Mensageiro do Futuro escrita por Lady Pompom


Capítulo 5
V


Notas iniciais do capítulo

Victor, o jovem rapaz dizendo ter vindo do futuro, mas como ele pode provar a veracidade de suas palavras? Como ele conhece todos os aliados de Raizel? Os lobisomens também começaram a se mover, o que eles farão?



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            Victor estava impaciente na cama. Ele se virava de um lado para outro, mas não conseguia dormir. O cenhos dele se juntou, formando uma mistura de insegurança e consternação. Estava sem sono.  

            Quando seus pés tocaram o chão, estava frio, mas ele não se incomodou e saiu do quarto. A casa estava num profundo silêncio, provavelmente, naquela hora, todos estavam dormindo confortavelmente.

Seus problemas de insônia não se deviam ao fato dele estar naquela casa, afinal, no futuro ele conhecia aquele lugar como a palma da própria mão. Estava preocupado, aflito e sentia um grande peso nos ombros. Qualquer outra pessoa teria sido melhor para esta tarefa, proteger o passado enquanto agia discretamente era um trabalho sério e ele não tinha certeza se estava fazendo isso muito bem. Apenas dois dias se passaram e os habitantes da casa quase descobriram sua identidade.

Seus passos pararam na sala de estar, onde seus olhos contemplaram uma vista familiar: Raizel estava sentado no sofá, lendo com seus olhos vermelho-vibrantes, concentrado no livro que parecia ser um tipo de manual para usar conveniências modernas, computadores e afins.

Ele congelou, engolindo seco. Seu coração quase saltou pra for a do peito, ele estava assustado. Pondo uma mão no peito, ele respirou fundo em alívio e iria dar a meia volta, até que ouviu o som abafado de um livro se fechando.

Raizel o fitou. Ele não proferiu uma só palavra, mas Victor sentia que olhar dele significava algo inteiramente profundo, e uma sentença completa. Ele sentou-se no sofá também enquanto o noblesse o seguia com os olhos.

“Hm… Não consigo dormir… E me desculpe por interromper seu momento de leitura, Raizel-nim…”

            O vampire o encarava inexpressivo, esperando que ele continuasse o monólogo, julgando a sua intervenção não era necessária ainda.

“Eu sei que não deveria incomodá-lo com meus problemas… Mas, o senhor poderia me escutar?” ele olhou para o homem de cabelos negros que afirmou levemente com a cabeça.

            Frankenstein estava indo até a sala para checar como estava seu mestre, mas parou ao ouvir a voz de Victor, e se escondeu atrás da parede, ouvindo a conversa.

“Sobre o que ele está falando com o mestre?” as sobrancelhas dele se franziram imediatamente.

“Raizel-nim já deve saber que meu sou a essa altura, e é vergonhoso que eu não consiga ocultar isso propriamente… Porém, uma das razões pelas quais eu gostaria de falar contigo além do fato de saber minha identidade,  é porque o senhor não irá contar a ninguém e irá agir, se necessário, apesar de que, eu apreciaria muito se não se envolvesse em nenhuma batalha com seu estado de saúde atual…”

“…….” O cenho de Raizel franziu sutilmente.

“A verdade é que: Não sou tão forte quanto o inimigo que veio do futuro… Eu estaria morto se ele lutasse contra mim com todos os poderes … Na verade, qualquer outra pessoa faria um trabalho melhor se viesse ao passado, M-21 ajusshi, minha mãe, Tao hyung, Takeo hyung, Regis-nim, a senhorita Seira, ou… Meu pai…”

“Por que sente insegurança?” A expressão de Raizel era neutra, mas a voz dele carregava um leve tom de preocupação.

            Victor ficou surpreso a princípio, depois de escutar a estranhamente calma voz do  noblesse que falava sempre num tom elegante e educado.

“Eu… Estou com medo de que a minha presença aqui altere muitas coisas que sejam irreparáveis no futuro… Se eu porventura cometer algum erro, posso até desaparecer desta era, minha existência deixaria de existir em outros tempos…”

            O olhar dele se direcionou para Raizel. O garoto tinha os mesmos olhos de uma criança perdida, ele não sabia o que fazer ou se seria capaz de vencer o inimigo.

“Esse poder que possui também anseia consumi-lo?” a face consternada do noblesse afetou o adolescente, que olhou para baixo, tristonho pela súbita percepção da realidade.

“Ele está se referindo aos poderes da dark-spear?” Frankenstein pensou, perplexo enquanto escutava o diálogo “Então ele sofre do mesmo problema que eu… E meu mestre sabia disso o tempo todo…”

“Sim…” ele fitou a própria mão “Eu herdei isso desde que nasci, mas a primeira manifestação deste poder aconteceu quando eu tinha três anos… M-21 ajusshi, meu pai e minha mãe me ajudara a controlar meus poderes de lobisomem primeiro; meu pai disse que isso ajudaria a controlar os poderes da dark-spear … Mas, claro, por causa da minha inexperiência não consigo controlá-la direito ainda… Ela exerce um grande peso em meu corpo e mente…” ele fitou Raizel novamente “Contudo, Noblesse-nim, embora seja difícil de controlar, é parte de que meu sou, e estou ansioso para controlar este poder e usá-lo da melhor forma possível, porque é algo que herdei de meu pai.”

            Ele disse cheio de orgulho, e por um milissegundo, podia jurar que viu o esboço de um sorriso no rosto de vampire de cabelos negros. O servo que escutava a conversa deles estava abismado, sem palavras e confuso ao mesmo tempo, não podia acreditar no que tinha ouvido e a mente dele chegava a conclusões que ele não estava preparado para aceitar ainda.

Herdou…? Quer dizer que ele é...?”

“Raizel-nim, a outra razão pela qual  eu quis conversar foi…” ele apertou os joelhos e não tirou os olhos do vampiro, dizendo num tom decidido “Se algo me acontecer, se eu desaparecer ou até mesmo morrer batalhando contra o inimigo, gostaria de lhe pedir algo, mesmo se eu não merecer sua consideração, para… Proteger minha família e matar o Maduke.”

“Família, ele está falando dos pais…?”

Frankenstein tinha sentimentos incertos sobre o diálogo, mas sentiu que não devia se intrometer. A decisão dele se provou ser sábia quando o rapaz continuou:

“Eu ouvi toda a história… No início, o senhor estava sozinho, e então encontrou um servo, e vocês dois ajudaram muitas pessoas de diferentes espécies. Além disso, Raizel-nim usou seus poderes para proteger essa família que era importante, e seu servo lutou por isso também… Mas, assim como no futuro, neste inimigo deseja destruir tudo pelo que estiveram lutando, e por isso pus minha vida na linha pra proteger… Não me importo se minha existência sumir se eu alterar o futuro, essa é a menor das minhas preocupações… Eu estive usando essa desculpa só pra não revelar minha identidade, mas a verdade é que a possibilidade que me assustava mais era a de perder vocês enquanto eu vivesse, Não importa se estamos no passado ou futuro, vocês são minha única família… Portanto, eu lhe imploro, se algo acontecer a mim, proteja-os… Porque só o senhor saberá o que fazer se eu não estiver aqui…”

            A voz dele era baixa, mas Raizel escutou cuidadosamente as palavras, sem pronunciar uma única. Frankenstein estava surpreso e ao mesmo tempo, triste em escutar aquele discuros, ele cerrou os punhos preocupado.

“Este garoto…”

“No futuro, eu não pude proteger as pessoas que eu amava, apesar disso; eles quase morreram para me salvar. É por isso que, pelo menos nesta era, eu quero fazer algo… Mas, se por alguma razão, eu falhar, Raizel-nim, tenho certeza de que os protegerá em meu lugar, não é?”

            Os olhos dele possuíam um leve brilho de súplica, e a Raizel’s se tornou preocupada quando ele fitou os olhos do garoto. Então, ele aplacou os sentimentos expressos em sua face e respondeu:

“Você não precisa me implorar.”

“H-hã?”

“Ter medo e sentir insegurança faz parte de carregar responsabilidades grandes…” disse num tom cordial, e o garoto sabia que ele compreendia aquele sentimento melhor do que qualquer outro “Todavia, não deve perder sua coragem. Não precisa se preocupar, mesmo se não se sentir capaz, quando o momento vier, utilizará seus poderes com sabedoria. O significado de herdar duas essências diferentes reside em ter ambos os poderes, e ser capaz de entender ambos.”

“Mestre…” Frankenstein suspirou aliviado e sorriu.

            Victor estava encantado com as palavras do grandioso e sábio noblesse. Os olhos dele oscilaram em admiração, brilhantes, mas ele não conseguia expressar isso com palavras. Levantou-se e curvou-se num ângulo obtuso.

“Fico lisonjeado de ouvir suas palavras de sabedoria. Muito obrigado, Raizel-nim! Não irei esquecê-las.”

            Ele quase se engasgou de felicidade, com um sorriso coberto pela maior admiração que poderia sentir pelo noblesse. Ele saiu da sala apressado, indo até seu aposento temporário. Depois que ele saiu, Raizel continuou sentado e direcionou o olhar para o corredor.

“Frankenstein.” Chamou, e num segundo, seu mordomo estava lá, curvando-se com tristeza.

“Mestre… Me perdoe… O senhor notou que estava ali o tempo todo?” ele suou um pouco, arriscando olhar de soslaio para seu mestre.

“……..” o jovem de cabelos negros meramente encarou-o por breves segundos antes de falar “Ele se parece bastante com você.”

“M-mestre?” ele forçou um sorriso com certa rejeição.

“Porém…” Raizel voltou o olhar para as paredes distantes “Ele me implorou para proteger a família dele…”

“Sim.” Frankenstein disse sério “Ouvi tudo desde o início, mestre.” O cenho dele se contorceu em pesar “Aquela criança esteve suportando um grande peso. Isso me faz imaginar o que meu eu do futuro estava pensando ao deixá-lo vir aqui sozinho…” suspirou “Contudo, precisamos destruir o inimigo que veio com ele, mas, se possível, eu gostaria de aliviar algumas das responsabilidades que ele está mantendo sozinho…”o olhar dele demonstrava a compaixão sincera que sentia.

“….” Raizel fitou-o com uma expressão imutável e suspirou um tanto preocupado.  

“Vou convidá-lo para ir à escola, já que é o lugar onde todos estão reunidos. Acredito que isso o fará se sentir melhor por ora.” Ele franziu o cenho “Quanto às investigações, eu irei pessoalmente fazer minhas buscas…” a face dele escureceu “Parece-me que quele lobisomem do futuro é uma figura importante mesmo em nossa era…”

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O trio de lobisomens estava próximo ao local de batalha destruído. Lunark estava com sua expressão séria habitual, Kentas também, porém, o companheiro deles, Bertrand estava sorrindo de um lado ao outro de sua cara larga.

“Qual o problema?” o de cabelos prateados inquiriu.

“Pod ever muito bem, Bertrand.” Lunark lançou um olhar mortífero em direção a ele. “Alguém esteve aqui, e tem vestígios de alguém do nosso povo…”

“Pode ter sido o Muzaka…” o homem musculoso de cabelos castanho ponderou.

“… Ou qualquer outro lobisomem.” Bertrand comentou “Eu não ficaria surpreso se a União tivesse mexido com experimentos para criar um de nós, assim como fizeram com os nobres.”

“Isso é impossível, Bertrand!” Lunark negou obstinadamente “A extensão do conhecimento deles se restringe a aprimoramento corporal, e só conseguem fazer isso em humanos, vampiros e até um pouco em nós, lobisomens, mas a possibilidade de criar um indivíduo poderoso, um sangue puro como nós, é definitivamente zero.”

“…..” Kentas permaneceu em silêncio, então, contestou a opinião dela “Desta vez o Bertrand pode ter razão, Lunark.” Ao dizer aquilo, o único que lhe viera á mente era M-21, com quem havia lutado não muito tempo atrás.  

“Humanos sempre possuíram um nível exorbitante de evolução, foi por isso que decidimos nos adaptar como eles, certo? Permitindo que experimentassem em nossos corpos para nos fazer mais fortes… Claro, alguns caras como vocês não puderam aceitar isso e continuaram parados no tempo como pedras, como éramos em tempos longínquos…”

O sorriso dele era mais astuto do que antes, se tornando uma provocação aberta. Os outros dois controlaram as emoções virulentas e agiram racionalmente.

“De qualquer modo, não temos tempo a perder, vamos encontrar quem e quando fez isso, e poderemos concluir se os humanos são ou não tão bons assim em imitar nossa espécie.” Ela retrucou num tom desafiador e Bertrand riu seco.

“Certo-” ele saltou para longe da área destruída.

“….” Kentas também pulou, lançando um ultimo olhar para a 5ª anciã antes de sumir, como se quisesse dizer algo, mas tivesse desistido no meio do caminho ao ver a reação dela.

“Qual o problema deles…?” ela grunhiu entredentes “O único humanos capaz de competir com nossa raça que eu conheço é o Frankenstein, mas duvido que a União tenha tanto conhecimento científico quanto ele...”

Ela saiu, irritada com os pensamentos dos dois homens. Muito embora ela não estivesse ciente do experimento de M-21, nem do fato de que o Lorde dela iria passar por grandes aprimoramentos no futuro. Ela e Kentas ingenuamente acreditavam que o povo deles ainda tinha a mesma honra de quando Muzaka era o Lorde, sem perceber que a raça deles havia sido corrompida pela ganância de Maduke, ainda que, eles estivessem duvidando que a tão aclamada dignidade estivesse evaporando da família.

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            Pela manhã, na casa do Frankenstein, Seira preparava o desjejum enquanto todos conversavam na sala de estar, Victor acordou por causa do barulho, principalmente com a voz de Tao reverberando por as paredes da casa. Mesmo num tempo de crise, eles conseguiam se divertir bastante. Eram um bando vivaz, de fato. O rapaz de cabelos castanhos alegrou-se com esse pensamento, mas se surpreendeu ao chegar na sala.

“Ah~ Nosso convidado chegou!” Tao correu disparado para o lado dele “Venha cá, não vai tomar café da manhã conosco?!”

“Hm…” ele suou, tentando entender as intenções por trás daquele sorriso animado “Sim.”

“A comida da Seira é deliciosa! A melhor!” Tao continuou a tagarelar.

“Apenas ignore-o quando sentir que está ficando esquisito. Tao pode cuspir um monte de besteiras de vez em quando.” Takeo educadamente cumprimentou Victor.

“Humph. Não compreendo como uma criatura impura como ele pode compartilhar do mesmo espaço que nós.” Rael resmungou irritado.

“Rael, comporte-se! Ele permitiu que o garoto ficasse aqui, além do mais, o dono da casa o convidou.” Regis corrigiu o outro nobre, atiçando ainda mais a irritação dele.

“Então, o que me diz deles, Victor?” a voz de Frankenstein questionou, aturdindo o rapaz do futuro.

“Hein? Eu?” ele fitou os outros “Eu… não sei... Eles são um pouco diferentes daqueles que conheci no futuro… Na verdade… Nesta época, eles parecem mais… felizes.”

“Entendo.” O cientista loiro deu um leve sorriso “E o que acha de vir para a escola conosco?”

“Pra escola? O que-” ele se engasgou e os olhos dele estremeceram.

“Chefe?!” Tao exclamou confuso.

“O que está dizendo?! Esse não é o lugar que fez para ele? Por que você iria…?” Rael estava desconcertado.

“Você disse que o inimigo pode vir a qualquer momento… Não seria mais sensato se todos nós estivéssemos reunidos? Se ele ousar nos atacar na escola, então…” a expressão dele escureceu “Posso pessoalmente dar um sermão nele, como diretor.”

“…” Rai suspirou pesadamente, preocupado com a conduta de seu subordinado.

“O uniforme vai ficar be mem você.” Seira comentou despreocupadamente.

“Seira?!” Olíder dos Kertia estava boquiaberto e incomodado com a possibilidade de existir um concorrente em seus assuntos amorosos.  

“Vai ser super divertido!” Tao gargalhou “Eu sabia! Eu sabia it!” os olhos dele faiscavam em excitação.

“T-Tao, você está parecendo um maníaco…” Takeo se afastou um passo do amigo.

            M-21 estava estranhamente quieto, ele lançava um olhar perdido ou outro para o garoto, franzindo o cenho em discordância, mas não dava voz a suas queixas ou pensamentos.

“E-eu posso…?” Victor engoliu seco, apreensivo.

“Claro que sim, você é bem-vindo na escola também… Tenho certeza que irá apreciar o local…” o diretor afirmou como se estivesse fazendo propaganda de sua instituição.  

“P-por que ele está sendo gentil comigo agora?” Victor pensava sentido certa repulse pela esquisita mudança de atitude de Frankenstein.

            O cientista loiro se distanciou para dar fim a uma discussão entre Rael e o Landegre enquanto Tao e Takeo também tentavam acalmar o líder dos Kertia. Uma curva fina e espontânea se formou nos lábios do mestiço. Eles realmente se divertiam, e esse era um lado deles que ele nunca havia conhecido no futuro, era por isso que desejava protegê-los naquela era. Quando sua mente mudou o foco para sua missão, aquele sorriso sumiu como se nunca tivesse acontecido.

 “Espero que possa salvar todos eles nesta época, pelo menos…”

            Sua prece interior ressoou em sua mente enquanto ele assistia aos companheiros se divertindo. Quando o Maduke do futuro iria agir? Talvez, o momento de iniciar uma Guerra não estive tão longe quanto ele esperava…


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