Encadeados escrita por Nipuni


Capítulo 4
Prelúdio de Sexta-Feira


Notas iniciais do capítulo

To com medo de falar algo sobre o capítulo antes de lerem, então oisdmcdc fica por isso!
Muito obrigada pelos favoritos e comentários, e se você está gostando da história, deixa um oi lá em baixo >/////< vou ficar muito feliz, juro que sou legal! ♥



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Pensilvânia, Estados Unidos da América.

1977 D.C.

 

Sakura terminou de afinar o violão enquanto o assistia com o canto do olho. Havia passado os últimos cinco dias tentando convencê-lo a não ir naquela viagem sem sentido, mas Sasuke não havia dado ouvidos. “É para a pesquisa”, ele dizia. E estava certo, Sakura sabia. Não podia mantê-lo lá para sempre.

— Pronto. – Sasuke terminou de amarrar os cadarços de sua bota e se levantou da cama.

Do lado de fora da cabana, a neve caía lenta num inverno rigoroso. Sartan, o velho husky cinza, dormia do outro lado da cama sem ligar para nenhum dos dois. Sakura colocou o violão ao seu lado e levantou também.

— Você não precisa ir. – sabia que era em vão, mas continuaria a tentar dissuadi-lo da ideia até que ele partisse então.

Sasuke apanhou a mochila surrada do chão e a colocou sobre o ombro.

— É só pelo fim de semana. – bateu com as botas no chão, folgando os sapatos. Sakura tinha consciência disso; seria só por dois dias. Ainda assim, um sentimento ruim continuava em sua sombra e esse era o motivo de sua insistência. – Vou estar de volta antes que perceba.

Os dois passaram pela sala e ela mirou o telegrama sobre a mesa – algo sobre novos achados que chegaram ao museu de Washington. Sasuke iria a trabalho, não a lazer, e ela sabia que ele fazia isso com muito contragosto. Continuar a insistir na sua ficada era inútil e não faria bem algum a nenhum dos dois.

— Eu poderia ir com você. – ela sugeriu quando ele parou na porta de saída. Enrolou o cachecol que ela havia tecido ao redor do pescoço e sua boca se esticou num sorriso folgado.

— E quem vai tomar conta de Sartan? – ele apontou para o cachorro idoso sobre a cama que continuava a ignorá-los.

Ele estava certo, absolutamente certo. Não havia mais espaço para os questionamentos dela e Sasuke tentava mostrar isso da forma mais dócil possível – ele iria, e ela ficaria. Abriu a porta e uma rajada de neve cumprimentou os dois. Sasuke saiu na frente, andando sobre a varanda de madeira e então indo até a velha camionete vermelha que estava estacionada na frente da cabana. Sakura o seguiu, descalça e de shorts, totalmente despreparada para o frio.

Mesmo assim, não se importou. Sasuke jogou a mochila na caçamba do carro e abriu a porta enquanto era assistido por um par de olhos melancólicos. Sakura deixou seis pegadas na neve ao andar até ele, e Sasuke entrou no carro.

— Não olhe pra mim desse jeito. – ele disse, sorrindo e com as sobrancelhas franzidas. Sakura se recostou sobre a janela aberta do veículo e continuou a olhá-lo em silêncio.

Por mais de um ano, ela havia experimentado mais felicidade do que em uma vida inteira. Sakura havia vivido sozinha por muito tempo e não conhecia ninguém até que ele aparecesse. Sasuke cuidava dela de um jeito que ela não achava merecer, e ter que se afastar mesmo que por dois míseros dias parecia tempo demais. Sartan estaria lá para que não ficasse sozinha, mas não era a mesma coisa. Nem de longe.

— Você sabe como a estrada fica escorregadia quando neva. – ela suspirou, cruzando os braços e concluindo que não adiantava mais insistir. Se colocou reta próxima ao carro, tentando ao máximo esconder a preocupação estampada em seu rosto – Dirija com cuidado, está bem?

Sasuke sorriu, se esticando para fora da janela e a beijando.

— Amo você. – disse, e ligou o carro.

O carro deu ré e então, desapareceu no meio dos pinheiros. Sakura continuou na varanda da frente por alguns minutos, olhando perdida a estrada vazia, sentindo o peso do silêncio. O vento gelado jogou seus cabelos longos para o lado, avisando-a para entrar.

Ela não sabia disso, mas não veria Sasuke novamente.

[...]

— Sakura, já são oito horas! – Temari me espancou com os travesseiros, desesperada pra me acordar. Meu corpo se sobressaltou nas cobertas, e meu primeiro instinto foi pegar meu celular para ver. Já estávamos vinte e cinco minutos atrasadas, e a prova começaria em meia hora.

Me lancei para fora da cama e apanhei um par de jeans e uma camisa limpa. O único material que levava comigo era uma caneta e observei que Temari fez o mesmo.

Debaixo de uma chuva de verão torrencial, corremos como loucas até o terminal de metrô mais próximo, e, com uma sorte que eu nunca tive, conseguimos pegar o trem certo e bem a tempo. O vagão estaria vazio se não fosse por nós duas e uma senhora que levava suas compras numa sacola de papel. Sentamos em um dos bancos e aproveitamos o tempo para nos secarmos.

— Com o que você tava sonhando? – a pergunta de Temari me pegou desprevenida.

A pele em meu rosto se esquentou ao me lembrar. Por ter acordado com tanta pressa eu não dei a devida atenção ao que havia sonhado, mas antes de poder falar, me vi com outra dúvida.

— Porque? – aquele não era o tipo de coisa que ela me perguntaria do nada, especialmente num momento de tanto desespero como aquele.

— Porque você acorda quando eu chego do plantão no meio da noite, sem que eu faça barulho nenhum. E eu tive que te violentar com travesseiros pra você acordar hoje. – ela deu de ombros. – Só achei que estava sonhando com algo muito interessante.

E estava. Pela última semana, todos os dias eu sonhava com alguém muito interessante, de fato. Ter que reconhecer isso para mim mesmo era vergonhoso, mas Sasuke não havia deixado minha mente nem enquanto eu dormia. Eu começava a me sentir uma garota obsessiva, só que eu sabia que havia algo nele muito peculiar para poder deixar passar. Não conseguia apontar o que, mas eu não ficaria a semana inteira pensando em uma pessoa por nada.

Poderia culpar isso em sua habilidade regenerativa, ou na nossa primeira e única conversa, no entanto, seria uma mentira deslavada. Eu já tinha deixado aquilo tudo de lado – quando se tornou óbvio que não iria receber uma resposta – e agora eu parecia presa em todos seus outros aspectos. Os visíveis, pelo menos.

Escorreguei os dedos em meu cabelo curto enquanto afastava sua imagem da minha cabeça. Aquilo terminava ali.

— Acho que sim. – concordei, tentando mudar de assunto. – Pelo menos, essa é a última. Depois da prova, eu vou dormir o fim de semana inteiro.

Temari riu e balançou a cabeça, concordando.

— Nada de plantões por três dias. – ela esticou os braços na frente do corpo, se espreguiçando. – Nem parece verdade.

Abri a janela que estava atrás de nós duas e vi como a manhã começava a abrir, a chuva de verão, passageira como era, já havia ido embora. O vento com que minhas roupas se secassem coladas a minha silhueta, e em dois minutos chegamos em nosso ponto.

Corremos juntas até a universidade, pulando degraus para chegar na sala antes dos fiscais. Encontrei Naruto no corredor, e Temari se apressou para guardar nossos lugares. Ainda tinha alguns minutos antes de começar.

— Atrasada? – Naruto franziu o cenho, arrumando a mochila sobre o ombro. O gesto me pareceu familiar por algum motivo. – Não parece coisa sua.

Não, não parecia.

— Acho que estudei demais. Apaguei completamente.

— Você precisa pegar mais leve, Sakura! – ele exclamou, falando alto como sempre.

Pisquei enquanto as pessoas que passavam ao redor olharam discretamente. Era uma questão de pudor, Naruto precisava aprender a falar em público. Ele puxou alguns dos matérias de seu curso – psicologia – e os ajeitou sobre o braço, se preparando para ir para sua classe.

— Vou pra sala, se não perco a prova. - eu disse, me virando para ir.

— Espera aí. – ele me chamou de volta, alto de novo. – O pessoal estava marcando de ir para um clube no norte da cidade hoje à noite. Porque você não vai?

Aquela era nova. Naruto não me chamava para sair com muitas pessoas – ele sabia que não era o tipo de programa que eu gostava – a menos que tivesse algum interesse pessoal na jogada.

— Porque quer que eu vá? – arregalei os olhos ao perceber, um sorriso nada sútil brotando em mim. – Você chamou a Hinata, não foi? E ninguém mais conhece ela e você não quer ver sua namorada deslocada. Que fofo.

Bati os cílios em sua direção enquanto meu amigo corava como um tomate maduro.

— Você vai ou não?!

— No norte? – todos os lugares no norte de Tóquio eram extremamente caros e elitistas. Não consegui entender o que um bando de estudantes universitários iria querer fazer lá.

— É, umas nove horas. – ele deu de ombros, um passo para começar a se distanciar.

— Ah, pode ser. Temari pode ir também?

Naruto sorriu.

— Ela já vai.

Então eu era atrasada. Pra variar. Aceitei seu convite e me dirigi para minha classe, driblando professores e alunos para compensar o tempo que havia gasto com a conversa. Toda a turma já estava sentada e Temari guardou um lugar para mim na segunda fileira. Puxei minha única caneta do bolso e me preparei para o que poderia ser uma sexta-feira bastante movimentada.


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Notas finais do capítulo

:3 E então, o que acharam?



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