Autumn Leaves In a Snowstorm escrita por Miss Moonlight


Capítulo 10
Turmoil of feelings


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas! Como estão?

Como devem ter reparado, eu mudei a capa da fanfic. Mas ainda estou incerta se devo deixar essa ou a outra. O fato de eu ter feito essa é que transmite mais o ar da estória eu acho. A outra me parecia feliz demais, como se fosse uma estória de comédia, não sei, talvez eu esteja viajando. Mas enfim, gostaria de saber o que vocês acharam e qual vocês preferem, isso ajudaria bastante, porque eu realmente sou a indecisão em pessoa.

Mas mudando de assunto, aqui venho lhes trazer o capítulo 10 dessa belezura. Já aviso para preparar os lencinhos, porque esse é o capítulo mais dramático que eu já escrevi. E como eu adoro um drama, acabei me empolgando um pouco então não se assustem com a quantidade de palavras u-u

Enfim, era só isso mesmo, chega de enrolação.

Tenham uma boa leitura!



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Foi preciso alguns segundos para que eu entendesse completamente o que a mulher a minha frente tinha acabado de dizer.

Depois que tudo finalmente fez sentido em minha cabeça, senti meu coração apertar como nunca havia feito antes e de uma forma que parecia que me sufocaria a qualquer instante. Tentando não entrar em estado de desespero – o que era algo muito provável de acontecer –, comecei a tentar controlar minha respiração, agora muito acelerada, e focar no que importava no momento.

Ok, então se tratava do Merle. Ele havia sofrido um acidente. Ele estava em internado em estado grave. Mas onde?

— O-Onde ele está internado? – Disse com um pouco dificuldade devido a minha voz que se encontrava trêmula e falha.

— A esposa do Sr. Baker ligou hoje de manhã e disse que estavam no Hospital St. Louis caso quisesse prestar uma visita – Sra. Stevens respondeu, apertando minha mão que ainda estava entre as suas, coisa na qual eu havia totalmente esquecido.

— Certo – eu disse antes de recuar minha mão e levantar da cadeira sem esperar mais um segundo.

Saí dali o mais rápido que consegui e segui para a entrada do orfanato. Não pensava em mais nada a não ser em Merle e em Martha. Foi só quando já estava na rua principal do edifício onde eu morava que uma voz despertou-me de meus pensamentos:

— Você ao menos sabe como chegar ao hospital?

Não precisei virar para saber de quem se tratava, apesar de estar deveras surpresa por ele ainda estar ali, seguindo-me, ao invés de ter aproveitado para fugir e livrar-se daquela situação enquanto podia.

— Não – respondi sinceramente, sabendo que o que White havia dito fazia sentido. Eu não sabia como chegar lá, mas mesmo assim continuei andando, como se de alguma forma fosse achar o caminho alguma hora.

O ouvi bufar logo atrás de mim e logo depois ele estava a minha frente.

— Só me segue – disse White, agora liderando o caminho.

E assim eu fiz. Andamos até o ponto de ônibus na avenida principal e esperamos o ônibus certo passar, qual eu não tinha a mínima ideia do nome, mas confiava que o jovem ao meu lado sabia, pelo o que tinha dado a entender. Depois de alguns minutos em completo silêncio, ele deu sinal para um ônibus vindo em nossa direção e entramos no veículo assim que ele parou a nossa frente.

Sentei em um dos assentos perto da janela e White sentou logo ao meu lado. Minha mente estava repleta de pensamentos e questionamentos diferentes, além de eu estar sentindo várias coisas diferentes também. Era uma mistura de sensações estranhas e desagradáveis que eu não estava acostumada a sentir, estava odiando cada minuto daquilo e rezando para que acabasse logo, mesmo sabendo no fundo que estava longe de acabar.

Era inegável a minha preocupação com Merle e com Martha e ela era em um nível que eu nunca pensei que seria possível alguém como eu sentir por outra pessoa. Eu de fato não sabia da importância que eu dava a eles até passar por aquilo. Diariamente, eu tentava colocar em minha cabeça que eles eram apenas meus chefes e nada mais, mas eu sabia, lá no fundo, que não era assim na realidade. Ironicamente, parecia que quanto mais eu tentava não me importar, mais eles mostravam que se importavam comigo, tornando quase impossível eu não acabar retribuindo o sentimento.

Todos aqueles anos eu tentei privar-me de sentir algo parecido por alguém, pois sabia que isso só me traria tristeza e me machucaria. Seres humanos são instáveis e egoístas. Sentir amor por alguém é como dar um tiro no próprio pé, é como entregar o próprio coração na mão de uma pessoa para ela fazer o que bem entender e sabe-se lá o que ela poderá fazer com ele. Eu nunca me proporia a fazer algo assim, não intencionalmente pelo menos.

E agora eu estava ali, com o coração apertado de preocupação e com um nó na garganta, enquanto olhava os edifícios passando por mim através da janela e perguntava-me quanto tempo mais demoraria para finalmente chegarmos.

Queria também questionar White várias coisas sobre suas atitudes referentes àquele dia, porém ao mesmo tempo só queria ficar em silêncio, mesmo sabendo que não seria saudável ficar pensando sobre Merle e seu estado de saúde tão intensamente quanto eu estava fazendo. Principalmente quando se é alguém que costuma ver as coisas negativamente e possui a voz da Sra. Stevens repetindo inúmeras vezes em sua cabeça: “ele está em estado grave”.

Observei White pela minha visão periférica, tentando distrair-me um pouco, e ele parecia impassível, enquanto olhava para frente com os braços cruzados em frente ao seu corpo. Sua presença ali ainda me era uma incógnita. Não sabia se devia acreditar que ele estava ali apenas para mostrar-me o caminho, normalmente ele deixaria que eu me virasse ou, se estivesse de bom humor, talvez me desse até algumas instruções de como chegar, mas jamais me levaria até lá.

Antes que eu pudesse analisa-lo mais, tentando desvendar suas reais intenções, ele levantou-se, deu sinal e foi até a porta dupla do veículo. O rapaz olhou para mim pela primeira vez depois de um bom tempo e balançou a cabeça, como se estivesse chamando-me.

— É aqui.

—––

Quando entramos no edifício branco e enorme, não pude deixar de sentir-me acuada. Tudo era muito chique ali, com móveis modernos e pessoas elegantes. O ambiente era extremamente limpo, tanto que o cheiro de algum produto químico e de álcool era predominante ali, deixando-me um pouco enjoada.

Eu continuei a analisar o local em minha volta, sentindo uma apreensão repentina tomar conta de mim e meus pés grudarem no chão. Charles, por outro lado, passou por mim e foi até o balcão de recepção em passos tranquilos, falando com uma das mulheres sentadas ali logo em seguida. Decidindo que eu deveria seguir seus passos e tentando concentrar-me apenas em sua figura, eu fui até ele e ao chegar White já agradecia a jovem recepcionista pela informação dada.

— Ele está no quarto 221 dessa ala – disse rapidamente para mim antes de segurar meu pulso e guiar-me até os elevadores, como se já conhecesse o local.

Soltou-me apenas quando já estávamos no andar desejado e em frente ao quarto onde Merle estava internado. Encarei a porta branca com o número em cima por algum tempo, buscando coragem para lidar com o que quer que Martha fosse dizer sobre o estado do seu marido e para lidar também com o comportamento da própria mulher. Eu nunca tinha passado por coisa parecida na vida, então não tinha muita base de como comportar-me diante daquela situação, do que dizer ou do que fazer.

Comecei a sentir aos poucos o meu coração acelerar devido a minha ansiedade e minha respiração ficar ofegante. Logo fechei os meus olhos fortemente e minhas mãos em punhos, apertando-as e tentando tomar controle sobre minhas emoções, falhando miseravelmente.

— O que houve? – Charles perguntou ao meu lado, fitando-me confuso devido a minha reação inesperada.

Abri os olhos e os direcionei a ele, esperando que o rapaz pudesse lê-los e saber exatamente o que eu estava sentido, pois sabia que não conseguiria colocar tudo em palavras.

— O que eu faço? – O respondi com outra pergunta, mordendo o lábio inferior em seguida em outra tática para controlar meu ataque de ansiedade.

Charles encarou-me por alguns segundos, visivelmente desnorteado com o que eu havia dito, e depois revirou os olhos, parecendo finalmente entender o que estava acontecendo.

— Bom, acho que você deve entrar lá, falar com a esposa do seu chefe e dar-lhe apoio e essas coisas que as pessoas geralmente fazem em situações como essa – respondeu como se fosse algo óbvio, o que eu sabia que provavelmente era para qualquer outra pessoa, menos pra mim.

— Não sei se posso fazer isso – eu disse, sincera, aproximando-me devagar da porta e olhando pela parte de vidro que havia nela.

Ao olhar dentro do quarto, vi um Merle inconsciente sobre a cama, com a maior parte de sua pele a mostra coberta de curativos e enfaixada com gaze, além de uma máscara de oxigênio sobre seu nariz e boca. Era quase impossível reconhece-lo daquele jeito, mas eu tive certeza que era ele, pois logo ao seu lado uma Martha visivelmente desolada e exausta encontrava-se segurando a mão do marido, enquanto a outra segurava um lenço de papel abaixo do seu nariz.

— Definitivamente não posso fazer isso – afastei-me rapidamente da porta e virei de costas para a mesma, abaixando a cabeça e sentindo meus olhos arderem.

Ouvi Charles suspirar logo a minha frente e mudar o peso do seu corpo para sua outra perna em um ato nervoso.

— Pierce, eu não te trouxe até aqui para ver você agir covardemente desse jeito e desistir assim. Já está mais que na cara que você se importa com essas pessoas e que se voltar para o orfanato sem saber como elas estão, vai se arrepender assim que por os pés lá.

Levantei minha cabeça e o encarei enquanto ele fazia o mesmo comigo, ostentando uma postura superior como se soubesse de tudo e com os braços cruzados. Apesar de eu negar-me a admitir isso para mim mesma, eu sabia que ele estava certo.

— Mas eu não tenho a mínima noção de como agir em uma situação dessas, nunca passei por algo parecido. – Suspirei, passando as mãos pelo o meu rosto, meio que já entrando em desespero. E ele era tão grande que mal pude perceber o que saiu de meus lábios em seguida: – Entra comigo?

Ele olhou-me com os olhos levemente arregalados e eu devolvi o olhar com o mesmo nível de surpresa. Ficamos naquela por um tempo e eu já estava preparando-me para pedir que ele esquecesse o que eu tinha dito, quando Charles disse finalmente:

— Quer saber? Tanto faz, qualquer coisa para ir embora mais rápido e você parar com esse drama – resmungou ele, aparentemente entediado, esticando o braço direito como em uma indicação para que eu fosse primeiro.

Respirando fundo pela última vez, eu assenti para ele e caminhei até a porta de novo, bem mais calma ao saber que Charles estaria lá caso a situação ficasse feia. Dessa vez, segurei a maçaneta e bati na porta, antes de abri-la o suficiente para mostrar à Martha quem se tratava.

Ela virou seu corpo pequeno em minha direção e sorriu, mesmo que fosse um sorriso um tanto triste. A mulher por volta de seus 50 anos não parentava ser a mulher que frequentemente aparecia na cafeteria para ajudar o marido ou apenas para fazer-lhe uma visita. Essa que me encarava não usava nenhuma maquiagem e vestia roupas simples e em tons neutros, muito diferente das suas roupas modernas e coloridas que costumava usar. Seus cabelos encaracolados e cheios estavam presos – o que era algo raro de se ver – e havia olheiras debaixo de seus olhos negros que geralmente eram tão lívidos e brilhantes, mas que agora não transpareciam nada a não ser melancolia.

Não foi difícil presumir, mediante ao seu estado atual, que Martha havia passado a noite e manhã inteira sentada na sala de espera aguardando notícias ou mesmo ali, ao lado de seu marido.

— Autumn, você veio – mal pude ouvir o que disse, pois sua voz tinha saído baixa e falha, fazendo com que ela pigarreasse logo em seguida.

Martha soltou a mão de seu marido delicadamente e levantou, caminhando até mim e envolvendo-me em um de seus abraços calorosos. Normalmente eu apenas deixaria que ela me abraçasse, tocando suas costas de um jeito desengonçado até ela cansar-se, mas hoje era diferente. A mulher parecia precisar daquilo, da minha retribuição integral do seu abraço dessa vez, e foi assim que eu fiz, tentando afastar os pensamentos que insistiam em rondar pela minha cabeça, criticando minha atitude que tecnicamente fugia da minha conduta natural.

Envolvi meus braços entorno de sua figura e apertei, abraçando-a de volta. Notando minha retribuição inesperada, ela abraçou-me ainda mais forte, logo molhando meu casaco com as lágrimas que escorriam de seus olhos. Fiquei um pouco assustada, não sabendo o que fazer para que a mulher parasse de chorar, e resolvi retribuir a intensidade do abraço também, esperando que funcionasse.

Depois de um tempo naquela posição, ela soltou-me de repente e olhou para algo atrás de mim. Enxugando os olhos e carregando uma expressão curiosa, ela disse:

— Acho que não conheço você.

Olhando para trás, entendi rapidamente o porquê de sua reação ao avistar a pessoa que havia me levado até eles e na qual eu havia esquecido da presença por um instante. Abri minha boca para respondê-la, mas o rapaz dos cabelos negros foi mais rápido.

— Sou Charles White, vim acompanhar a Autumn. Prazer em conhecê-la, Sra. Baker. Desculpe-me por entrar assim, achei que ela precisaria de alguém – disse ele, estendendo a mão para cumprimenta-la. Ela logo estendeu a sua e a apertou, mesmo que ainda um pouco atônita. – Soube o que houve com o seu marido, eu sinto muito.

—É um prazer conhece-lo também, Charles, apesar da situação não ser das melhores – Martha sorriu-lhe o máximo que conseguia no momento. – Ele é seu... – Ela insinuou logo depois, olhando pra mim e apontando para o rapaz agora ao meu lado.

Rapidamente balancei a cabeça em negação antes que ela dissesse algo que não devia e acabasse envergonhando-me e enojando Charles provavelmente.

— Não! Nós somos... amigos – disse após uma pequena reflexão, resolvendo usar o adjetivo para simplificar e evitar ter que explicar sobre o nosso real relacionamento, já que nem eu sabia exatamente a resposta para o que éramos na verdade.

— Isso, nós moramos no mesmo orfanato – Charles acrescentou.

Ela balançou a cabeça em compreensão e sorriu novamente antes de dizer:

— Bom, qualquer amigo da Autumn é meu amigo também, sinta-se a vontade para ficar e fazer companhia a Autumn. Na verdade, eu fico até feliz que ela tenha alguém além da gente para contar em momentos assim.

Olhei para Charles e ele estava sorrindo para ela também. Um sorriso amigável, verdadeiramente amigável. Aquilo havia me surpreendido e tanto, apesar de eu fazer o máximo para não transparecer isso em meu exterior.

Desviei meu olhar do rapaz ao meu lado e ele caiu no homem inconsciente sobre a cama hospitalar. Meu coração apertou-se outra vez e várias perguntas que me atormentavam pouco tempo atrás voltaram a rondar em minha cabeça.

—Sra. Baker, o que exatamente aconteceu com o Sr. Baker? – Perguntei em um tom baixo sem conseguir tirar os olhos dele.

Ela seguiu meu olhar e qualquer resquício de um sorriso que estava em seu rosto desapareceu completamente. Martha voltou seu olhar para mim depois um tempo e indicou-nos a porta, saindo pela mesma logo depois e sendo seguida por nós dois.

Assim que estávamos no lado de fora do quarto, ela sentou-se em um dos bancos encostados na parede, indicando para que eu sentasse ao seu lado, o que logo me pus a fazer. A mulher então segurou minha mão e suspirou, começando a dizer:

— Foi ontem à noite, depois que ele fechou a cafeteria – fungou com os olhos já marejados. – Como você já deve saber, caiu uma tempestade terrível e ele, ao invés de esperar a chuva acalmar na cafeteria como eu havia dito, resolveu ir para casa daquele jeito mesmo. Disseram que Merle estava atravessando a avenida quando um carro, dirigido por um homem bêbado, o atropelou a toda velocidade – ela terminou de dizer e automaticamente começou a chorar, como se estivesse segurado esse tempo todo para contar-me o que havia acontecido.

Sentindo meus olhos arderem novamente, os desviei para Charles, que parecia visivelmente desconfortável a minha frente. Ele notou que eu mordia meu lábio e estava piscando sem parar e logo me olhou de um jeito preocupado ao perceber que eu estava segurando-me para não chorar. Ouvi Martha fungar ao meu lado e voltei minha atenção para a mulher, abraçando-a outra vez, sem ter ideia do que fazer.

Somente depois de Charles ter trazido alguns lenços para ela e a mesma ter se acalmado, fazendo com que eu consequentemente acalmasse-me também, permiti-me continuar com as perguntas.

— E o que os médicos disseram sobre o estado dele?

— Tudo o que me disseram era que havia sido um acidente grave, mas que agora depois das duas cirurgias ele encontrava-se estável.  Mas apesar disso, você não vai acreditar no que eles disseram, Auttie! Disseram que havia a possibilidade dele perder o controle das pernas por causa de uma lesão na medula espinhal. Você acredita nisso, Autumn? Meu Merle, tão ativo, tão cheio de vida, paraplégico! Preso em uma cadeira de rodas pelo resto da vida! – Ela exclamou em pleno desespero, pondo-se a chorar ainda mais, enterrando o rosto em suas mãos.

Olhei para o piso branco do corredor do hospital sentindo-me sem chão.

Estava em choque pela imagem que Martha havia colocado em minha cabeça: do homem que conhecia há tempos e que até invejava pela sua extraordinária disposição, sentado em uma cadeira de rodas pelo resto de sua vida. Não sabia dizer quanto tempo eu fiquei naquela posição, somente fui tirada de meu transe, quando uma mão fria em meu ombro chamou minha atenção. Desviei meus olhos até o dono dela e encontrei Charles, estendendo-me a caixinha de lenços de Martha. E foi só então que eu percebi minhas bochechas molhadas e a ardência em meus olhos.

Rapidamente peguei um lenço de papel da caixa e enxuguei toda a superfície úmida da minha pele, tratando logo de expulsar aqueles sentimentos de mim, de parar de chorar e de voltar a pensar logicamente. Respirei fundo e olhei para a mulher ao meu lado, ainda em prantos, mesmo aparentando não ter forças nem para tal.

— Disseram que era uma possibilidade, Sra. Baker, só vamos descobrir quando ele acordar – eu disse, segurando uma de suas mãos e tentando pensar positivo por ela, mesmo agindo de forma contrária internamente. – De qualquer forma, devíamos focar no que realmente importa: Merle está vivo e está aqui com a gente. O que precisamos fazer agora é sermos fortes por ele.

Não sabia dizer de onde tinha saído todo aquele discurso, mas ao ver a mulher ao meu lado balançar a cabeça em concordância e parar de chorar aos poucos, mal me importei com isso. O fato era que havia funcionado e eu não podia sentir-me mais aliviada naquele momento.

— Você tem razão. Obrigada, meu bem, estou tão feliz por ter você aqui comigo – Martha disse, apertando minha mão com a sua e dando-me uma pequena amostra de um dos seus famosos sorrisos cheios de vida.

Uma pequena porcentagem do peso em meus ombros dissipou-se ao ouvir aquela frase. Sentia-me importante naquele momento, estava finalmente sendo útil, e aquilo não era algo que eu estava acostumada a sentir. Senti-me mais leve e um tanto emocionada com aquilo, porém o máximo que permiti transparecer foi um sorriso.

Ao parar para analisar seu rosto outra vez, seu olhar cansado, suas olheiras e sua postura chamaram minha atenção. Era notável que seu corpo estava trabalhando com as últimas gotas de energia extra que possuía e parecia que iria ceder a exaustão a qualquer momento.

— Eu sei que você não vai gostar de ouvir isso, mas você precisa descansar, Sra. Baker – eu disse, suspirando ao perceber o estado lamentável da mulher a minha frente.

— Como posso descansar, Auttie, quando meu marido está inconsciente em uma cama de hospital, sem previsão para acordar e com a possibilidade de estar paraplégico? – Ela indagou em um tom baixo e visivelmente abalado, sem forças para nem se quer chorar mais.

Suspirei outra vez ao ouvir sua resposta, tentando pensar em algo que a convencesse a ir para a casa antes que seu corpo acabasse colapsando logo ali a minha frente. Quando o tempo passou e nada veio a minha mente, olhei para Charles e ele só precisou de um segundo para entender que eu precisava de sua ajuda.

— Sra. Baker, desculpe me intrometer assim, mas acho que não será de grande ajuda ao seu marido nesse estado, sem contar que não é nada saudável para a senhora também. Precisa descansar e estar forte para quando ele acordar – Charles disse suavemente, surpreendendo-me outra vez, o que já estava começando a tornar-se algo comum de tão recorrente.

Ele a olhava com um olhar triste e de pena, que eu não sabia dizer se era falso ou não, mas não é como se aquilo importasse no momento. Então apenas lancei um pequeno sorriso agradecido de volta para ele, quando a mesma suspirou aparentemente vencida ao meu lado e balançou a cabeça para cima e para baixo levemente.

— Eu posso ficar aqui com ele enquanto você descansa – eu disse, incentivando-a. – Prometo que te ligo se houver alguma notícia.

Martha olhou-me com seus olhos negros avermelhados em silêncio, antes de assentir e de dizer em seguida:

— Acho que vocês dois têm razão, eu realmente preciso dormir devidamente por algumas horas. Se acontecer qualquer coisa, qualquer coisinha mesmo, quero que me ligue, está bem, Auttie? – Balancei a cabeça, concordando. – Obrigada, querida. Bom, vou me despedir dele, pegar minhas coisas e já volto então.

A mulher levantou-se, fungando e enxugando o nariz, e fez seu caminho até o quarto do seu marido logo ao lado. Quando a porta fechou-se atrás dela, suspirei um pouco aliviada e fechei os olhos, encostando minha cabeça na parede branca. Ouvi os passos de Charles se aproximando de mim e senti quando o mesmo sentou-se ao meu lado, mesmo que mal tivesse encostado em mim.

— Mandou bem nesse lance de agir como um ser humano normal e integrado na sociedade, Pierce. Meus parabéns – comentou com um leve tom de brincadeira em sua voz grave.

— Bom, os créditos não vão apenas para mim, você até que mandou bem também, White, para um sociopata.

Abri os olhos e virei minha cabeça em sua direção, sem disfarçar o pequeno sorriso em meu rosto. Olhamo-nos e rimos levemente da nossa situação e, enquanto fazíamos isso, eu pensava no quanto era bom tê-lo ali para distrair-me, mesmo que brevemente, daquela situação nova e aterrorizante em que eu estava passando e que esperava nunca ter de passar outra vez.


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso por hoje!

Espero que tenham gostado e que não tenha ficado uma leitura cansativa.

Como sempre vale lembrar que vocês devem se sentir livres para deixar suas críticas, opiniões e sugestões. Eu vou adorar lê-las e saber o que vocês estão achando. Não se esqueçam de me avisar caso achem algum erro também.

Muito obrigada por terem lido e por continuarem acompanhando!

Espero ver vocês no próximo ♥


Tati.



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