O Nascer de uma nova vida Hiccstrid escrita por LauraClarimond


Capítulo 4
Capítulo Três




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A condenação de uma guerreira

Primeira parte

Completamente paralisada, não prestava atenção a exatamente o que ocorria ao meu redor. Fiquei encarando aquele homem ao chão juntamente com a poça de sangue que o cercava , eu fui a responsável por aquilo, conclui a minha vingança, ele estava morto. Mas a sensação que estava sentindo, não me deixou ficar feliz ou satisfeita ao presenciar aquela cena. Pela primeira vez parei para pensar que o meu plano acabaria com uma vida. Quando voltei a observar o que estava acontecendo, me deparei com pessoas me olhando, sem saberem e nem imaginarem o motivo pelo qual eu havia cometido aquele crime. Os que estavam mais próximos a mim, conseguia ver raiva, duvida, irritação e tristeza em seus rostos.

Ao som de um comando, a multidão começou a abrir espaço para a guarda passar, que logo vieram em minha direção e me prenderam. Atrás deles, pude ver todos se curvando e em segundos o rei estava parado em frente a mim e o príncipe ao seu lado. Ele me olhava, mas em seu rosto, não conseguia ver nenhuma expressão.

—Quero que a levem até a masmorra - Ordenou rapidamente o rei aos guardas

Sendo arrastada brutalmente, fui levada ao subterrâneo do castelo, para as masmorras, mas antes consegui olhar para trás por alguns segundos e encaro o príncipe novamente na esperança de que ele demonstrasse alguma emoção mas sua feição continuava a mesma.

Fui arremessada para dentro de uma cela, ouvi a porta ser trancada e imediatamente a escuridão me cercou, encostei minha mão na parede fria e fui tomada pelo fedor do sangue que ainda estava em mim, somado com o cheiro que já estava presente naquele lugar. Sei que não a como escapar. Tenho ideia do destino que terei.

Não conseguindo enxergar nada me sentei no chão e as lágrimas não demoraram a começar a cair dos meus olhos. ''Por que não estava feliz ?" me perguntava. Daqui de baixo não conseguia ouvir nada do que estava se passando no castelo, apenas os meus pensamentos tomavam minha cabeça, então decidi não pensar em nada naquele momento, só queria descansar e esperar, e em segundos depois adormeci.

Em meu sonho, estava em uma planície coberta por uma pequena elevação de grama e algumas flores ao meu redor. o céu esta límpido as nuvens e sol, manchavam o belo azul. Ao meu lado, meus pais aqueles que mais amarei por toda minha vida e junto a eles, um pequeno menininho, com os cabelos loiros e os olhos azuis assim como eu. Estávamos juntos eu e minha família.

Acordei com um raio de sol em meus olhos, que entrava por uma minuscula fresta na porta, ainda estava escuro dentro da cela, mas a pequena iluminação ajudava a ver o local onde eu me encontrava. Me lembrei das historias que meu pai me contava quando era criança, sobre os criminosos que morriam nessas celas, ele dizia que os que fossem condenados a forca eram os que tinham mais sorte.

Ouvi ruído de pessoas do outro lado da porta, e em seguida para minha surpresa, pude ouvir a voz do príncipe.

—Guardas nos deixem a sós - Ordenou entrando na cela vestindo uma roupa menos formal do que a que usou noite passada, estava lindo e não consegui evitar um pequeno sorriso ao vê-lo mas que logo se desfez quando encarei seus olhos. Seu rosto diferente de ontem, trazia consigo duvida.

—Por que fez aquilo ? - Perguntou ríspido

Percebendo pelo tom de sua voz que não estava nada amigável como a que ele usou para conversar comigo durante a dança, decidi que responderia da mesma forma. Não que eu quisesse que o príncipe me tratasse de outra maneira, sou uma criminosa, só porque dançamos e conversamos um pouco, isso não significa que ele iria agir de um jeito diferente comigo. ''Eu sou uma idiota''

—Tive meus motivos Vossa alteza - Falei usando o mesmo tom que usou para falar comigo, enquanto eu me levantava e o encarava.

—Terá que me contar quais foram. - Insistiu mantendo o tom rude - Se não a mim, será ao meu pai e a corte no dia do seu julgamento.

—Eu terei um julgamento ? - Perguntei surpresa, já que como estava mais que comprovado que eu matei o governador, seria automaticamente condenada a morte.

—Convenci meu pai a lhe conceder um julgamento - Explicou

— Porque fez isso ?

—Lhe disse durante nossa dança, que sei do que aquele homem era capaz de fazer a uma mulher, meu pai também sabe, por isso concordou comigo que deveria ter o direito de ser julgada. Mas primeiro quero me conte, quero saber o motivo, por favor milady, me diga, o que aquela coisa fez com você ? - Perguntou se aproximando de mim agora com uma voz um pouco mais suave

—Não sou uma milady - Falei me afastando indo para a parte mais escura da cela

—Eu sei - Afirmou - Percebi enquanto dançava com você, nenhuma nobre dançaria tão mal daquele jeito.

—Então por que continua a me chamar assim ?

—Porque é tão linda quanto uma - Falou encostando sua mão no meu ombro, sua voz já não é mais a mesma, era delicada e gentil como na dança.

Me virei para ele, estava tão perto de mim que pude sentir sua respiração em meu rosto. Eu sorri ao olhar o brilho dos seus olhos e para minha felicidade, o príncipe também sorria. Sei que o conhecia a poucas horas, mas desde que venho vivendo sozinha nunca confiei tanto em alguém como estou confiando agora. Então respirando fundo lhe contei.

—Ele matou meu pai, minha mãe, meu irmão que não havia nascido ainda e todos do meu vilarejo. - Disse sem pausas.

Seu sorriso logo se desfez, ficou me encarando pasmo com o que eu tinha falado mas não disse nada, então continuei

—Ele não fez exatamente algo comigo, nunca havia me tocado até ontem a noite - Expliquei - Mas o que ele fez a quem eu amo, foi muito pior. Tudo isso foi a quatro anos atrás, ele mandou que sua frota destruísse tudo, não podíamos mais pagar os impostos que ele nos cobrava, vivo na floresta desde então, e durante todo esse tempo venho planejando alguma vingança contra ele, queria ele morto, não me arrependo do que fiz, mas estou triste por tirar a vida de uma pessoa, mesmo sendo a vida daquele homem - Baixando minha cabeça continuei - sinto por fazer isso no seu aniversário vossa alteza e por ter estragado sua festa, porém foi a única oportunidade que tive nesses anos. Peço desculpa por isso. - Finalizei voltando a encara-lo.

—Ele matou a todos ? - Perguntou incrédulo

—Sim vossa alteza, e pelo que soube, ano passado ele também dizimou outro vilarejo, só que dessa vez, um localizado ao sul do reino, minha casa ficava ao norte. - Acrescentei

—Perto da floresta - Afirmou, concordei com minha cabeça e ele continuou - O certo é que eles deveriam ser expulsos, não mortos. Essa é a lei, quando algum habitante não consegue pagar os impostos do reino deve ser expulsos dele.

—Mas ele não fez assim, todos em meu vilarejo, não conseguiam mais pagar os impostos estávamos endividados, sabíamos que iriam nos expulsar em algum momento, o líder já estava planejando para onde iriamos, eu e meus pais não poderíamos fazer uma longa viagem, com minha mãe gravida. Ouvi uma vez que o governador cobrava uma taxa mais alta nos vilarejos.

Ouvimos o som dos guardas retornando, talvez preocupados com a demora do príncipe e com os olhos lacrimejando, ele se virou para sair da cela, mas retornou a mim novamente e colocou sua mão em meu rosto, estava um pouco quente, era áspera como as mãos do meu pai costumavam a ser. Estranhei um príncipe ter mãos como as de um lenhador.

—Vou lhe tirar daqui - Beijou minha testa e continuou - Eu prometo

E assim ele saiu. A porta foi trancada e eu novamente fui tomada pela escuridão.

Meu pai estava certo ''Sorte daqueles que são condenados a forca''. Aquelas quatro paredes pareciam estar cada vez mais próxima uma da outra, o calor, a fome e a falta de ar estavam tomando toda minha lucidez. Fechei meu olhos na esperança de dormir um pouco. Imaginava minha família junto a mim mas agora também me imaginava com o príncipe.

—Incrível como no meio dessa bagunça na minha vida, eu estou me apaixonando pelo príncipe - Falei alto - E ótimo agora estou falando comigo mesma - Continuei enquanto esperava sentada no chão sujo o meu futuro.


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