Unsolved escrita por Strela Ravenclaw


Capítulo 8
Tragedy.


Notas iniciais do capítulo

Olá, vocês estão bem?
Capítulo novo e sem demora, rs.
Não tenho nada a dizer hoje, então divirtam-se.
Desculpe os erros.
Come on, baby.



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Acordei com a luz entrando pela fresta da cortina entreaberta. Abri os olhos lentamente, me levantei e sentei na cama – me recordando dos acontecimentos da noite anterior – olhei para meu corpo, eu ainda trajava a lingerie branca. Uma onda de vergonha me vez levantar rapidamente da cama e vestir o robe, em uma tentativa falha de me cobrir.

Jensen entrou no quarto – levei um susto, mas por sorte, ele não pareceu notar. – Estava vestido com uma calça preta jeans e uma blusa social branca.

— Ainda não está pronta? – perguntou em um tom de impaciência.

Meu rosto esquentou – e tive certeza que estava vermelha. – Ele já estava pronto e eu ainda vestia isto.

— Não sei onde está as minhas roupas. – comentei, encolhendo os ombros.

—Tem algumas peças no guarda-roupa. Achei conveniente comprar algumas roupas pra você.

— Ah sim, obrigada – sorri em agradecimento, não recebendo nenhum sorriso de volta. – prometo não demorar.

— Tá bom – Jensen se dirigiu a porta mas parou e me olhou por cima do ombro – lingerie bonita. – disse com um sorriso malicioso, olhei para meu robe e ele estava entreaberto mostrando parte da minha roupa intima, o fechei rapidamente com vergonha. – mas eu prefiro a vermelha – ele deu as costas e saiu fechando a porta atrás de si.

Como assim ele “prefere a vermelha”, qual o problema com ele? É necessário falar esse tipo de coisa? Como se não bastasse o que ele fez comigo ontem!

Eu tinha vergonha só de lembrar que quase me entreguei a alguém como ele. Jensen me dava antipatia e me despertava raiva.

Idiota.

Tomei um banho rápido e fui até o guarda roupa a procura de uma roupa. Todas me serviam bem, porém não fazia muito meu estilo. Peguei uma calça jeans escura e uma blusa preta básica e coloquei um casaquinho leve por cima – da cor branca – não vi tênis, então usei uma sapatilha preta. Teria que passar em casa (na minha agora, antiga casa) para buscar meus pertences.

Sai do quarto a procura de Jensen, não o achei em lugar algum da casa – só falta ele me largar aqui, eu não duvidaria – então abri a porta e o vi falar ao telefone.

— Mas como ela está? – disse nervoso, mas com a voz baixa e controlada. De quem ele falava? Ele parecia não querer ser ouvido.

— Jensen? – chamei-o.

Ele se virou ainda com o telefone na mão e disse apenas para a pessoa do outra lado da linha que retornaria a ligação.

Algo me dizia que aquilo era suspeito. Senti que coisa boa não havia acontecido – um calafrio estanho percorreu meu corpo e eu envolvi meus braços em torno de mim.

— A gente precisa conversar – ele disse sério, seu olhar era fixo em mim.

— O que foi? – perguntei um tanto nervosa, algo estava errado – aconteceu alguma coisa?

— Sim – Jesen fez uma pausa, parecia pensar no que ia dizer – sua mãe, ela sofreu um acidente de carro – falou sem expressar emoção. Seu olhar frio era atento a mim.

— Como? – engoli em seco. Eu achei não ter entendido direito.

— Ela está no hospital da cidade – Jensen disse cruzando os braços.

—Não pode ser! – um nó se formou na minha garganta, meus olhos ardiam.

Como isso aconteceu? Um acidente? Ela estava bem? Tantas perguntas se passavam pela minha cabeça, enquanto uma lágrima escapou por meus olhos.

— Me leve até lá! – falei.

— Não é seguro! – disse de forma rude – não até sabermos se foi só um acidente. – ele mantinha seu olhar frio sob mim.

— Eu não quero saber, Jensen! Preciso saber se ela está bem – perdi a calma enquanto lágrimas escorriam por minha bochecha – me leve até lá, ou eu vou sozinha!

Ele estava na minha frente, seu olhar me analisava. – ele mantinha a expressão de sempre – como conseguia ser assim? Não expressar emoções?

— Vamos – disse.

O trajeto até o hospital pareceu durar uma eternidade. Mantinha meu olhar fixo na janela, mas não olhava nada em especial, apenas estava submersa em pensamentos.

Eu não podia perder minha mãe! Eu não tinha mais ninguém, ela é tudo, é minha família.

Um nó se formou na minha garganta, senti um forte aperto no peito.

Aquilo não poderia ser real.

Chegamos no hospital e ficamos por longos minutos na sala de espera. Eu andava de um lado para o outro e Jensen mantinha um olhar irritado por minha ação.

— Olá? Senhor e Senhora Lewis – o médico entrou na sala de espera com uma fixa nas mãos.

Só depois de alguns segundos me dei conta de que era comigo que ele falava. – Jensen foi mais rápido e se levantou e foi até o doutor.

— Doutor – ele cumprimentou o médico com um aceno de cabeça.

— Como ela está? – perguntei nervosa.

O médico olhou para Jensen, seu olhar era um tanto aflito – como se procurasse palavras.

— Doutor! Como minha mãe está? Ela está bem? – insistir. Meus olhos marejaram quando vi o médico soltar uma respiração pesada e olhar-me com piedade.

— Eu sinto muito, Senhora Lewis – disse olhando em meus olhos – nós fizemos o possível, mas o acidente que ocorreu no veículo foi muito grave… Ela não resistiu… – ele não chegou a terminar a frase.

Nesse momento meu mundo desabou. Foi como ser atingida por facas, senti minhas pernas falharem, lágrimas brotaram em meus olhos. Me senti tão fraca, tão indefesa. – olhei para Jensen, que me olhava atento.

— Não pode ser – neguei com a cabeça – não, não, não – falei desesperando-me – eu quero vê-la! – lágrimas molhavam meu rosto. – eu quero ver ela! – gritei.

— Clarissa! – Jensen quebrou o silêncio. O médico apenas me olhava com dó.

— Isso não é verdade! – neguei com a cabeça mais uma vez – não pode ser, Jensen.

— Doutor, nós podemos vê-la? – Jensen perguntou ao médico.

— A Senhora Goldestein, antes de morrer, me fez um pedido. Disse que não queria que a filha a visse daquela forma – o medico falou triste.

— EU QUERO VER A MINHA MÃE! – gritei entre soluços que escavam. – eu preciso…

—Eu posso permitir que a veja através do vidro. O rosto dela permanece intacto, o corpo sofreu graves lesões… então ele está coberto, não posso fazer mais do que isso por você, me desculpe.

A cada palavra, parte de mim era partida. Eu não acreditava naquilo! Minha mãe, morta? Isso não era verdade, eu iria vê-la, e tenho certeza de que ela está viva!

— Vamos, por aqui – o médico disse e nós o seguimos. Eu em meio a soluços e Jensen em seu silêncio perturbador.

— MÃE! – gritei quando vi a pior imagem da minha vida. Ela estava coberta com um lençol branco, seu rosto tinha muitos machucados, nem mesmo parecia ela deitada naquela maca.

As lágrimas se intensificaram e perdi o total controle das minhas pernas. Jensen me segurou a tempo de eu cair no chão. Eu soluçava e negava tudo aquilo – não poderia ser – porque aquilo estava acontecendo? Eu acabará de perder a pessoa que mais amava na vida. A única pessoa que eu tinha, além dela eu estava sozinha e agora, presa a um casamento de fachada. Eu não tinha ninguém. Minha mãe tentou me proteger a todo custo, e acabou assim. Não poderia acabar assim.

Enquanto as lágrimas molhavam a camisa de Jensen, deixei minha cabeça tombar em seu peito. –  Tudo o que eu queria era desaparecer. – por um instante ele se manteve imóvel, impassível.  – Não me importei, nada importava – depois senti seus braços ao meu redor em o que seria um abraço totalmente sem jeito. Vi as coisas girarem, até tudo escurecer.

Tudo era um terrível pesadelo? – A pergunta ecoava no escuro em que eu me encontrava – um casamento forçado em troca de proteção. Uma proteção que não se estendeu até ela – ela havia mesmo morrido? – não poderia ser. Aquilo nem mesmo fazia sentido. – é verdade, ela não estaria mais aqui. Eu não a veria nunca mais, não sentiria seu cheiro e nem escutaria sua voz. Não sentiria sua mão fazer cafuné em meus cabelos, e nem teria a noite das meninas. Ela foi tirada de mim, a roubaram, levaram tudo o que eu tinha – a morte roubou o que eu tinha de mais precioso.

Passei dois dias sedada, eu estava em casa. Me lembro apenas de Jensen entrando algumas vezes no quarto e uma moça de branco – deveria ser a enfermeira – vindo aplicar uma seringa na minha veia.

Quando recobrei a consciência já era o dia em que o corpo seria cremado – assim era o desejo dela – eu não tinha mais lágrimas e muito menos força para chorar – a cerimonia foi fechada, e não havia muitas pessoas, ela não tinha muitos amigos. Foi tudo tão rápido, como um borrão em minha memoria. – talvez fosse o efeito dos calmantes.

Jensen se manteve ao meu lado todo o tempo, ele até abraçou-me como um marido amoroso faria – mas tudo na frente das pessoas – eu o olhava as vezes, e somente via um olhar frio – todos pareciam acreditar que ele estava sendo verdadeiro, até mesmo na hora de dar-me os seus “sentimentos” ou seus votos de condolência.

— Eu sei que você ainda não está bem – Jensen disse no carro, quando havíamos saído de lá – mas preciso resolver as coisas do testamento ainda hoje, não quero prolongar muito tempo nessa cidade.

Pela primeira vez em dias, escutei de verdade o que ele disse.

Como assim, não moraríamos aqui?

— Achei que ficaríamos aqui, Jensen – falei, pela primeira vez em dias com ele.

— Não, Clarissa – ele olhou-me. Seus olhos que me analisavam cautelosamente, tentavam desvendar algo em minha expressão, já que eu mantinha meus olhos escondidos pelos óculos escuros. – eu sei que você teve uma grande perda, mas não posso parar meus negócios, temos uma vida ainda. – disse inexpressível. Sua frieza era habitual, mesmo me espantando pelo tamanho da perda que eu tive. Ele não era capaz de transmitir nem mesmo dó.

— Você é sempre assim? – perguntei enquanto ele olhava pela janela.

— Como?

— Frio – falei.

— A vida não é um mar de rosas, Clarissa. Todos sofrem perdas. – disse sem olhar-me.

Engoli em seco, sua tamanha frieza me causava calafrios.

Depois de alguns minutos, quebrei o silêncio entre nós.

— Porque me abraçou lá dentro? Não acredito que faça o tipo amoroso – perguntei.

Ele virou para olhar-me dessa vez – seus olhos pareciam penetrar-me a alma, mesmo através daquele pobre óculos.

— Tenho que manter a aparência – disse – as pessoas precisam achar que isso aqui é real.

— Isso seria nosso casamento?

— Sim, Clarissa – disse, seu tom parecia definitivo e impaciente, porém fui mais além.

— Você sabe que temos um contrato de um ano – disse, respirando fundo.

— Sim, eu sei disso.

— O que fará depois disso? Sabe que agora não tenho ninguém… – falei as ultimas palavras com tristeza.

— Eu disse a sua mãe que a manteria segura – afirmou – com a morte dela não sei como sua situação sob ameaça ficará – ele pareceu pensar um pouco – mas até completar dezenove anos, você é minha responsabilidade – seus olhos frios ainda me olhavam – depois disso, ficará apenas se quiser.

— Não se importa que eu fique? – deixei escapar essa pergunta.

Jensen me olhou com uma sobrancelha arqueada, sua expressão me fez ficar temerosa pela resposta.

— Se eu disse que poderá ficar, porque ainda me pergunta? – resolvi que era melhor não falar mais. Jensen não era nenhum pouco agradável e gentil.

Na leitura do testamento o advogado nos falou que todos os bens seriam meus, porém só poderia tomar posse aos dezenove anos, quando o contrato com Jensen acabasse, até lá, tudo estaria nas mãos dele – não que eu me preocupasse com isso.

Tudo parecia tão vazio, eu me sentia assim. Minha mente vagava por lembranças, pelo passado. A um tempo atrás, naquele passado, eu nunca imaginária que minha vida viraria uma tragédia.

Naquele mesmo dia, nós fizemos uma longa viajem até a cidade onde Jensen morava – nem mesmo tive tempo de me despedir de Julie, mas deixei uma carta para ser entregue a ela – não sei quanto tempo durou a viagem até Nova Orleans, eu adormeci.

Meu corpo precisava de descanso, e minha alma também.


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Notas finais do capítulo

Comentem!!
Eu tenho recebido ótimos comentários aqui, e se continuar assim, postarei com bastante frequência, já que tenho capítulos adiantados.
Obs: minha outra fanfic: https://fanfiction.com.br/historia/662204/I_love_Charlie/
Grande Beijo ♥



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