À noite,

Na Coréia do Sul

            Havia uma silhueta de uma figura humana de pé na área destruída que não há muito havia sido palco da batalha entre Frankenstein, Seira, Rajak e os anciões de número 5,6,7 e 8.

“As coisas foram bem violentas por aqui…” ele suspirou.

            O manto negro flutuou quando uma forte brisa passou perfurando a noite, e logoa atenção daquela pessoa mudou de foco. Ao invés de fitar a área destruída, ele olhou para trás.

“Um inimigo se aproxima…” bufou.

            Quando pulou, um golpe inesperado veio de um dos lados, obrigando-o a se desviar antes que fosse partido ao meio. O chão foi fendido e uma nuvem de fumaça subiu. Ele aproveitou a oportunidade para fugir, olhando para trás, monitorando a presença de seu oponente enquanto escondia sua própria.

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Residência do Frankenstein

“Mestre, Regis e Rael acabaram de chegar. Eles levaram as crianças para casa.”

Raizel bebericava seu chá enquanto ouvia o tom de voz educado de seu mordomo. M-21 e Takeo estavam lavando os pratos, com uma expressão de desgosto e um tanto cansados, enquanto Tao limpava a mesa e o sofá.

            Aqueles eventos ocorriam com frequência Frankenstein. As crianças sempre vinham brincar com seu mestre e os outros moradores, elas eram alegres e ele apreciava o deleite Raizel enquanto se divertia com as crianças. Talvez, se elas não fossem como um furacão e fizessem uma bagunça todas as vezes que apareciam na casa dele, ele pudesse gostar um pouco mais delas.

“Tao, checou os arredores da escola?”

            O loiro questionou, erguendo uma das sobrancelhas. Crombell havia descoberto sobre a escola e sobre as crianças, e por uma boa razão, isso o preocupava. Não apenas seu mestre, mas todos que viviam naquela casa desejavam proteger a escola era uma parte importante da vida deles, ele nunca permitiria que alguém tocasse num local que seu mestre amava tanto, nem num lugar no qual seus “filhos” estivessem.

“Vou fazer isso agora mesmo, chefe!” ele bateu continência como um soldado e correu para a sala de monitoramento.

            Recentemente, tudo esteve calmo, desde a invasão a Lukedonia e a morte de Edian e Gradeus, o único inimigo em potencial que escapara era Ragus. Todavia, o Lorde dos Lobisomens, Maduke estava começando a mover seu povo, e isso era uma razão a mais para se preocupar.

            Rael se tornou um líder de clã, mas ele ainda precisava refinar suas habilidades, e estava treinando Regis no momento. Karias retornou para casa após a invasão, para auxiliar a Lorde. O Noblesse estava verdadeiramente preocupado com o bem-estar dos nobres após o ocorrido. Raskreia surprimiu a invasão, mas ficou claro que ela ainda carecia em força, e com o número crescente de inimigos, sem saber quando a União faria seu movimento, eles não podiam relaxar.

“Chefe, não tem nada de errado!” Tao voltou com seu habitual sorriso animado.

“Ótimo.” Ele suspirou discretamente “Mestre, vou me ausentar por um tempo, para treinar Rael e Regis. Da última vez eles enfrentaram o inimigo cm dificuldade, e a situação tende a piorar…”

            A expressão estoica de seu mestre mudou sutilmente, e ele bebeu mais um pouco do chá, mas os olhos dele possuíam um brilho de preocupação enquanto escutava o servo. Os poderes dele tornavam-se mais fracos a cada vez que os usava e ele ponderava se seria capaz de proteger as pessoas que amava com tais poderes enfraquecidos.

“Seira ficará. M-21, Tao e Takeo estrarão aqui para qualquer eventualidade, mestre. Se algo acontecer, eles irão me contatar.”

“…”

            Ele simplesmente encarou o subordinado e confirmou com a cabeça, aprovando a viagem. Frankenstein preparou tudo após um tempo, e a tropa partiu. O destino era a ilha que usavam para treino.

            Tanto Rael quanto Regis tiveram dificuldades lutando contra Frankenstein, mesmo trabalhando como um time para derrotá-lo.

“Qual o problema?”

O humano loiro sorriu diabolicamente enquanto uma aura negra jorrava para for a dele. Regis já estava no chão, e o outro nobre insistia em tentar se levantar, se curvando de dor, quase sem fôlego.

“Não posso culpá-los pela sua inexperiência, também tem muitos movimentos desnecessário no seu ‘trabalho em equipe’. Eu poderia tê-los matado três vezes. Numa batalha real, estariam mortos.”

            Rael cerrou os dentes e Regis fechou os punhos, embora o loiro tivesse uma personalidade sádica enquanto os treinava, ele estava certo. Uma mensagem chegou no notebook que Frankenstein deixou pelo chão, perto da área onde estavam lutando. Ele pausou a sessão após ouvir o som da mensagem chegando, e foi checar. Será que algo aconteceu na Coréia?

“Tao, por que me ligou?”

[Ah, chefe… Uma coisa estranha aconteceu…]

“Um inimigo?”

[Não temos certeza, por isso que te ligamos… Na verdade, se lembra daquela área destruída onde lutou uma vez? Aquela onde lutou contra quarto anciões…]

“Sim. Está sob vigia da KSA, não? Eles já organizaram uma história sobre como foi destruído e cuidaram do assunto…”

[Nós sabemos. Eu estava só dando uma olhada por curiosidade, e então nós detectamos movimentos naquela área…]

“Então alguém visitou o local?” a expressão dele escureceu com este pensamento.

[Não só isso, tem até sinais de que houve uma batalha… Nós comparamos algumas imagens de alguns dias atrás com imagens recentes e percebemos que há marcas que não estavam lá antes, sugerindo que houve uma luta…]

“Falou com a KSA?”

[Sim, conversamos com eles e nos mostraram os vídeos das câmeras do local, havia duas pessoas, mas a imagem está em baixa qualidade… Além disso, M-21 e Takeo encontrara alguns rastros que levavam até o mar…]

“O mar…?” ele franziu o cenho.

[Isso, eles desapareceram na costa… Não conseguimos determinar quem eram os indivíduos nem sua afiliação… Ambos usavam capuzes, e as câmeras não cobriam um ângulo que mostrasse o rosto deles, contudo, é muito provável que um deles seja um lobisomem, pelas marcas que deixou no chão…]

“Um lobisomem indo até um lugar daqueles…?”

[Bem, é isso… Quando voltar, pode nos ajudar com as investigações, chefe...]

“E quanto ao meu mestre… Como ele está?”

[Ele está bem… Não se preocupe!] ele deu um joia [Agora, tenho que ir, chefe! Vamos investigar mais sobre as gravações misteriosas!] ele finalizou a chamada de vídeo.

“Será que estão atrás do Muzaka…? Ou quem sabe… Algum inimigo da União veio investigar a Coréia…? Eles já devem estar cientes de que foi meu mestre quem puniu os líderes de clã traidores…” os pensamentos dele corriam apressados.

“O-o que aconteceu? T-tem algum problema com o Raizel-nim?”

            Regis arrastou os pés para se aproximar de  Frankenstein e perguntar num tom preocupado. Rael também prestava atenção ao humano loiro e monstruoso.

“Não… Meu mestre está bem… Mas temo que teremos que parar nosso treino e voltar para casa imediatamente…”

“Por quê?! Não podemos perder tempo!” Rael reclamou impaciente “Precisamos ficar mais fortes! Ainda tem um traidor vivo!”

“Rael, se acalme.” Frankenstein lançou um olhar de perfil para o garoto de cabelos cacheados “Ocorreu um incidente e precisamos investigar, para isso, preciso retornar à Coréia.”

“Incidente?! E a Seira?! Ela está bem?” Rael entrou em pânico.

“O incidente não envolve a Seira nem ninguém da casa…” ele explicou e ouviu um pesado suspiro de alívio.

“Então por que o Tao te chamou…?” O cenho de Regis moldou uma expressão de perplexidade.

“… Alguém visitou um local onde lutamos antes…” ele deu uma breve ideia da situação.

            Ele olhou para os jovens que tinham preocupação refletida nos olhos. Mais do que vigiar os movimentos do inimigo enquanto treinavam; agora eram obrigados a procurar por desconhecidos que haviam se intrometido. Ou seria uma mera coincidência que dois estranhos tivessem passado pelo local?  Estavam investigando? Será que eram de alguma corporação como a União?

Não bastasse isso, Rael e Regis tinham acabado de ser nomeados líderes de clã, e  a soul weapon de Regis estava incompleta porque Gejutel está vivo. Eles eram inexperientes e por isso Frankenstein estava “tomando conta” deles, treinando-os para que pudessem lutar contra os novos inimigos, mas agora, outro assunto do qual ele devia cuidar surgira e ele começou a se perguntar se sua dor de cabeça ia piorar daqui pra frente.

Os devaneios dele foram interrompidos quando sentiu uma presença se aproximando da ilha. Estava distante, mas ele podia sentir um estranho poder se aproximando. A face surpresa dele assustou os dois nobres, que trocaram olhares até que também sentiram o mesmo poder vindo.

“Rael, leve Regis de volta para a Coréia. Tem um inimigo vindo.”

“Quê-” ele deixou escapar em protesto “Nós temos que lutar então!”

“Preste atenção na sua condição, vocês dois mal conseguem se aguentar de pé graças ao treino, seus ferimentos precisam se curar antes de entrarem em outra batalha…”

“Mas… O senhor também está machucado…” o de cabelos prateados contestou.

“Só está sujo de sangue, meus ferimentos já sararam… Vão logo! Não sei quem poderia ter descoberto essa ilha! Se for um ancião, vou ter problemas se tiver que lutar protegendo vocês dois!”

“…!”

            Rael bateu os dentes, discordando da decisão, mas o nobre mais jovem pôs uma mão no ombro dele, e os dois saíram de cena enquanto Frankenstein se preparava para lutar. Porém, a incrível presença sumiu.

“O quê?! Aonde ele foi?! Não em diga que…” ele bufou.

“A intenção dele era se mostrar e fazer sua presença sumir quando eu aceitasse o desafio, só pra me distrair?! Se é isso, então o objetivo dele deve ser…” ele cerrou os dentes “Maldição! Onde estão o Regis e o Rael?”

            Ele correu para alcançá-los. Enquanto isso, a dupla se dirigia ao oceano, para voltar á Coréia, mas quando o mar estava à vista, uma sombra apareceu bloqueando o caminho.

“Tch! Quem é você?! Saia do caminho, lixo!” a rudeza do nobre loiro era evidente em sua voz.

            O inimigo trajava um manto com capuz, ocultando parcialmente o rosto, mas eles puderam identificar facilmente a raça quando viram as mãos dele se transformando numa mistura de pelos brancos e marrom.

“Um lobisomem?!”

            Não houve tempo para uma resposta, um ataque vinha na direção deles, para dilacerá-los, e cada um pulou para um lado diferente, assistindo enquanto ua enorme cratera em forma de corte foi aberta no chão da ilha.

“Essa aura… Ele não parece um lobisomem comum… Ele é modificado…?” Regis estalou a língua.

“Uma criatura tão indigna! Não consigo nem olhar para algo tão desprezível…”

Rael avançou, usando a mão para fazer um corte no oponente que desviou. Regis tentou atacar também, mas o homem defendeu com os braços transformados. O nobre loiro conseguiu ver de relance a face de seu oponente, e claro, ele não conseguiu reconhecer, mas era um homem de cabelos marrom com mechas prateadas e olhos amarelos de pupilas finas.

Num instante, a velocidade do Kertia não conseguia acompanhar a do inimigo e ele e mal defendeu o ataque de garras. Ele voou alguns metros, caindo no chão. Não conseguia acreditar que aquele homem pudesse ser tão forte, ou será que era ele que era muito fraco?

“Rael!” ele se levantou ao ouvir o grito de Regis.

“Não faça tanto barulho, Regis! É nauseante!”

            O momento de distração deles foi suficiente para que Regis fosse atingido, sendo enviado para longe como o outro nobre. O loiro tentou atacar o inimigo, mas recebeu inúmeros golpes do lobisomem que atacava incessantemente. Quando invocou sua soul weapon, o oponente deu um passo para trás, mas investiu novamente em seguida.

“Ridículo! Como pode um descendente da família Kertia não ser capaz de acompanhá-lo em velocidade?!”

            O jovem de cabelos cacheados estava extremamente irritado, ele perdia rapidamente a calma, e os ataques dele se tornavam desorganizados á medida que ele tentava cortar o poderoso lobisomem. Contudo, as tentativas dele não duraram muito, Regis também chamou a soul weapon, e eles decidiram atacar em conjunto, com poder máximo. O fôlego deles só diminuía e não aguentariam se a batalha durasse por muito mais tempo.

Eles concentraram os poderes e lançaram em direção ao inimigo, o homem parou e ficou de pé firmemente em frente ao ataque, e com um simples movimento em forma de corte, fez seu ataque, usando sua força para cortar o golpe dos nobres ao meio, e fazendo com que a energia se dividisse em duas, atingindo os lados e abrindo o chão.

            O herdeiro dos Landegre tossiu quando a poeira circulou no ar. Ele sentiu a presença do líder Kertia por perto, mas também sentia a presença do inimigo.

“Onde ele está?! Ele desapareceu!” Rael olhava em volta nervosa.

            Quando a poeira começou a se dissipar, eles avistaram uma silhueta, no entanto, iera tarde demais, no mesmo Segundo um corte veio voando na direção deles, cortando através da nuvem de poeira, e foram atingidos, falhando na tentativa de desviar. Eles caíram no chão quando as garras marcaram suas peles.  

“G-guh…” Regis contorceu a expressão, tentado se levantar, mas seus músculos não o obedeciam.

“… Como ele poderia…?” o líder Kertia se levantou com dificuldade.

            O homem se aproximava deles mostrando as presas e levantando um braço, para desferir outro golpe, e antes que Rael ou Regis se recompusessem, outro ataque os atingiu.

            O ataque explodiu, e o oponente sorriu em satisfação, mas logo aquele sorriso sumiu da face dele, quando ele percebeu que seus inimigos ainda estavam vivos e que alguém havia barrado o golpe. Havia estacas formadas de uma matéria negra ao redor dos jovens líderes de clã.

“Ele veio…?” Regis estava impressionado.

            Rael sentiu uma sensação desagradável e maléfica vinda de trás, fazendo com que seu coração quase parasse e seu corpo inteiro tremer; ele conhecia aquele sentimento, não importa quantas vezes ele sentisse aquilo. Regis conhecia também, era aquela sensação que a Dark spear transmitia.

“Frankens-” o Landegre olhou para a pessoa que acabara de chegar.

            Ele parou de falar no meio da frase e seus olhos se abriram, assim como os de Rael quando eles viram que a pessoa que os salvara não era quem eles esperavam. O homem caminhando e direção a eles não era Frankenstein, mas um rapaz que aparentava ter uma idade próxima a do Rael. Ele também estava encapuzado, mas eles conseguiam ver perfeitamente a cor azul dos olhos dele e os cabelos castanhos rebeldes e ondulados que lhe caíam até a base da nuca. 

            Um forte vento fez o capuz cair, mostrando a face dele com mais clareza. A expressão dele era séria ao encarar o inimigo. Lançando um breve olhar para Rael e Regis ele franziu o cenho, como se estivesse incomodado com a visão, e os lábios dele se curvaram para baixo quando ele se pôs entre eles e o oponente.

“Aquele poder veio dele…?” o garoto de cabelos prateados estava aterrorizado “Mas… Essa sensação… Não consigo dizer se ele é ou não humano… Ele não se parece com um…”

“Quem é você?!” Rael perguntou agressivamente.

            Ele olhou desinteressado para o nobre, sem a intenção de responder, e virou-se para encarar seu inimig novamente. O lobisomem tinha uma expressão incomodada.

“Seu…!” o inimigo rugiu “Como ousa interferir?!”

“É você quem está interferindo… Foi por isso que vim lhe impedir.”

            Sem compreender o que se passava, os dois nobres se entreolharam, tentando achar alguma brecha para sair do local, porém, eles sentiram outro poder, e estacas negras vieram voando em direção ao lobisomem e ao recém-chegado, fazendo com que ambos pulassem para desviar.

“O que pensam que estão fazendo, seus merdas?”

            Frankenstein disse entredentes, fazendo um arrepio percorrer a espinha dos jovens líderes de clã.

“Você…” o rapaz de cabelos castanhos ficou boquiaberto.

“Acha que está mexendo com os filhos de quem?!” o sorriso estampado na face dele era a própria definição de ira.

            Uma risada ecoou no ar, se tornando uma gargalhada, e os olhares confusos de todos pararam no lobisomem. Ao invés de se sentir intimidado, ele estava feliz com a aparição do humano loiro.

“O que está acontecendo aqui…?!” Regis de um sussurro abafado.

            Quem eram aqueles dois e por que envolveram dois líderes  de clã na luta deles? Bem, isso não importava muito agora, porque o mestre da dark-spear iria pulverizá-los. Ah, Deus, o pior erro deles foi fazer o Frankenstein perder a paciência.