Perdida em Seoul escrita por Kang SoRa


Capítulo 3
A Menina Justiceira do Capô e do All-Star Voador


Notas iniciais do capítulo

HELLO!
Boa leitura~



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Logo que acordo, começo a desfazer a mala, enquanto reparo melhor no apartamento. É um local com um bom tamanho, que pode ser definido como o suficiente para uma pessoa como eu. Há um banheiro, um quarto, uma cozinha e sala, sendo as duas unidas numa só, estilo americano. O apartamento foi um achado impressionante, pois, além de ótimo, era barato. Por enquanto, estava mobiliado apenas com o essencial, como geladeira e fogão, além de um colchão, e era assim que continuaria por um bom tempo.

Após a conclusão do serviço, percebo que deveria comer algo, pois já era hora do almoço. Recolho minhas coisas, não esquecendo os talheres ocidentais. Antes que você ache que fui para o oriente sem saber usar os benditos pauzinhos, saiba que... na verdade, não tem nada para saber. Essa é a verdade nua e crua. Não sei usar essas "paradas" para comer mesmo. Dane-se. Se minha pretensão é levar os amigos garfo e faca para todo o canto? É exatamente o que pretendo. Se posso ser acusada de portar arma? Ai, eu não faço a menor ideia, mas espero, do fundo do meu coração, que não.

No caminho para um restaurante qualquer, vejo uma massa negra apresentando-se numa esquina movimentada. Tratava-se de uma garota vestida de cima a baixo de preto tocando um violão e cantando uma música de tom depressivo numa língua, por mim, desconhecida. Senti uma imensa simpatia por ela, já que 1. Costumo gostar de emos-góticos-roqueiros que torram no sol, já que me lembram o tio Khalan e seu terno preto, 2. Ela tinha uma voz muito bonita e 3. Tinha uma cara que explicitava uma completa insanidade e, é como dizem -se ninguém disse, estou dizendo agora- doidos se atraem.

  Então, para favorecer, dei-lhe uns trocados, seguindo o meu caminho pensando "parabéns, Akemi, seu carma acabou de aumentar rumo ao nirvana".

Chego ao restaurante com vontade de comer uma vaca inteira, mas me detenho, pois carne vermelha aqui não é tão barata quanto no Brasil. Como bem e resolvo dar uma olhada nas vitrines das lojas.

5 minutos depois, já estou cansada de ficar em meio a tantas pessoas e resolvo voltar para casa. Simplesmente, não nasci para interagir com seres humanos.

Passando, novamente, pela gótica suave da esquina, deparo-me com uma cena intrigante: um homem, que passava pela calçada, pega uma touca, usada para arrecadar dinheiro, e sai correndo.

Bom, eu poderia, simplesmente, deixar aquilo passar, como uma pessoa normal, mas, porém, entretanto, todavia não sou uma pessoa mentalmente equilibrada. Logo, saio correndo como uma louca atrás do ladrão.

Estou quase o alcançando, quando ele resolve dar uma virada brusca, atravessando a rua daquele jeito que só desesperados, burros ou suicidas usam para fazê-lo: atirando-se sobre os carros.

O cara joga-se sobre uma van preta de uma maneira que, para ele, deve ter soado legal, mas que, na real, pareceu coisa de aspirante a dublê amador, ou seja, like um saco de batatas ele cai no chão, mas logo se levanta e corre mais.

Recupero-me, já que me distraí pensando na possibilidade de filmar aquela comédia, mas, quando percebo, ele já abriu uma grande vantagem. Logo, não tenho outra escolha, senão 1. Atirar-me sobre a van, que começava a se mover novamente, enquanto 2. Arremessava meu All-Star cano médio na direção do criminoso.

Já que, graças aos céus, hoje, eu resolvi observar os detalhes de Seul em high definition, ou seja, a míope revoltada aqui está de óculos, consegui acertá-lo bem na cabeça.

HEADSHOT, 100 pontos de credo!

Fico super animada por ter pego o ladrão, até que começo a ouvir uns clicks desesperados, além de flashs vindos do nada. Instintivamente começo a tapar meu rosto, já que a fama que eu queria na Coreia não era nem um pouco relacionada a acabar com a violência das ruas da capital. Além disso, só fui reparar agora que estou num lugar não muito favorável para alguém que sempre participa dos bastidores: encontro-me em cima de uma van no meio de uma avenida.

Começo a descer do capô do automóvel o mais rápido possível, até que reparo que 1. Estou sem meu calçado, "tacado" segundos antes em alguém, 2. Os paparazzi de plantão não estavam ali por mim, mas pela pessoa que, agora, encontrava-me debaixo de mim, pois, aparentemente, uma bicicleta passou na velocidade da luz, arremessando meu pobre e inocente corpo para frente.

Saio de cima da pessoa, procurando meus óculos, mas a queda fez com que voassem longe, o que quer dizer que estou cega novamente.

—Você não é a garota do aeroporto?

Olho para o indivíduo que acabei de esmagar e, surprise, deparo-me com o smile-boy bem na minha frente com aquele sorriso ninguém-precisa-de-óculos-para-ver. Não sei onde enfiar a cara.

—eh...hum...sim?

A resposta soa uma pergunta, porque começo a raciocinar... sorriso bonito e familiar...? Paparazzi... ? Van preta... ? Seria possível...

—... um idol..?

—Perdão?

—Você é uma celebridade? Isso explica muita coisa... Ai, droga, cadê meus óculos...

—Eles estão ali!

—Onde?

—Bem… -Sua voz fraqueja e eu sinto um “crack” perto de mim- ali.

Rapidamente, vejo o item "óculos quebrado" sendo incluído na minha lista de derrotas do ano.

Com isso, constato que já expus meu rosto o suficiente para as telas. Sendo assim, resolvo fugir do local, mesmo sem saber de quem se trata aquele idol ou mesmo se o ladrão foi preso.

Chegando ao apartamento, tranco a porta e declaro meu dia como encerrado, mesmo sendo, somente, uma hora da tarde.

 

Ok. Não consigo declarar o meu dia como encerrado, até porque tenho muita coisa para fazer. Sou daquele tipo de pessoa que não consegue ficar sem fazer nada. Sendo assim, resolvo fazer o que julgo fazer melhor: desenhar enquanto canto.

Faço isso desde pequena. Tio Khalan vivia se perguntando de onde tinham vindo essas características, visto que nem meu pai nem minha mãe detinham-nas. Isso, ao contrário do que muitos pensariam, deixava-me feliz. Eu tinha algo meu. Não herdado, mas próprio. Gostava dessa individualidade.

E não era atoa. Essas habilidades já me renderam uma ótima grana. Elas somadas a descoberta do mundo oriental. Eu desenhava sob encomenda de colegas da escola desde personagens de animes a k-idols. Já perdi a conta de quantos Narutos e G-dragon’s já desenhei na minha vida.

Para não fugir do protocolo, estava desenhando algo referente a k-pop. Tenho o costume de desenhar os integrantes de cada grupo, montando uma coleção de rostos coreanos. Faço isso desde que dominei o realismo, o que foi simultâneo a meu ingresso na música coreana, há um ano apenas.

Sendo assim, cá estou eu desenhando o Winwin para a pasta do NCT. Estou decidindo se deveria alongar ou não o maxilar do chinês, quando ouço uma batida na porta. Corro para abrir, não sem antes me perguntar quem seria, já que não é como se eu tivesse muitos amigos por aqui.

Na porta, fico surpresa ao encontrar a gótica suave da esquina.

—Oi. -diz a menina. Bem, é como dizem: curta e grossa.

—Oi. O que faz aqui? -respondo, procurando ser bem polida para ela se tocar do quão grossa foi. Truque de pessoas educadas.

—Achei isso no corredor, em frente... EI, VOCÊ NÃO É A MENINA JUSTICEIRA DO CAPÔ?!

Menina Justiceira do Capô? Cê só pode tá de brinks with me.

Mais estranho que o meu mais novo nome, só a mudança de perfil da garota. Ela saiu de emo-gótica-roqueira-trevosa para vivaz-happy de boas com a vida. Que mudança extrema.

—É assim que estão me chamando? Acabei de ganhar mais um motivo...

—AH! MUITO OBRIGADA POR PEGAR AQUELE CARA! SÉRIO, VOCÊ SALVOU OS MEUS BÓTONS E MILKSHAKES DE BANANA COM CANELA DESSA SEMANA. MUUUITO OBRIGADA.

Ca-ra-ca. Nunca ouvi alguém falando tão rápido. Mais veloz que o Zilo em WARRIOR.

—Ok. Tudo bem.

Ela fez menção de começar a falar novamente, mas resolvi que a saúde dos meus ouvidos eram prioridade no momento.

—Criatura. Respira. Pelo. Amor. De. Deus.

Acho que funcionou, já que ela parou de berrar como uma cabra sofrendo.

—Preciso te agradecer. Quer jantar no meu apartamento? Eu peço uma pizza e tals.

Confesso que não estava TÃO à vontade para aceitar o convite, MAS não seria eu a responsável por uma rejeição à comida. Logo, resolvi arriscar.

—É. Pode ser.

 

—É aqui. - Ela apontou para um simpático café perdido na grande capital.

—Sério?!

Nunca esperaria que fosse um lugar tão... normal. Mas, ainda assim, você acha que tenho chance? Sabe, a lista de espera para trabalhar aqui é gigante e...

—Já te falei, garota. Essa é a lista para as sasaengs adoidadas coreanas. Estrangeiros são admitidos na hora. Você verá. Foi assim comigo.

—Ok.

Depois do estranho encontro com Chloe, a gótica australiana da esquina e minha vizinha, jantamos em seu apartamento que, muito diferente da imagem da menina no momento, era super fofinho, com todo aquele conceito kawaii, ou seja, cores pastéis e bichos de pelúcia.

Obviamente, não perguntei nada sobre, já sou do tipo que procura não invadir o espaço pessoal, mas ela logo tratou de explicar que gostava de "brincar com estereótipos" e "assumir diversas personalidade". Até que achei o pensamento interessante, no entanto não sei se entendi direito, sendo esse o motivo pelo qual Chloe pode ser encontrada com o status "interrogação" no meu arquivo popular mental.

Também descobri que ela canta nas ruas para conseguir dinheiro - para bancar o básico, o que, para ela, inclui doses frequentes de milkshake de banana com canela, somado ao mantimento de uma coleção de bótons- , pois veio para a Coréia, assim como eu, tentar a sorte na música e é ambiciosa o suficiente para , também como eu, querer entrar na YG. Bom, foi assim que viramos amigas e estamos aqui no café onde Chloe trabalha, mais um do seu histórico de part-time, que é, simplesmente, conhecido em toda a capital como o "café dos idols", devido a frequência com que os mesmos vem para cá. Não preciso nem dizer que estou pirando.

—Quanto tempo você vai ficar parada aí na frente? Entra logo! - sou chutada para dentro pela personificação das trevas- as segundas-feiras são os dias da Chloe gótica- Hey, boss! Tem alguém aqui para te ver.

—O quê? - diz o chefe em resposta ao coreano um tanto quanto ruim.

—Eu disse que tem alguém para te ver.

Ele a fica encarando. Chloe começou a estudar coreano quando chegou à Coréia, algo que foi a pouco tempo, então, não sabe muito a língua ainda. Resolvo dar uma ajudada.

—O que demônios você quer dizer com isso? - sempre nos falamos em inglês.

—Esquece. Só se apresenta aí. Vou chorar ali no cantinho com meu dicionário de coreano.

—Ok, farei isso, mas você fica bem aqui.- viro-me para o chefe, que apresentava semblante confuso. Parece ser uma pessoa boa. Daqueles velhinhos fofos. - Olá, sou Akemi. Gostaria de me candidatar à vaga de emprego.

—Oh, sim. Nem estava contratando..., mas te darei alguns minutos, pois você me parece útil por algum motivo.

—Eh...obrigada...

—De onde você é?

—Sou brasileira, mas meus pais eram asiáticos, então sei outras línguas... - estou ficando nervosa.

—Você é descendente de asiático, mas não parece oriental?

—Eh, meus avós eram brasileiros.

—Ata. E as línguas? Quais você sabe?

—Hum...coreano, japonês, chinês, inglês, francês, além de um pouco de espanhol.

A cara do vovôzinho estava petrificada. É, as pessoas costumam ficar assim quando falo sobre o minha "poligloticidade".

—Nossa, você, sem dúvida, está contratada! Con-tra-ta-da! Deus...! - fala afobadamente enquanto tira fotos minhas com uma Polaroid que tirou de algum canto. - Comece amanhã às 15h. Ele sai sorrindo abobadamente. Que velhinho legal!

— Hey, consegui o emprego! - falo para Chloe, aproximando-me dela.

—Eu sei. Olha. - Ela aponta para uma parede no canto onde há uma placa de funcionário do mês -que só enxerguei ao chegar perto- com uma foto minha embaixo, a que o chefe tinha acabado de tirar - Você é, provavelmente, a primeira pessoa a virar funcionária do mês antes de sequer começar a trabalhar.


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Notas finais do capítulo

Caso tenham gostado, por favor, favoritem, comentem e recomendem.
Isso é muito importante, pois é a minha forma de analisar diversos aspectos de minha escrita ou só para conhecer os meus leitores mesmo.
Hehe.
Até algum dia~

Link para a outa fic: https://fanfiction.com.br/historia/725673/Over_Game/



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