POV KATNISS

Remexo, passo minhas mãos procurando o outro corpo que deveria estar ao lado.

Não encontro o peito de Peeta sob minha cabeça, sento revistando o  quarto.

Vejo a luz do abajur ligada, mas nada da sua presença. Passo a mão no rosto, sorrio vendo aquela linda aliança em meu dedo anelar.

Levanto colocando um robe e prendo meu cabelo, estranho quando vejo que o dia não amanheceu ainda.
Será que está fazendo pão?

Sigo pelo corredor indo até o quarto de Hope, ela dorme calmamente.
Passo os dedos pelos cabelos de minha filha, tão grande com 5 meses.

Chega ser louco pensar que ela está crescendo tão rápido, a poucos meses atrás, não passava de um pequeno ser, dentro de mim.

Anos se passaram e aqui estou, noiva do padeiro que me salvou da fome, mãe da sua filha, com cicatrizes e uma mente modificada.

As coisas mudaram.

Sigo pelo corredor vendo se o encontro na cozinha e nada.
Onde ele está?
Achei que poderia estar aqui!

Fico em silêncio pra ver se consigo ouvir algo, ouço sua voz.

Sigo o som e chego até o escritorio, a porta esta entreaberta e consigo ouvir a sua conversa.

—Eu não posso fazer isso assim! Sei que elas não estão seguras...— sinto um desespero em sua voz, estranho pois Peeta sempre é calmo.

—Eu sei! Mas, voce precisa entender que não posso tirá-las daqui de uma hora pra outra!- sinto um frio na espinha.

Por que teríamos que sair?
Com quem Peeta esta falando?

—Haymitch, so quero protege-las! Katniss não está recuperada, tem noção do que isso pode causar?.... Eu sei...Vou falar.

Fico o mais quieta possível, tentando não fazer nenhum barulho que possa me denunciar.
Peeta está aflito, consigo notar isso pela sua voz.

—Vou fazer o possível, so me de um pouco de tempo! Eu entendo.... Obrigado!

Assusto quando a porta abre e Peeta passa, dando de cara comigo.

—Katniss?- ele pergunta e subo meus olhos ate os seu.

—O que esta acontecendo? Por que temos que ir embora?

—Os seguidores de Coin estão vindo. - diz e sinto um medo me invadir, suspiro sentindo os braços dele me aconchegando.

—Eles querem a mim?

—Querem nos três!- diz passando seus dedos por meus cabelos, suspiro sabendo que nao estamos seguras aqui.

—Estou com medo, Peeta!

—Não vou deixar nada acontecer. Você confia em mim. Verdadeiro ou falso?

—Verdadeiro!- ele me beija calorosamente. -Quando vamos?

—Hoje a tarde. Haymitch está preparando tudo.

—Pra onde vamos?

— Capital!- sinto meu medo aumentar.

—E se eu tiver uma crise? Se colocar a vida de vocês em perigo?

—Eu vou estar lá. Vou te trazer de volta pra mim!- suspiro.

Ouvimos o choro de Hope, subo com medo, agora que descobri que tem pessoas loucas de vingança atrás de nós.

Chego em seu quarto e sorrio a pegando entre meus braços, ela resmunga e percebo que sua fralda está cheia.

—Vou arrumando nossas coisas e você arruma as dela, está bem?- concordo e ele desce seus lábios pros cabelos escuros de nossa menina, depois em mim.

Dou um banho pra acalmá-la, troco sua frauda e coloco uma roupa quente.
Hoje está bem fresco e ela ainda é frágil, sento pra dar seu alimento.

—Nada vai te acontecer, Hope! Prometo que mato qualquer um que encoste em você, passarinho...- dou um beijo em suas bochechas rosadas que tanto amo.

Ela fica satisfeita e volto a colocá-la no berço, deixo um bichinho de pelýcia ao seu lado e puxo a cordinha do brinquedo que fica preso em seu berço, ele roda tocando uma música suave.

Ela parece gostar de ver as formas de estrela e lua, seus olhos acompanham o movimento lento do brinquedo.

Pego uma bolsa grande, coloco vários modelos de suas roupas.

Blusas, calças, macacões, borys, casacos, sapatinhos. Pego cobertores, paninhos de boca, mantas.
Coloco seus produtos, mamadeiras, bichinhos que ela gosta e pacotes de fraldas.

Sinto Peeta chegando até mim e tento manter a calma, parece que voltei a época da guerra.
Onde terei que proteger minha filha e meu amado.

—Vai ficar tudo bem...Vamos estar seguros la!- diz e viro minha cabeça pra encara-lo, Peeta pega minha mao.

—Não quero ter uma crise, colocar sua vida ou a de Hope em perigo. Você sabe que na Capital vai ficar mais difícil pra mim...- ele somente passa seus braços por meu corpo, os meus por sua cintura o juntando a mim, coloco meu ouvido em seu peito e escuto seu coração batendo.

—Eu amo voce!- diz me dando um beijo, por mim, podia não terminar jamais.
—Esta com fome? -afirmo, pego nossa filha pra tomarmos café.

Descemos as escadas e Peeta apronta nossa refeição, fico com Hope em meu colo encostada no armário.
Sorrio vendo seus azuis movimentando pra onde seu pai vai, Peeta vira pra gente e sorri quando percebe que ela está o seguindo.

—Esse era meu sonho.- chego perto dele, ajeito nossa menina em meus braços.
Está ficando pesada com o passar dos dias.

—O que?- pergunto vendo minha filha mexer e pegar meus cabelos entre seus gorduchos dedos.

—Ver meus dois amores me observando.

—Ele se realizou!- digo sentando e dando beijos em sua mao, enquanto abro seus dedos tirando os fios.

—Qual o seu sonho, amor?- pergunta vindo me ajudar, paro pra pensar.

Qual é meu sonho?

—Nunca tive um sonho... Mas acho que sonho com o dia em que ficaremos bem, com nossa Hope!- tomamos café, passo nosso passarinho pra Peeta.

Sorri quando a ouve resmungando. Quando a vê, quando ouve sua voz, até mesmo ao escutar seu nome.
Um verdadeiro pai coruja.

Terminamos e ajudo Peeta a arrumar minhas coisas, ele me ajuda a manter a calma e não pensar no que vai acontecer daqui pra frente.

Tremo so de pensar que terei que voltar a Capital.