O Mundo do Amanhã escrita por The Dreamer Himory


Capítulo 16
Capítulo 15 – Coronel Theodore




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Quando Lucca encontrou o coronel Theodore pela manhã, ele lhe disse que estava ocupado no momento e falaria com Lucca mais tarde. Então Lucca passou metade do dia andando de um lado para o outro sem saber o que fazer. Quando o coronel finalmente teve tempo para falar com Lucca, eles se encontraram ao lado da sala-da-fofoca, o mesmo lugar em que Lucca e Mayron tinham estado no outro dia.

— Eu prefiro o ar livre do que uma sala de reuniões, sabe? - disse gentilmente o coronel.

— Humm... e o que o senhor queria falar comigo?

— Acho que não posso continuar adiando... sente-se se quiser, vai ser uma conversa longa. - Lucca sentou-se nos degraus, o coronel ficou em pé na frente dele - Vamos direto ao ponto, Lucca, eu quero que você seja o vice-capitão do 1º batalhão.

Os olhos de Lucca se arregalaram.

— Mas...

O coronel o interrompeu.

— Sim, eu sei que você acabou de entrar no exército, mas você tem as qualidades necessárias e, além disso, Mayron gosta de você. Ele nunca aceitaria uma pessoa que não gostasse para esse papel... E você quer matar aliens certo? Mas você não vai poder matar aliens se entrar no sistema de áreas normalmente.

— Como assim?

— Lucca, você foi indicado para a construção de armas químicas e para a área de construção de armas físicas. Se ficasse nessas áreas você dificilmente poderia lutar como gostaria, mas sendo vice-capitão, ou segundo capitão, você poderia lutar junto com o time de guarda-costas do capitão Mayron junto com Anna e Alex e ainda teria acesso à área para qual foi originalmente designado, sem contar as inúmeras vantagens de ser vice-capitão. E também, você poderia passar bastante tempo perto do Mayron...

— O senhor vai me desculpar, mas... por que eu iria querer passar tempo perto dele?

O capitão Theodore tossiu embaraçado.

— Bom... eu pensei que...

— Que o quê? Que eu e aquele, aquele... polvo... tínhamos alguma coisa? É ele quem fica me agarrando... eu... eu - Lucca já estava vermelho com um tomate maduro e suas bochechas não paravam de esquentar - eu...

Ele enfiou a cabeça entre os joelhos.

— Bem... eu não tenho nada a ver com isso. Mas você tocou num ponto interessante e, se você aceitar ser o segundo capitão do primeiro batalhão, eu vou ter que lhe falar melhor algumas coisas sobre a condição de "polvo" do capitão Mayron...

— Tudo bem... - resmungou Lucca baixinho, ele ainda estava vermelho.

— Hum?

— Tudo bem. - disse Luca de novo, dessa vez mais alto - Mas eu não quero que pense que eu estou aceitando porque eu quero ficar perto daquele polvo - ele corou de novo, o coronel Theodore não parecia ter acreditado.

— Como eu já disse, não tenho nada a ver com isso... - o coronel sentou-se ao lado de Lucca e olhou para o céu - Você sabe por que eu entrei para o exército, Lucca?

— Não. Deveria?

— Humm... não, mas existem alguns boatos por aí que não são verdadeiros... Bom, quando eu era criança, eu vi muitas coisas ruins acontecendo, vi as pessoas fazendo coisas ruins... então eu pensei que talvez nós, os seres humanos, que fossemos os vilões da história, e não os aliens. Então eu comecei a ter vontade de entrar para o exército, para poder conhecer mais sobre os aliens e saber se eles eram mesmo tão ruins quanto falavam. Naquela época, eu queria uma esperança... alguma coisa em que acreditar. Eu não queria acreditar que não existia mais bondade no mundo e, se eu não conseguia com os humanos as coisas boas que eu procurava, eu pensei que talvez pudesse conseguir com os alienígenas. - Lucca escutava atentamente a história - Quando eu entrei no exército, eu vi que a coisa não era bem como eu imaginava, e comecei a perder minhas esperanças. Onze anos atrás, eu estava prestes a pedir para ser dispensado do exército, quando uma criança alien desesperada bateu nos portões da sede. Eu o levei para a sala de interrogatório e ele me contou sua história, ele tinha visto seu povo fazer coisas muito ruins e queria fugir deles. Isso me lembrou um pouco de mim mesmo, de como eu queria fugir das pessoas ruins ao meu redor. O menino alien tinha se voltado contra o seu povo, ele tinha achado duas espadas AA e tinha matado um alien, ele estava completamente desesperado e chorando. Me lembro que eu pedi que alguns soldados de confiança me ajudassem a esconde-lo por um tempo, pedi que trouxessem comida para ele e, depois que ele comeu, ele se acalmou e eu consegui conversar com ele. Ele disse bastante bobagem nada a ver com nada e sorria com bastante facilidade. Quando eu vi ele sorrindo, eu tive certeza que tinha achado aquilo que eu procurava, bondade e inocência. Ele incomodava as pessoas de um jeito muito inocente, nunca percebendo que as pessoas queriam que parasse com aquilo, ele me abraçava sorrindo e perguntava como tinha sido meu dia quando eu ia visita-lo no final das tardes no lugar onde ele estava escondido. Ele tinha catorze anos, era só uma criança, e eu sabia o que o exército faria se eu o entregasse, eles iriam mandar ele para o "banco de cobaias". Eu já trabalhei no banco de cobaias logo que entrei no exército, aquele lugar, Lucca, destrói qualquer sinal de bondade, é o verdadeiro inferno na Terra. Eu não podia deixar ele ir pra lá, então negociei com o exército. Mayron foi registrado como cobaia, mas nunca encostaram um dedo nele a não ser para colher amostras de DNA e esse tipo de coisa inofensiva, mas, em troca de deixarem ele em paz, eu tive que assumir responsabilidade completa por qualquer coisa que ele faça.

Ele olhou para o céu de novo.

— Mayron é como um filho pra mim. Tenho protegido e cuidado dele desde então. Eu escolhi o nome dele, ensinei a lutar... No fim, a maior parte do exército acabou aceitando Mayron... ele tem essa coisa que encanta as pessoas.

— A maior parte?

— Sim, existe uma facção separada no exército que foi criada por... bem, por pessoas que não gostaram da ideia de ter um alien dentro do EAA. Eles foram contra manter Mayron aqui e ainda são. Eles tentaram mata-lo. Foi só uma vez, mas foi um plano perfeito, se eu não tivesse descoberto... - ele suspirou - Lucca, se você vai ser o vice do Mayron, precisa saber dessa história também.

Lucca olhava atentamente para o coronel Theodore, que parou um pouco pra tomar fôlego e continuou.

— Aconteceu dois anos atrás. O primeiro batalhão tinha uma vice-capitã, Marina. Marina se aproximou de Mayron e conquistou sua confiança. Mas na verdade ela era... membro dessa fação que queria matar Mayron. Eles, os superiores dela, a mandaram se aproximar dele e ganhar sua confiança pra poder, bem... pega-lo de surpresa. Foi por acaso que eu acabei descobrindo o plano. Mayron não sabe disso, é claro. Ele acha que ela foi morta por aliens, mas na verdade fui eu que a matei com ajuda de Alex e Anna. Eu escondi isso dele pra protegê-lo. Ele gostava muito de Marina, e eu prefiro que ele se lembre dela como a amiga que ela fingia ser, não como a pessoa horrível que realmente era. Isso só iria machuca-lo.

Lucca olhou para a lua que agora já tinha aparecido... era muita informação pra absorver...

— Posso contar que você vai guardar segredo sobre isso, certo, Lucca?

— Claro! - ele disse.

— Enfim, eu preciso de você para ser o segundo capitão do primeiro batalhão e para proteger Mayron, posso contar com você pra isso?

— Sim! - Lucca olhou para o coronel Theodore - Pode contar comigo pra ser babá do alien!

Eles continuaram lá sentados, cada um perdido em seus próprios pensamentos.

— ... mas, vem cá - disse Lucca de repente - Mayron não é um pouco velho pra ser seu filho?

— Ele tem 16 anos!

— Quê?! Como? Ele não tinha 14 anos onze anos atrás?

— Idade de alienígena! Um ano para cada mudança de pele. Mayron tem 16 anos, isso significa que ele mudou de pele 16 vezes na vida.

— Humm... não faz muito sentido... - Lucca levantou - Bem, acho que eu vou indo...

O coronel levantou também.

— Claro... também tenho que ir.

Eles andaram por uma curta distância lado a lado quando o coronel perguntou.

— Está tudo bem com você, Lucca? Você está andando de um jeito meio esquisito.

— Ah, bem, é essa calça apertada...

— Humm... não quer que eu te mostre onde pegar uma maior?

— Sim, se não for um incomodo...

Lucca seguiu o coronel até uma sala branca que parecia uma espécie de lavanderia. Duas mulheres andavam entre as maquinas, colocando roupas pra lavar. O coronel se aproximou de uma delas.

— Leandra, você pode conseguir uma roupa maior pro Lucca?

A mulher pegou uma planilha e procurou algo.

— Lucca Myrai?

— Isso mesmo. - disse Lucca.

— O tamanho da roupa originalmente registrado aqui era casaco 40, botas 38, blusa 40 e calça 38; mas alguém modificou a pedido do senhor Lucca para calça 28.

— O quê?! Eu não pedi nada? Quem... - de repente Lucca percebeu porque a calça parecia tão apertada no traseiro... aquele... polvo pervertido... - EU VOU MATAR AQUELE POLVO!!!


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