Eu sou a Lenda escrita por Karina Ferreira


Capítulo 22
II-VI Ruptura


Notas iniciais do capítulo

Tem alguém aí? *.*



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— Alec, cara, eu posso explicar - falou o híbrido em alarme colocando- se de pé e olhando espantado para o melhor amigo parado na porta olhando ainda em assombro para a vampira sentada imóvel em sua cama

 

— E você vai mesmo! - rosnou em ódio - mas primeiro eu vou matar essa sanguessuga desgraçada!

 

Uma confusão de terra começou a girar em torno do elemental, Bella finalmente saiu de seu transe inicial colocando-se de pé e olhando em volta buscando por uma rota de fuga, mas onde diabos ela estava com a cabeça? É lógico que aquela ideia absurda de visita cordial aos elementais não teria como acabar bem. Sentiu o chão tremelicar embaixo de seus pés, e logo estava sendo tragada para dentro de um buraco ao chão.

 

Mãos firmes a puxaram de volta e foi presa em um abraço de ferro quente e o mundo parou de tremer a sua volta, olhou novamente para o dominador de terra para verificar se a ausência de tremores significava que ele havia desistido, mas já não o podia ver, em torno de onde estava, havia inúmeras  chamas de fogo brilhante e potente, reivindicando espaço na pequena casa

 

— Alec! - gritou o híbrido em voz firme - Você é mais do que meu parabatai* ou melhor amigo,você é o único que sempre esteve ao meu lado mesmo quando nem eu mesmo acreditava ser capaz de me tornar o liberthador* e eu te amo, me importo com você mais do que comigo mesmo - parou por alguns segundos e engoliu em seco criando coragem para continuar - e é em nome desse amor que acredito ser recíproco que eu te imploro, não me obrigue a te machucar, por que eu juro que não quero fazer isso, mas se você machucar essa fêmea, ainda que minimamente, vou me esquecer desse amor, não vou me lembrar sequer que somos ligados por um ritual parabatai* e vou te fazer pagar, muito lentamente

 

— Você mudou de lado liberthador*? - gritou Alec parecendo enojado - Está contra o seu povo agora? - Edward sentiu o soco no estômago que as palavras do outro queriam lhe causar

 

— Eu nunca estarei contra os meus - rosnou de volta, e era a mais pura verdade, ele não sabia mais se de fato queria tanto assim destruir os vampiros, mas jamais faria algo que pudesse prejudicar os seus - Mas fui eu quem trouxe ela para dentro da cúpula e jurei que nada lhe aconteceria enquanto estivesse sobre meus cuidados e irei até as últimas consequências para cumprir com a minha palavra

 

Não houve resposta e Bella permanecia estática agarrada em Edward, pouco a pouco, as chamas foram diminuindo e logo ela podia ver Alec com clareza, o dominador de terra permanecia parado no mesmo lugar atrás da porta, e já não existia uma confusão de terra em torno dele, mas a expressão de nojo com que lhe olhava e o peito subindo e descendo em violência conforme respirava lhe indicava que ele não estava mais calmo do que quando havia a confusão de terra em torno de si

 

— Tire essa coisa da minha casa! - cuspiu em tom duro, em seguida saiu batendo a porta atrás de si.

 

 Olhou para Edward e assustou-se com a expressão de dor existente nos olhos dele enquanto ainda fitava a porta por onde o quase ex melhor amigo passara momentos antes, o híbrido a olhou tentando disfarçar o sofrimento que aquela discussão tinha lhe causado, mas falhou miseravelmente.

 

— Você está bem? - perguntou já a analisando de cima a baixo, Bella somente assentiu sem conseguir encontrar a própria voz, e mesmo que encontrasse, o que ela poderia falar diante da dor palpável que o outro sentia? - Ótimo! vamos sair daqui - a puxou pelo pulso porta a fora, e a vampira teve tempo de uma última olhada em torno da pequena casa, preocupada que tivesse tirado ainda mais daquela pobre família, notou que as chamar de Edward não causaram nenhum estrago aparente, em compensação, os tremores de Alec deixaram uma grande confusão para trás.

 

Assim que chegaram ao lado de fora, Edward colocou os dedos nos lábios soltando um grande assovio e em questão de poucos segundos o dragão negro já estava pousando a frente deles, o nimal gigante encarava Edward com recriminação, tal como se estivesse por perto e soubesse de tudo o que havia acontecido momentos antes

 

— Leve ela para um lugar seguro - ordenou enquanto levantava a vampira com facilidade e a posicionava em cima do dragão

 

— Eu não vou a lugar nenhum sem você! - gritou a vampira em desespero

 

"virei babá de sanguessuga agora?" - questionou Drogo insatisfeito. o híbrido perdendo a pouca paciência que lhe restava, passou as mãos nos cabelos os puxando para trás em fúria

 

— Eu preciso conversar com meu parabatai! - gritou fora de si respirando em arfadas tentando se acalmar - Ele é o único amigo que eu tenho - murmurou consciente de que havia um acumulo de líquidos em seus olhos lutando para fugirem

 

"É uma hora ruim para dizer que eu avisei?" questionou Drogo em sarcasmo

 

— Não saia de perto dela! - ordeunou olhando feio o dragão a sua frente e fugindo de sua provocação, não iria arrumar confusão com mais um ente querido naquela noite. O dragão assentiu e bateu asas, levando Isabella para longe

 

...

 

Por mais que se esforçasse muito, Edward não conseguia recordar-se em que momento exato a amizade com o dominador de terra iniciou-se, mas lembrava que em todos os seus momentos de fragilidade o outro esteve lá por ele, e esse era o problema, sentia-se um lixo em ser obrigado reconhecer que realmente pisou feio na bola com o amigo ao hospedar uma inimiga em sua casa, sem seu conhecimento.

 

Respirou fundo tentando tirar coragem de onde nem sabia que tinha e caminhou a passos lentos de volta a casa da família de elementais de terra. 

 

O pequeno casebre era pequeno em espaço, assim como a casa de todos os demais da vila, a pequena cúpula em que viviam, não tinha espaço para comportar grandes casas para cada família, mas em compensação, era a mais alta em comparação às demais, desde pequenos, os amigos gostavam de escalar a casinha para terem uma visão privilegiada de toda a vila, era o lugar favorito deles. 

 

Ao contrário do que o hibrido desejava, não demorou para que terminasse de escalar as paredes da casa e logo já estava no topo, vendo com tortura o amigo sentado no lugar de sempre - o lugar deles - , abraçado as proprias pernas em melancolia, Edward gostaria que a escalada durasse mais, o pouco tempo que levara para subir até ali, não fora suficiente para pensar no que diria ao amigo, mas o que ele poderia dizer ainda que tivesse tempo de planejar? Estava errado e sabia disso, a única coisa que poderia fazer naquela situação, era implorar por perdão. 

 

É claro que Alec sabia que ele estava ali parado, criando coragem para se aproximar, ainda que a ligação parabathai* existente entre eles não desse sempre a localização exata em que o outro estava, eram amigos e o dominador de terra o conhecia melhor do que ninguém para saber que ele iria tentar consertar as coisas, mas mesmo consciente da presença do dominador de fogo, Alec permaneceu imovel em sua posição sem se dignar a olhar para ele, o que fez o híbrido engolir em seco, nunca tinham se desentendido antes. 

 

Respirando fundo e mesmo sem um convite, Edward quebrou a distância entre eles e sentou-se ao lado do amigo.

Alec continuou não lhe encarando, mas também não o expulsou como imaginou que aconteceria, já era um bom sinal. Ficou assim como o outro, imovel e em total silêncio, apenas olhando as casas de barro ao longe, exatamente como fazia quando eram crianças e algo o perturbava

 

— Somos ligados por um ritual parabathai* e você é o liberthador* do meu povo, - quebrou o silêncio existente entre eles murmurando entre dentes, mas continuou sem olhar para o híbrido - por esses dois motivos, e somente por eles, eu te darei o direito de se justificar. Pelo amor de Omega, me diga tem um motivo plausível para eu ter abrigado em minha casa uma maldita sanguessuga! - exigiu e Edward engoliu em seco, seu motivo não era nem de longe nobre.

 

— Eu... eu.. não tenho palavras para dizer o quanto sinto muito, fui um idiota e reconheço isso, por favor me per...

 

— Eu vou repetir a pergunta, por que acho que você não ouviu da primeira vez - continuou em tom duro - o que uma filha da puta de uma vampira fazia hospedada na minha casa? - praticamente gritou a última parte, tamanha a revolta em que se encontrava

 

— É difícil de explicar - murmurou enquanto se encolhia e abaixava a cabeça constrangido

 

— Tenho certeza de que tenho inteligência suficiente para compreender - retrucou

 

— Ela é... minha shellan* - sussurrou, desejando que o amigo não tivesse compreendido, mas ele não somente compreendeu, como virou-se pela primeira vez para o híbrido em um solavanco de susto, os olhos e boca totalmente abertos em assombro o que fez o híbrido encolher-se ainda mais. Nunca em toda a historia do mundo, reconhecer uma fêmea como shellan* foi tão humilhante. 

 

— Cara, você tem razão, eu sou burro demais para entender isso - exaltou-se ainda mais - Me explica cara! por que eu continuo não entendendo onde diabos você estava com a cabeça quando trouxe essa maldita para dentro da minha casa! Ainda mais agora! Ou você se esqueceu que quando éramos crianças ela fez um ritual sei lá eu de que, para te matar? Por que se você esqueceu, eu me lembro muito bem! Foi bem aqui, nesse mesmo telhado que você me contou e desde desse dia que eu espero o momento de conhecer essa miserável e acabar com raça dela, agora então, só vejo mais motivos para odiá-la - falou tudo em um fôlego só

 

— A alguns dias eu também fiz o ritual para matá-la, mas não pude concluí-lo, não consegui. E foi ela mesma quem me deu o encantamento - falou com esperança de que isso acalmasse o outro, mas este só lhe olhou ainda assombrado

 

— Quando foi que você começou a me esconder coisas? Não me contou que conheceu a infeliz que tem uma marca igual a sua, pior, não me contou que ela é uma vampira e agora isso? Anda praticando rituais de magia assassinos?

 

— Eu...

 

— Esquece! Não quero saber! Não importa! - levantou os braços ao ar - o que importa aqui, é do que você quer me convencer com esse papo de também fiz o ritual - fez uma falsa imitação da voz do outro - Está querendo me dizer que agora estão quites e podem viver felizes para sempre e ter muitos filhos? Posso ser o padrinho? - forçou no sarcasmo 

 

— Nós não podemos ter filhos - tentou quebrar o clima de tensão - você sabe, tem uma maldição da bruxa que permeia filhos nascidos de elementais com vampiros - riu da própria piada sem graça tentando fazer o outro rir também, mas falhou miseravelmente

 

— Ah pelo amor de Ômega - gritou batendo as mãos espalmadas nas pernas - Está querendo me dizer então que se não fosse a maldição da bruxa, você teria filhos com aquela maldita? Uma maldita sanguessuga que tentou te matar cara! - o híbrido não respondeu, não sabia o que falar ao melhor amigo, talvez essa ideia tenha sim passado por sua cabeça, talvez tenha passado até por mais de uma vez, como seria se o mundo ao redor dele e Bella não fosse tão complicado? Como seria se não fossem inimigos de guerra e não tivessem lendas e maldições os rodeando? Alec notou a duvida na face do híbrido e não era difícil adivinhar que ele realmente estava cogitando aquele absurdo - Ela tentou te matar seu imbecil! - gritou dando um soco no ombro do outro

 

Por algum tempo, não falaram nada, ficaram em silêncio olhando o horizonte em busca da paz perdida entre eles.

 

— Seja sincero comigo Edward - novamente o silêncio foi quebrado por Alec que mais uma vez evitava olhar para o amigo - Vinculou-se a ela? - o híbrido respirou fundo

 

— Para mim, o feitiço das crianças pares não foi como para você em relação a Jane - sabia que o amigo entenderia a referência ao fato de se manter totalmente indiferente a fêmea designada a ele. Edward não poderia afirmar com certeza que estava vinculado a Bella, mas também não podia negar que não conseguia se manter indiferente a ela. Alec suspirou dolorosamente, compreendendo onde o outro estava querendo chegar

 

— Devo começar a te ver como um inimigo então? - o dominador de terra tentava engolir o nó que se formou em sua garganta a simples hipótese de ter Edward no outro lado naquela guerra

 

— Eu nunca estarei contra o meu povo Alec, nunca! - respondeu determinado, mas o outro ainda não conseguiu se sentir relaxado de suas preocupações, estava claro que Edward estava lutando suas próprias batalhas internas, ali mesmo naquele momento, ou não teria trazido a shellan* vampira para junto dos seus

 

— E quando chegar o momento, vai conseguir matá-la? - perguntou direto. O híbrido claramente não esperava aquela pergunta, ficou em silêncio por tanto tempo que julgou que não ia responder 

 

— Não! - murmurou derrotado

 

— Vai conseguir permitir que algum de nós faça o que tem que ser feito então? - O coração de Edward deu um solavanco no peito e bateu acelerado com a hipótese de algum elemental matando Bella.

 

— Nunca! - rosnou, sem nem perceber

 

— Nesse caso, não consigo compreender como você ainda estará ao nosso lado nessa guerra

 

— Eu vou fazer dar certo Alec, ainda não sei como, mas vou dar um jeito de libertar o povo dessa maldita cúpula, e mantê-la ao meu lado - falou como que estivesse se agarrando a um último fio de esperança

 

—Você se lembra daquela noite de colheita? - Edward sabia exatamente a qual colheita ele se referia, tal assunto nunca tinha sido mencionado entre eles, era praticamente um assunto proibido - quando você surtou e fez uma corrida suicida em direção a fronteira? - não precisava de uma confirmação do outro para prosseguir, sabia que assim como ele, Edward nunca se esqueceria de tal noite - Você está novamente em uma corrida suicida, mas dessa vez, não vai passar ileso pela fronteira. - colocou-se de pé sem olhar para o amigo, ou sabia que não conseguiria continuar - e eu não vou assistir a isso. Enquanto estiver com essa ideia absurda na cabeça, fique longe de mim! E mantenha aquela coisa mais distante ainda, de mim e da minha família! - saiu a passos duros, sem olhar para trás.

 

Edward fechou os olhos e sem poder conter-se mais, permitiu que as lágrimas escorressem pesadas por seu rosto a amizade inabalável deles acabara de sofrer uma grave ruptura, e ele não sabia se um dia poderiam concerta-la.

 

Continua...







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Notas finais do capítulo

glossario de termos no antigo idioma:


Parabatai: dois guerreiros que se unem para combate por juramento e ritual com a promessa de serem fieis um ao outro e se protegerem mutuamente enquanto estiverem vivos (referência da série shawdohunters)
Libhertador: salvador
Shellan: Companheira



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