Através do Tempo escrita por Biax


Capítulo 24
12.2


Notas iniciais do capítulo

Oi oi :3

Preparados para um capítulo reconfortante? Até eu me senti um pouco melhor enquanto escrevia.

Boa leitura!



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Rebeca se virou para sair dali antes que chorasse, mas antes que pisasse novamente no chão, tudo ficou escuro. Um sentimento de nervoso a tomou e ela virou, procurando pela máscara.

As estrelas ascenderam aos poucos.

— Olá. — Uma voz conhecida disse.

Novamente, Rebeca se virou seguindo a voz, dando de cara com o Guardião.

Vê-lo ali era tão reconfortante... Assim Rebeca sabia que tudo era real.

— Eu achei... eu achei... — Começou, mas não conseguiu terminar a frase, já que começou a chorar copiosamente.

— Tudo bem, tudo bem. Me perdoe, estava ocupado e não a ouvi. — Ele disse, querendo confortá-la. — Por que não se senta?

Ao olhá-lo de novo, Rebeca viu que ele fazia sinal para algo atrás dela, e se virando, notou um sofá cinza de três lugares. Ficou confusa, mas aceitou o convite. Quase afundou na almofada, de tão fofo que era o sofá.

Ali, ela sentia-se em casa. Era quase como se Aloys estivesse ali com ela.

— Posso morar aqui com você? — Rebeca perguntou depois de fungar.

O Guardião riu. — Desculpe, mas não tem como. E além disso, nossa convivência não era das melhores.

— Como assim?

Ele sentou em uma poltrona vermelha, que Rebeca não tinha visto como fora parar ali.

— Nós já vivemos juntos. Há muito tempo.

— Quando?

— Não teria como dizer, sua perspectiva de tempo é diferente, mas sua alma é tão antiga quanto a minha. Vivemos juntos em algumas vidas e não nos demos tão bem.

— Por quê? Nós brigávamos?

— Sim, tínhamos brigas bobas. Mas que foram resolvidas tempos depois.

— E... o Aloys também vivia com a gente?

O Guardião pareceu analisá-la. — Não. Você o conheceu depois... Sinto muito pelo que aconteceu.

— Então você já sabe?

— Sim. Sempre sentimos quando alguém próximo se vai.

— Eu ainda não consigo acreditar nisso.

— Posso ver as fotos?

Rebeca ainda as segurava, e as ofereceu para ele. Elas saíram de sua mão e flutuaram até ele, que as pegou com suas mãos brancas.

— Fique à vontade, pode se deitar, se quiser — comentou olhando foto por foto.

Ela deitou de lado e seus pés ficaram próximos da poltrona dele. A máscara não demonstrava muitos sentimentos.

— Ficaram boas, não é? — Rebeca perguntou, incomodada com o silêncio.

— Sim, ficaram boas. Se importa se eu ficar com uma?

— Por que você quer uma?

— Eu gosto de fotos. Elas demonstram mais sentimentos do que as atitudes humanas.

— Hm... Pode pegar, mas pegue alguma que tenha outras parecidas.

— Claro. Agradeço. — Devolveu as fotos para ela.

— Qual pegou?

Ele mostrou. Era uma dela e Aloys na cozinha de sua casa. Eles estavam sorrindo, felizes.

Ao vê-la, Rebeca sentiu seus olhos se enchendo de água.

— É engraçado em como você fica assim todas as vezes.

— Todas as vezes? — perguntou passando as costas da mão nos olhos.

— Que Aloys morre. Ele geralmente não chora tanto.

— Como você sabe?

— Eu fico de olho em vocês, nas vidas que vocês vêm juntos. Quando eu te encontro, na maioria das vezes, vocês já se encontraram.

— Mas como eu não ficaria triste? Eu... Ele era...

— Eu sei. Por isso digo que é engraçado.

— Por quê?

— Vocês sempre sentem as mesmas coisas. Independente da quantidade de vezes que viveram e conviveram juntos. Todas as pessoas são assim.

— Então... nós já vivemos juntos? Isso não faz sentido.

— Sim, diversas vidas.

— Mas então onde ele estava nas minhas vidas anteriores? Antes dessa vida? Depois que eu fui morta queimada, não o encontrei mais. Parecia que eu estava sempre procurando por ele naquelas vidas... — Começou a falar rapidamente.

— Se acalme — disse calmamente. — Só porque vocês viveram muitas vidas juntos, não significa que vocês viveram todas as vidas juntos. Nem sempre vocês tinham que se encontrar. Sempre que voltamos à vida, temos missões, coisas a se fazer e a aprender, e um amor de outras vidas nem sempre é prioridade.

— Então... o Aloys teve outras vidas? Eu não atrapalhei tudo? — Sentou-se, olhando para ele.

— De forma alguma.

— Isso é muito confuso.

— O que exatamente?

— Eu o mandei para o futuro, certo? Ele veio parar nessa vida... Mas quando vimos as lembranças dele não haviam lembranças de outras vidas. Como ele teve outras? Se não tinha nada ali além da vida em que eu era uma bruxa...

Ele deu risada, como se achasse graça da confusão de Rebeca.

— Do que está rindo? — perguntou séria.

— Vocês ainda não descobriram uma das partes importantes dessa história toda.

— Que parte?

Um barulho de despertador encheu o lugar.

— Só um momento. — O guardião levantou e sumiu, junto com o barulho.

Rebeca ficou ali, sozinha, se sentindo confusa e envergonhada.

O que ela não sabia ainda? Tinha mais coisa? Aquilo ainda não tinha acabado? Depois de toda aquela loucura...

Passou o que pareceu ser dez minutos e nada dele voltar, mas um cheiro maravilhoso de bolo começou a surgir. O estômago de Rebeca roncou.

Bolinhos de novo?

— Sim, bolinhos.

O Guardião surgiu com uma bandeja grande nas mãos. Uma mesa de centro apareceu e ele colocou a bandeja nela. Rebeca colocou a mão na testa, como se fosse impedir que algum pensamento dela fosse ouvido.

— Me perdoe, às vezes fico tão à vontade que acabo lendo os pensamentos de quem está próximo de mim.

— Não faça isso de novo. — Rebeca tentou parecer brava, mas sua visão era preenchida com bolinhos que pareciam suculentos.

— Pode pegar. São de chocolate com frutas vermelhas.

Antes que um filete de baba saísse de sua boca, Rebeca pegou um bolinho quente e deu uma mordida generosa. Os sabores de chocolate, amoras, framboesas, morangos e mirtilos tomaram seu paladar, e ela quase desmaiou de tão bom que estava.

Isso é maravilhoso!

— Eu sei. — O guardião disse, de repente, também comendo. — Ah, desculpe de novo.

Ela nem se incomodou, estava ocupada saboreando seu bolinho. Então pensou em como Aloys iria gostar também.

— Vai me dizer que parte você estava falando? — questionou pegando a xícara que estava na bandeja, cheia de um líquido marrom claro e tomando um gole.

— Imagino que saiba que não posso falar.

— Nada? Nem uma diquinha? — Pegou outro bolinho.

— Hm... Posso dizer que não acabou. Você ainda verá Aloys... mas não será mais ele.

— Claro, em outras vidas... — Revirou os olhos, comendo mais.

Ele permaneceu quieto, como se não quisesse falar mais nada, e ao mesmo tempo se segurando para não falar.

— Não é? — Rebeca pressionou.

— Não posso dizer. Mas não se preocupe, o tempo passa rápido. Você o verá mais rápido do que imagina.

— Tá querendo dizer que vou morrer?

— Claro que não — respondeu rápido. — De forma alguma.

Rebeca riu enquanto terminava de comer. — Estou brincando.

O Guardião não quis falar mais nada sobre aquele assunto. Rebeca não insistiu, já que já tinha sido um milagre ele falar tanto. Comeu mais alguns bolinhos e decidiu ir embora.

— Venha sempre que quiser. — Ele falou.

— Obrigada. — Sorriu. — Ficar aqui me ajudou bastante. Eu gosto de você. Não sei por que brigávamos, mas imagino que nos damos bem agora, não é?

— Sim, nos damos bem.

— Obrigada pelos bolinhos, estavam ótimos.

— Venha sempre que quiser come-los.

Ela sorriu e em um piscar de olhos, estava de volta ao museu. Guardou as fotos no envelope e saiu, pegando sua bicicleta e voltando para casa. Já estava ficando escuro, e ficou espantada de novo em como o tempo era diferente no mundo do guardião.

Quando chegou, seus pais já estavam em casa.

— Onde você estava? — Maristela perguntou brava. — Tem noção de que horas são?

— Desculpa, mãe... — falou indo até a lavanderia e guardando a bicicleta.

— Desculpa? Onde você estava?

Voltou à cozinha. — Fui pegar umas fotos no centro. — Tirou o envelope e o deixou na mesa. — E... encontrei a Maria lá. Ficamos conversando e não vi o tempo passar. Desculpa.

Ainda brava, Maristela pegou o envelope e tirou as fotos, começando a olhá-las. No mesmo instante, sua cara de brava evaporou. Olhou várias fotos e encarou sua filha. Sem dizer nada, se aproximou e a abraçou.

Rebeca retribuiu o abraço, tentando não chorar.

Os três jantaram trocando poucas palavras e depois Rebeca subiu para seu quarto.


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Notas finais do capítulo

Guardião ajuda "sem querer" ajudar kkk Mas ele é um amorzinho, não acham?

O próximo capítulo teremos uma reviravolta. Fiquem espertos ;D kkk

Até o próximo :*



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