Survival Code escrita por Pizzle


Capítulo 3
Confusa.


Notas iniciais do capítulo

Hola, amigos. Como estão? Tranquilos?
Fiquem com mais um capítulo de SC, e não esqueçam de comentar o que acharem.



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A água, aquecida pelos raios de sol, batia contra a as pernas das irmãs. Nathalia brincava com alguns peixinhos na água, enquanto a irmã lavava seus cabelos, que pareciam ter crescido vários centímetros no último dia. De longe, Aloy protegia as duas, dando certeza que nada humano ou inumano se aproximasse. Os cabelos de Patrícia estavam presos em um coque, usava apenas calcinha e sutiã, ensaboava-se com o sabonete que encontrara em um hotel abandonado. Nathalia já havia se limpado, estava apenas brincando na água, sendo observada pela irmã para que não se afogasse. Patty, finalmente, entra totalmente na água, mergulhando. As águas límpidas rapidamente tiram todo o sabão do corpo dela, e ela aproveita para lavar as roupas sujas. Aloy se aproximou vagarosamente, afim de assustar Patty, e tem êxito:

—Eu achei que fosse algum zumbi ou aquelas máquinas malucas. Porra, Aloy!— reclama, jogando água na ruiva.

—Vou levar vocês para o Enlace. A viagem é longa.— a ruiva fala após cessar a crise de risos.— E, preparem-se, vamos dopar várias máquinas.

Ellie havia pego tudo o que Joel pedira; munições, revólveres, kits médicos (caso se machucarem), entre outras coisas importantes. O homem notara o quão estranha a garota estava, como se algo a incomodasse, e, infelizmente, ele sabia o porquê. Ellie ficou sozinha por muitos anos, apenas com Riley, e, quando esta faleceu, ela ficou completamente isolada. O dia em que chegaram ao amplo acampamento do irmão mais novo de Joel, Ellie ficou animada com a simples ideia de ter uma nova melhor amiga, quando o mais novo comentou sobre Patrícia. Com o passar do tempo, ela começou a ver a mesma coisa que vira em Riley; algo especial, como se fosse feita exatamente para ela, e que nada as separariam. O que, claro, virou um pensamento ridículo, dado as situações que aconteceram recentemente. Patrícia fugira por medo de lutar, deixando qualquer amizade forte para trás, deixando um sentimento de confusão e culpa por parte de Ellie. Deveria ter feito melhor no almoço, deveria ter beijado-a mais, deveria ter feito a se sentir mais amada. E, com turbilhões de pensamentos, eis que o flashback do primeiro beijo delas volta em sua mente.

Joel havia saído para cuidar das fronteiras, junto com Tommy e vários outros homens, e deixado a casa à mercê de Ellie e Patrícia. Nathalia ficaria na casa de Maria, uma vez que a mulher a tratava como própria filha. Tirar Nathalia de campo fora a coisa mais fácil de tudo isso, já que Maria nunca desconfiaria de duas meninas tão doce quanto elas.

Ás oito em ponto, Patrícia bate a porta, com uma garrafa de whisky roubada. Ellie atende a porta animada, já sabendo o jogo que as duas fariam, pela primeira vez. Verdade ou consequência, com bebida, é claro. O jogo funcionaria assim: uma perguntava algo íntimo da outra, e, se a outra não quisesse responder, apenas bebia um copo de whisky. Whisky este que fora roubado da casa do velho bêbado, amigo (ou apenas conhecido) de Joel.

—Arrumei a sala. Vamos começar logo.— Ellie exclama animada.

Ellie é a primeira a girar uma garrafa pet vazia. A boca da garrafa aponta para Patrícia, enquanto o fundo aponta para Ellie, então a primeira faz a pergunta:

—Você é BV?— não soa normal; soa como uma pergunta maliciosa, por mais que Patty tentasse esconder.

—Dei um selinho em Riley uma vez, antes de sermos atacadas e eu ser mordida.— dá de ombros.— Mas, se você quer saber se eu já beijei de língua... Não.

Patrícia gira o objeto, desta vez. A tampa vira para Ellie, o fundo para Patty. A última engole em seco, já temendo a pior pergunta que receberia:

—E você?— pergunta, com os olhos esverdeados observando cada movimento da outra.

—Perdi meu BV com dez anos, na escola, com um moleque que gostava muito de mim. Confesso: foi decepcionante. De todo jeito, foi um beijo, não foi?— sorri, Ellie pergunta se usou a maldita língua.— É como uma minhoca andando na sua boca, é estranho, muito estranho, mas é bom.

Elas continuaram brincando. Vezes fazendo perguntas maliciosas, outras apenas para se conhecerem melhor. Desde que Ellie dissera que nunca tinha realmente beijado alguém, Patrícia estava se sentindo curiosa. Tão curiosa ao ponto de ficar observando explicitamente os lábios carnudos da amiga se mexendo, e, quando ela ficava quieta, eles apenas se juntavam, formando uma das bocas mais beijáveis para Patty. É quando, por pura sorte, a garrafa dá a chance de Patrícia fazer mais uma pergunta. A garrafa de whisky, por hora, ainda estava intacta:

—Você teria coragem de beijar outra amiga sua?— Patrícia abaixa a cabeça, quebrando o contato visual com Ellie.

Ellie, antes de responder, engoliu em seco, pensando bem se diria a verdade ou não. Ela nunca conseguiria enganar alguém que perguntasse se ela já sentiu desejo por Patrícia. Já tinha até conversado com Joel sobre isso; sobre como se sentia perto dela, como queria, por Deus, ter pelo menos uma chance com ela. Joel, como um péssimo conselheiro que sempre fora, apenas disse-lhe para tentar a sorte, uma vez que Patty contou para o homem que nunca conseguia dar um fora em alguém. Joel se sentia como um pombo correio, ouvindo os dois lados, passando informações, e até mesmo servindo de ouvinte; funcionava como um pai para as duas, mas elas não se sentiam irmãs.

—Essa amiga... seria você?— responde, após vários longos segundos em silêncio.

—Que eu saiba, você não tem outra amiga aqui.— dá de ombros.

Ellie, tomando todo o ar que achava necessário, se aproximou vagarosamente da amiga. A outra apenas se endireitou, pronta para receber o que a amiga tinha a dar. Sem muita demora, Ellie junta os lábios com os de Patty, em apenas um selinho. Patrícia, com a pouca experiência que tinha, passou a ponta da língua sobre os lábios carnudos de Ellie, fazendo-a abri-los, recebendo estranhamente as línguas. Faziam carinho uma na outra, trazendo um formigamento na barriga das envolvidas. Em pouco tempo, elas se afastam, uma olhando para a cara da outra, sem saber exatamente o que fazer ou falar.

—Foi bom.— Ellie sussurra, ainda com os lábios perto dos da companheira.— Acho que bem melhor que o seu primeiro.

Os pés das três doíam, haviam andado por muito tempo. O objetivo de Aloy era levá-las para o Enlace, para poderem as mostrar uma coisa curiosa que achara alguns dias atrás. Aloy vivia quase sozinha dentro de casa, já que Ross, seu responsável, saia frequentemente sem avisar, e só voltava vários dias depois. Ela estava treinando duro para a provação, que aconteceria daqui há dois anos e meio. Estava treinando desde os seis anos, quando cansara de ser a exilada, de ser sempre alvo das pessoas das tribos. Um dos pontapés iniciais fora quando ela tentou se juntar a uma mãe-nora, catando algumas frutinhas nos pés, e a oferecendo. A mulher negou, não a olhando, puxando um de seus filhos e o ordenando para andar mais rápido. Ela correu para bem longe, para um lugar que nem Ross poderia a encontrar. Por obra do destino, ela acaba caindo nas ruinas do mundo metálico, que antes era uma das bases de recuperação de Umbrella. Umbrella era o fatídico nome que assombrava a Terra por vários anos, a corporação responsável por criar o Cordyceps e o lançar, e também a maior suspeita pelas máquinas. Aloy vasculhou a ruína, olhando todos os lugares. Propositalmente, ou não, a única fresta que o sol entrava batia justamente em uma caveira especial. Ela se aproximou, curiosa e cuidadosamente, da caveira, vendo que esta, diferente das outras, tinha um dispositivo perto da orelha. Com o roxo brilhante, com apenas uma barra da mesma cor, semelhante a uma palheta de violão. Pegou o objeto, posicionando exatamente como estava na caveira. De primeira instância, pareceu queimar o cérebro, fazendo a criança jogá-lo longe. As luzes roxas, que parecia abranger o local inteiro, continuou em sua mente. Ela queria colocar de novo, e o fez. Desta vez, ela deixou que o processo se completasse. Com a ajuda do dispositivo, ela conseguiu achar a saída, e, de lá, um Ross preocupado gritava. Foi ai, com a prova de lealdade e coragem, que o homem resolveu que era hora de prepará-la para a provação.

Provação não era nada mais nada menos que a chance dos exilados. Todos que passassem fariam parte de alguma tribo, sendo acolhidos e deixando de serem exilados, aqueles que eram. Mas, aquele que vencia, aquele que tivesse a sorte divina, tinha direito a saber de algo. Por anos, Aloy sonhava com o dia que venceria a provação, o dia que poderia descobrir finalmente quem era sua mãe. Ross a incentivava, ensinava truques de sobrevivência, a ajudando o máximo que podia.

Agora, ela se sentia na obrigação de passar conhecimento para as irmãs. Ela se sentia na obrigação de protegê-las, como se elas fossem sensíveis demais para esse mundo. Ela não tinha certeza se Ross as aceitariam quando chegasse, uma vez que ele também sofre muito com o fato de ser exilado, e com o fato de ter a tornado exilada também, e ainda acha que todos querem seu mal.

Aloy estava intrigada com a irmã mais velha. Ela era uma adolescente normal, com o corpo nem tão desenvolvido, com assuntos normais. A única coisa que a intrigava, de verdade, além de ser extremamente quieta, era o anel que a moça usava. Nomeado Anel de Instrumes, ele tinha como função avisar que a pessoa que o usava era homossexual, na época Metálica. A língua de Aloy estava coçando para perguntar, não queria ser indelicada, só estava curiosa.

Um grito agudo e desesperado tira Aloy dos devaneios. Os sons vem de uma criatura pequena ao ver o Pescoção passar por ela. Pescoção era mais uma das várias máquinas que existiam. Se assimilhava a uma girafa, ou até um braquiossauro, um animal-dinossauro-robô pacífico, que quase nunca atacava, e também um dos mais fáceis de dominar. Dessa vez, ele estava caminhando sozinho, e era a oportunidade perfeita de mostrá-las a máquina perfeita.

Aloy escala o Pescoção, segurando em lacunas, enquanto as irmãs apenas a observava. Em pouco tempo, ela consegue chegar ao topo, onde pode se ver as grandes colinas a frente, e até de onde viera. Ela o escaneia com o dispositivo, vendo qual a rota ele estava destinado a fazer, e o corrompe, fazendo-o virar uma máquina do bem, agora literalmente. Pega uma corda, jogando-a, para que as irmãs pudessem a acompanhar, era uma péssima ideia, entretanto, já que Alia nunca conseguiria escalar aquela altura toda. Aloy encosta a máquina perto de uma pequena montanha, de forma que as duas poderiam subir na montanha, e depois subir no Pescoção, e elas o fazem.

—Isso é muito alto, Aloy.— a mais velha fala apreensiva, alertando para que a irmã não olhe para baixo.

—Essa é uma das máquinas mais fácil de corromper. É só mexer nela dois segundos, e ela vira nossa amiga.— Aloy responde, admirada.— E nós vamos chegar o Enlace mais rápido se nós formos por ele.

No caminho inteiro, Patrícia ficara quieta, apenas segurando forte as mãos de Alia. Aloy olhava para a moça, que parecia tão perdida. A ruiva se aproxima, sentando-se ao lado dela. Usou o dispositivo para ver se conseguia tirar algo dela, e a única coisa que o objeto metálico mostrava era uma confusão mental.

—Você está realmente bem?— Aloy pergunta, pegando na mão vazia da moça.

—Tenho medo de altura.— mente, arqueando as sobrancelhas, tentando parecer verdadeira.

—Não é como se fosse uma varinha mágica, eu consigo ver o que você passa.— sorri divertida.— Isso mostra estado mental, também.

—Sinto muito.— ela diz, com as expressões faciais fechadas, mostrando que havia sido uma brincadeira de mau gosto.— Eu estou acostumada a me abrir com apenas duas pessoas, falar com as outras é estranho. Só isso.

—Quando você quiser falar... eu sou uma boa ouvinte.— dá de ombros, voltando a posição inicial.

Joel estava cansado, além de ter que descodificar a única coisa que dava ao caminho das irmãs, também teve que lutar contra vários zumbis. Como de costume, ele andava quieto entre as árvores. Ellie, diferente do usual, estava quieta, até demais. Andava atrás do homem, com o olhar perdido entre as folhas e galhos caídos no chão. A língua do homem estava coçando para perguntar o que diabos estava acontecendo, ela nunca falaria se ele não perguntasse, ele não queria ser intrometido, respeitava o espaço dela. Murmúrios, seguidos de leves gemidos inumanos. Com os olhares cansados, eles olham para o proveniente dos barulhos: Estaladores, vários deles. Espalhados, como um maldito rebanho. Circulavam corredores, agora mortos, como se os protegessem. Joel e Ellie trocam olhares intrigados. E, para piorar ainda mais as coisas, eles veem luzes reluzentes vindo em direção à eles. O animal tinha forma de um cachorro, até mesmo o focinho e o rabo, com os olhos brilhando em amarelo, seu corpo todo metálico, e fios soltos, como se fosse as veias.

Joel, como um bom sobrevivente que sempre fora, pega um galho, jogando-o no meio dos Estaladores. O que ninguém esperava era que o cachorro-robô, que, apesar de não saberem, tinha a raça apelidada de Antiuns, farejasse o rastro deles. Uma luz vermelha piscou em meio a floresta, Antiuns se põe de pé, tentando detectar de onde viera o barulho. O scanner aponta para trás de uma árvore, e ele segue até esta. Fareja algo, buscando encontrar cheiro ou digitais. Ouve um barulho, vindo do seu lado esquerdo. Scaneia novamente o lugar, conseguindo achar os responsáveis pelo galho. Ele late, alto o bastante para alertar outras máquinas e os infectados, fixando uma luz vermelha em Joel e outra amarela em Ellie.

O combate é árduo. Joel não tinha tanta segurança para lidar com máquinas, todavia, fez uma nota mental: três tiros no pé, dois na cabeça, e um em qualquer fio solto. Os Estaladores é missão de Ellie, que consegue neutralizá-los com um rifle de alta pressão. Em menos de meia-hora, o silêncio reina novamente.

—O que diabos eram aquelas... coisas?— Ellie pergunta admirada.

—Eu só espero que as minhas outras duas crianças estejam vivas.

"A Lagarta observava o procedimento quieta, anotando tudo o que achasse realmente necessário. A transação estava tendo êxito. E, felizmente, mais uma arma de guerra nasceu. Desta vez, uma arma tão poderosa quanto a própria corporação. Nos registros, o nome estava manchado propositalmente, e apenas o sobrenome destacado estava exposto. Em negrito, especialmente em caixa alta, o sobrenome "WESKER' era gritante."

A Lagarta—Pizzle


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Notas finais do capítulo

Acho que nem deu para perceber que Ellie gostava (ou gosta) de Patrícia, e vice-versa, né? Porque, sim, eu vou usar Left Behind ao meu favor, apenas um pouquinho, e fazer a primeira personagem de um game grande ser Homossexual. Não bissexual, não heterossexual; HOMOSSEXUAL. Porque nós existimos, não é mesmo? Espero que não se importem.
Não esqueça de me dizer o que achou ♥



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