Foi um alívio ver o Rei, mas ele parecia surpreso por nos encontrar alí. Ele veio em nossa direção por um momento pensei que iria reclamar, mas ele praticamente pulou no meu pescoço parecendo uma criança que reencontrou a mãe.

—Desculpa eu acabei demorando para chegar… Trouxe ele também.

Falou ele me soltando após um tempo notando a presença de Yoru, não parecendo muito contente.

—Foi mal ter acabado com seus planos, mas não deixarei um carrapato que nem você grudar nele.

Yoru usava um tom debochado jogando a mão em meus ombros.

—Certo vocês dois chega! Eu quero descansar. Tive o suficiente por hoje.

Reclamei entre suspiros tirando o braço de Yoru de cima de mim.

—Vou mostrar o quarto de vocês.

Falou com um sorriso enorme no rosto andando para o andar superior me puxando pelo braço.

Nossos quartos ficavam no segundo andar em fileiras o Rei, eu e por último o Yoru também tínhamos banheiros dentro do cômodo.

Depois de um bom banho quente me joguei na cama para relaxar e dormir, mas ouvi uma batida na porta então alguém anunciando que iria entrar.

Sentei na cama olhando na direção da porta vendo a imagem de Rei aparecer, mas ele não tinha o sorriso de tempos atrás.

—Algum problema Rei?

Perguntei curioso por ele ter vindo e com uma expressão séria no rosto.

—Ele… Você ficou lá embaixo sozinho com ele.

Ele fechou a porta aproximando com calma até chegar perto da cama.

—Rei? Tudo bem? Ficamos presos é de repente a luz apagou…

Fiquei preocupado principalmente por causa da pergunta, mas ao tentar explicar minha voz foi morrendo notando o olhar assustador que ele tinha.

—Ele não tentou nada? Juro que se ele tive tentado algo par…

Ele falava com raiva foi então que percebi que falava com o mesmo Rei que socou o Yoru.

—Não, não ele não tentou nada.

Neguei freneticamente balançando as mãos e cabeça ao mesmo tempo.

—Se você diz. Desculpe o caseiro costuma trancar as portas dos andares debaixo e apagar as luzes.

Ele deu um sorriso gentil após explicar e se desculpar, levantando a mão até o topo da minha cabeça e bagunçou de leve.

—Você é uma outra personalidade do Rei?

Eu estava um pouco perplexo com a atitude dele por isso minha mão se moveu inconsciente até onde ele tinha tocado a situação me fez deixar a pergunta escapar.

—Hum!? Sim é algo desse tipo.

Ele parou por um tempo tentando entender dando uma alta gargalhada o que me deixou confuso só então ele respondeu vagamente a minha pergunta desejando uma boa noite e saiu do quarto.

Fiquei lá parado olhando para o nada com cara de idiota tentando entender o ocorrido. Não percebi quando cair no sono acordei com os barulhos no corredor.

Levantei com sono e abrir a porta olhando para o corredor vendo um Yoru desce as escadarias puto da vida. Segui na direção então pude ouvir as ameaças de morte que Yoru dava ao Rei que parecia rir e debochar de algo.

Desci as escadarias chegando recebi uma bela travesseirada na cara segurei o objeto em mãos antes de cair no chão. Olhei para o suposto ser que me acertou sendo ninguém mais do que Yoru.

—Bom dia! Hayato.

Rei estava abaixado logo a minha frente com um sorriso de alegria o que não contagiou, pois acordei com barulhos e travesseiradas na cara não é nada animado.

—Melhor do que ser molhado.

Yoru deu de ombros nem um pouco arrependido.

—Sim, bem melhor!

Joguei o travesseiro com toda minha força aproveitando a guarda baixa dele sendo acertado em cheio por fim deu um sorriso vitorioso.

—Ei…

Yoru gritou pegando o travesseiro prestes a jogar em mim quando Rei bateu palmas.

—Certo vamos comer ou não vamos poder aproveitar as férias.

Finalmente ele levantou me puxando para a cozinha ouvi Yoru xingar o menor, mas Rei não deu ouvidos.

No café da manhã decidimos fazer uma trilha até as fontes naturais que tinham no local, também podíamos encontrar algum animal selvagem se tivemos sorte.

Yoru era menos empolgado na caminhada por isso estava tão atrás enquanto Rei ía comigo falando sobre as árvores dali.

—É uma pena que não estamos em época de frutos.

Rei falou decepcionado vendo as árvores verdes.

—Não é tão ruim quanto esse calor é um milagre o Yoru não ter recla… Yoru?

Quando olhei para trás não vi o Yoru estávamos tão empolgados que não percebemos o momento em que nos perdemos dele.

—Isso que dá ao andar afastado.

Rei olhou para trás bufando ao confirmar a não presença do outro.

—Antes ele do que eu.

Tentei ser otimista na atual situação, pois tenho certeza que Yoru sabe se virar diferente de mim.

—Vamos procurar ele?

A pergunta feita a mim por um momento pareceu estranha afinal.é normal procurar alguém que está perdido.

—Que tipo de pergunta é essa?

Questionei olhando para Rei que tinha um sorriso inocente no rosto.

—Ele é um brutamontes vai saber se cuidar… Não há necessidade de procurá-lo.

Explicou como se fosse óbvio e lógico.

—Sei disso, mas não é bom arriscar.

Suspirei voltando o caminho pelo qual viemos sendo seguido por Rei que resmungou algo. Andávamos devagar chamando pelo nome, mas não tínhamos respostas.

—Se ele tiver voltado vou acordar ele amanhã mais gentilmente do que hoje.

Rei resmungou novamente.

—Se ele tiver voltado sem avisar tenha certeza que eu o mato antes do sol raiar amanhã.

Ameacei voltando a chamar ele pelo nome tirando alguns galhos da minha frente.

—Hayato!

Ouvi o grito de Rei virei o rosto e o vi pular em mim para me segurar só entendi da ação quando não senti o chão embaixo de meus pés.

Foram coisa de segundos eu caí e Rei por cima sua tentativa de me segurar parece que não funcionou.

Olhei ao redor percebendo que caímos num buraco um pouco fundo e espaçoso o suficiente para caber três pessoas.

—Ai! Hayato está bem? Não se machucou?

Rei olhou preocupado saindo de cima de mim e sentando no chão. Estava com o corpo doendo por causa do impacto, mas por sorte não quebrei nada.

—Estou, mas de onde essa merda de buraco saiu?

Respondi irritado por causa da dor.

—Aqui costuma ser área de caça então algumas armadilha como essa são montadas.

Explicou Rei sorrindo de forma natural achando aquilo normal.

—Deveria ter falado antes assim teria cuidado.

Reclamei revirando os olhos pela falta de consideração.

—Veja o lado com agora estamos a sós.

O sorriso infantil que tinha tempos atrás desapareceu deixando um pequeno sorriso estranho e um olhar penetrante engoli em seco sabendo que aquele era a salista outra personalidade.

—Deixe de brincadeira Rei temos que sair daqui.

Levantei do chão num pulo olhando para cima com um sorriso amarelo no rosto na tentativa de descobrir uma forma de sair dali.

—Não estou brincando, mas você tem razão temos que sair daqui.

Ele falou sério levantando e batendo a roupa e vindo em minha direção. Dei alguns passos para trás sentindo meu alerta interno de perigo apitar que nem louco.

—Tem alguma ideia de como sair?

Perguntei evitando contato visual percebendo que é impossível quando ele segurou meu rosto o levantando.

Meu cérebro entrou em pânico ficando completamente em branco. Não tinha para onde correr principalmente quando minhas costas estavam contra a parede do buraco.

Eu podia ver o rosto de Rei próximo ao meu e não parava de se aproximar.

—Ei! Você fique longe do Hayato.

Ouvimos um grito vindo de cima acho que nunca fiquei tão aliviado em ver o Yoru na minha vida.

Mas ele não parecia contente muito menos o outro Rei as trocas de olhares deles era como de duas bestas pronto para lutarem até a morte.

—Yoru ache algo para nos tirar daqui.

Falei antes que uma luta realmente começasse ali aproveitando do momento para me afastar de Rei.

Yoru conseguiu arranjar uma corda pela qual subimos no topo Rei estava de volta ao normal desta vez ele não desmaiou, mas a trilha foi cancelada por hoje.