Autumn Leaves In a Snowstorm escrita por Miss Moonlight


Capítulo 11
"I was only fulfilling my role"


Notas iniciais do capítulo

Olá, galero! Como vocês estão?

Voltei depois de um tempinho (ou tempão) e peço desculpas por isso. Minha vida tá uma correria outra vez, arrumei um emprego novo, então conciliar tudo não está sendo fácil, mas eu estou tentando, eu juro. O Brasil sabe.

Queria agradecer aqui também (porque eu acho que elas merecem por fazerem o meu dia) a Nevs e a Foxie pelos comentários. Eu realmente sou muito grata a cada carácter que vocês usaram. Não tem ideia de como é bom saber que vocês estão gostando e ainda acompanhando essa humilde história. Muito obrigada mesmo, manas! ♥

Mas enfim, não vou enrolar mais, fiz um desafio comigo mesma para parar de escrever textões nas notas, então eu ei de cumpri-lo.

Portanto, tenham uma boa leitura, vejo vocês lá embaixo!



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Já era noite. O velho relógio no pulso de Charles indicava que já se passava das 19h. Jantávamos uma comida chinesa que o mesmo havia comprado em um restaurante que ficava na frente do hospital, qual eu mal sabia da existência, mas o rapaz parecia conhecer de longa data. Estávamos lado a lado no banco do lado de fora do quarto do Merle, onde mais cedo estava sentada com Martha, consolando-a.

Passamos o dia todo ao lado do homem enfermo, assim como havia prometido à sua esposa. Charles, por algum motivo que eu não ainda não havia entendido e nem tido a coragem de perguntar sobre, havia ficado comigo o tempo todo. Ele também se propôs a buscar almoço para nós dois, bebidas durante a tarde – chá para mim e café para ele – e o jantar a noite. Ou seja, não parando de surpreender-me um instante se quer.

Durante todo aquele longo dia, conversamos sobre várias coisas aleatórias, nada muito sentimental, pessoal ou de grande importância – algo que sempre evitávamos –, mas acabei deixando escapar algumas coisas sobre os Bakers, quando ele perguntou-me sobre o nosso relacionamento. Não tinha muito a esconder depois daquele dia e de todo o drama envolvido, naquela altura já devia estar bem óbvio qual era o tipo de relação que eu tinha com os meus chefes.

Estávamos terminando nossas refeições e quase prontos para voltar para o quarto, quando passos confiantes soaram pelo corredor, chamando nossa atenção. Levantei minha cabeça e acompanhei um homem alto, vestido de roupas sociais e um jaleco branco caminhar em nossa direção. Ele aparentava ter por volta dos quarenta anos, tinha os cabelos pretos e, por baixo dos óculos de grau, seus olhos pareciam ser claros. O homem andou até onde estávamos sentados e quando nos analisou devidamente, depois de ajeitar seus óculos, franziu o cenho. Não demorou muito para nos questionar, olhando a prancheta em suas mãos:

— Vocês estão com o paciente Merle Baker?

Rapidamente engoli o resto de macarrão em minha boca e levantei, deixando a embalagem de papel sobre o banco. Assenti para ele, enquanto sentia meu coração começar a acelerar em antecipação só de pensar no que o homem a minha frente teria a dizer.

— Ah, sim, a Sra. Baker falou-me sobre vocês – ele disse com sua voz grave, assentindo de volta. – Sou o Dr. James Lawrence, o médico responsável pelo Sr. Baker.

Assenti para o homem de boa aparência a minha frente e coloquei-me a analisa-lo quase que automaticamente. Ele parecia ter muito dinheiro, julgando pela qualidade de suas roupas por debaixo do jaleco e pelo Rolex aparentemente caro e de brilho ofuscante localizado em seu pulso esquerdo. Além disso, sua postura também dizia muito sobre si. Ele carregava uma postura ereta e seu nariz era levemente empinado, como se olhasse todos ao seu redor de cima. A superioridade que ele exalava era assustadora e eu senti-me uma ervilha ao seu lado.

Tentando expulsar aquele sentimento de mim, desviei meus olhos para o lado para ver a reação de Charles. O rapaz encarava o médico quase que intensamente e já vestido com sua máscara de indiferença com um toque extra de frieza.

— Me chamo Autumn Pierce – disse, tomando coragem para estender minha mão e rapidamente recolhendo-a quando o mesmo direcionou os olhos para sua prancheta, ignorando-a. Depois de alguns segundos em silêncio e de perceber que Charles não parecia ter intenção alguma de mexer um músculo se quer, resolvi fazer a apresentação por ele. – Esse é Charles White.

Dr. Lawrence direcionou seus olhos azuis para o rapaz sentado ao meu lado, aparentemente desinteressado, mas franziu o cenho ao olhar para o rosto jovem. Antes mesmo que eu pudesse se quer tentar deduzir o motivo daquilo, ele perguntou, enquanto apontava para mais novo:

— Eu não te conheço de algum lugar? – Olhei para o Charles, curiosa, esperando junto ao doutor por uma resposta. Mas antes disso, o homem a minha frente estalou os dedos como se tivesse se lembrado de algo. – Você não é o garoto da entrevista pra revista ou jornal ou sei lá? Achei que seu nome fosse Alguma-coisa Elliot.

Finalmente Charles moveu-se e levantou do banco, apresentando-se em seguida:

—Na verdade é Charles Elliot White e sim, eu sou o “garoto da entrevista” – disse em um tom estranhamente mais frio do que o normal.

Sua expressão estava impassível, mas não era difícil notar o quanto estava desconfortável e tenso, pois algo em sua postura o denunciava. É uma das habilidades que se adquire quando se anda muito com Charles White, já que saber ler sua linguagem corporal havia se tornado a única forma de descobrir o que ele estava sentindo de verdade.

Mas a questão era: por que ele agia assim?

Voltei meu olhar para o médico e o observei, enquanto o mesmo questionava Charles sobre sua suposta matéria. Não demorou muito para que algo sobre sua figura começasse a parecer-me familiar. Rapidamente liguei aquilo ao fato de que ele pudesse ser um médico famoso – o que explicaria a matéria – e que talvez tivesse visto seu rosto na televisão ou em algum jornal. Por fim, apenas dei de ombros e voltei a prestar atenção na conversa.

— Bom, espero que escreva uma boa matéria sobre mim, garoto, e coloque aquela foto que combinamos. Não sei se lembra, porque já faz um tempo, mas é aquela que eu estou assim e sorrindo desse jeito – Dr. Lawrence virou-se um pouco de lado, cruzou os braços e esboçou um sorriso lateral, mostrando ao Charles como ele estava na foto que deveria ser utilizada na matéria.

Tive que segurar minha vontade de revirar os olhos para toda aquela futilidade e, ao olhar para o rapaz ao meu lado, senti que ele fazia o mesmo, enquanto assentia para o médico. Antes que aquilo mudasse para um assunto ainda mais inoportuno e desnecessário, decidi intervir e voltar ao que realmente importava.

— Então, Dr. Lawrence, o senhor veio examinar o Sr. Baker?

O homem rapidamente endireitou-se, pigarreou e olhou sua prancheta, voltando a ostentar uma expressão séria, como se nada daquilo tivesse acontecido. Olhando novamente para mim, ele disse:

— Pois bem, sim, vim dar mais uma checada no Sr. Baker antes de terminar meu turno por hoje. Aliás, se vocês me dão licença, vou fazer isso agora.

O médico alto passou por nós dois e entrou no quarto, fechando a porta atrás de si. Olhei para Charles e ele encarava a porta branca por onde Dr. Lawrence havia passado. Estava cheia de perguntas para fazer sobre toda aquela cena que havia presenciado, mas antes que eu pudesse abrir a boca e deixar minha curiosidade formular as frases para mim, o rapaz se pôs a imitar os passos que o mais velho tinha acabado de fazer, deixando-me sozinha no corredor.

— Acho que isso é um adeus ao curto período cavalheiresco de Charles White, que ele descanse em paz – resmunguei para mim mesma, enquanto também entrava no quarto onde meu chefe estava internado.

—––

Depois de alguns exames, Dr. James Lawrence nos confirmou que Merle estava de fato livre de complicações, mas fez questão de nos lembrar de que ainda havia a possibilidade de paraplegia, fazendo com que o sorriso ainda fresco em meu rosto desaparecesse rapidamente. Logo após isso, despediu-se, mas não antes de perguntar quando a matéria sobre ele sairia no jornal de Charles, que respondeu em um tom um tanto rude com: “espero que logo, senhor”.

Era óbvio que algo não estava certo naquela história toda. Charles estava estranho, mais estranho do que normalmente era, e de um jeito que chegava a preocupar-me.

A porta fechou-se atrás do doutor, mas antes que eu pudesse finalmente sanar minha curiosidade e começar a questioná-lo sobre aquilo tudo, ela abriu-se de novo, trazendo agora uma Martha mais descansada, mesmo que ainda triste e preocupada. Ela nos viu e abriu um sorriso singelo, logo caminhando em nossa direção, cumprimentando-nos e envolvendo-nos em um de seus abraços.

Não pude deixar de observar o modo de como Charles chegou até a retribuir seu abraço, mesmo que de um jeito desconfortável e desajeitado, aparentando estar bem mais leve e muito menos tenso depois do ato de afeto. Quando ele olhou-me meio em desespero por cima do ombro da senhora, eu sorri-lhe de volta em um agradecimento silencioso por ele não tê-la afastado como eu jurei que faria.

Agora com Martha ali, havia coisas mais importantes a serem tratadas. O interrogatório poderia ficar para depois.

— E então? Alguma notícia? – Perguntou a nós dois, dando total atenção ao seu marido agora.

— O Dr. Lawrence acabou de examiná-lo. Ele disse que Merle está definitivamente livre de complicações e que, infelizmente, só nos resta esperar ele acordar para saber se houve realmente algum dano no movimento de suas pernas – suspirei, juntando-me ao Charles e observando-a segurar a mão de Merle carinhosamente.

Martha fechou os olhos fortemente e suspirou, parecia agradecida por saber que Merle estava vivo e bem, ao mesmo tempo em que preocupada com a possível situação de seu marido. Ela inclinou-se e beijou o topo da cabeça dele, antes de virar em nossa direção e dizer:

— Eu realmente não sei como agradecer pelo apoio que vocês nos deram. Muito obrigada, Autumn e você também, Charles, de verdade – ela lançou-nos um sorriso tão sincero, que era difícil não sentir-se mexido com ele, até mesmo alguém como Charles. – Vocês podem ir agora, vão descansar, vou ficar com ele até o horário de visita acabar.

Foi só pensar em voltar para o orfanato e deitar em minha cama, que finalmente comecei a sentir o quanto eu estava cansada. Sentia minhas costas doerem e meus olhos pesados mesmo que ainda faltassem algumas horas para o horário que eu costumava dormir, provavelmente por causa de toda turbulência de emoções que havia sentido naquele dia. Apesar de sentir tudo isso, olhei um tanto insegura para a mulher a minha frente, perguntando-me se devia mesmo ir ou se deveria fazer-lhe companhia.

— Tem certeza, Martha? Eu realmente não me importo de-

— Imagina, querida. Vá descansar, já fez demais por nós dois hoje – disse ela, interrompendo-me. – Vá para casa, vá. Nós vamos ficar bem. Prometo que ligo se houver alguma notícia.

Suspirei vencida e cansada demais para argumentar, sabendo que nada mudaria sua cabeça conhecendo-a como eu a conhecia. Caminhei até sua figura e despedi-me, abraçando-a e lançando um último olhar ao Merle, não vendo a hora dele acordar e nos presentear com um de seus famosos sorrisos, nos assegurando de que tudo estava bem. Assim que Charles despediu-se dela também, Martha nos ofereceu dinheiro para o táxi, que foi rapidamente recusado por nós dois. Tivemos que repetir nossa recusa algumas vezes até ela desistir da ideia, percebendo que às vezes conseguíamos ser tão teimosos quanto ela.

—––

Tínhamos acabado de pegar o ônibus de volta para o orfanato e estávamos sentados nos assentos no fundo do transporte vermelho. Charles estava impassível e encarava intensamente algum ponto no banco a nossa frente, totalmente perdido em pensamentos. Desviando os meus olhos dele para as lojas e algumas residências passando rapidamente pelo vidro da janela, eu começava a senti-los ficando mais pesados a cada segundo que se passava. Apesar disso, minha cabeça estava uma confusão de pensamentos, todos relacionados ou ao casal Baker ou ao Charles.

O motivo dos dois primeiros era algo óbvio, já o motivo de Charles era bem mais complexo. Além de não entender sua súbita mudança de comportamento, mesmo sabendo que havia a possibilidade de ser apenas fingimento, havia também Dr. Lawrence e todo aquele assunto de entrevista. Aquilo não me cheirava bem por algum motivo aparente, qual eu definitivamente descobriria na manhã seguinte.

— Devo dizer que estou surpreso pela falta de um interrogatório, você deve estar mesmo cansada – comentou Charles depois de um tempo, soltando uma leve risada no final e despertando-me de meus pensamentos. – Devo acrescentar também que estou bem grato com isso, espero que continue assim.

Após bocejar vagarosamente, virei minha cabeça para lado e disse-lhe, esboçando um pequeno sorriso:

— Aproveite enquanto pode, White. Amanhã você não me escapa.

Encostei minha cabeça no encosto do banco e fechei os olhos, não conseguindo mais resistir à tentação. Cruzei os braços e soltei mais um bocejo, permitindo que o sono me consumisse de uma vez. Afinal, um cochilo não faria mal a ninguém e eu tinha Charles para acordar-me quando chegássemos ao nosso ponto. Pelo menos era o que eu esperava que ele fizesse.

— Ah, ótimo, mal posso controlar minha ansiedade para amanhã – o tom de sua voz era pura ironia e mesmo de olhos fechados, eu sabia que ele tinha revirado seus olhos em algum momento daquela frase. – Você vai mesmo dormir agora? Pierce, se você cair com a cabeça em mim enquanto estiver dormindo, eu juro que não vou ter piedade.

— Tá, tá, relaxa – tentei dizer, mas provavelmente saiu apenas como um resmungo, enquanto balançava minha mão perto do seu rosto, ainda com meus olhos fechados. – Esse tipo de coisa só acontece em livros ou em filmes, Charles. Fica tranquilo.

Foi a última coisa que eu lembro-me de ter dito antes de bocejar e apagar completamente, acordando depois ao som da voz de Charles e com o mesmo balançando-me de um modo nada gentil.

— Acorda, Autumn! Desse jeito a gente vai perder o ponto!

Rapidamente abri os olhos e ajeitei-me, tentando localizar-me no ambiente em que estava. Sentia o canto esquerdo da minha boca molhado e logo tratei de passar a manga de meu casaco ali, enxugando-o. Passei a mão pelo rosto na tentativa de livrar-me dos vislumbres de sono que ainda dominavam-me e notei que minha bochecha estava com uma textura diferente. E foi só olhar para o jovem ao meu lado, que eu logo descobri a razão. Ali na região do seu ombro direito, seu casaco estava com uma mancha escura indicando que estava molhado.

Eu havia acabado de babar no casaco de Charles White ou eu ainda estava sonhando?

Desviei meus olhos até os seus, vendo-o encarar-me de volta de um jeito sério e um pouco irritado, mas não furioso como eu achei que o encontraria. Entreabri meus lábios para desculpar-me ou sei lá o que acabaria saindo de mim naquela hora, mas o rapaz foi mais rápido, levantando a mão para mim, como em um sinal para que eu parasse.

— Vamos apenas não falar disso agora, Pierce. Só levanta logo daí que o próximo já é o nosso – disse ele, logo levantando e caminhando até a porta, dando sinal para o motorista saber que desceríamos no ponto seguinte.

Segui seus passos, ainda um pouco grogue, e esperei ao seu lado em silêncio o ônibus parar e abrir as portas para enfim descermos.

A avenida principal encontrava-se bem pouco movimentada por conta do horário e os postes com as luzes amareladas eram as únicas fontes de luz que tínhamos junto à luz da lua. O vento frio da noite de outono batia contra nós dois e eu encolhi-me em minhas vestes, tentando proteger-me o máximo que podia, enquanto White encontrava-se impassível com as mãos nos bolsos, como se o frio não o afetasse. Eu realmente não desconfiava daquilo, já que Charles chegava quase a ser o próprio iceberg de tão frio.

Andávamos em silêncio e ficamos assim até chegar na metade da rua que levava até o nosso orfanato, quando o rapaz o quebra, dizendo numa tentativa falha e exagerada de imitar minha voz:

— “Isso só acontece em livros ou em filmes”, ela disse. “Fique tranquilo”, ela disse. Segundos depois estava escorada em mim, babando no meu ombro – revirou os olhos e balançou a cabeça, descrente.

Eu quis rir daquilo, mesmo sabendo que deveria estar com medo ou sentindo qualquer outra coisa naquela situação. Talvez fosse o sono, só sei que não resisti e rapidamente coloquei a mão sobre a minha boca, tentando segurar a risada. Charles lançou-me um olhar sério ao perceber minha reação, mas não era difícil ver que ele também achou graça naquilo mesmo que um pouco.

— Me desculpa, tá legal? – Eu disse assim que minha risada cessou, restando apenas um resquício de sorriso. – Eu estou tão cansada que nem sei mais o que estou fazendo.

— Ah, cansada com toda certeza você está. A quantidade de saliva em meu casaco e a altura dos roncos que você estava produzindo são provas disso.

— O quê? Eu não ronco, White! – Protestei, um tanto indignada, enquanto ainda caminhávamos até o edifício no final da rua.

Ele arfou em um tom cômico e lançou-me um sorriso debochado, antes de dizer:

— É, fala isso para os outros passageiros no ônibus.

A discussão durou até entrarmos no orfanato e irmos até o escritório da Sra. Stevens avisá-la de nossa chegada, tendo que escutá-la interrogar-nos por longos minutos que pareciam nunca ter fim. Foi só no corredor onde nossos quartos ficavam que eu finalmente disse algo que rondava a minha cabeça desde que ele se oferecera para acompanhar-me até o hospital, mas que eu não tinha coragem o suficiente para dizer.

Charles já abria a porta do seu quarto, quando eu o chamei, fazendo-o parar sua ação e virar sua cabeça em minha direção.

— Eu tenho que te agradecer, sabe, por... Por ter me levado até o hospital e por ter ficado lá comigo até a Martha chegar – disse sincera, fazendo questão de olha-lo nos olhos, tentando mostrar o quanto realmente estava grata. – Então, qualquer que seja o motivo que o levou a fazer isso não importa agora, só... Obrigada por estar lá.

Por alguns momentos ele apenas ficou parado lá, olhando-me de volta, totalmente impassível. Se estivéssemos em uma competição de encarar, ele ganharia sem dúvida, pois não demorou muito para que eu desviasse meus olhos para o chão de madeira, ou para as paredes desbotadas, ou para o lustre pendurado no teto ou para qualquer coisa que me livrasse do seu olhar.

— Só estava fazendo meu papel, Autumn – disse ele de repente em um tom suave, apesar de sua voz rouca, fazendo-me voltar os olhos para sua figura. Ele estava sem expressão alguma, nem mesmo seus olhos pareciam dispostos a dar-me uma dica do que estava se passando em sua cabeça naquele momento.

Antes que Charles entrasse em seu quarto outra vez, eu perguntei-lhe rapidamente:

— E que papel seria esse?

Dessa vez o rapaz esboçou um sorriso sem mostrar os dentes – que eu não sabia se era desdenhoso ou apenas divertido ou mesmo outra coisa – e disse, antes de empurrar minha testa levemente com o dedo indicador e entrar em seu quarto, deixando-me sozinha naquele corredor, irritada e deveras intrigada:

— Qual seria a graça se eu te dissesse assim de mão beijada? Descubra você mesma, cabeça de fósforo.


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Notas finais do capítulo

Bom, por hoje é isso.

Como já sabem, sintam-se livres para deixar suas críticas, sugestões e opiniões. Caso encontrem algum erro, não hesitem em me avisar, por favor. Porque eu sei que sempre acaba escapando alguma coisa.

Enfim, muito obrigada por terem lido e espero que tenham gostado!

Vejo vocês na próxima ♥


Tati.



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