Às nove horas da manhã seguinte, quando desceu vestido com um terno cinza, Atílio foi esperando na porta da casa. Ele também usava um terno cinza. Ele cheirava a colônia e sabonete e Pilar se perguntou por que ele não conseguia tirar os olhos dela...

Atílio: Para quem usou esses dias todos jeans, botas e camisa, está vestida como uma linda dama.

Pilar: Obrigada, você esta muito elegante de terno. – ela sorriu e ele pegou a mão dela.

Dakoda ficou olhando para eles, sabia que algo entre eles estava acontecendo, ele os esperava no carro para levar até o hangar onde ficava o avião da fazenda, Atílio abriu a porta para ela que entrou atrás e ele foi na frente com o índio.

Durante toda a viagem até a pista, Pilar falou pouco. Na verdade ela estava curiosa para saber mais sobre ele durante esses anos que não se viram, ela queria fazer perguntas para ele, mais sabia que seria perigoso.

Atílio: Você está nervosa?

Pilar: Não, eu não tenho medo de voar.

Atílio: Não foi disso que eu perguntei. – o índio saiu da estrada principal da fazenda e entrou em uma que levava a pista de uma grande hangar, onde tinha alguns bimotores. Atílio explicou que ele usava para alguns trabalhos na fazenda e um para fazer negócios dentro e fora do país.

Pilar: Você nunca voa por prazer?

Atílio: Eu busco prazer com mulheres é uma distração que eu me dou ao luxo de pagar e não tenho problemas futuros, e claro meus cavalos.

Pilar: Boçal. – ela murmurou baixinho voltando a atenção para fora do carro. Dakoda olhou para ele e fez um gesto negativo com a cabeça. – Em uma conversa com sua mãe ela me disse...- parou de falar quando percebeu que estava prestes a revelar algo que o incomodava.

Atílio: Ela te contou o que Pilar? Contou tudo que aconteceu comigo, contou o que eles fizeram?

Pilar: Desculpe-me é algo que não me interessa, e eu não deveria mencionar.

Atílio: Por Deus, não tem mais nada sagrado!- ele respirou fundo não queria brigar, ascendeu um cigarro. – Vamos mais rápido Índio.

Quando chegaram ao hangar o avião já estava pronto, Pilar olhou era lindo o jatinho que ele usava pra os negócios. 

Eles entraram e se acomodaram o piloto veio e cumprimentou Atílio e Pilar e avisou que o voo duraria cerca de uma hora.

Pilar: Que bonito. Nunca tinha entrado em um assim.

Atílio: Tem uma cama atrás daquela porta. – apontou para o fundo a aeronave, o sorriu.

Pilar: Que bom para você. Ficará na cidade ou vai retornar hoje mesmo?

Atílio: Retornaremos daqui a dois dias. Vou esperar a chegada de Guilhermine amanhã, e você e Sofia retornam para a minha fazenda.

Pilar: Somente um final de semana, tenho uma empresa para cuidar, claro que não é grande como a sua fazenda, mas é meu trabalho, é com o que ganho dinheiro para ter uma vida aconchegante com Sofia.

Atílio: Seu pai era um bom negociador de contratos, herdou o dom dele? E se eu propor para você trabalhar como minha negociadora, mas terá que morar na fazenda. – ele tinha um brilho no olhar, estava achando argumentos para que ela não desistisse dele, não dessa vez.

Pilar: Isso é mais uma de seus deboches, que piada de mal gosto Atílio. Como vou morar na sua fazenda?

Atílio: Sendo minha esposa. – ela o olhou assustada, ele estava querendo casar com ela. – Você o amou?

Pilar: Dizem que o amor aprisiona a alma.

Atílio: Não se já forem almas gêmeas, se for amor de verdade e eterno. –ela não estava entendendo a nostalgia na voz dele, será que ele tinha amado ela um dia?

Pilar: Eu pensava que sim, ele era lindo charmoso, me fazia rir, era um galanteador, mas o que realmente o interessava era o dinheiro da minha família.

Atílio: Quando você era uma adolescente, tinha um brilho diferente no olhar, era algo que você demostrava quando estava na fazenda, sabia que seu pai quando vocês se mudaram para a cidade, seu pai vendeu a fazenda de vocês para mim?

Pilar: Sim, naquela época o tio Gusmán era sócio de papai na empresa, mas depois que você e ele brigaram ele vendeu a parte dele para meu pai, que me deu de presente. Eduardo trabalhou comigo por um tempo, quando passou por problemas financeiros, dai percebi que ele estava desviando contratos e pedi para que ele deixasse a empresa. Foi dai que ele se mostrou quem ele realmente é.

Ela estremeceu com que sentiu falando de Eduardo, era algo ruim, não gostava de tocar no assunto. Ela tinha sofrido muito na cama e com as palavras dele, como se casou pura e so teve ele como homem, imaginava que todos poderiam ser iguais a ele.

Atílio: O que exatamente ele fez contigo e o que ele te pediu para fazer?

Pilar: Não! – ela falou com a voz embargada queria esquecer o que tinha sofrido.

Atílio: Pelo seu rosto posso adivinhar o que ele te fez. Sinto muito minha pequena, eu deveria ter... – ele parou de falar e se levantou, pegou uma água para eles, deu uma garrafa para ela e bebeu a outra.

Pilar: ele me acusava de ser frigida, que na cama era melhor ter um pinguim do que a mim. E quando dormíamos em quarto separados eu sabia que ele esteve com outras mulheres que para mim na verdade era um alivio. – Atílio a olhava com cerca irritação, como sua pequena sofrera tanto e ele nunca soube.

Atilio: Meu Deus, e porque não pediu o divorcio antes e quando a Sofia nasceu como as coisas ficaram?

Pilar: Minha mãe ainda era viva, e brigamos meses antes dela falecer, eu falei que pediria o divorcio e ela disse que não teria uma filha divorciada, eu falei que Eduardo me mataria, e se ela preferiria uma filha morta ou divorciada, ela não respondeu e ficamos sem nos falar, uma semana antes dela falecer ela veio falar comigo, e disse que era para eu ser feliz. Quando Eduardo me bateu e bateu e em Sofia eu pedi o divorcio.

Atílio: Sua filha viu o que ele fez? – ela assentiu com a cabeça. – Ela ficou apavorada.

Pilar: Sofia é uma menina forte, mas tem um pavor do pai, ele a aterrorizava quando bebia, se ela fazia algo que o irritasse, ele gritava com ela, quando eu estava em casa, intervia, ou Amparo a tirava de perto dele.

Atílio: Podemos usar isso contra ele no tribunal, pois sua filha tem medo de ficar com o pai. Quando chegarmos na cidade quero falar com seu advogado. Quero discutir alguns pontos com ele. Quero ter certeza que ele não ficará com a menina. Está ai mais um motivo para você se casar comigo.

Pilar: Espera ai, esta me ajudando para que eu veja que me casar com você é a solução para meus problemas com Eduardo?

Nesse momento o piloto avisou que eles iriam pousar e que o carro já os esperavam.

Atílio: Se nos casarmos o seu bem estar e o de Sofia será responsabilidade minha. – sorriu para ela. Vamos desembarcar. – quando estavam saindo ele a puxou e a beijou de forma que a agradou, era um beijo de verdades ditas, um beijo que poderia ser o inicio de algo que ambos queria um relacionamento de verdade.

Pilar: Você é um machista provocante. – os olhos dela brilhavam por ele.

Atilio: Anda faz uma cena pra mim, faz que eu te pegou de jeito e quero ver você escapar desta vez pequena. Vamos querida faz uma cena. – ele estava gostando de ter ela entre os braços, raivosa querendo sair dele. – vou te beijar e quando eu parar ainda vai querer mais. – ele o fez e ela se deixou beijar gostoso. Quando ele parou ela ainda mantinha os olhos fechados. Ele sorriu olhando para ela tão dele.

Pilar: Boçal, ogro. – ela sorriu para ele de forma deliciosa.

Atílio: Mas gostaria de ir mais além de beijos pequena, já estou fervendo por você. Quero deitar ao seu lado exausto depois de te amar intensamente.

Pilar: Nossa que modesto você. E quem disse que eu vou gostar e ter você na minha cama.

Atílio: Eu sou, mas serei só seu. – ele falou murmurando e sorrindo para ela. É senhorita Pilar, acho que você se esqueceu de como você reage quando estou contigo nos braços, e com meus beijos.

Eles entraram no carro e seguiram para o centro da cidade, indo para a escola de Sofia onde o grupo chegaria. Atílio dirigia como se já soubesse o caminho.

Atílio: Você sempre fica nervosa quando eu me aproximo de você, mesmo quando tinha dezesseis anos. –ele a olhou desejoso. Você sempre foi muito bonita, especialmente, quando estava nadando na piscina da fazenda.

Pilar: eu era jovem, e além do mais era verão, por isso me via de roupas menores.

Atilio: Você se escandalizaria se soubesse o que eu costumava a sonhar com você naquela piscina, quando completou 18 anos então. Misericórdia! – falou com a cara mais deslavada que podia ter, era desejo com paixão. Pilar ficou vermelha, seu coração estava acelerado, Quando se deram conta estavam na frente do colégio de Sofia. – Vem vamos buscar Sofia!.

Pilar ficou olhando para ele, como assim, como ele sabia, ele sorriu para ela e desceu do carro, foi até o lado dela abriu e estendeu a mão para que ela pegasse. Ela admirava ele mesmo as vezes sendo um boçal ele era gentil quando queria.

Ela permitiu que eles entrassem no colégio de mãos entrelaçadas, Logo que chegaram o ônibus com as crianças encostou e todos desceram, Atílio viu logo de cara quem era Sofia, os olhos e os cabelos negros eram igual o de Pilar.

Pilar esperou que a filha se aproximasse, mas quem veio antes foi a Madre Superiora.

MS: Pilar ainda bem que chegou, graças a Deus!- ela olhou assustada. Não sabia o que fazer, Eduardo está aqui, mandei que o levassem para minha sala.

Pilar: Eduardo aqui! Meu Deus, ele viu Sofia? – a madre negou. – Ainda bem.

MS: Não por Deus Querida! Ele esta no meu escritório. Irmã Mary cuidará de Sofia enquanto você conversam. – ela conduziu os dois pelo corredor.

Pilar entra na sala e sente um arrepio percorrer sua espinha. O clima ficou tão tenso e o ar tão pesado, que poderia ser cortado com uma faca. Os olhos daquele homem eram frios como gelo, seja lá o tipo de sentimentos que um dia demostraram, já não estava mais ali; o sorriso parecia o de uma serpente pronta para dar o bote. Aquele homem era o dono dos pesadelos e dos piores pensamentos de Pilar. Seu nome Eduardo Ferraz.