Encadeados escrita por Nipuni


Capítulo 9
Como Nunca Antes


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! ^^ ♥



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— Você poderia ter sido um pouquinho mais discreto, né, Sasuke? – Karin abriu caminho na mesa entre todos os papéis e livros, colocando sua caneca com estampa de flores à sua frente. – Ela vai acabar descobrindo se você continuar sendo o Capitão Óbvio.

Sasuke a ignorou. Encarava o vazio há mais de cinco minutos tentando juntar tudo o que aquilo significaria.

— Ela tocou num Sinalizador. – comentou para si mesmo, escondendo a boca com a mão. – Isso nunca aconteceu antes.

— O Sinalizador? Claro que já!

— Mas nunca foi pra ela.

— Só porque ele parou de mandar Sinalizadores pra você não quer dizer que alguma coisa tenha mudado. Ainda são as mesmas regras.

Não dava mais pra acreditar nisso. Não é porque o jogo era o mesmo que os modos de jogar também eram. As variáveis nunca tinham sido tão diferentes. Levantou do sofá e andou até a janela, onde parou pra analisar a runa invertida. Os dois triângulos que se uniam estavam cravados na madeira há muitos anos, mas ainda tinham o que durar.

— Mandar Sakura trancar a porta não vai ajudar em nada. – Karin levou sua caneca vazia até a cozinha.

Estava certa, não ajudaria.

— Você podia fazer uns desses na casa dela. – Sasuke escorregou a mão sobre a runa gravada na janela, considerando a possibilidade. Ganharia um tempo.

— Eu só posso se ela me pedir. – Karin voltou, parando no portal que dividia cozinha e sala. – E pra ela me pedir...

— Ela teria que saber. – bateu na madeira, desistindo rapidamente da ideia. – Você não tá me ajudando em nada hoje.

— Não sei porque insiste em deixá-la no escuro! Você fez isso da última vez e olha o que aconteceu!

Um olhar frio de Sasuke foi o suficiente pra que Karin se calasse. Já estava começando a ultrapassar os limites.

— Ela não está pronta. – concluiu, seco. Passou pelo gato na sala rumo ao quarto quando a voz de sua colega de quarto o chamou pela última vez.

— É ela que não está pronta... – demorou um pouco pra continuar, incerta se estaria exagerando de novo. – Ou é você?

Sasuke fez uma longa pausa.

— Seu trem pra Kyoto sai amanhã de manhã. As passagens estão no porta-chaves, não se atrase.

[...]

A noite pareceu chegar mais rápido do que o normal. Era costume passar pelo menos um dia inteiro sozinha durante a semana, mas aquele em particular passou muito mais veloz do que eu esperava. Às oito e meia, Temari chegou em casa, carregando tantas pastas que eu quase fiquei mal por ela.

— Estou faminta! — exclamou, soltando todas as apostilas sobre a mesa da sala. Os papéis se espalharam na superfície lisa e alguns deslizaram pra fora. Temari andou até o sofá e se jogou ao meu lado, deitando em meu colo.

— Que novidade.

— Vamos pedir alguma coisa, tipo, agora. – ela tirou os sapatos com a ajuda dos próprios pés, olhando pra mim de baixo.

— O que você quer comer? – empurrei ela pra fora de minhas pernas e me levantei pra pegar o casaco.

— Algo bem gorduroso e exótico. Cansei de peixe cru e arroz.

— Seguinte – me escorei contra o raque da TV, cruzando os braços. – Vou pedir alguma coisa pela internet e você vai buscar um sorvete.

— Porque eu tenho que buscar o sorvete?

— Por que você me deve uma, princesa. – meu sorriso estava tão grande que nem parecia humano – Lembra da manhã de sábado que eu joguei fora pra ir em Osaka pegar seu livro idiota? Pois é, tô te cobrando.

Temari se levantou batendo os pés.

— Sakura, eu te odeio. Se lembre disso. – ela andou até mim com uma aura enfezada, arrastando os pés no carpete.

— Aqui o dinheiro, eu sei quanto é o troco então nem pense em trazer outra boneca de voodoo pra cá, ok? – entreguei uma bolsinha cheia de dinheiro, o indicador erguido enquanto citava a regra.

Ela bufou e enfiou a bolsinha dentro da mochila e bateu a porta ao sair. Andei em passos curtos até o quarto, pegando o computador para trazê-lo comigo até a sala, demorando mais do que precisava para abrir o navegador e pesquisar uma lista de restaurantes que faziam entrega em domicílio.

Seis batidas rítmicas na porta me fizeram levantar o rosto da tela iluminada do notebook. Joguei a máquina no assento ao meu lado e apertei o cardigã contra o corpo, esticando a mão para girar a maçaneta.

— Esqueceu alguma coisa? – puxei a haste de ferro esperando encontrar minha colega irritada, mas não era essa a figura que me esperava no corredor.

— Boa noite. – Sasuke me saudou com seu sorriso infame de sempre. Sua silhueta estava marcada por uma camisa preta com as mangas dobradas sobre os cotovelos e uma calça jeans surrada.

Belo golpe.

— O que faz aqui? – minhas sobrancelhas se franziram ao perceber as duas sacolas de plástico que ele segurava em uma mão.

— Estava passando por perto e pensei em fazer uma visita.

— Que mentira. E essas sacolas?

— Fazem parte da minha visita, na verdade. Não vai me convidar pra entrar?

Suspirei, dando de ombros em desistência.

— Por favor. – abri espaço e Sasuke passou por mim, despreocupado. Tirou os sapatos na entrada e seguiu para o balcão que separava cozinha e sala, deixando as sacolas sobre o mármore. – Como achou meu apartamento?

Ele esfregou as mãos ao se virar pra mim.

— Eu posso ou não ter batido de porta em porta até uma senhora muito gentil com cheiro de urina de gato me direcionar para cá.

— Que específico. – acabei rindo. – Você podia ter perguntado pro porteiro. Era uma alternativa.

— Os meios que eu usei pra entrar aqui não foram os que você chamaria de lícitos, então não, não era uma alternativa. – ele começou a esvaziar as sacolas, e eu continuava a observar de longe. – Então pode ir lavar as mãos, já vamos começar.

— Começar o que? – deslizei até seu lado, estudando tudo que ele tinha trazido.

— Os tacos. – Sasuke me olhou como se fosse claro.

— Você vai fazer tacos agora?

— Não, nós vamos fazer tacos agora.

Suspirei conforme o meio sorriso de Sasuke se alastrava na face angular. Fui lavar as mãos no banheiro e quando voltei, tudo já estava cuidadosamente separado sobre o balcão. Ele já tinha pegado as facas, as tábuas de madeira e duas assadeiras.

— Parece que alguém está se sentindo em casa. – puxei as mangas do cardigã até a fronteira do antebraço, me divertindo com a cena.

Sasuke me entregou três tomates grandes, duas cebolas, uma alface-americana inteira e – para a minha não-surpresa – um pote de azeitonas verdes.

— Você corta isso e eu vou fazer a casca.

— Porque eu fico com o trabalho mais fácil?

— Você já fez tacos antes?

Dei de ombros.

— Não importa. – falei sorrindo. Observei seu perfil impassível antes de continuar, meu sorriso se afinando um pouco. – Você me subestima demais.

Sasuke me olhou com o canto do olho, e acabei surpreendida quando ele não comentou nada. Começou seu trabalho com a casca de milho e eu me voltei para cortar os tomates.

— Está cortando grande demais. – ele falou, sem levantar os olhos do que fazia.

— Claro que não, está completamente proporcional.

Ele suspirou, rolando o tomate para seu lado do balcão e puxando uma faca com tanta velocidade que eu me sobressaltei. Sasuke parou, olhou pra mim e pra lâmina.

— Tem medo de mim? – ele estreitou os olhos, mas eu vi uma sombra de divertimento nas orbes negras.

Vi uma oportunidade e a agarrei sem pena.

— Talvez se eu soubesse mais sobre você não me assustaria com seus gestos súbitos na presença de objetos afiados.

Seu meio sorriso voltou imediatamente, e ele começou a fatiar os tomates muito mais rápido do que eu conseguiria. Quando ele se curvou sobre a tábua, notei uma ponta negra saindo de seu ombro. Era uma tatuagem?

— Façamos assim – ele terminou de cortar a leguminosa e deitou a faca sobre o balcão, recostando as mãos na pedra e trancando o olhar em mim com tanta intensidade que quase olhei pra baixo –, me impressione com os tacos e eu respondo todas as suas perguntas.

— Isso é extremamente subjetivo, meus tacos podem estar ótimos, mas se você disser que não...

— Eu sou muito justo. – ele interrompeu e eu parei por alguns segundos.

— Todas as minhas perguntas?

— Todas elas.

— E você tem que responder.

— Cada uma.

— Com a verdade!

— Essa é a ideia.

— Bem, se é assim, acho que eu devo avisar que não vamos comer só nós dois.

— Sem problema, eu trouxe mais ingredientes se isso não der. – ele chutou a segunda sacola na minha direção.

— Como é prevenido. – sorri pra mim mesma, cortando os tomates no tamanho que ele disse.

— Mal sabe ela.

Separei todos os tomates no canto da tábua, seguindo para dissecar as alfaces e picá-las em tiras finas e curtas. Acabei rasgando a folha verde na metade quando ouvi a chave girando na maçaneta.

— Olha quem eu achei no mercado – ouvi a voz de Temari e mais duas figuras entraram com ela, e eu ainda estava travada segurando a folha partida.

Hinata e Naruto passaram pela porta sorrindo, mas a expressão de todos ficou convertida em dúvida quando eles perceberam o elemento ao meu lado. Temari franziu as sobrancelhas e meu rosto começou a esquentar por algum motivo.

— Oi pessoal, esse é meu... – amigo? Conhecido? Sasuke olhava pra mim com um fantasma de sorriso enquanto eu rolava dentro da minha cabeça atrás de uma definição. – Esse é Sasuke.

Ele acenou para todos com o rosto, ainda entretido em seu trabalho com a massa. Senti meu coração explodindo quando vi a expressão de Temari.

— Olá, Sasuke! – ela escorregou para a frente, debruçando-se sobre o balcão com um sorriso que ia de orelha a orelha. – É um prazer finalmente te conhecer. Sabe, a Sakura...

— Temari, porque você não põe o sorvete no congelador e pede ajuda pro Naruto e pra Hinata pra colocar a mesa? – cortei, meu rosto em chamas. Se ela contasse o que eu falei dormindo, estaria acabada, morta, completamente sem saída.

Aquilo não podia acontecer.

Sorrindo como um monstro saído dos seus filmes de terror, Temari começou a fazer o que eu havia pedido, quieta demais pro meu gosto. Naruto se sentou num banco que ficava de frente pro balcão, recostando-se sobre os cotovelos enquanto Hinata e Temari arrumavam a mesa.

— Você não é da universidade, é? – ele perguntou amistoso para o homem ao meu lado.

— Não, faz muito tempo que eu não estudo em uma. – Sasuke já tinha deixado cinco forminhas de milho prontas. Mais três e aquela tortura poderia acontecer em outro lugar; um bem longe de mim.

— E de onde você conhece a Sakura?

Ele abriu a boca pra falar e eu tive certeza que contaria sobre hospital. O problema é que Temari estava lá, e ela sem dúvidas se lembraria da história. Eu precisava agir – e rápido.

— Num show. – bati a faca sobre a tábua e a lâmina entrou na madeira. – Num show em Shibuya, não é?

Naruto olhou pra mim assustado, piscando duas vezes. Sasuke não disse nada, impassível. Hinata terminou de colocar os pratos sobre a mesa e andou até seu namorado, abraçando-o pro trás e recostando o queixo em seu ombro ao olhar pra gente.

— E vocês são só amigos ou algo mais?

— Só amigos.

— Algo mais.

As respostas saíram ao mesmo tempo e acabaram acobertando uma a outra, por sorte. Olhei pra Sasuke com meu olhar “o que você tá fazendo?” e ele me devolveu com seu sorriso “me divertindo”.

Finalmente, os oito tacos já estavam prontos e, no forno preaquecido, não demoraram nem meia hora para ficarem prontos. Temari me ajudou a arrumar as oito casquinhas recheadas sobre uma grande travessa que foi levada a mesa logo em seguida. Por arranjo do destino, como sempre, acabei presa na cadeira ao lado de Sasuke.

Daquela vez não achei isso tão ruim, no entanto.

Me inflei de orgulho com os elogios e um olhar pra Sasuke me disse que eu teria minhas perguntas respondidas. Quando terminamos os tacos e o sorvete, Naruto, Hinata e Temari se ofereceram pra arrumar a bagunça – que estava enorme, por sinal – mas eu dispensei os três. Iria segurar Sasuke ali mesmo que fosse por meio da louça suja.

O casal saiu depois de mais conversa e Temari se enfiou no quarto pra tomar seu tão merecido banho quando a campainha tocou.

Abri a porta para encontrar meu mais novo vizinho trazendo de volta a bandeja.

— Olá – ele cumprimentou, estendendo a bandeja em minha direção. – Eu troquei a torta de lugar pra não te empatar caso você precise disso.

— Não precisava, Kabuto. – sorri, pegando o grande objeto de vidro. – Obrigada por ser tão atencioso. Se você tivesse vindo mais cedo, teria comido tacos com a gente.

Ele abriu a boca pra falar algo, mas parou. Seus olhos viam através de mim, e sua expressão amigável murchou um pouco.

— Quem sabe na próxima. – e fez uma reverência curta, desejando boa noite e sumindo na curva do corredor.

Que estranho. Fechei a porta e deixei a bandeja sobre a mesa.

— Quem era? – Sasuke perguntou, terminando de colocar a louça sobre a pia.

— O vizinho veio devolver aquilo. – apontei para a mesa e me coloquei ao seu lado, puxando um pano de prato da gaveta.

— Ele mora aqui há muito tempo? – ele me olhava de soslaio, impassível e curioso ao mesmo tempo.

— Acabou de se mudar. Bem, pode começar a lavar os pratos que eu vou fazer minhas perguntas, se não se incomodar.

— Louça suja e perguntas. Meu jogo favorito.

Sasuke abriu a torneira e eu comecei a elaborar perguntas mais simples até chegar no que eu realmente queria saber.

— Qual seu sobrenome?

Ele sorriu. Tive certeza que aquele sorriso ficaria lá até a última pergunta, me provocando.

— Uchiha.

— Porque você não tem documentos?

— São trabalho demais. Não funcionam mais comigo. – ele me entregou o primeiro prato pra que eu enxugasse.

— Você tem família?

Percebi seus ombros ficando tensos, mas o sorriso ainda estava conosco.

— Tenho um irmão mais velho.

— Elabore.

Ele suspirou.

— Faz muito tempo que não o vejo, nem sei onde ele deve estar agora. Itachi e eu... Tivemos um desentendimento de opiniões, e ele fez algo que eu não posso perdoar.

Hora de mudar de assunto.

— E seus pais?

— Eles morreram já faz muito tempo. É estranho, – seu sorriso tomou uma direção diferente, um ar nostálgico. – mas não lembro mais das vozes deles.

Hora de mudar de assunto de novo.

— Isso no seu ombro – apontei com um copo que estava secando – É uma tatuagem.

A pergunta pareceu pegá-lo de surpresa.

— Você viu?

— Só a ponta. Então, é?

Ele olhou pra pia como se estivesse considerando.

— É. – quis ver, mas não pedi isso a ele.

— Qual é seu segredo mais sombrio?

Ouvi sua risada e me arrepiei.

— Eu fiz um pacto. – e ergueu as sobrancelhas, gargalhando de novo.

— Muito engraçado, você é hilário. – revirei os olhos, guardando os pratos no armário. Agora, as perguntas polêmicas. – Como foi o acidente que te deixou no hospital aquele dia?

Sasuke olhou pra cima como se tentasse lembrar.

— Karin tinha me ligado. Ela disse que tinha achado uma pista muito boa de onde continuar minha pesquisa. Eu normalmente não me incomodaria com isso, mas já fazia mais de um ano que eu estava correndo atrás do meu próprio rabo, então acabei ficando animado demais. – ele me entregou um copo com uma pausa longa. – E acabei não vendo o trem.

— Você bateu num trem?

— Bem, o trem bateu em mim, se é pra ser técnico.

— E você saiu do hospital daquele jeito? Explica isso.

Ele fungou, fechando a torneira.

— Acho que tenho muita sorte ou muita falta dela. – e se virou pra mim, enxugando as mãos no pano que eu segurava.

— Isso não responde. – joguei o pano sobre a pia e me recostei no balcão, ficando paralela a ele. Sasuke se aproximou, abaixando a voz.

— Mas é a resposta que eu tenho pra te dar. – e colocou as mãos sobre o mármore, me cercando. Meu coração chutou as costelas e eu engoli em seco. Sasuke abaixou o rosto e se aproximou mais, a voz se tornando um sussurro quase inaudível. – Mais alguma coisa que quer saber?

O que é que você tem que me deixa assim? Ergui a mão para afastá-lo, mas Sasuke foi mais rápido. Apanhou meu punho levantado e o outro, juntando-os sobre seu peito. Pisquei, pronta pra protestar, mas nada saiu.

— Assustada? – eu estava presa em seus olhos escuros. Não tive forças pra me puxar de volta, pra me livrar no seu aperto firme ou pra olhar pra qualquer outra coisa que não fossem aqueles buracos-negro que me devoravam.

— Não. – consegui soprar, mas minha voz falhou.

— Sério? – ele foi tão rápido que minha reação não chegou a tempo.

Sasuke soltou meus punhos e segurou minha cintura, me sentando sobre o balcão. Achei que, por estar quase na sua altura, me sentiria mais confiante e determinada.

Eu estava errada, tragicamente errada.

— Como você é metido. – apertei a pedra do balcão, procurando qualquer alicerce pra que eu não me descompassasse. Sasuke pendeu o rosto pro lado, se encaixando entre minhas pernas.

Suspirei, e me odiei por isso.

Algo dentro de mim gritava, berrava, esperneava para que eu parasse. Presa no seu olhar soturno, chutei aquela voz pro fundo de minha consciência. Sasuke espalmou as mãos ao lado de meus quadris, deslizando seu rosto para a curva do meu pescoço, sua boca criando trilhas sobre a minha pele descoberta.

Aquilo era errado. Eu sabia, cada célula do meu corpo sabia, era óbvio e eu nem imaginava porque.

Inspirei fundo duas vezes, seu aroma de grama e perfume me soterrando por dentro. Tentei balançar os calcanhares, me esforçando pra manter os olhos abertos, mas meus pés não saíram do lugar.

— Não consigo mexer as pernas. – balbuciei, querendo rir de mim mesma. Nunca havia passado por algo parecido antes.

— Eu resolvo isso. – sua voz flutuou quente até meus ouvidos, e eu gemi quando ele agarrou meus quadris e me puxou contra seu corpo.

Involuntariamente, minhas pernas se pressionaram contra sua cintura, apertando sem que eu quisesse. Respirei fundo e olhei pra cima, buscando qualquer resquício de controle que restasse em mim.

Não encontrei nada.

Sasuke começava a subir, beijando meu maxilar e rosto, e eu não sabia o que fazer. Iria beijá-lo, e me arrependeria.

— Sakura! Vem aqui, urgente!

A chamada de Temari reverberou no apartamento silencioso, e Sasuke parou. Não me soltou, não se afastou, mas parou. Por um momento, eu também não quis que ele se afastasse. Conseguia ouvir a minha própria respiração ofegante e meu coração batendo descontrolado contra o esterno.

Inexpressivo, Sasuke segurou minha cintura e me tirou do balcão, não parecendo chateado ou frustrado. Já havia dado espaço pra que eu passasse, mas permaneci parada diante de sua figura alta por mais um tempo. Odiei Temari por dois segundos.

Passei por Sasuke como um animal assustado – mesmo que ele não expressasse nada, estava quieto demais pro que eu já conhecia –, e andei com as pernas tremendo com a adrenalina até o quarto de Temari.

— O quê? – perguntei, mansa.

— Pega a toalha no armário pra mim, por favor! – ela gritou de seu banheiro e eu avistei a toalha roxa pendurada pra fora das gavetas. Entreguei o tecido pra ela e voltei pra cozinha, tentando me acalmar.

Sasuke estava escorado contra a pia, relaxado, as mãos enfiadas no bolso como de costume. Olhou pra onde eu estava, acuada no canto da cozinha, e sorriu despreocupado. Andou até mim e parou com apenas alguns centímetros delimitando a minha silhueta da dele.

— Está na hora de ir. – falou, baixo. Engoli em seco, incapaz de responder. – Foram ótimos tacos.

Concordei silenciosamente. Sasuke passou por mim, pegou suas chaves sobre a mesa de café da sala, e andou até a saída. Finalmente consegui falar.

— Sasuke. – ele parou na porta. Segui seus passos até onde estava, segurando o braço pra não me descompassar.

Ele me cortou antes que eu conseguisse continuar.

— Sábado. – e cutucou minha testa, os olhos tão calmos que me acalmaram. – Sábado eu vou te levar pra algum lugar e você me diz o que está pensando.

Mordi o interior da bochecha e assenti. Quando ele saiu pela porta, me senti sozinha como nunca antes.


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Notas finais do capítulo

E aí? :3



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