— Megan, você tem que soltá-la. – Grissom falou brandamente. – A segurança está a caminho.

— Então já teremos nos despedido da Sara. – rosnou com raiva e forçou a faca contra a pele alva da perita.

— Megan, não faça isso. – Grissom levantou as mãos. Sua respiração ainda normalizando. – Eu posso te ajudar!

— Como? - foi irônica. – Me trancafiando na prisão pelo resto da minha vida? Ou seria uma morte rápida e indolor na cadeira elétrica? - voltou sua atenção para a perita. – Vamos querida, - forçou-a a levantar-se da cama sem desgrudar o gume da faca do pescoço da morena. – levante-se. – pôs Sara de pé a sua frente, como um escudo.

         Grissom viu que Sara sangrava. Mas permanecia quieta. Os olhos lacrimejantes transpassando todo o medo e a dor que sentia. Neste momento dois homens, seguranças do local, chegaram correndo ao quarto. Armas em punho.

— Moça, calma! – um deles falou com Megan que puxara Sara contra si. – Você precisa soltar a paciente e tudo ficará bem! – falou calmamente.

— Bem? - ela riu. – Vocês acham que eu sou idiota?

         Sara olhou para Grissom. Seus olhos transpassavam o medo que sentia, mas mais uma vez ela precisava ser forte. Olhou para a mão da assassina que segurava a faca. E olhou novamente para ele. Grissom fez cara de desentendimento. Os seguranças ainda conversavam com Megan. Então Sara repetiu o gesto. Olhou para a mão da mulher e olhou para os seguranças. Então Grissom entendeu. Sara tentaria se livrar da faca e deixa-la na linha de tiro dos seguranças. Arriscado, pensou Grissom. Mas se não fizessem nada ficariam ali o dia todo até cansarem.

        Sara sentia que Grissom também sentia medo, embora não estivesse com uma faca no pescoço e com duas armas apontadas para si. Então fechou os olhos e inspirou fundo. Aquele breve segundo durou uma eternidade. Grissom deu um pequeno passo, quase imperceptível à frente. Estava a 2,5 metros de Sara. Queria tocá-la e se certificar de que a perita ficaria bem.

        Enquanto os seguranças tentavam convencer Megan de que aquilo era tolice, reuniam-se enfermeiros e médicos do lado de fora do quarto. E então expirou, abriu os olhos e sem tirá-los de Grissom empurrou para longe a mão armada de sua agressora para longe de seu pescoço num movimento único e brusco, sem chance de reação. Atirou-se ao chão de imediato deixando a linha de fogo entre os seguranças e Megan desobstruída. Grissom atirou-se sobre Sara no intuito de protegê-la. Megan empunhou a faca e já ia desferir um golpe contra Sara, mas no mesmo momento um dos seguranças disparou contra a agressora.

        Megan caiu sobre a cama, largando a faca sobre a mesma. Um dos seguranças saltou Sara e chegou até Megan e a imobilizou e levou-a para fora. Precisava de cuidados médicos, mas era perigosa demais para ser deixada sozinha.

        Grissom saiu de cima de Sara, que ainda sangrava.

— Você está bem? - perguntou levantando-a com calma.

— Sim! – sorriu de lado. – Agora sim!

        Alguns enfermeiros entraram e socorreram Sara. Refizeram seus pontos e curativos.

        Tudo estava bem. Finalmente.

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— Mas haviam muitas provas contra você, sabia? - Grissom estava ao lado da cama, sentado na poltrona, olhando atentamente para Sara.

— Eu imagino. – deu de ombros. – Devo ter agido como suspeita desde o início.

— Catherine até listou coisas que poderiam fazer de você uma criminosa. – riu brevemente.

— Cath sempre foi muito astuta. – sorriu a morena. – Já eu não consigo esconder muita coisa.

— Você é misteriosa, confesso. – olhou pela janela. – Mas convenhamos... A teoria de Catherine contra você era a teoria mais provável.

— Ah, é? - admirou-se a perita. – E o que Cath tinha contra mim?

— Ah, vários achados. – riu abertamente. – O lenço verde que ela viu no seu armário e que achava ter ligação com a 4ª vítima. – enumerou. – Seu modo estranho de agir. Seu medo do Archie. Sua reação na 5ª cena. Parecia muito ter ligação com as vítimas. – terminou. – Pensando bem... Até o arranhão no seu braço poderia muito bem te vincular à moça que teve a mão embebida em água sanitária para apagar quaisquer vestígios de DNA.

— Olhando por esse lado eu poderia até estar presa. – se acomodou na cama.

— Mas você apenas estava dançando. – Sara sorriu envergonhada sobre o olhar penetrante de Grissom.

         Sara recebeu visitas dos seus colegas de trabalho durante toda sua estadia. E recebeu as desculpas de Catherine sobre as desconfianças contra ela. Ganhou até livros e palavras cruzadas para que o tempo passasse mais rápido.

         Manteve-se afastada do trabalho por algumas semanas, após sair do hospital, até que suas costelas se cicatrizassem.

         Sentia-se como quem nasceu de novo. Como quem ganhara uma nova chance de vida. Sentia-se viva como nunca antes.