O dia amanheceu bem claro, o sol iluminava o quarto de Lia e seus fios de cabelo ganharam um brilho especial assim como os seus olhos que estavam se abrindo lentamente. Espreguiçou-se e ouviu um barulho, na verdade uma melodia tocando. Eram o som de um piano de algumas notas sendo dedilhadas. Lia seguiu o som, pois sabia muito bem de onde ele vinha e de quem era aquela melodia. Suspirou e sentiu seu coração se acalmando aos poucos a cada passo que dava. Abriu a porta do Studio que tinha em casa e viu seu irmão sentado ao piano tocando.

— Te acordei? – ele disse se virando para ver a irmã.

— Não – ela sorriu fraco – o que está fazendo aqui no Studio da mamãe?

— Lembrando dela – Zac fez menção para a ruiva sentar ao seu lado – Enzo e Noemi vieram cedo atrás de você – Lia arregalou os olhos de leve – mas papai não os deixou subir – Lia ficou em silêncio.

Zac continuou a tocar a mãe deles era compositora e os ensinara um pouco de piano. Zac foi o que mais se dedicou depois da morte da mãe. Lia fechou os olhos e apreciou aquele momento que cada dia ficava cada vez mais raro de acontecer.

— Mamãe sempre dizia para a gente nunca desistir – Lia abriu os olhos – tantas vezes que a enganaram e roubaram as composições dela e mesmo assim ela seguia em frente e termina cada uma delas.

Lia parecia estar ouvindo sua mãe falar, seu irmão tinha tanto dela e agradecia por cada palavra e por aquele momento ali com ele. Ela estava com medo, apavorada com tudo aquilo, porém sabia que não poderia desistir não daquele jeito.

— Obrigada – Lia beijou a bochecha do irmão e correu para fora do Studio.

— De nada – sorriu e pegou o celular.

Consegui, ela está a caminho e você me deve uma! Cuida da minha irmã. Zac Smith.

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Os alunos estavam se dirigindo para o auditório para ouvirem os discursos das candidatas a presidente do grêmio. Renata estava com um sorriso no rosto olhando de modo superior para os demais da escola. Se aproximou de Camilo e sussurrou em seu ouvido.

— Se ela colocar os pés aqui já sabe o que fazer.

Camilo apenas confirmou com a cabeça e sorriu se dirigindo para a porta que dava de entrada para o auditório pelo palco. Enzo estava tenso, mesmo já recebido a mensagem de Zac e sabendo que Lia estaria ali ele estava apreensivo. Ju sentou ao seu lado e segurou sua mão.

— Vai dar tudo certo – ela disse – vou esperar a Lia na entrada do palco – beijou o rosto do garoto e seguiu seu caminho.

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Lia estava correndo, sua casa não era tão longe da escola e em questão de minutos chegou ao colégio. Parou ofegante e se apoiou em seus próprios joelhos recuperando o fôlego. Encarou a fachada da escola, estava com muito medo. Andou lentamente deixando seus pés a guiarem, não conseguiu nem cumprimentar o porteiro e nem viu quem estava ao seu redor. Andou e parou na porta do auditório que dava para o palco e viu a figura de um garoto que estava parado ali.

— Sabia – Camilo se aproximou da ruiva de braços cruzados – daqui você não passa.

— Se você não me deixa entrar é porque eu tenho uma chance de vencer! – Lia estava determinada.

— Vencer? – Camilo riu alto – que tal eu te aplicar o número 5 agora mesmo? – o olhar dele era obsessivo.

— Que tal eu te quebrar? – a voz de Yan ecoou no corredor.

— Yan – Camilo sorriu – quer fazer as honras?

— Cai fora – Yan se posicionou na frente de Lia – AGORA!

Camilo estendeu as mãos em sinal de rendição e saiu dali entrando no auditório. Renata já estava fazendo o discurso e só se ouvia sua voz num tom ameaçador.

— Por quê? – Lia disse sem forças e Yan a olhou nos olhos.

— Eu – Yan estava tenso – Lia eu mudei por – ele soltou o ar e seu corpo relaxou – foi por você.

— Por – Lia arregalou os olhos – mim?

— Eu estava na enfermaria depois de ter torcido o pé no treino – Lia o olhou intensamente – você não me viu ali, estava com o Enzo e a Juliana.

— Tem certeza que está bem? – Enzo disse beijando a testa da amiga.

— Estou bem – a ruiva disse rindo.

— Por que eles não param? – Ju estava triste e sentiu um aperto no peito ao ver os hematomas de amiga.

— Foi porque eu estava no caminho – a ruiva disse encarando a amiga – deixa pra lá vão para aula.

— Tudo bem, mas se cuida – Enzo disse e ele e Ju saíram pela porta.

— Você estava sorrindo e naquele sorriso por um minuto eu me vi nele – Yan fechou os olhos.

Lia desabou em lágrimas ali mesmo, colocou a mão na boca para abafar o som das lágrimas sem sucesso ela já soluçava e as lágrimas não queriam parar de cair. Estava doendo todo o seu corpo, mas principalmente sua alma. Yan viu tudo de longe em uma das macas da enfermaria e aos poucos seu coração se apertava até que começou a ficar insuportável dentro dele, queria correr e abraça-la queria protege-la e nem sabia porque desses sentimentos o invadirem.

— Eu sempre achei divertido humilhar, agredir e fazer brincadeiras de mal gosto, mas – ele encarou Lia e os olhos dela estavam marejados – eu nunca tinha visto o outro lado, o lado de quem sofria as agressões – andou para mais perto dela – mas ver você ali me fez querer mudar – sorriu fraco – e eu sei que quando subir nesse palco você vai vencer Lia, o seu discurso vai ganhar todos que estão sentados ali porque você sabe exatamente como eles se sentem – o olhar dele era confiante e Lia se sentiu assim também – você já venceu.

Lia estava perdida naquele olhar nas palavras em tudo o que ele havia dito e sabia no fundo que ele não havia a enganado ele foi verdadeiro em tudo. Deu um passo na direção dele e o abraçou enterrando seu rosto no peito dele, Yan foi pego de surpresa ele era maior e mais alto o que fazia Lia parecer tão pequena e frágil mesmo ela não tendo nada de frágil. Passou seus braços em volta dela e apreciou aquele momento, o cheiro dela era de flores. Estava tão quentinho ali que não queria solta-lo.

— Gosto de você Lia – Yan disse r sorriu.

— Estamos ferrados – Lia o encarou – porque eu também gosto de você.

— Lia! – Ouviram a voz de Ju – você veio!

— Sim eu vim – a ruiva sorriu e elas se abraçaram.

— É sua vez – Ju disse e sorriu para Yan.

Lia olhou para Yan e sorriu, acenou e entrou no auditório junto com Juliana enquanto Yan entrou pela outra entrada. A cada passo subindo ao palco sentia seu coração acelerar, viu ali os professores os alunos e o diretor. Estava com muito medo, mas era agora que decidiria se iria fugir ou se corajosa.

— Boa tarde – Lia começou o discurso.

#Gente por favor não esqueçam de comentar ok? Ansiosa para terminar essa primeira parte. O que acharam?