The beginner teenager escrita por Hetsan Peppers


Capítulo 2
Capítulo 2 - Meu pai é um psicopata.


Notas iniciais do capítulo

Certo, certo. Sei que disse que não demoraria taanto para sair o próximo capítulo, mas devido a alguns probleminhas demorei um pouco. Perdão.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/731319/chapter/2

O resto da madrugada foi bem tranquilo, dormi feito um bebê, satisfeito com o andamento da minha pesquisa e com certeza eu teria de procurar mais dados para complementa-la. Mas como? Como nunca, acordei com uma forte dor de cabeça e muita náusea, mal conseguia acreditar que logo em meu primeiro dia de visita a uma escola de verdade eu havia ficado doente.

Minha saúde era impecável e quando eu ficava assim era porque algo de muito ruim iria acontecer.

Lembro-me de uma vez que papai contou sobre sentir o contrário, uma dor horrível em todo o corpo uma semana antes da mamãe descobrir que estava me levando na barriga e essa dor se estendeu até eu nascer. Frankie Oliver dizia que aquela era com certeza a pior dor que já havia sentido em toda a sua vida, mas que se aquilo tivesse sido uma “previsão” de que eu iria chegar ao mundo, nunca teria reclamado.

Quando eu tinha mais ou menos dez anos, meu pai me deu meu primeiro melhor amigo, o Odin.

Nunca pesquisei sobre cavalos – até porque eu só lia livros de politica e biologia, matemática, coisas assim – mas se eu tivesse acesso à biblioteca, com certeza pesquisaria sobre a raça de Odin e ele era com certeza o mais bonito de todos os cavalos. Ele era branco com manchas marrons, todo pintado, de crina rala e branca. No começo eu tinha medo dele, era enorme comparado a mim, mas amava tê-lo ali. Isso se estendeu até eu fazer quatorze anos.

Certo dia uma dor de cabeça e náusea surgiram em mim, logo, fui para o hospital. Naquela exata noite Odin morreu e papai não sabia me explicar o porquê daquilo ter acontecido, então deixou no ar e apenas disse que os anjos estariam cuidando dele para mim. 

Eu gelei ao pensar que algo daria errado na minha primeira visita ao colégio, tanto que comecei a projetar em meu cérebro todas as possibilidades de algo dar ou não errado, de algo acontecer com meus pais ou até comigo. Isso me preocupava.

Mesmo com pouca força fui até o corredor com passos superficiais, com uma mão na barriga e outra na parede. Logo vi papai saindo de seu quarto então pude ver minha vida toda passando na frente de meus olhos, apenas estiquei as pernas e fui correndo para o banheiro.

ELE VIU. Ele viu, ele viu. Que patético. Ele vai entrar no banheiro e perguntar o que houve.

E aconteceu. Às vezes parecia que papai usava um tipo de poder para ler minha mente e atravessar portas, isso me assustava. Tirei minha roupa, segurei minha toalha no braço direito e...

Céus.

Frankie Oliver abriu a porta do banheiro tão rápido, mas tão rápido que me assustei, caindo com as duas mãos sobre a pia e batendo meu rosto no espelhinho dali. Não pude ver seu rosto, mas com certeza era de muita decepção, pensando o que foi que eu criei.

—Dominic Oliver – Ouvi-o falar em um tom confuso – O que está... Acontecendo.

—Senhor – Eu tentei falar calmo, retirando logo a minha mão direita com a toalha e cobrindo minhas partes – Nada.

— Você estava... – Apontou meio desconcertado para a minha toalha.

—E-eu – E de repente uma ferroada violenta tomou conta do meu abdômen e a sensação era de que uma navalha estava cortando minha carne de dentro pra fora, isso fez eu apenas voltar pra minha posição anterior – Papai, pode me dar alguns minutos? Preciso de um banho.

Senhor Frankie Oliver sorriu desvergonhado para mim e foi fechando a porta: - Demore o tempo que precisar, quando estiver pronto apenas desça. Seja pontual.

Não entendi e acabei não prestando muita atenção nas palavras finais dele, mas após ver a porta fechada por completo, fui até o box e tomei banho calmamente. Qual o problema dele... Após isso, sem largar de minha barriga que ainda doía fui até o quarto e me surpreendi.

O cheiro fresco de material de papelaria estava no ar, deixando-me eriçado. Uma mochila média preta com detalhes em couro preto e azul marinho brilhava em cima da minha cama, estava aberta. Mesmo sem roupas, corri até ela o mais rápido possível analisando-a por dentro sem hesitação, meus dedos tremiam e meus olhos brilhavam. Papai sabia que eu amava ganhar qualquer tipo de coisa de papelaria. Cada caderno mais fresco e belo que o outro, com linhas azuis perfeitas, tudo acompanhado de um estojo transparente e retangular de plástico, cheio de canetas novas, marcadores, lápis, lapiseira e borrachas coloridas. Para mim aquilo parecia o natal, só que melhor.

Quando percebi, minha dor já havia passado por causa do meu assanhamento com os materiais, tanto que mal demorei em vestir minhas roupas. Senhor Frankie Oliver havia deixado tudo pronto pra mim. Uma camisa branca, um suéter preto (provavelmente escolhido pela senhora Kynel) e uma calça jeans. 

 

Fechei calmamente a mochila e a pus nas costas. Acho que depois disso nunca dei um suspiro tão longo e bom.

Mesmo sabendo que algo de ruim poderia acontecer por causa da minha dor anterior, continuei confiante. Papai havia me advertido antes que eu teria que ver pessoas, falar com pessoas, interagir com grupos e fazer o que ele chamou de “amizades”. É obvio que eu sabia o que era aquilo, tanto que pude aproveitar bastante em ter Odin.

Quando ele falava de amizades falava de ter amigos humanos, semelhantes assim como eu e não cavalos.

Desci até o primeiro andar, onde o senhor Frankie Oliver me esperava sentado a mesa de café da manhã, cheio de orgulho refletido nos olhos, nem quis perguntar o que havia acontecido porque ele iria vir com papo estranho novamente e aquilo era outra língua para mim.

—Você foi rápido Dominic – Eu realmente não entendia seu sarcasmo ou deboche, parecia estar claramente brincando com a minha cara.

Sentei-me a sua frente, deixando minha mochila ao lado dos pés.

—O banho foi agradável, muito obrigado senhor - Frankie Oliver se segurava, então fui logo ao ponto – Senhor, com todo respeito... Por que anda tão desvergonhado comigo? Deu-me aquelas revistas... Fica rindo. Papai, o senhor nunca fez isso.

—Queria ver exatamente sua reação ao desconhecido – Ele estralou os dedos – E pega-lo justo pela raiz.

—Tirar a censura de meus livros seria menos vergonhoso – Minha voz foi baixando conforme os meus pensamentos sobre as revistas iam voltando.

—Dominic- Suspirou – Todo mundo faz isso um dia.

—Com licença?! – Levantei-me rapidamente da mesa, apoiando ali minhas mãos – E se eu não quiser?!

—Como assim?

—Era pra eu sentir algo olhando aquilo? – Sorri sarcástico, tentando atiça-lo. O bom de estar sozinho com o papai é que não tinha a senhora Kynel para ficar intimidando ele a ser autoritário, assim, dando-me poder em meus argumentos – Só por que eu tenho “um” não significa que eu queira usar daquele jeito.

—“Um” o que Dominic? – Ele também se levantou, fazendo como eu e apoiando suas mãos sobre a mesa encarando-me com a mesma cara. Certamente parecíamos clones – Você sabe o nome não é?

—Não sou obrigado a responder – Eu firmava cada vez mais os punhos.

—Fale Dominic Oliver – Seus olhos só não se arregalavam porque eram estreitos demais – “um” o que?

— UM P...

Nessa hora o tempo simplesmente parou.

Mamãe entrou e atravessou a cozinha com seu roupão sem olhar-nos, sei que o sangue de Frankie Oliver também gelou. Apenas ajeitamos os cabelos, puxamos as cadeiras e sentamos pacificamente, desfazendo nossos sorrisos assustadores um pros outros.

—Bom dia queridos – Mamãe se virou para nós, sorrindo – Pronto para a escola Dominic?

—B-bom dia – Gaguejei fortemente, ainda olhando para papai – Pronto.

— Vou leva-lo agora – O homem levantou novamente, aproximando-se de mim.

—Fique longe – Sussurrei.

—Vamos conversar no carro – Frankie Oliver tinha uma cara de psicopata quando sorria, ainda mais quando essa era a intenção – Adeus, querida.

Só tive tempo de pegar minha mochila e coloca-la nas costas antes dele começar a me puxar para a porta.

— Mãe socorro – Falei meio abafado, antes de passarmos pela saída.

Resumo.

Chegamos ao carro e ele mesmo fechou minha porta, literalmente lacrando-a. Entrou por vez e sem falar nada, apenas olhou para o cinto e depois olhou para mim, com aquele sorriso amedrontador. Isso obviamente me fez entender que ele queria que eu o colocasse, então o fiz.

Frankie Oliver parou por alguns segundos antes de ligar o carro.

—Você sabe o que acontece – Rangia os dentes. Acho que aquilo era um misto de raiva com pavor, ele realmente estava me assustando. Nunca tinha visto ninguém com aquela expressão assustadora, tirando aquele ator que vi no cartaz de “Um psicopata Americano”— Quando sua mãe vir uma disputa entre você e eu?

—N-não – Falei meio encolhido.

—Você fica sem livros – Afirmou – Por um mês.

O carro foi saindo da garagem soltando um som de seu interior. Estes eram meus gritos de pavor.

Certo que a escola não era longe, mas Frankie Oliver fez questão de dar voltas e mais voltas no bairro apenas para me apavorar, obtendo absoluto sucesso a final.

Ele estacionou na frente daquela instituição maldita e sai correndo, quase caindo de cara na calçada na frente de outros adolescentes, que estranharam um pouco minha presença. Papai abaixou o vidro para dar seu veredito final.

—Mas falando sério agora – Sua boca se encolheu novamente, adeus sorriso amedrontador – Quero que isso seja uma experiência única para você, está se tornando um homem agora, está indo para um lugar onde vai conhecer pessoas novas, e eu quero que aproveite tudo isso.

—Vai se catar... – Murmurei. Sim, este era o máximo mal educado que eu conseguia ser naquela época.

Frankie Oliver voltou-se ao volante e suspirou debochado novamente, enquanto saia lentamente com seu carro: - Boa sorte.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?
Vou deixar aqui um pequeno sketch que fiz do nosso querido Dominic ♥ futuramente desenharei mais personagens, mas por enquando fiquem com ele.

http://ap.imagensbrasil.org/images/2017/05/03/IMG_20170503_182920.jpg

Obrigado por lerem e até a próxima.