tinha a respiração ofegante, olhando incrédula não para as criaturas jogadas ao chão, nem para os pulsos de onde marcas avermelhadas surgiam, mas para Andrew. Ele estava coberto do sangue dos ghouls, por todo seu rosto e roupas. Seus olhos vermelhos ainda conservavam uma aparência assassina, e em um momento de surpresa, Lucille notou que ele começou a andar a passos determinado em direção a ela.

— Ele está perdendo o controle. - Daiana gritou, levando suas plantas, que agora não mais precisavam segurar os ghouls, em direção a Andrew, o segurando em um aperto, enquanto ele se debatia com fúria – Nós precisamos levá-lo de volta a ODM.

— Ele não vai passar pela entrada assim. - Vitor havia se transformado de volta a sua forma humana, sua expressão era algo entre a tristeza e a preocupação – Vamos ter que esperar até que ele volte ao normal.

Lucille ainda encarava com assombro o rosto distorcido de Andrew, que tentava a todo o custo se soltar. Seu coração se apertou em um nó de tristeza – Eu acho que posso ajudar. - Disse apenas, se aproximando da fera que pouco lembrava seu colega. Com uma das mãos aberta próxima ao rosto enraivecido do rapaz, ela murmurou uma antiga magia para fazer dormir. O corpo de Andrew amoleceu, e só não caiu porque era sustentado pelas plantas de Daiana. Seus olhos se fecharam, e ele parou de se debater – Vamos sair logo daqui. - Lucille disse, incapaz de acreditar no que presenciara naquela sala.

— Então – Nikolaus começou – Como os ghouls se saíram? - A ideia de criar motivos para trazer Lucille para fora da ODM parecia genial, e dera certo até aquele momento. Fora só uma questão de pedir as irmãs do contraste que enfeitiçassem algum objeto que prendesse a bruxa por algum tempo, e invocassem fantasmas aqui, lobisomens ali. Criaram atividades sobrenaturais por todo o estado, só esperando para ver para qual delas Lucille seria atraída.

— Dois abatidos, o resto foi capturado. - Disse a criatura com nariz de tamanduá, sua postura tão amedrontada e submissa, que ele quase tinha a testa encostada no chão – Eles tinham um vampiro no grupo senhor, nós não contávamos com isso.

Kreisel fechou os olhos e respirou fundo, sentindo a raiva nublar sua mente. Ele deu um grito e objetos por toda a sala voaram, e se quebraram nas paredes. Até mesmo a pobre e feia criatura foi jogada no canto, onde soltou um guincho de dor. - Nós vamos tentar de novo. - Disse entre dentes cerrados – Chamem a atenção da ODM, não importa como, façam aquela garota sair da dimensão, e dessa vez nós vamos mandar algo mais inteligente do que ghouls fazerem o serviço.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :D



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