Love Story escrita por Queenie Winchester


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Olás, eu sei que hoje é quinta e que postar o capítulo hoje não é exatamente um adiantamento, mas eu provavelmente ficarei sem tempo esse final de semana por conta de coisas da faculdade então quis aproveitar esse tempinho hoje.
Quero agradecer a todo mundo que está acompanhando a história, vocês são demais, de verdade. Espero que gostem desse capítulo e boa leitura!



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“Talvez eu fosse ingênua, tinha me perdido nos seus olhos / [...] / Eu não sou uma princesa / Isso não é um conto de fadas / Eu não sou aquela que você quer agradar”

White Horse - Taylor Swift

 

“Eu sentia frio. Mesmo que o aquecedor do meu apartamento estivesse no máximo eu ainda sentia frio. As palavras de Oliver haviam congelado todo o meu corpo. Todo o meu mundo. Eu ainda podia ouvi-lo. Sua boca repetindo aquelas palavras em um looping infinito. Eu não queria ainda poder ouvi-lo.

— Felicity, não dá mais — ele disse, seus olhos me encaravam frios, duros, sem nenhuma brecha em que eu pudesse me apoiar. — Eu achei que estava pronto, que havia superado o passado, mas não superei. Voltar para Starling foi a pior coisa que fizemos. Eu realmente sinto muito. Eu não quero mais estar preso a você.

Preso a mim? Como ele poderia estar preso a mim? Eu queria protestar, dizer que ele era um bastardo filho de uma mãe milionária, para não ter que dizer outra coisa, mas me faltavam palavras. Eu estava chocada, paralisada, encarando-o numa tentativa frustrante de encontrar qualquer sinal de brincadeira em sua fala.

Oliver retirou o cordão em que ele havia prendido a chave de meu apartamento do pescoço e o depositou em cima da mesa de centro da sala de estar, virou-se para a porta e antes de atravessar o portal e sair de vez, não só de meu apartamento, ele me olhou e respirando fundo disse:

— Honestamente, essa história foi um erro desde o princípio. ”

Como eu ainda podia chorar por isso? Simples, eu ainda o amava. E estar de TPM não me ajudava a não pensar que ele se casaria daqui a quatro semanas. Funguei mais uma vez enquanto mordia um pedaço de meu chocolate, estava me torturando ao assistir filmes românticos, a arma da vez era “Como eu era antes de você”, eu já tinha lido o livro e chorado nos braços de Oliver com a história, agora tudo só tinha ficado pior.

Ouvi minha campainha tocar, não quis atender, não queria que ninguém me visse nesse estado deplorável. Era sábado eu podia ficar um lixo o dia todo que teria o domingo para me recompor e me preparar para a segunda-feira.

Vi o visor de meu celular acender, sabia que era uma mensagem. Desbloqueio-o sem pressa, não queria falar com ninguém. Era tão difícil entender que eu só queria um dia para ficar depressiva?

Puxando a barra de notificações pude ler as mensagens sem precisar abrir o aplicativo, não sabia dizer se ficava feliz ou irritada com o que li:

“Cait: Estou indo te ver, tenho sorvete de creme.

Sara: Abre a droga da porta ou eu arrombo. ”

Minhas duas melhores amigas estavam à minha porta. Isso era ótimo, o motivo pelo qual elas vieram, no entanto, não era. Levantei-me do sofá e calcei minhas pantufas de unicórnio que minha mãe havia me dado sem motivo aparente. Passei diante do espelho apenas para confirmar o que eu já sabia: eu estava um lixo. Internamente eu estava feliz, meu objetivo havia sido conquistado.

Passei a mão por meus cabelos tentando arrumá-los num coque, coisa em que falhei vergonhosamente, e abri a porta dando de cara com Caitlin e Sara com expressões melancólicas.

— Você está um lixo — Sara pronunciou já entrando em meu apartamento.

— Bom te ver novamente Sara — respondi de forma irônica enquanto abraçava Caitlin.

— Pensamos que você talvez estivesse precisando de ajuda — Caitlin disse em um tom doce.

— E estávamos certas — Sara me encarou depois de analisar o cômodo minuciosamente.

— Querem sentar? — disse desviando o assunto enquanto fechava a porta atrás de mim.

— “Como eu era antes de você”? — Caitlin apontou para a TV, dei de ombros o que tinha de errado nisso?

— Pelo menos não é o clichê “Um amor para recordar” — Sara comentou pegando um de meus chocolates.

— Não é um clichê — Caitlin protestou. — É um clássico.

— Um clássico clichê — Sara comentou.

— O que querem? — perguntei intervindo na pequena discussão.

— Saber de você — Caitlin disse. — Como você está?

— Mal. Muito mal. Eu não deveria estar assim, a gente se separou há quase três meses. Eu não deveria me importar — contei com vontade de chorar. — Mas eu me importo e sinto falta.

— Dá para notar que você sente falta — Sara apontou para mim.

Eu usava uma camiseta de Oliver que ele havia deixado para trás na última vez em que fizemos amor. Ela já não tinha mais o cheiro dele, mas servia como lembrança.

— Eu o amo demais Sara, não é justo que ele não sinta o mesmo por mim — eu solucei chorando sem a menor vergonha. — Por que ele não pode me amar? Por que eu não posso ser a mulher com quem ele vai se casar?

— Felicity — Caitlin me abraçou fortemente — nós estamos aqui, não se preocupe.

— Se precisar eu mesma bato na Laurel por roubar o seu homem — Sara comentou juntando-se ao abraço.

— Não precisa brigar com sua irmã por minha causa — eu disse chorosa.

— Tarde demais não acha? — Sara respondeu divertida.

“— Eu gostaria de lembrar que está implícito na condição de melhor amiga e irmã que você me deve satisfações — Sara tagarelava ao meu lado.

A segunda-feira havia começado com o sol em evidência. Não havia nenhuma nuvem no céu e a natureza parecia bem feliz. Eu gostaria de poder dizer o mesmo a respeito da minha pessoa.

— Estou com a Sara — Caitlin se aproximou com os dedos entrelaçados nos de Barry.

Então eles estavam juntos? Que surpresa. Era óbvio que rolava algo entre eles, algo muito mais íntimo do que apenas uma parceria nas aulas de Química.

— Você não foi para casa — Sara observou.

— E o Oliver saiu feito um louco atrás de você — Barry emendou. — Escondida no jardim? Quem diria Smoak.

— Eu só queria ficar sozinha — me defendi. — Sabe não é como se fosse algo bom ser humilhada.

— Eu deveria ter contado ao papai — Sara disse. — Deveria ter destruído o reinado dela. Mas sabe, não acho que seria saudável para o casamento dele com a sua mãe esse tipo de informação.

— Como vocês estão? — perguntei à Sara.

— Melhor do que nunca. Eu a desprezo, oficialmente falando e ela me odeia — Sara deu de ombros. — Mas eu não me importo. Laurel merece saber que não pode ter tudo o que quer.

— Sara disse à Laurel que a ideia de juntar você e Oliver para o baile foi dela — Caitlin contou. — Tommy disse que apoiou. Oliver disse que nunca mais iria falar com ela. Que ela era uma estúpida mal caráter. Que tinha vergonha de um dia ter se envolvido com ela.

— Acho que agora eles estão fora do círculo de amizades dela — Barry comentou.

— Tudo isso por minha causa? — comentei descrente. — Isso é horrível.

— Horrível! — ouvi Tommy exclamar. — Essa é exatamente a palavra que descreve a doce e meiga Laurel Lance. Espero que a Cait nos aceite no seu renomado grupo de amigos — ele disse apontando para Oliver que vinha com as mãos no bolso um pouco atrás.

— Merlyn! — Caitlin o repreendeu. — Eu não tenho nada que aceitar ninguém. Esse tipo de coisa quem faz é a Bitch Lance.

— Bitch Lance? — Tommy riu do apelido. — Por que não só Lance?

— Lance é a Sara — Barry explicou. — Aquela ali — ele apontou para mim — é Smoak, eu sou Allen, você é Merlyn, ele — apontou para Oliver — é Queen e ela é Snow, minha namorada.

— Provavelmente esse foi o ato mais másculo do nosso pequeno Allen — Sara comentou rindo. — Acho que te quero — ela brincou mordendo os lábios, fazendo todos rirem.

— Nem sonha, Lance — Caitlin advertiu. — Nem sonha.

— Está vendo Ollie? — Tommy chamou a atenção dele. — Temos amigos de verdade. Bacana não? Mil vezes melhores que o Lenny e sua gangue.

— São sim — Oliver disse sorrindo. — Posso falar com você um instante? — ele se virou para mim.

— Sim — respondi simplesmente, apesar de por dentro estar gritando não com todas as minhas forças. ”

— Felicity fale com a gente — Caitlin pediu.

— O que tem para falar? Ele disse que eu o prendia — eu contei. — Que nossa história foi um erro. Um erro! Como ele pode dizer isso?

— Olhe, Oliver nunca foi uma pessoa boa com as palavras — Sara disse. — Talvez, e só talvez, ele não soubesse como terminar.

— E para isso ele precisava magoá-la? — Caitlin parecia furiosa. — Honestamente, Queen poderia ter lhe dado uma explicação melhor do que essa, Felicity. Ele é inteligente o suficiente para isso.

— Não é esse o ponto Cait — Sara tentou acalmá-la. — Ollie tem agido de forma estranha desde antes dos dois terminarem. Isso me faz acreditar que tem algo de muito errado acontecendo. E terminar o romance dos dois só me faz ter ainda mais certeza disso.

Não intervi na pequena discussão das duas. Por mais que Caitlin tivesse razão, Sara não estava de todo errada. Oliver estava estranho, e não era de hoje. Eu tinha percebido uma pequena mudança de comportamento dele depois que voltei de uma viajem que fiz a Central City. Mas quando o questionei, ele colocou a culpa na empresa. Eu sabia que trabalhar lá era estressante, ainda mais quando se é o CEO. Então apenas aceitei sua resposta sem questionar. Talvez eu devesse ter questionado.

— Que tal mudarmos de assunto? — Sara perguntou. — Já que você está na fossa...

— E claramente não tem a intenção de sair de lá — Caitlin emendou.

— Você poderia nos contar algo que não sabemos sobre vocês — Sara sugeriu.

— O que vocês não sabem sobre nós? — questionei indo até a cozinha pegando três colheres para podermos atacar o sorvete que Caitlin havia trazido.

— Algumas coisas que você deixou passar em branco — Sara deu de ombros.

— Coisas que você não podia contar pelo telefone — Caitlin disse. — Ou que não podia contar apenas para uma de nós — ela fez uma careta engraçada.

— Gente eu conto o que vocês quiserem — eu disse sincera colocando a primeira colherada de sorvete na boca. — Mas vocês precisam ser específicas.

— Aff Licie — Sara rolou os olhos. — Todas as garotas têm três tópicos básicos para falar quando uma das amigas começa a sair com um cara e isso evolui para algo mais sério.

— Ah é? — perguntei curiosa, elas eram as únicas amigas que eu tinha, meu tempo no MIT era dedicado apenas aos estudos e na minha turma além de mim haviam duas garotas: uma gótica hacker que provavelmente seria presa em algum momento e uma morena de quem eu duvidava seriamente das capacidades.

— Licie — Caitlin riu. — Tópico 1: o primeiro encontro.

— Claro, o primeiro e vergonhoso encontro — suspirei começando a me lembrar. — Talvez seja melhor desligar a televisão.

Sara atendeu prontamente a minha sugestão e desligou a TV. Eu estava sentada entre as duas que prontamente se viraram para me encarar. Os olhos delas brilhavam mais do que o de crianças diante de presente.

— Okay, aconteceu nas férias do segundo ano de faculdade — comecei a lembrar.

“Era quarta-feira, eu estava finalmente livre do MIT por duas semanas, do grupo eu havia sido a última a conseguir minha carta de alforria. Nas outras “férias”, se é que podíamos chamar aquilo de férias eu ficava em Massachusetts ajudando minha madrasta na livraria que ela tinha. Mas desta vez era diferente. Caitlin havia me ligado dizendo que nós precisávamos nos encontrar, que Sara e Tommy iriam para Starling City, e que se eu não aparecesse nenhum deles falaria comigo por tempo indeterminado.

Depois da ameaça dela, Sara me mandou uma mensagem no dia seguinte afirmando que tinha muitas novidades de Coast City para contar e que eu estava convocada para A reunião no Big Belly Burger de Starling. Sem esperar que mais alguém me convidasse gentilmente para ir até Starling, comprei a passagem de avião para o último voo do dia, liguei para minha mãe avisando que estava indo passar um tempo com ela e depois mandei uma mensagem para Caitlin perguntando quando seria o encontro.

A viagem passou depressa, como qualquer coisa que acontece enquanto você dorme. Quando cheguei ao aeroporto vi minha mãe e Quentin me esperando no portão de desembarque. Quentin havia pedido para encerrar seu turno mais cedo apenas para ir me buscar, fiquei feliz por vê-los juntos e felizes, aquele relacionamento sem dúvidas era o grande achado de minha mãe.

No caminho para nova casa deles minha mãe fez todo o tipo de pergunta que ela achava necessário. Desde como eu estava me alimentando até se eu já tinha visitado o alojamento masculino. Quando finalmente chegamos eu não sabia dizer quem estava mais aliviado: Quentin ou eu. Minha mãe sabia ser bem constrangedora quando queria.

— Sara chegou ontem à tarde — Quentin comentou me ajudando com a mala. — Passou o tempo todo no telefone, acho que ela está me escondendo um garoto.

— Duvido muito querido — minha mãe disse rindo.

— Provavelmente ela estava intimando nossos outros amigos, assim como fez comigo — eu disse para ele que riu.

— Espero que você esteja certa — ele disse enquanto me entregava a mala que eu mesma quis levar para o quarto.

A casa nova deles, não era nem de longe parecida com aquela em que passei os anos do ensino médio. Ela era maior, tinha três quartos, um era de Laurel que, de acordo com o que minha mãe dizia quando nos falamos, precisava de espaço para se dedicar aos estudos. O outro era do casal, e o terceiro era o que eu e Sara dividiríamos sempre que fossemos à Starling, o que aconteceria pela primeira vez já que Sara costumava a vir com mais frequência que eu.

Bati na porta apenas por questão de costume e entrei em seguida. Sara estava falando com alguém ao telefone e assim que percebeu a porta se abrir, virou-se para me encarar. Ela sorriu largamente e eu retribui, correndo em sua direção para abraçá-la.

— Licie! — ela disse sorrindo. — Senti sua falta. Coast City sabe ser um inferno quando quer.

— Também senti sua falta Sara — eu disse alegremente.

Jogamos conversa fora até que o sono nos venceu, por um pequeno deslize esqueci de questioná-la sobre quais dos nossos amigos viriam.

O dia passou incrivelmente rápido, quando dei por mim já estava quase na hora de irmos encontrar o pessoal no Big Belly.

— Estou pronta — Sara disse enquanto terminava de arrumar o cabelo. Ela usava um short jeans e uma blusa de alcinha por baixo da jaqueta também jeans, os cabelos estavam soltos e ela usava uma sandália rasteira.

— Eu também — disse enquanto me olhava no espelho, o vestido soltinho e florido que eu havia ganhado de minha mãe junto as sandálias rasteiras me faziam sentir bem, coloquei um casaquinho branco por cima dobrando as mangas, pois estávamos nos encaminhando para o fim da tarde e o tempo em Starling City é louco. Decidi deixar os cabelos soltos e arrumei meus óculos no rosto antes de sairmos pelas ruas.

Fomos andando o local escolhido não ficava muito longe de onde minha mãe e Quentin moravam agora e como as ruas estavam calmas não demoramos a chegar. O combinado era ficarem todos na porta até que o último chegasse, todos sabíamos que Barry e Caitlin seriam os últimos, não por causa dela, mas porque Barry tinha algo contra chegar no horário.

O primeiro que avistamos foi Tommy, ele estava parado com a mão nos bolsos da frente da calça, ele usava uma polo azul por baixo de uma jaqueta bege e sorriu alegremente quando nos viu.

Abracei-o fortemente, Tommy tinha feito falta. Eu precisava dele no MIT, dele e de suas piadas sobre tudo. Fizemos uma pequena aposta sobre quem chegaria primeiro: Oliver ou o casal SnowBarry. Como eu disse Tommy brincava com tudo, até com o nome dos amigos. Ele havia batizado Barry e Caitlin assim depois que achou difícil demais ficar dizendo “Barry e Caitlin” todas as vezes em que tínhamos que falar deles ou com eles.

— Acabou de perder 50 pratas — Sara sorriu para Tommy assim que viu um carro parando na esquina um pouco distante de nós e Oliver Queen sair dele.

Oliver estava lindo, mesmo à distância ele estava lindo. A camiseta preta colada ao corpo mostrava os músculos que ele tinha adquirido. Ele caminhava em nossa direção lentamente, como se esperasse o carro que o havia levado sair, assim que o veículo deu meia volta ele abriu um sorriso em nossa direção e acenou animadamente.

Pouco tempo depois Barry e Caitlin chegaram e nós finalmente pudemos entrar e nos sentar em uma das mesas mais afastadas. Ficamos falando besteira por horas, contando como estava sendo nossas vidas na faculdade, colocando-nos a par de tudo.

— Gente eu fico muito feliz de esse encontro ter dado certo — Caitlin comentou sorrindo. — Não sabem o quanto eu senti falta de vocês meninas.

— Só delas? — Tommy se fingiu de ofendido.

— Senti sua falta também Merlyn, mas é que é muito difícil aturar Barry e Oliver sozinha — ela comentou rindo.

— Difícil é ser vizinho da Sara — Tommy disse rindo. — Ela tem amigas gostosas e não me apresenta a nenhuma delas.

— Já disse que você é só meu Tommy — Sara riu fazendo bico. — Não vou correr o risco de ter que te dividir.

— Sempre possessiva — eu disse rindo.

— E você? — Oliver me encarou. — O que tem para nos contar sobre o MIT?

— O garotos são gatos? — Sara riu.

— As garotas — Tommy começou. — Existem outras garotas?

— São todos nerds — eu ri fazendo careta. — Meu povo. Minha raça. Meu paraíso na Terra.

— Uou vamos fingir que isso não doeu — Oliver brincou de forma dramática.

— Mas Sara — Barry chamou — o que você tinha de tão importante para nos contar?

— Bom, eu não sei como dizer isso — ela pareceu desconfortável, o que nos preocupou um pouco. — Eu não sei como vocês vão reagir.

— Parece sério — Oliver observou. — Você está bem?

— Eu estou ótima, aliás, nunca estive melhor — Sara disse sorrindo de canto.

— Então o que pode estar lhe afligindo, Lance? — Caitlin foi carinhosa.

— Eu conheci alguém em Coast City — ela começou a contar. — Nós estamos saindo ainda, mas…

— Isso é incrível — Tommy comentou. — Apesar de você ter escondido isso de mim.

— Sara isso é demais — eu disse feliz por ela. — Estamos muito felizes por você.

— Quem é o sortudo? — Barry perguntou.

— Essa é a parte que me preocupa — Sara ponderou. — Não é ele — ela nos olhou por um instante antes de respirar fundo e dizer: — é ela.

Não sei por quanto tempo ficamos em silêncio, então Sara era homossexual? Isso era uma revelação e tanto. Ela nunca havia demonstrado interesse por outras garotas, então isso era uma surpresa. O medo dela fazia sentido, mas quem éramos nós para julgá-la? Aliás, porque ela deveria ser julgada? Sara era uma pessoa incrível, e merecia alguém que a fizesse feliz, fosse um garoto ou uma garota.

— Pessoal… — ela chamou temerosa. — Falem alguma coisa.

— Eu espero que ela seja bonita — Oliver riu. — Porque você não me parece ter um bom gosto, Sara.

— Oliver — eu ri do modo como ele disse aquilo.

— Ele tem razão — Tommy disse. — Ela é bonita?

— Sim Merlyn, ela é — Sara disse aparentemente mais aliviada.

— Você sabe que para ter alguma coisa com ela a gente tem que aprovar antes, não sabe? — Caitlin disse sorrindo.

— Qual o nome dela? — Barry questionou.

— Nyssa — Sara disse sorrindo. — A família dela é meio árabe, eu acho.

— É um nome forte — eu comentei. — Eu gostei.

Todos concordaram com a cabeça enquanto Sara nos encarava com os olhos brilhando.

— Vocês são incríveis — Sara disse sorrindo e nós nos levantamos para abraçá-la. Era bom estarmos juntos de novo.

No dia seguinte, ao invés do despertador, acordei com meu celular avisando que eu tinha uma nova mensagem.

“Oliver: Preciso falar com você, é importante. Vejo você no parque em 30min.”

Oliver queria falar comigo?  Alguém me explica o que está acontecendo aqui? Levantei depressa, precisava me arrumar, tomar café e correr se eu quisesse chegar lá em 30min.

Quando cheguei ao parque o vi sentado em um dos banquinhos de frente para o lago. Decidi me aproximar e sentar ao seu lado.

— Você está bonita hoje — ele disse me encarando. — Ontem você estava bonita também, eu só não tive coragem de dizer. Aliás, você está sempre bonita.

— Oliver — eu ri de seu descontrole sobre sua fala, eu era a pessoa que fazia as colocações erradas, não ele.

— Desculpe — ele pediu. — Eu estou nervoso.

— Nervoso? — repeti olhando-o nos olhos. — Isso é por causa do que você precisa me dizer?

Ele balançou a cabeça positivamente e respirou fundo voltando a encarar o lago.

— Você se lembra do baile do último ano? — ele disse e eu resmunguei um “sim”. — Você se lembra do que eu te disse enquanto a gente dançava?

— Lembro, Oliver, mas o que isso tem a ver? Já não conversamos sobre isso?

— Eu ainda quero a minha resposta — ele disse simplesmente. — Eu gosto de você, de um jeito diferente. Eu não sei o que é. E passar esse tempo longe de você não me ajudou a descobrir e muito menos a esquecer. Eu sempre volto àquela noite — ele me olhou de repente. — Eu preciso saber se você estaria disposta a tentar.

— Eu gosto de você — me surpreendi com a facilidade com que as palavras saíram da minha boca. Mas a verdade era que eu tinha uma quedinha por ele, uma quedinha que era bem maior do que eu gostaria de admitir. — Mas não sei se daríamos certo.

— O que você teme? — ele questionou.

Laurel.

Essa era a resposta, depois desses anos eu ainda a temia. Eu ainda podia ouvir as ameaças dela, as humilhações. Oliver Queen não valia todo esse sofrimento. Ou será que valia?

— Não sei — eu menti, descaradamente. — Eu apenas tenho medo.

— Posso surpreender você — ele me olhou. — Apenas me dê uma chance.

— Tudo bem — eu disse.

— Sexta que vem — ele disse e eu o encarei sem entender. — Tommy e Sara vão embora na próxima quarta, Barry e Caitlin na quinta. Com eles longe poderemos fazer isso. Não vai ter pressão.

— Está me dizendo para esconder isso deles? — eu o olhei confusa.

— Apenas por enquanto — ele respondeu. — Não quero ninguém mais criando expectativas.

Eu entendi o que ele queria dizer, ele estava apostando todas as suas fichas esperando sair vencedor. Não precisava de mais ninguém fazendo isso.

— Tudo bem — concordei.

— Então você aceita sair comigo? — ele me encarou surpreso. — Tipo num encontro? Um encontro de verdade?

— Aceito — eu disse sorrindo seu embaraço.

A sexta-feira chegou mais rápido do que eu gostaria. Dizer que eu estava nervosa era um eufemismo, eu estava em pânico. E quando Oliver me ligou perguntando que horas ele poderia me pegar em casa eu quase enfartei, afinal Laurel estava em casa e eu não queria que ela soubesse de nada. Por fim combinamos de nos encontrar no quarteirão seguinte ao da casa de minha mãe.

Eu não tinha a menor ideia de onde iríamos, provavelmente a uma lanchonete ou algo do tipo, essa era a minha aposta. Por isso havia optado por um vestido de malha azul. O que percebi logo cedo ser um erro. Primeiro porque Oliver estava de moto. Segundo porque depois que eu consegui subir naquele treco e chegar no local do nosso encontro eu percebi que não estava vestida para aquele tipo de local e provavelmente nunca estaria.

Era um restaurante, caro e chique. As pessoas lá dentro estavam vestidas para mais que um jantar. E eu mal saberia me portar lá dentro. Não que eu não soubesse usar um talher, o problema era que existiam muitos talheres ali com os quais eu certamente iria me atrapalhar. Minha mente traiçoeira me fez pensar em Laurel, ela saberia se portar e se vestir para a ocasião.

— Está tudo bem? — Oliver me olhava preocupado.

— Claro — eu disse sorrindo forçadamente.

— Gostou do lugar? — ele perguntou agora um pouco menos tenso.

— É muito bonito e elegante — eu disse olhando ao redor.

— É o meu restaurante favorito — ele disse sorrindo. — Queria dividi-lo com você.

— Eu fico feliz — sorri de verdade.

— Isso parece estranho para você? — ele me perguntou e eu não escondi a minha confusão. — Nós dois.

— Bem, eu não sei — eu disse calmamente. — Nós somos amigos, nos conhecemos a bastante tempo, conhecemos um ao outro até demais. Então, sim, é estranho. Não temos sobre o que falar, nossas curiosidades sobre o tempo que passamos fora já foram saciadas durante as nossas saídas com os nossos amigos.

— Então você acha que não devíamos fazer isso? — ele me parecia triste.

— Não — eu disse um pouco alto e senti meu rosto esquentar quando algumas pessoas me encararam. — Não foi isso que eu disse — completei num sussurro.

Um garçom se aproximou da nossa mesa e sorriu para Oliver como se já o conhecesse. Oliver olhou para mim e depois para o garçom e disse algo como “o de sempre”. O garçom nos abandonou e eu encarei Oliver confusa.

— É um amigo — ele disse simplesmente. — Veio conferir se eu iria manter o pedido.

— Que pedido? — eu o olhei ainda mais confusa.

— Para o nosso jantar.

— E o que você pediu?

— Um prato com um nome estranho, mas que é basicamente Risoto de brócolis, lascas de salmão ao creme de gorgonzola e alho-poró crocante — ele disse satisfeito.

Eu não sabia como dizer a ele que eu não comeria aquele prato. Por mais que eu não fosse o exemplo de fidelidade às regras da minha religião, aquelas que diziam respeito à comida sempre foram rigorosamente respeitadas em minha casa. E aquele prato que ele gentilmente me oferecia era uma afronta a elas.

— O que foi? — ele me olhou e eu analisei as minhas opções para rejeitar o prato, eu diria a verdade e o assustaria talvez ou diria que sou alérgica a camarão sem nunca de fato ter comido o peixe.

— Oliver — eu comecei receosa. — Eu sou judia. Não como comidas não-kasher.

— Oh — ele fez uma cara surpresa. — Eu sinto muito, não queria ofender ou algo do tipo, eu só achei que você iria gostar.

— Está tudo bem — eu disse achando graça do modo como ele falava.

— Eu cancelo o pedido enquanto você procura algo no menu que você coma, se você não encontrar nós podemos ir a outro lugar — eu não respondi apenas balancei a cabeça positivamente.

Aquele provavelmente era o pior encontro de todos os piores encontros que já aconteceram. Eu queria dizer que consegui achar algo naquele menu que não me fizesse infringir as leis, mas não foi isso o que aconteceu. E quando encarei Oliver com a minha melhor cara de “sinto muito por esse encontro horrível”, ele apenas sorriu e foi fechar a conta.

Quando saímos do restaurante eu estava certa de que ele me levaria para casa e nunca mais iria querer falar comigo, mas tudo o que ele fez foi perguntar se uma pizza de quatro queijos era considerada uma comida não-kasher.

Oliver me levou a uma pizzaria, onde ficamos conversando sobre coisas que realmente não sabíamos um sobre o outro. Descobrir que o pai de Oliver havia falecido no aniversário dele de dez anos foi um choque. Saber que a mãe dele era rígida com as questões de classe social não foi uma surpresa, afinal eu já a tinha visto algumas vezes no colégio e todo o orgulho que ela sentia ao ver Oliver rodeado daquelas patricinhas e daqueles playboys milionários era quase palpável.

Poder dizer a ele que meus pais nunca planejaram que eu viesse ao mundo, pois era para ser apenas um lance de uma noite que os fez dividir uma casa por alguns anos, foi como uma pequena vitória. Contar sobre os anos em que minha mãe trabalhou como garçonete para juntar dinheiro o suficiente para me trazer para Starling foi algo que o surpreendeu.

Mas haviam muitas coisas sobre nós que precisávamos descobrir e quando aquele primeiro encontro acabou sabíamos que precisaríamos de outros. ”

— Eu não posso acreditar que um dia Oliver Queen foi inseguro — Sara disse assim que terminei de contar.

— Isso é o que te surpreende e não o fato deles terem saído pelas nossas costas? — Caitlin fingiu indignação.

— Não foi isso que aconteceu — eu me defendi. — Depois que a gente decidiu que iria sair de novo nós informamos vocês.

— Ah é eu me lembro bem como vocês nos informaram — Caitlin disse rindo. — Uma mensagem super discreta no grupo. “Felicity e eu estamos saindo pessoal, lidem com isso”.

— Oliver estava um pouco feliz demais — eu ri junto com as duas. — Talvez tenha sido a única vez — emendei já sem tanto humor.

— Antes que você vá para esse lado — Sara disse. — Tópico 2: o primeiro beijo.

— Sério meninas? — eu questionei já sabendo a resposta. — Okay, eu conto.

“Oliver e eu estávamos saindo há algum tempo, não dava para dizer que tínhamos algo ou se iríamos ter já que nossas saídas se resumiam a horas diante do notebook falando sobre n-coisas e alguns finais de semana em que ele usava o avião particular da família para vir me ver. Mesmo assim as coisas entre nós pareciam mais com uma amizade do que com o que quer que realmente fosse.

Era sábado, eu estava em casa terminando um trabalho quando ouvi meu celular tocar indicando uma nova mensagem. Sorri involuntariamente, eu sabia que era ele. Era sempre ele.

“Oliver: Acabei de chegar ao nosso lugar, estou te esperando. ”

O nosso lugar não era tão nosso assim, era uma pedra grande no meio do parque, escondida por muitas árvores de onde se podia ver o céu e as estrelas claramente. Eu havia descoberto aquele lugar no primeiro período quando precisava apenas de um lugar silencioso para pensar e desde então a única pessoa para quem eu havia contado sobre ele era Oliver.

Fechei o notebook, terminaria o trabalho depois, eu estava adiantada mesmo. Corri até o banheiro, escovei os dentes arrumei o cabelo e passei um gloss incolor. Meu pai não precisava saber para onde eu estava indo e com quem iria me encontrar, então quanto menos arrumada eu estivesse melhor. Passei por ele na sala e disse que precisava de ar ele não questionou esse era um costume muito meu, então apenas me pediu para não demorar, como ele sempre fazia.

Quando cheguei o vi sentado olhando para o céu, ele parecia concentrado, sentei-me ao seu lado sem dizer nada, não queria atrapalhá-lo. Senti sua mão buscar pela minha e enroscar nossos dedos de forma carinhosa. Ele levou minha mão até os lábios e a beijou sutilmente arrancando um sorriso de mim.

— Você é linda — ele disse me encarando intensamente.

— Oliver — eu disse sem graça.

— Eu trouxe para você — ele estendeu a outra mão revelando uma única rosa branca.

— Obrigada — eu disse segurando a rosa com a minha mão livre. — Confesso que não esperava que você viesse hoje.

— Eu precisava vir — ele disse. — Eu descobri algo e precisava te contar pessoalmente.

— O que você descobriu? — eu o encarei com uma sobrancelha levantada.

— Que sou completamente apaixonado por você — ele disse com os olhos nos meus.

Eu não tive uma reação imediata, confesso. Meu estômago dava piruetas e meu coração batia rápido, mas minha boca não se atreveu a dizer nada. Eu não tinha coragem de dizer a ele que também era apaixonada por ele, que talvez até o amasse. Eu não conseguia assimilar a ideia de que Oliver Queen estava apaixonado por mim. Então eu apenas sorri, não um sorriso qualquer, um sorriso de felicidade, de surpresa, de alegria, de tudo.

Oliver sorriu de volta e se aproximou de mim devagar. Pousou a mão em meu rosto e fez um leve carinho que serviu para me arrepiar completamente. Ele iria me beijar. Eu estava em pânico. Não que eu nunca tivesse beijado antes, apenas fazia algum — talvez muito — tempo desde a última vez. Sua mão, que antes estava entrelaçada a minha subiu até a lateral do meu rosto e ele me puxou para mais perto. Estávamos a centímetros um do outro, eu podia sentir o aroma de sua colônia, podia enxergar o azul intenso de sua íris que cercavam sua pupila dilatada.

Num movimento ele se aproximou de vez e colou nossas testas me olhando profundamente e sussurrou:

— Há uma estrela cadente passando, faça um pedido.

Eu poderia pedir mil coisas em qualquer outra ocasião, mas naquele momento eu só queria uma coisa.

— Me beije — eu pedi o olhando.

Oliver sorriu e colou nossos lábios com delicadeza. Num primeiro momento meu corpo todo se tencionou com o contato, mas depois com sua língua se aventurando em minha boca a procura da minha, sua mão deslizando pela nuca me aproximando ainda mais e seu cheiro me dominando vagarosamente eu relaxei e me entreguei.

Aquele encaixe entre nossas bocas era perfeito, nosso ritmo era lento, não tínhamos pressa para nos descobrir, queríamos guardar aquele gosto, aquele cheiro. Era o nosso momento, e se houvesse outra estrela eu pediria a ela que o fizesse eterno. ”

— Fofo — Caitlin disse sorrindo.

— Vocês realmente tinham um problema em contar para as pessoas que estavam juntos — Sara comentou.

— Sempre foi complicado para gente — eu disse suspirando. — Qual é o tópico 3?

As duas se entreolharam e depois me encararam sorrindo:

— A primeira vez — elas disseram juntas.

Suspirei, assentindo. Se elas achavam que precisavam saber, então saberiam. Mas não seria hoje.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem até aqui. Desejo um ótimo final de semana a todos vocês e a gente se vê na sexta!



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